LIBRAS: COMUNICAÇÃO, INTERAÇÃO, INCLUSÃO E APRENDIZAGEM ENTRE ALUNOS(AS) SURDOS(AS) E OUVINTES

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Transcrição:

LIBRAS: COMUNICAÇÃO, INTERAÇÃO, INCLUSÃO E APRENDIZAGEM ENTRE ALUNOS(AS) SURDOS(AS) E OUVINTES Isaias da Silva Universidade Federal de Pernambuco- UFPE/CAA, E-mail: isaiassilva-@hotmail.com INTRODUÇÃO: O presente texto centra-se na discussão sobre inclusão social de pessoas com deficiência no contexto escolar e é fruto da pesquisa qualitativa que objetiva compreender se a atuação do(a) intérprete educacional é garantia de uma educação acessível e inclusiva para os(as) alunos(as) surdos(as). Para este artigo tratamos especificamente da Língua Brasileira de Sinais-Libras, como sendo instrumento fundante para inclusão dos(as) alunos(as) surdas no espaço escolar. Partimos do pressuposto que o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais-Libras, como língua materna do surdo, contribui na inclusão dos(as) surdos(as). De modo, evidenciamos que garantir o direito da pessoa com deficiência no espaço escolar não refere-se minimamente colocar os(as) alunos(as) nas escolas, mas sim mudar as escolas para torná-las mais responsivas às necessidades de todas as crianças (MITTLER, 2003, p.16). As possibilidades de discutirmos a inclusão dos(as) surdos(as) no cenário educacional, ampliam e fortalecem as lutas da comunidade surda, pelo reconhecimento de sua identidade. Assim, tomamos como questão norteadora para este texto a seguinte questão: como se constituem os processos de comunicação, interação, inclusão e aprendizagem entre alunos(as) surdos(as) e ouvintes no contexto escolar? Para tratarmos esta questão delineamos o seguinte objetivo geral: compreender como se constituem os processos de comunicação, interação, inclusão e aprendizagem entre alunos(as) surdos(as) e ouvintes no contexto escolar. Como objetivos específicos: a) identificar os processos de comunicação, interação, inclusão e aprendizagem entre alunos(as) surdos(as) e ouvintes que ocorrem

na escola, b) compreender os sentidos que esses processos apontam. Diante do exposto e a título de organização, este texto encontra-se subdivido nas seguintes seções: a) Metodologia; b) Resultados e Discussão; c) Conclusões. METODOLOGIA: O presente estudo apresenta uma Abordagem de Pesquisa Qualitativa, este procedimento de pesquisa, ajuda os sujeitos a refletir e articular as questões proposta para investigação. Godoy (1996, p.62) dentre as características essenciais que constitue uma pesquisa qualitativa chama atenção para o ambiente natural como fonte direta de dados, e o pesquisador como instrumento fundamental. Como procedimentos de coleta de dados fizemos uso da Observação Participante, na qual André (2008, p. 28) evidencia que a observação é chamada de participante porque parte do princípio de que o pesquisador tem sempre um grau de interação com a situação estudada, afetando-a e sendo por ela afetado. O segundo procedimento de coleta de dados é a entrevista semiestruturada, que nos permitiu aprofundar questões específicas sem se remontar a uma padronização de questionamentos (LANKSHEAR; KNOBEL, 2008). O referente estudo conta com a participação de cinco sujeitos que constituem uma turma do terceiro ano do ensino fundamental de uma instituição escolar pública municipal, localizada no munícipio de Caruaru-PE: um(a) intérprete educacional (identificado como IE), um(a) professor(a) regente (identificado como PR), dois alunos(as) surdos(as) (identificados como AS1 e AS2) e um(a) aluno(a) ouvinte (identificado como AO). A escolha do(a) aluno(a) ouvinte, mediante a uma sala de 25 alunos, foi devido à maior interação dele(a) com os(as) alunos(as) surdos(as) e com o(a) intérprete educacional. Para tratar os dados, tomamos como procedimento de análise de dados a Análise de Conteúdo, que busca a compreensão dos fatos para além do imediato, tendo por objetivos, a descoberta e o rigor (BARDIN, 2011). Esta técnica se constitui como ferramenta de análise que se centra na rigorosidade da descrição para dar sustentação às interpretações e às inferências mais aprofundadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os dados até o presente apontam para a Língua Brasileira de Sinais-Libras como centro instrumento fundante para comentar o processo de comunicação, interação, inclusão e aprendizagem entre alunos(as) surdos(as) e ouvintes. Ao referenciarmos a Libras, como sendo esse canal de comunicação entre surdos(os) e ouvintes, PR chama atenção, ao enfatizar que Precisamos muito aprender a Libras, para mantermos uma comunicação com os surdos, muitas vezes até queremos manter um contato com eles, mas devido essa nossa limitação com relação à língua, me vejo impossibilitada e fico com receio às vezes de não ser compreendida por eles. No decorrer da pesquisa, fica evidente que a dificuldade de se comunicar em Libras contribui para que os sujeitos ouvintes, mesmo desejando manter um contato mais próximo, se encontram se restrinjam a uma mínima interação. Com um olhar voltado para a cultura dos surdos e a garantia de sua identidade, Santana; Bergamo (2005, p. 566), ressaltam que a língua de sinais era considerada apenas uma mímica gestual, e sempre houve preconceitos com relação ao uso de gestos para a comunicação. Na busca de reconhecer a Libras como Língua própria da comunidade surda a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que regulamenta a Libras como comunicação da comunidade surda no Brasil, em seu artigo 1º dispõe: É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associado. Ao refletirmos sobre a importância da comunicação através da Língua Brasileira de Sinais no âmbito escolar, o referente diálogo entre o AO e a IE, demonstra como um sujeito ouvinte mantém um interesse de comunicarem-se através da língua materna dos surdos/ Libras. O AO chama a IE e pergunta-lhe: -Professora como eu falo ao AS1 que a letra dele é bonita? IE: - Bom você fala assim [LETRA BONITA SUA!] (Texto redigido conforme a interpretação realizada pela EI). É pertinente evidenciar esse interesse do(a) aluno(a) ouvinte em buscar comunicar de forma direta com os(as) surdos(as), através da Libras, pois evidenciamos no decorrer

da pesquisa que essas ações oportunizam uma maior interação entre os(as) surdos(os) e ouvintes, sem ser por intermédio diretamente do(a) intérprete educacional. Nesse sentido AS1 reconhece a importância dos(as) alunos(as) aprenderem Libras, quando enfatiza que muito gostar ver colega ouvinte aprender Libras. Bom todos aprender juntos, escola melhor (Transcrição realizada na estrutura da Língua Brasileira de Sinais- Libras). Desse modo, Lacerda (2006, p. 177) em seus estudos ao aponta que O aluno surdo é usuário de uma língua que nenhum companheiro ou professor efetivamente conhece. Ele é um estrangeiro que tem acesso aos conhecimentos de um modo diverso dos demais e se mantém isolado do grupo (ainda que existam contatos e um relacionamento amigável). Vem evidenciar que a interação entre aluno(a) surdo(a) com os demais é mínima, não existindo muita aproximação entre esses sujeitos. Diante dessa abordagem a fim de garantir que os(as) alunos(as) tenham acesso a comunicação e possam conviver no ambiente escolar mediante suas especificidades, faz-se necessários pensarmos em estratégias que possam colaborar nesse processo de inclusão. Nesse sentido, evidenciamos a relevância da proposta realizada pela PR, para a IE Podemos nos organizar para pelo menos uma vez na semana você ensinar alguns sinais em Libras para turma inclusive para mim o que você acha? Assim, reconhecemos que os sujeitos estão buscando estratégias que contribuam no processo de inclusão dos(as) surdos no espaço da sala de aula. O AO quando enfatiza sobre a comunicação com seus colegas surdos(as), identificamos o seu interesse em aprender a se comunicar em Libras. Como fica evidente na seguinte fala: É legal ter colegas surdos na sala, eu acho um pouco difícil me comunicar com eles em Libras, mas eu gosto muito de esta junto com eles e mesmo sem Libras falo com eles. Quando não seu um sinal eles me ensinam é muito bom estudar com eles (AO). Os dados também apontam para o uso da Libras, junto a atuação do(a) intérprete educacional como elementos/processos que contribuem para aprendizagem dos(as) alunos(as) surdos. A PR chama atenção dizendo hoje com a intérprete vejo que os

alunos surdos estão aprendendo mais, e a turma toda interage assim, vamos aprendendo juntos, sei que é um processo difícil, mas que vai dá certo. O AS2 contribui nesse sentido apresentado pela PR ao ressaltar que Libras boa, surdo aprender melhor, junto professora, intérprete, tudo junto, bom, antes sem intérprete libras, difícil (Transcrição realizada na estrutura da Língua Brasileira de Sinais- Libras). Nesse sentido, AS2 pontua a importância da atuação do(a) intérprete de Libras no espaço escolar. Assim, evidenciamos que o Intérprete de língua de sinais é a pessoa que realiza uma atividade de interpretação de uma dada língua de sinais para outra língua, ou desta outra língua para uma determinada língua de sinais, Quadros (2004). Assim, é nesse cenário pensar a escola enquanto um espaço coletivo inclusivo para os(as) surdos(os) é fomentar ações que enfatizam a parceria/interação do(a) professor(a) regente com o(a) intérprete educacional, junto aos alunos(as) surdos(as) e ouvintes. Tais processo apontam para um processo inclusivo que reconhece e respeita as diferenças. CONCLUSÕES: Ao analisarmos os processos de comunicação, interação, inclusão e aprendizagem entre alunos(as) surdos(as) e ouvintes no contexto escolar, de uma turma do terceiro ano do ensino fundamental, evidenciamos o uso reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais- Libras, como língua materna do(a) surdo(a). Nesse sentido, levamos em consideração a relevância da atuação do(a) professor(a) regente com o(a) intérprete educacional é relevante para pensarmos em uma escola inclusiva que contribua no processo de comunicação, interação, inclusão e aprendizagem dos(as) alunos(as) surdos(as) e ouvintes. Desse modo, podemos inferir que a partir do que até então foi analisado, pode-se considerar que essa turma, busca desenvolver processos inclusivos junto as(os) alunos(as) surdos, sem dicotomizar surdos(as) e ouvintes. Assim, destacamos o reconhecimento da Libras no contexto escolar como sendo um dos processos que contribuem para pensarmos em uma escola inclusiva.

REFERÊNCIAS: ANDRÉ, M. E. D. A de. Etnografia da Prática Escolar. 15ª ed. Campinas, SP: Papirus, 2008. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa. Edições 70, 2011. BRASIL. Lei 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e dá outras providências. Disponível em:<www.mec.gov.br/seesp/legislacao.shtm> Acesso em: 5 jun. 2015. GODOY, A. S., Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades, In Revista de Administração de Empresas, V35 n2, Mar./Abr. p.57-63. 1995. LACERDA, C. B. F., A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Campinas, SP, v. 26, n. 69, p. 163-184, maio/ago.2006. LANKSHERAR, C.; KNOBEL, M. Pesquisa pedagógica: do projeto à implementação. Porto Alegre: Artmed, 2008. MITTLER, P. Educação inclusiva: contextos sociais. Porto Alegre: Artmed, 2003. QUADROS, R. M. O Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa. Brasília, DF: MEC, 2004. SANTANA, A. P; BERGAMO, A. Cultura e Identidade Surdas: Encruzilhada de Lutas Sociais e Teóricas. Educ. Soc., Campinas, vol. 26, n. 91, p. 565-582, Maio/Ago.2005.