Diagnóstico Precoce de Gestação

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Cláudio Castanho Carneiro
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Módulo 5 Texto de Referência Diagnóstico Precoce de Gestação Trata-se de uma das aplicações mais rotineiras da ultrassonografia na reprodução de bovinos.

1 Módulo 5 Texto de Referência Diagnóstico Precoce de Gestação Trata-se de uma das aplicações mais rotineiras da ultrassonografia na reprodução de bovinos. O ultrassom reúne praticamente todos os requisitos técnicos básicos de um bom método para diagnóstico de gestação. É seguro, fornece resultados rápidos, é precoce e não é lesivo a mãe, feto ou operador. As principais características do ultrassom é que se trata de um exame precoce e seguro. A vaca possui um mecanismo de desenvolvimento e acumulo de líquido na vesícula embrionária no início da gestação, bem diferente da égua. Esta característica impede que o diagnóstico em fêmeas bovinas seja feito em períodos tão precoces como é feito nas eqüinas. Ocorre que na vaca, a vesícula embrionária que expande pelos dois cornos para depois iniciar o acúmulo de líquido que é utilizado para diagnóstico inicial. No eqüino, a vesícula se enche para depois expandir. Isto faz que haja um acumulo de líquido, circunscrito a um determinado ponto no eqüino, numa fase bem precoce, facilitando o diagnóstico. Figura 1: Vesícula embrionária bovina de 27 dias: Corno gestante Corpo do útero Corno não gestante Note que a membrama corio-alantoidiana está em ambos os cornos, porém somente existe quantidade significativa de líquido no lado gestante 1

O diagnóstico de gestação com ultrassom em bovinos geralmente não é acurado antes do 28º dia.

Antes do 25º dia é difícil detectar conteúdo característico de gestação no interior do útero.

Neste período embrião está acoplado à face dorsal do lume uterino.

2 O diagnóstico de gestação com ultrassom em bovinos geralmente não é acurado antes do 28º dia. Em torno deste período, vacas com um grande CL e um útero relacionado a fase de diestro estão apenas provavelmente prenhas. Antes do 25º dia é difícil detectar conteúdo característico de gestação no interior do útero. Em condições de campo, um operador experiente com um bom equipamento pode ser capaz de detectar o próprio embrião ao 28º dia, na maioria das vacas. O embrião localiza-se consistentemente na base da primeira curvatura do corno uterino ou entre a primeira e a segunda curvaturas. Neste período embrião está acoplado à face dorsal do lume uterino. Até o 28º dia, o embrião está em íntima aposição ao endométrio e encontra-se circundado por uma pequena área circular de fluido (aproximadamente 3 a 5mm). Figura 2: Imagens de gestações bovinas em diferentes idades: Vesícula amniótica de gestação de 30 dias Vesícula amniótica de gestação de 45 dias Anexos fetais de gestação de 90 dias Gestação entre 110 dias Corno gestante 2

Após o 28º dia, o volume do fluido intra-uterino aumenta.

Note que em situações fisiológicas este líquido tem características particulares.

3 Após o 28º dia, o volume do fluido intra-uterino aumenta. Embora a área de seção transversal é sempre máxima no lado do embrião, após o 28º dia, o aumento torna-se óbvio ao longo do corno uterino contendo o embrião e, em geral, (ou logo a seguir) no outro corno uterino. Do dia 30 ao 35º dia, a detecção do fluido cório-alantoidiano ou amniótico é indicativo de prenhez. Note que em situações fisiológicas este líquido tem características particulares. Não existe outra situação, fisiológica ou patológica que forneça imagem de conteúdo totalmente ecogênico (negro) e distensão da parede uterina que não seja a gestação. A detecção do próprio embrião com o batimento cardíaco embrionário é importante quando se duvida da viabilidade do feto. Figura 3: Imagens ultrassonográficas de gestações bovinas em fases iniciais: Gestação 28 dias Gestação 37 dias Gestação 32 dias Gestação 45 dias 3

As gestações em fases posteriores aos 35 40 dias são facilmente identificáveis pela ultrassonografia.

A partir desta fase a identificação do feto já é mais fácil pois o mesmo está mais separado da parede uterina, ligado a esta apenas pelo cordão umbilical.

4 As gestações em fases posteriores aos dias são facilmente identificáveis pela ultrassonografia. Apenas em animais de maior tamanho e fêmeas mais velhas, onde o útero normalmente tem maior tendência a se projetar na cavidade abdominal, este diagnóstico pode ser complicado. A partir desta fase a identificação do feto já é mais fácil pois o mesmo está mais separado da parede uterina, ligado a esta apenas pelo cordão umbilical. Além disto começam a se definir os apêndices, com membros e cabeça, o que facilita a identificação. O aumento da ecogenicidade a partir dos dias quando o esqueleto inicia sua calcificação também é característica que auxilia a identificação do feto. Figura 4: Imagens ultrassonográficas de gestações bovinas em fases intermediárias: Feto 1 Feto 2 Gestação Gemelar Feto de 72 dias (latero-lateral) A morte embrionária e perda da gestação podem ocorrer a qualquer época durante a prenhez. Ë mais freqüente em fases iniciais, quando ainda não se formaram todos os órgãos e sistemas e a placentação não está totalmente definida, ou seja, antes dos dias. Quando a morte embrionária ocorre após o 25º dia, o embrião morre e o CL persiste por um intervalo variável (de 5 a 30 dias). O tecido do concepto e os fluidos parecem não ser rapidamente reabsorvidos, embora possa ocorrer alguma deterioração, resultando em "membranas flutuantes" e quantidades variadas de resíduos ecogênicos, indicando turvação do líquido no interior do útero. Quando não se observa as características do líquido, estas vacas que estão em processo de perda, podem ser diagnosticadas, se o embrião/feto não é visualizado. Quando o CL regride, a progesterona reduz e a cérvix abre. Nesta situação a maioria do tecido do concepto e dos fluidos é perdida por expulsão. Quando a perda ocorre acima de 35 dias de gestação, e o diagnóstico é feito até 4-5 dias após a morte do feto, é possível a clara visualização do feto, que nesta fase se encontra mais distante (solto) do endométrio. 4

5 Como em fases iniciais da gestação (de 28 a 40 dias), o diagnóstico pode e deve ser baseado apenas na presença de líquido, para que isto seja mais acurado, o Medico Veterinário deve ter atenção não somente a presença de quantidade de líquido, mas também as características do mesmo, que devem ser totalmente anecóicos (negros), além de provocar distensão no bordo uterino. Nesta fase, é desnecessária a localização do feto em todos os animais. Lembre-se que a manipulação excessiva pode ser a causa da não continuação da gestação, pois as membranas neste período ainda são extremamente frágeis. Caso haja constatação de alguma anormalidade durante o diagnóstico, ou seja, características distintas das normais citadas acima, é importante a localização de verificação da viabilidade fetal. Com aparelhos de resolução boa é fácil a percepção dos batimentos cardíacos e com isto identificar a viabilidade fetal. Abaixo estão as principais características indicativas de perdas embrionárias em andamento que podem ser identificadas pela ultrassonografia. Características indicativas de perda embrionária em bovinos: Relativas aos anexos fetais: Perda de volume e enrugamento da parede uterina Fragmentação da vesícula amniótica Presença de pontos ecogênicos indicando turvação e debris celulares Relativas ao feto: Ausência de batimento cardíaco Anormalidades morfológicas Desenvolvimento retardado 5

6 Figura 5: Imagens ultrassonográficas de gestações bovinas indicando viabilidade ou em processo de perda: Membrana amniótica Líquido Turvo Membrana amniótica íntegra, indicado viabilidade Turbidez do líquido, indicando perda 6

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