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Transcrição:

DESPACHO SEJUR N.º 236/2015 (Aprovado em Reunião de Diretoria em 19/05/2015) Interessado: Presidência do CFM e Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará Expedientes n.º 3338/2015 Assunto: Análise jurídica. Competência dos profissionais fisioterapeutas para requisitar exames radiológicos. Ilegalidade da Resolução COFFITO n.º 403/2011. Assunto judicializado. I DA SITUAÇÃO FÁTICA Trata-se de Ofício CRM/PA/ASSJUR n.º 2001/2015, no qual solicita análise do Conselho Federal de Medicina sobre comunicação encaminhada pelo Conselho Regional de Técnicos em Radiologia da 14ª Região, no qual relata que os profissionais Técnicos e Tecnólogos em Radiologia vêm denunciando fisioterapeutas que estão solicitando exames radiológicos. No documento, o CRTR informa que no seu entendimento as solicitações de exames radiológicos são atribuições privativas de profissionais médicos e odontólogos. O procedimento vem instruído com pareceres dos Conselhos Regionais de Medicina que informam ser atribuição exclusiva do médico a solicitação de exames radiológicos com finalidade diagnóstica ou acompanhamento terapêutico, ressalvada, apenas, a atuação dos odontólogos em sua área de atuação. É o relatório. Passo a analisar. II DA ANÁLISE JURÍDICA A celeuma decorrente da atuação de outras profissões da saúde no espectro de atribuições privativas dos médicos, em especial, a atuação dos fisioterapeutas na prescrição de exames radiológicos com finalidade diagnóstica ou acompanhamento terapêutico. Diante disso, o CFM ajuizou ação judicial buscando a declaração de nulidade da Resolução n.º 403/2011 do COFFITO, que regulava a atuação dos profissionais fisioterapeutas, entres outras atribuições, das seguintes condutas: VI - Estabelecer nexo de causa cinesiológica funcional ergonômica; XX Solicitar, realizar e interpretar exames complementares; XXI Determinar diagnóstico e prognóstico fisioterapêutico;

XXIX Emitir laudos de nexo de causa laboral, pareceres, relatórios e atestados fisioterapêuticos; XXXVIII Realizar ou participar de pericias e assistências técnicas judiciais entre outras; Tal demanda foi distribuída sob o n.º 0047357-73.2012.4.01.3400, ao Juízo da 8ª Vara Federal da Seção Judiciária do DF. Tal ação foi julgada extinta sem resolução de mérito pelo Juízo de 1º grau, sob a alegação de falta de interesse de agir do CFM. Irresignado com tal decisão, o CFM interpôs apelação, a qual teve seu julgamento provido pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região para determinar o retorno dos autos ao Juízo de Primeiro para correta instrução da causa, haja vista que a solução imposta ao caso, isto é, a extinção sem resolução de mérito, não seria a solução processual adequada, eis que havia nos autos pretensão resistida que merecia julgamento de mérito. Transcreve-se trecho do voto apresentado pelo Relator: Em que pese a argumentação desenvolvida pelo Magistrado a quo, há, na espécie, pretensão resistida. Para o CFM, os incisos VI, XX, XXI, XXIX e XXXVIII do artigo 3º; e inciso VIII do artigo 5º da Resolução 403/11 do COFFITO são manifestamente ilegais e alcançam diretamente a esfera de atuação dos médicos. Para o COFFITO, os Atos regulamentares seguem rigorosamente a legislação autorizativa. Para o magistrado oficiante, a legislação regulamentar impugnada deve ser interpretada com limites e tendo em vista os critérios finalístico e teleológico. Ora, se a interpretação da Resolução combatida deve ser restritiva, a questão diz respeito ao mérito da lide e não às condições da ação. A fisioterapia é definida pelo dicionário Aurélio como tratamento de doença por meio de exercícios e de agentes físicos. Ademais, os artigos 3º e 4º do Decreto-Lei nº 938/69 estabelecem: Art. 3º. É atividade privativa do fisioterapeuta executar métodos e técnicas fisioterápicos com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente. Art. 4º. É atividade privativa do terapeuta ocupacional executar métodos e técnicas terapêuticas e recreacional com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade mental do paciente. Assim, percebe-se que a área da fisioterapia não se confunde com a área médica, pois cuida da reabilitação ou a conservação da capacidade física ou mental do paciente, mediante o emprego de métodos e técnicas fisioterápicas ou terapêuticas. É juridicamente possível, portanto, a tese no sentido de que o profissional da fisioterapia não pode efetuar o diagnóstico de doenças, determinar exames

médicos, estabelecer o nexo causal de doenças funcionais ou atuar como médico-perito. Afigura-se, pois, plausível a alegada ilegalidade dos incisos VI, XX e XXIX (em parte) da Resolução Coffito nº 403/2011, que preveem a atuação do fisioterapeuta do trabalho nas seguintes atividades: VI Estabelecer nexo de causa cinesiológica funcional ergonômica; XX Solicitar, realizar e interpretar exames complementares; XXIX Emitir laudos de nexo de causa laboral (...). Ora, na dicção das Turmas que compõem a colenda Primeira Seção deste Tribunal, tais atividades são realmente privativas da medicina do trabalho e não se confundem com a área da fisioterapia. Confiram-se: PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL EMITIDO POR PROFISSIONAL DA ÁREA DE FISIOTERAPIA. PERÍCIA MÉDICA. ATIVIDADE PRIVATIVA DE MÉDICO. PROCESSO ANULADO. ELABORAÇÃO DE NOVA PERÍCIA. 1. Remessa Oficial conhecida de ofício: inaplicabilidade do 2º e 3º do artigo 475 do CPC, eis que ilíquido o direito reconhecido e não baseando em jurisprudência ou Súmula do STF ou do STJ. 2. A realização de perícia médica, com o diagnóstico de doenças e das condições de saúde do paciente é atividade privativa de médico (Lei 12.842/2013). 3. A constatação da incapacidade laboral deve, obrigatoriamente, ser feita por profissional da área da medicina, sendo forçoso reconhecer que o fisioterapeuta não detém formação técnica para o diagnóstico de doenças, emissão de atestados ou realização de perícia médica. 4. Apelação e remessa oficial providas, para anular o processo desde o laudo pericial. (AC 2006.33.06.004003-2/BA, rel. Juiz Federal Cleberson José Rocha (conv.), 28/11/2013 e-djf1 P. 107). PREVIDENCIÁRIO E CONSTITUCIONAL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TRABALHADOR(A) RURAL. LAUDO PERICIAL EMITIDO POR PROFISSIONAL DA ÁREA DE FISIOTERAPIA. PROCESSO ANULADO A PARTIR DO LAUDO. ELABORAÇÃO DE NOVA PERÍCIA. 1. O diagnóstico de doenças só pode ser feito por um médico, não tendo um fisioterapeuta formação técnica para tanto. 2. A constatação da incapacidade laboral deve, obrigatoriamente, ser feita por profissional da área da medicina e não da área de fisioterapia. 3. Processo anulado a partir do laudo pericial. 4. Apelação e remessa oficial providas. (AC 0000054-64.2006.4.01.3306 / BA, Rel. DESEMBARGADORA FEDERAL NEUZA MARIA ALVES DA SILVA, SEGUNDA TURMA, e-djf1 p.212 de 16/01/2013)

Tais precedentes indicam, no mínimo, o interesse de agir do CFM na ação civil pública em tela. Os fisioterapeutas, com base nessa legislação regulamentar, têm emitido pareceres e laudos da alçada médica. Como se vê, no entendimento da 7ª Turma do TRF da 1ª Região, a área da fisioterapia não se confunde com a área médica, pois cuida da reabilitação ou a conservação da capacidade física ou mental do paciente, mediante o emprego de métodos e técnicas fisioterápicas ou terapêuticas. De modo, que é juridicamente possível, portanto, a tese no sentido de que o profissional da fisioterapia não pode efetuar o diagnóstico de doenças, determinar exames médicos, estabelecer o nexo causal de doenças funcionais ou atuar como médico-perito, havendo fortes indícios de ilegalidade da Resolução COFFITO n.º 403/2011. Vale destacar que a Turma somente não promoveu o julgamento de mérito da demanda com base no art. 515, 3º, do CPC (Teoria da Causa Madura) pelo fato de o Juízo de 1º grau não ter oportunizado ao COFFITO a apresentação de contestação. Assim, sob o prisma formal (competência para legislar) não há dúvidas de que a resolução questionada é ilegal em relação aos incisos VI, XX, XXI, XXIX e XXXVIII do artigo 3º; e inciso VIII do artigo 5º, especialmente porque a lei que trata da profissão do Fisioterapeuta (Decreto-Lei n.º 938/96) não confere tais atribuições à categoria. Com efeito, atualmente não há qualquer dúvida de que no ordenamento jurídico brasileiro compete exclusivamente ao médico o direito de estabelecer o nexo de causa cinesiológica; realizar e interpretar exames complementares para o diagnóstico de doenças; e, por fim, realizar e participar de perícias médicas nas áreas cível, trabalhista, previdenciária e criminal. Portanto, o Sejur mantém o entendimento que motivou a propositura de ação judicial para declarar a ilegalidade de Resolução do COFFITO que passou a permitir aos profissionais fisioterapeutas a solicitação de exames radiológicos com finalidade diagnóstica ou acompanhamento terapêutico, sendo tal ato privativo dos médicos regularmente inscritos nos CRM s e dos odontólogos em sua área de atuação. Todavia, como o assunto encontra-se judicializado, orientamos a aguardar o resultado final da ação judicial para posicionamento definitivo, o que não impede, porém, que o CFM posicione-se publicamente sob o assunto, em face de sua competência regulatória da ética e da técnica regente da profissão médica. III DA CONCLUSÃO Face o exposto, este Sejur OPINA pela manutenção do entendimento que motivou a propositura de ação judicial para declarar a ilegalidade de Resolução

do COFFITO que passou a permitir aos profissionais fisioterapeutas a solicitação de exames radiológicos com finalidade diagnóstica ou acompanhamento terapêutico, sendo tal ato privativo dos médicos regularmente inscritos nos CRM s e dos odontólogos em sua área de atuação. Todavia, como o assunto encontra-se judicializado, orientamos a aguardar o resultado final da ação judicial para posicionamento definitivo, o que não impede, porém, que o CFM posicione-se publicamente sob o assunto, em face de sua competência regulatória da ética e da técnica regente da profissão médica. Este é o parecer, s.m.j. Brasília-DF, 05 de fevereiro de 2015. Rafael Leandro Arantes Ribeiro Advogado do Conselho Federal de Medicina OAB/DF n.º 39.310 DE ACORDO: José Alejandro Bullón Chefe do Setor Jurídico