EFETIVAÇÃO DO ENSINO DE HISTÓRIA DA ÁFRICA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
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- Kátia Brás Festas
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1 EFETIVAÇÃO DO ENSINO DE HISTÓRIA DA ÁFRICA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA NA EDUCAÇÃO BÁSICA ¹Bárbara Silva dos Santos Pereira; ²Marisa Mendes Machado de Sousa ¹Universidade Estadual do Rio de Janeiro- bsspereira@gmail.com ²Universidade Estadual do Rio de Janeiro- prof.marisa@globo.com INTRODUÇÃO Este trabalho tem a finalidade de propor uma análise sobre a valorização da história da África e da cultura afro brasileira no currículo escolar, propondo um pensamento mais amplo e democrático no que diz respeito à didática do professor de História no Ensino Básico, além de promover a reflexão para os profissionais de educação, podendo contribuir para uma sociedade mais justa e livre de preconceitos. É preciso considerar a importância da descolonização dos currículos nas escolas brasileiras, desta forma, proporcionando uma reflexão sobre as questões étnico-raciais no ambiente escolar. Temos como objetivo, fazer uma análise sobre a ação dos profissionais de educação, com vista à desconstrução de aspectos discriminatórios ao negro, ainda tão presentes na escola. Realçando a importância de um modelo de educação que reconheça e valorize o multiculturalismo presente no Brasil. Neste contexto, também analisar a importância da lei /03 nas escolas de ensino básico no Brasil, através da prática docente em relação a essa legislação. Analisando também o distanciamento entre a prática do professor e a legislação vigente. Contudo, temos a intenção de repensar sobre a necessidade de buscarmos uma educação escolar mais igualitária, que considere a diversidade e respeite ao máximo as diferenças.
2 Repensando criticamente o currículo, em relação a sua ação educativa e contribuição para o papel da escola que é, de formação do individuo para a cidadania. Ao longo desse trabalho, o foco da investigação estará ligado a seguinte pergunta: Como podemos desconstruir o paradigma construído ao longo do tempo através da educação, sobre da história do negro e da cultura afro-brasileira no Brasil. A escola é uma instituição que afirma como um lócus a transmissão de conhecimento, sendo assim é possível minimizar problemas sociais, como racismo, preconceito e discriminação racial que ainda se fazem presentes no sistema educacional brasileiro e na sociedade em geral? E ainda devemos lembrar que a história da África é parte indissociável da História da humanidade, na sua expressão mais completa. A África é o berço da humanidade, lá surgiram as primeiras formas gregárias de vida dos homens e mulheres no nosso planeta. Monica Lima (2010, p. 25) A escola mantém em sua estrutura uma ideologia burguesa, percebemos isso através de sua organização hierárquica, didática e em especial quando trabalha com um currículo distante da realidade da comunidade escolar, além de utilizar conteúdos de forma fragmentada e hierarquizada. A história dos povos negros é contada sob o ponto de vista europeu, e inferioriza essa população, desta forma o aluno que aprende desse ponto de vista a sua história, se sente inferior e com baixa autoestima, podendo até mesmo acreditar nos conceitos discriminatórios que desclassifica a população negra. Esta desvalorização muitas vezes ocorre por falta de conhecimento dos próprios docentes, que por sua vez, também aprenderam a história de forma equivocada. Desta forma a escola deixa de cumprir seu papel de proteger os direitos da criança e do adolescente e contribuir para sua formação como cidadão crítico. Pelo contrario ela acaba sendo um instrumento de exclusão destes alunos, negando-lhes o direito a educação.
3 METODOLOGIA O estudo a ser desenvolvido, implementará uma investigação sobre o conteúdo curricular e o ensino de história, no que se refere a cultura dos povos negros no Brasil, e para tanto adotara como metodologia de pesquisa qualitativa, pois tem a finalidade de produzir conhecimento e reflexão sobre os fenômenos humanos e sociais, compreendendo os conteúdos e interpretando-os. No que se refere ao estudo bibliográfico, será realizada a revisão sistemática, através da seleção e organização de fontes históricas e também informações da legislação educacional, relacionadas ao tema, para que se tenha uma profunda exploração do assunto. A pesquisa qualitativa também será utilizada, porque ela permite interpretar os fenômenos relativos ao tema, analisando os dados para compreender como se deu o processo e associando a pesquisa exploratória. No decorrer do processo de construção do trabalho, buscou mais familiaridade com o problema, de modo à levantar hipóteses e analisar os estudos relacionados a esta pesquisa bibliográfica de revisão sistemática. Enquanto procedimento, este trabalho realizar-se-á por meio de revisão e análise, sobre a pratica do ensino de História dos povos negros no Brasil e a efetivação da lei /03, selecionando as variáveis capazes de influencia-los. A intenção é evidenciada na forma como ocorrem as práticas de ensino e se elas realmente estão de acordo com o estabelecido pela constituição. DISCUSSÃO E RESULTADOS Os primeiros anos republicanos para a população negra, foram como uma junção de situações que promoveram a exclusão, tendo como justificativa a ideia de raça para classificação social, essa situação caracteriza a sociedade até hoje, onde o maior numero de analfabetos e
4 desqualificados é da população negra. Mais o maior problema da maioria entre nós parece estar em nosso presente em nosso cotidiano de brasileiras e brasileiros, pois temos ainda bastante dificuldade para entender e decodificar as manifestações do nosso racismo à brasileira. Além disso, ecoa dentro de muitos brasileiros uma voz muito forte que grita; não somos racistas, os racistas são os outros, americanos e sul-africanos brancos. Essa voz forte e poderosa é o que costumamos chamar de mito de democracia racial brasileira, que funciona como uma crença, uma verdadeira realidade, uma ordem. Assim, fica muito difícil arrancar do brasileiro a confissão de que ele é racista. (Munanga,2010, p.170) Podemos dizer que, a Lei 10639/2003 e a aprovação das suas Diretrizes Curriculares Nacionais, são resultados de um grande período histórico de lutas contra a discriminação e racismo, e significam uma reparação de direitos negados, através de justiça social e cognitiva. Esta lei vem apresentar a possibilidade de adoção de medidas, que podem reparar os diversos danos causados a essa população, devido a praticas discriminatórias, que os excluíram por tanto tempo. Ela busca o reconhecimento das contribuições da cultura afro na construção do nosso país, e não tem a intenção de substituir o material aplicado pelos currículos escolares, mas visa ampliar esse conhecimento, demonstrando que o país possui diferenças e que essas diferenças precisam ser conhecidas e respeitadas em suas especificidades. Sendo assim, propõe a inclusão no conteúdo programático do currículo escolar, a luta dos negros no Brasil, e suas contribuições para formação da sociedade brasileira. As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico Raciais e para Ensino de História da Cultura Afro-Brasileira e Africana, também prevê um aprofundamento destes conteúdos, e auxiliam os profissionais da educação, sobre como inserir os conteúdos afro-brasileiros em sala de aula. Desta forma os docentes também podem utilizar as Diretrizes para se orientar sobre somo fazer o processo educativo, de forma que, auxiliem na proposta da lei, contribuindo para uma educação mais justa e igualitária, que busca compreender e reparar os danos causados aos alunos
5 negros no Brasil. Ana Célia Silva (2005) afirma que nos livros didáticos, nos currículos e nas falas do professor, ainda há um conceito que inferioriza alguns grupos sociais, como por exemplo, o negro, o índio e as mulheres. Também verificamos que, quando o preconceito esta presente na prática pedagógica, há um grande risco de levar esses grupos a uma exclusão, deixando assim de cumprir o papel da escola de formar para cidadania, e compromete a formação da identidade do aluno. CONCLUSÕES Para que um currículo faça a diferença, é necessário que ele seja pautado na diversidade cultural e tenha como princípio político o respeito á identidade e multiplicidade cultural. Os professores precisam perceber, em sua ação pedagógica, o poder que o seu discurso tem, pois eles, quando abordam um assunto, podem marginalizar ou valorizar um determinado grupo. Observamos com este trabalho, que as linguagens diversificadas pelas culturas precisam ser reconhecidas, e aceitas como manifestação espontânea de povos diferentes. Constatamos que políticas educacionais com cunho pedagógico são necessárias a fim de combater o racismo e a discriminação, sabendo que isso não é fácil, pois durante muito tempo a cultura africana foi silenciada. Neste sentido, constatamos a necessidade de revisão e tomada de consciência dos professores, gestores e todos os profissionais da educação para que possam compreender a necessidade de descolonizar o currículo escolar, e de construir uma educação que busca igualdade, e garantia de direitos. Sendo assim, é mister entender que os esforços de se efetivar o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, necessita da formação continuada dos docentes e do comprometimento do Estado em efetivar ações que incentivem o compromisso de se tratar as questões étnico-raciais.
6 Para essa efetivação é indispensável, desde a percepção da importância deste assunto no contexto histórico brasileiro até o estudo intensivo dessa história. Para que realmente tenhamos, uma educação democrática e igualitária, para promoção da igualdade racial no sistema educacional e consequentemente na sociedade brasileira. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA GOMES, Nilma Lino. Literatura africana e afro-brasileira na pratica pedagógica. Minas Gerais: Autêntica, LIMA, Monica. História da África. Caderno PENESB, Rio de Janeiro: Editora da UFF, LOPES, Ana Lúcia. Currículo, escola e relações étnico-raciais. UNB. Centro de Educação à Distância. Educação Africanidades Brasil. Brasília: UnB/CEAD, p , LOPES, Nei. História e Cultura Africana e Afro-Brasileira. São Paulo: Barsa Planeta, MUNANGA, Kabengele; GOMES, Nilma Lino. O negro no Brasil hoje. São Paulo: Global, (Coleção para entender). SILVA, Ana Célia da. Desconstruindo a Discriminação do Negro no Livro Didático Salvador. BA, EDUFBA, 2005.
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