PALAVRAS-CHAVE Identidade. Representação. Raça. Ensino de História.

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Transcrição:

14. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido - ISSN 2238-9113 1 ISSN 2238-9113 ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções) ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( x ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( ) SAÚDE ( ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA A IDENTIDADE NEGRA NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA DO PNLD 2014: REFLEXÕES TEÓRICAS Paola Clarinda De Freitas Oniesko (pcobrigolla@hotmail.com) Aparecida De Jesus Ferreira (aparecidadejesusferreira@gmail.com) RESUMO O presente trabalho é fruto das reflexões abordadas no Grupo de Estudos e Pesquisas em Linguagem e Identidades Sociais (GEPLIS). Este estudo visa construir uma análise sobre a representação identitária do negro nos livros didáticos da disciplina de História através de pesquisas acadêmicas já realizadas. A partir do estabelecimento da Lei Federal 10.639/2003, o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira se torna obrigatório, e este estudo almeja também ser agente fiscalizador do seu cumprimento. Desta forma, essa pesquisa bibliográfica pretende fazer uma reflexão teórica sobre as pesquisas já feitas sobre o Livro Didático de História e identidade negra. As perguntas a serem respondidas são: Quais pesquisas já foram feitas? Quais resultados foram obtidos? Os resultados da pesquisa sugerem que a representação negra nos discursos dos livros didáticos continua perpetuando estereótipos que culminam com discursos racistas. O que se pretende com essa pesquisa é entender quais são as lacunas de pesquisa no que concerne às identidades negras no livro didático de história, e a partir delas, encobrir esses espaços ainda não investigados. PALAVRAS-CHAVE Identidade. Representação. Raça. Ensino de História. Introdução Mesmo que a escola não explicite sua opção identitária de raças, esta já se faz através da demarcação de pistas. O aluno as percebe antes de o professor dizer, seja através dos recursos visuais integrantes do ambiente, ou do material escolar (TRINDADE, 1994). O livro didático é uma ferramenta de mensuração dessas escolhas. Os professores precisam construir práticas pedagógicas e estratégias de promoção da igualdade racial no cotidiano escolar. Para tanto, se faz necessário conhecer mais sobre a história e a cultura africana e afro-brasileira, superar opiniões preconceituosas sobre os negros, denunciar o racismo e a discriminação racial (GOMES, 2002). A utilização do livro didático de maneira crítica pode ser uma estratégia de desconstrução de discursos racistas.

14. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido - ISSN 2238-9113 2 Apesar de vigorar desde 2003 a Lei Federal nº 10.639, que estabelece a inclusão no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro- Brasileira", ainda nos deparamos com a insistência na reprodução de discursos estereotipados dos negros nos livros didáticos (CARVALHO, 2006). Partindo desse pressuposto, acredita-se na necessidade de análise das coleções a fim de se comprovar a intencionalidade dos discursos racistas presentes nos livros didáticos. Este estudo visa analisar as construções discursivas nos livros didáticos da disciplina de História através de pesquisas já desenvolvidas. Objetivos Analisar as pesquisas feitas sobre representação negra no livro didático de História. Verificar quais resultados foram obtidos. Referencial teórico-metodológico Neste estudo, fez-se um levantamento de pesquisas já realizadas sobre as identidades da raça negra nos livros didáticos de História. Esta análise foi realizada no mês de abril de 2016. Foram utilizadas quatro bases de dados: Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, Portal de Periódicos da CAPES/MEC, Banco de Teses da CAPES, Google acadêmico (Scholar Google). Os termos de busca foram: O negro nos livros didáticos de história, Representação negra nos livros didáticos de história, Identidade negra nos livros didáticos de história, Imagens dos negros nos livros didáticos de história. O levantamento bibliográfico online foi feito através de uma revisão dos trabalhos produzidos. O caminho utilizado para análise dos trabalhos encontrados foi embasado na pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo, que segundo Antônio Carlos Gil (2009, p. 44): é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. A escolha pelo método qualitativo se deu pelo fato de esse tipo de abordagem ser descritiva, de maneira que considera a subjetividade dos processos e relações, e tem como base a percepção de um fenômeno num determinado contexto. (TRIVIÑOS, 1987). O Quadro 1 traz os procedimentos de busca e seleção dos trabalhos: Quadro 1 Procedimentos de busca e total de trabalhos encontrados

14. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido - ISSN 2238-9113 3 Ferramenta de busca Portal de Periódicos da CAPES/MEC Banco de Tese da CAPES Google Acadêmico (Scholar Google) Procedimentos Os termos pesquisados não foram colocados entre aspas para ampliação da temática; Os temas foram pesquisados em português Os termos pesquisados não foram colocados entre aspas para ampliação da temática; Os temas foram pesquisados em português Os termos pesquisados foram colocados entre aspas ( ), para restrição da temática, tendo em vista o grande número de trabalhos mapeados, que fugiam à temática Trabalhos encontrados 09 1 09 Fonte: Pesquisa eletrônica. A importância desse levantamento se dá em função do mapeamento das principais lacunas de pesquisa referentes ao estudo das identidades negras presentes nos livros didáticos de história, a fim de contribuir para o embasamento da dissertação de mestrado em andamento da pesquisadora, que estuda a identidade negra nos livros didáticos de história do PNLD 2014. O interesse pela temática surgiu em decorrência da observação de discursos estereotipados veiculados pelo livro didático no decorrer da sua trajetória profissional como professora dos anos finais do Ensino Fundamental da rede estadual de ensino na cidade de Ponta Grossa, Paraná. Para Silva (2005): A presença dos estereótipos nos materiais pedagógicos e especificamente nos livros didáticos pode promover a exclusão, a cristalização do outro em funções e papéis estigmatizados pela sociedade, a auto-rejeição e a baixa auto-estima, que dificultam a organização política do grupo estigmatizado (SILVA, 2005, p. 24). Dessa forma, acredita-se no papel do professor como mediador do processo de desconstrução dos discursos racistas veiculados pelo material pedagógico, e para tanto, se faz necessária sua instrumentalização teórica acerca das questões raciais. Pesquisar as construções sociais veiculadas pelo material didático no tocante à representação do negro como ocupante de um lugar social e econômico desprestigiado (GOUVEIA 2005; VAN DIJK 2008; MENEZES, 1998; CORRÊA, 2006; SILVA, 2008), e a desconstrução dessa imagem negativa associada à raça negra contribuem para práticas educativas e pedagógicas de transformação social (GOMES E MUNANGA, 2004). Estudar a forma como as identidades raciais são representadas pelo livro didático se traduz em uma

14. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido - ISSN 2238-9113 4 maneira de transformar esse instrumento pedagógico em fonte de problematização e construção do conhecimento crítico. A escolha do livro didático de história como objeto principal de análise se deu em função da sua capacidade de reprodução de valores, ideologias, estereótipos e preconceitos (GASPARELLO, 1999), e também pelo fato de ele ser um dos principais, se não o único instrumento de trabalho dos professores e alunos no processo educativo (SOUZA, 2001). Dessa forma, delega-se ao livro didático importância fundamental no ensino. Ferreira (2011) afirma que um ensino antirracista preza pela inserção dos grupos minoritários nos livros didáticos, visando uma apresentação contextualizada, de forma a integrar os atores de um determinado grupo de maneira complexa, digna e genuína. Conforme Rangel, para que o livro didático contribua com efetividade na consecução de seus objetivos, faz-se necessário que ele abstenha se de preconceitos discriminatórios e, mais do que isso, seja capaz de combater a discriminação sempre que oportuno" (RANGEL, 2001, p.13). Nesse sentido, pesquisar sobre os discursos racistas veiculados nesse material pedagógico se faz necessário para o estabelecimento de uma sociedade mais justa e igualitária. O racismo, para Ferreira (2006) é construído pelas diferenças culturais e identitárias. Os alunos, imersos nos mais diversos contextos familiares, sociais, econômicos, estão em processo de formação das identidades. A sua vida social é constantemente influenciada por padrões impostos, e a negação da identidade negra na escola denota o estabelecimento de relações de poder: A identidade e a diferença estão, pois, em estreita conexão com as relações de poder. O poder de definir a identidade e de marcar as diferenças não pode ser separado das relações mais amplas de poder. A identidade e a diferença não são, nunca, inocentes. (SILVA, 2000, p. 81). O grupo com menor representação configura o desempoderamento, e essa constituição foi e é construída socialmente, integrando as identidades negras, de maneira a ocasionar, por diversas vezes, tentativas de negação: Identidade é algo realmente formado ao longo do tempo, através de processos inconscientes, e não algo inato, existente na consciência no momento do nascimento (HALL, 2002, p.24). O aluno negro precisa se ver representado no seu material pedagógico, e o professor pode oferecer condições para a utilização crítica do livro didático. Pesquisadores como Moita Lopes e Rojo (2004) reiteram a importância da realização de maior número de pesquisas que promovam uma análise de materiais didáticos. Estudos dessa natureza podem contribuir para reflexões sobre a necessidade de transformações na

14. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido - ISSN 2238-9113 5 construção do material pedagógico, e enquanto elas não acontecem, cabe ao professor a tarefa de mediar o conhecimento de forma a orientar seus alunos no despertar para a criticidade. Analisar as relações de poder presentes nas representações discursivas constituintes das narrativas dos livros didáticos se configura em um dos caminhos para transformar o livro didático de história em instrumento problematizador dos discursos racistas veiculados no ambiente escolar. Resultados O mapeamento dos trabalhos já desenvolvidos sobre as identidades negras representadas nos livros didáticos de história aponta para a perpetuação de estereótipos e negatividade da imagem negra, além da manutenção do enfoque sobre o negro para a perspectiva do trabalho, de maneira a se reduzir a sua importância social e cultural. Apesar de haver um esforço de mudança no discurso, este se mostra ainda incipiente. Considerações Finais A importância desse estudo se dá em função da necessidade de sistematização das pesquisas já realizadas sobre a representação negra nos livros didáticos de história, para abordagem em trabalhos posteriores de questões importantes não tratadas por esses trabalhos. A visão dos alunos diante das identidades negras veiculadas pelos livros didáticos não foi trazida nas pesquisas levantadas, caracterizando uma lacuna possível de desdobramentos em futuros estudos. Referências CARVALHO, Andréa Aparecida de Moraes CÂndido de. As Imagens dos Negros em Livros Didáticos de História. 2006. 176 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Linguagem, Identidade e Subjetividade, Uepg, Florianópolis, 2006. Disponível em: <http://repositorio.ufpe.br:8080/xmlui/handle/123456789/4714>. Acesso em: 25 abr. 2016 CORRÊA, Laura Guimarães. De corpo presente: o negro na publicidade em revista. Orientador: Paulo Bernardo Ferreira Vaz. 2006. 125 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Sociabilidade Contemporânea) Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006. FERREIRA, A.J. Formação de Professores - Raça/Etnia reflexões e sugestões de materiais de ensino em português e inglês. FERREIRA, A.J. 2.ed.,ver.- Cascavel: Assoeste, 2006.

14. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido - ISSN 2238-9113 6. Raça/etnia, gênero e suas implicações na construção das identidades sociais em sala de aula de línguas. RevLet - Revista virtual de Letras, v.03, nº 02, ago/dez, 2011. GASPARELLO, Arlette Medeiros. A Produção de Um Saber Escolar: A História e o Livro Didático. III Encontro Perspectivas do Ensino de História Aos Quatro Ventos. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 1999. GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2002. Disponível em: <https://professores.faccat.br/moodle/pluginfile.php/13410/mod_resource/content/1/como_ela borar_projeto_de_pesquisa_-_antonio_carlos_gil.pdf>. Acesso em: 30 maio 2015. GOMES, Nilma Lino. Trajetórias escolares, corpo negro e cabelo crespo: reprodução de estereótipos ou ressignificação cultural? Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 21, p.40-51, Set/Out/Nov/Dez 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n21/n21a03>. Acesso em: 18 abr. 2016. GOUVEIA, Maria Cristina Soares. Imagens do negro na literatura infantil brasileira: análise historiográfica. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 77-89, jan./abr. 2005. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro, Lamparina, 2014. MOITA LOPES, L.P. Identidades Fragmentadas: a construção discursica de raça, gênero e sexualidade em sala de aula. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2002. MUNANGA, Kabengele; GOMES, Nilma L. O negro no Brasil de hoje. SP: Global, 2006 SILVA, Ana Célia da. A desconstrução da discriminação no livro didático. In: Superando o racismo na escola. 2. ed. revis. (Org.). Kabengele Munanga. Brasília: MEC, 2005.. A discriminação do negro no livro didático. 2.ed. Salvador: EDUFBA, 2004. SILVA, T. T. A Produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, T. T. (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000. p.73-102 SOUZA, Ivonete da Silva. A autoridade da fonte como professores de história utilizam o livro didático. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação. Florianópolis, 2001. TRINDADE, Azoilda Loretto da. O racismo no cotidiano escolar. 1994. 248 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado em Educação, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 1994. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/8948/000304120.pdf?sequence =1&isAllowed=y>. Acesso em: 18 abr. 2016. TRIVIÑOS, Augusto N.S. Introdução à pesquisa social: a pesquisa qualitativa em educação. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 1987;

14. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido - ISSN 2238-9113 7 VAN DIJK, Teun A. (Org.). Racismo e discurso na América Latina. São Paulo: Contexto, 2008.