INSTITUIÇÃO DO REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS RDC Analise e posicionamento da Comissão de Obras Públicas COP da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Com ampla participação das entidades filiadas à CBIC, a COP Comissão de Obras Públicas reuniu-se no último dia 18 de maio na sede da APEOP em São Paulo para discutir e analisar o Projeto de Conversão à Medida Provisória 521/2010, que pretende instituir o Regime Diferenciado de Contratações Públicas, aplicável às licitações e contratos necessários à realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, e da Copa das Confederações FIFA 2013 e da Copa do Mundo FIFA 2014. I - Considerações Iniciais A discussão e a análise promovida pela COP teve como base a última versão conhecida do Projeto de Conversão à MP 521/2010, elaborada pela deputada Jandira Feghali (PC do B/RJ), relatora da referida MP. O setor entende que a justificativa para a criação de regras especiais para licitações e contratos vinculados aos eventos esportivos é a busca pelo Governo Federal de mais agilidade nos procedimentos licitatórios e também especial segurança nas contratações tendo em vista a exiguidade dos prazos para garantir o sucesso na implantação da infraestrutura necessária à sua realização.
Entende também que esses dois objetivos mais agilidade e especial segurança poderiam estar comprometidos nos casos em questão (os eventos esportivos) com a simples aplicação das regras estabelecidas através da Lei 8.666/93 hoje em vigor, seja pela sua complexidade, seja pela necessidade de sua atualização e aprimoramento. Com essa compreensão, a COP/CBIC destaca que seja no processo de revisão da Lei 8.666/93 em curso no Congresso Nacional ou seja na criação do RDC através de Medida Provisória, devem ser rigorosamente observados os princípios básicos da licitação: rigor na seleção de empresas qualificadas para execução de obras e serviços; eficiente controle sobre a exequibilidade de preços ofertados; obtenção de propostas com preços justos; igualdade de oportunidade entre as pessoas aptas interessadas na celebração de contratos. II A Revisão da Lei 8.666/93 Sem prejuízo de outras considerações já apresentadas pela COP/CBIC nas discussões em curso no Congresso para revisão da Lei 8.666/93, destacam-se as seguintes que objetivam conferir mais agilidade e maior segurança aos processos licitatórios: - As licitações devem ser instauradas já com a existência de Projeto Executivo. - A Inversão nas Fases licitatórias não deve ser aplicada para obras e serviços de Engenharia. - A modalidade do Pregão não é adequada à contratação de obras e serviços de Engenharia. - A Pré-Qualificação deve ser amplamente utilizada sempre que possível na contratação de obras e serviços de Engenharia.
- A exequibilidade dos preços propostos deve ser assegurada através da apresentação pelo licitante, de garantia de execução contratual, em valor equivalente à diferença entre o orçamento público e o de sua proposta. III A criação do RDC A COP/CBIC manifestou-se fortemente contrária à forma pretendida pelo Governo Federal para aprovação do RDC qual seja, a sua inclusão através de emenda parlamentar, em medida provisória que trate de tema ou temas diversos e distintos do objeto em questão (critérios licitatórios). A apresentação do RDC deverá ser processada através de Medida Provisória específica, para assim possibilitar a adequada discussão sobre tema tão importante e complexo, envolvendo ao menos a convocação de uma Audiência Pública para que os diversos atores envolvidos e interessados possam manifestar-se a respeito. A ausência dessa discussão aprofundada poderá levar o Congresso a aprovar novas regras que, ao invés de garantirem mais agilidade e segurança nas licitações dos eventos esportivos, atuem exatamente no sentido contrário colocando em risco todas as obras envolvidas. IV Sugestões ao texto
Em relação ao texto do Projeto de Conversão analisado pela COP/CBIC, eis as sugestões apresentadas: a) Lances sucessivos: a ferramenta, característica da modalidade do Pregão, não é absolutamente adequada à contratação de obras e serviços de Engenharia, não atendendo ao propósito de seleção responsável da melhor proposta. Tal inadequação fica evidente através do disposto no art. 19, inciso III do projeto, que determina a reelaboração das planilhas do licitante vencedor para ajustar seu orçamento inicial ao valor correspondente ao lance vencedor o que significa em outras palavras fantasiar quantitativos, salários, impostos, e outros custos calculados com base em projeto, para que seu somatório caiba no novo preço final. b) Inversão das fases: a ordem de apresentação das propostas e do seu julgamento antes da verificação das condições de habilitação, oferece sérios riscos de contratação de empresa sem aptidões necessárias à execução do objeto. Esse risco deverá ser reduzido se a pretendida Inversão das Fases ficar limitada à contratação de obras de menor valor e complexidade. c) Orçamento oculto: em nenhuma hipótese o orçamento previamente estimado pela Administração deverá ser fornecido somente após o encerramento da licitação, como preconiza o Art. 8º. Tal valor deve ser de conhecimento prévio de todos os licitantes, evitando-se com isso o risco da informação privilegiada para qualquer um dos interessados. d) Contratação Integrada: o regime de Contratação Integrada, pelas suas próprias características, deverá ser reservado à contratação de obras e serviços de maior
vulto e complexidade. Nesses casos, não há o menor sentido prático em fixar o prazo de trinta dias para apresentação das propostas que envolverão desde o projeto básico ao orçamento detalhado. Propostas completas e bem elaboradas demandarão no mínimo 150 dias para sua execução. e) Abrangência do RDC: para maior e melhor controle da sociedade sobre o conjunto de obras cujas licitações estarão sujeitas a esse Regime Diferenciado, recomenda-se que os órgãos federais competentes tornem públicas tais obras antes de suas licitações, definindo o objeto e sua localização em sítio específico na Internet. f) Controle Social: com o intuito de contribuir para o regular desenvolvimento das obras em questão, recomenda-se a criação de Comissão de Acompanhamento do RDC, integrada por membros do governo e da sociedade, com a responsabilidade sobre a lisura dos processos licitatórios em questão. São Paulo, 19 de maio de 2011. ARLINDO MOURA Presidente da COP/CBIC