Hiponatremia e o esporte

Documentos relacionados
DIETA PARA ENDURANCE. Endurance é o tipo de exercício de alta intensidade por tempo prolongado.

Equilíbrio térmico durante o exercício

Equilíbrio térmico durante o exercício

ASPECTOS CLÍNICOS DA HIPONATREMIA NA PRÁTICA ESPORTIVA. Clinical Aspects of Sports in Practice Hyponatremia

Controle da Osmolalidade dos Líquidos Corporais. Prof. Ricardo Luzardo

NUT-A80 -NUTRIÇÃO ESPORTIVA

ÁGUA Porque a água é tão importante para vida: A água é o principal constituinte dos fluidos do corpo humano, que é composto por mais de 60% de água.

A Bioquímica Da Célula. Alternar entre páginas 0/1 Página Anterior Próxima página

11/03/2016 Hábitos de hidratação e alteração hídrica corporal em praticantes de caminhada da cidade de Coari, AM

Água o componente fundamental!

NUTRIÇÃO DO CORREDOR NUTRICIONISTA SUSANA FRANCISCO I CURSO DE FORMAÇÃO DE TREINADORES DE GRAU I SEMINÁRIO DO PROGRAMA NACIONAL DE MARCHA E CORRIDA

NUTRIÇÃO DESPORTIVA - ACSM

Importância da Hidratação no Desporto

DISTÚRBIO HIDRO- ELETROLÍTICO E ÁCIDO-BÁSICO. Prof. Fernando Ramos Gonçalves -Msc

Movimento e alimento. Eliane Petean Arena Nutricionista

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

HÁBITOS ALIMENTARES E INGESTÃO HÍDRICA NO PRÉ, DURANTE E PÓS-TREINO DE UMA EQUIPE FEMINIA DE FUTSAL UNIVERSITÁRIO, RIO DE JANEIRO

MACRONUTRIENTES NO EXERCÍCIO

TÍTULO: AVALIAÇÃO DOS CONHECIMENTOS BÁSICOS SOBRE NUTRIÇÃO E O USO DE SUPLEMENTOS ESPORTIVOS POR PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO

Artigo de revisão: BALANÇO HÍDRICO EM JOGADORES DE FUTEBOL: PROPOSTA DE ESTRATÉGIAS DE HIDRATAÇÃO DURANTE A PRÁTICA ESPORTIVA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS EDITAL Nº 02 DE 29/04/2016

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE PLANO DE ENSINO

Alimentação de atletas de aventura

HYDROMAX Glycerol Powder 65%

Alterações do equilíbrio hídrico Alterações do equilíbrio hídrico Desidratação Regulação do volume hídrico

COMO A DESIDRATAÇÃO PODE AFETAR A PERFORMANCE DOS ATLETAS HOW DEHYDRATION CAN AFFECT THE PERFORMANCE OF ATHLETES

NUTRIÇÃO E TREINAMENTO DESPORTIVO

Hidratação e Atividade Física aplicada às Artes Marciais Gashuku Kokushikan - São Roque 06 a 07 maio de Luciana Rossi

Desequilíbrio Hidroeletrolítico. Prof.º Enfº. Esp. Diógenes Trevizan

CURSO MATÉRIAS TITULAÇÃO MÍNIMA Nº DE VAGAS Nutrição, Exercício Físico e Estética. Nutrição e Dietoterapia Obstétrica e

DISCUSSÃO DOS DADOS CAPÍTULO V

A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA CONCEPÇÃO DO USO DE SUPLEMENTOS ESPORTIVOS ENTRE ALUNOS DE ESCOLA PÚBLICA EM NATAL/RN

A nutrição esportiva visa aplicar os conhecimentos de nutrição, bioquímica e fisiologia na atividade física e no esporte. A otimização da recuperação

HIDRATE-SE: UM OLHAR SOBRE O EXERCÍCIO FÍSICO E AS BEBIDAS ISOTÔNICAS

Drogas que atuam no sistema cardiovascular, respiratório e urinário

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Plano de Curso

Biomassa de Banana Verde Polpa - BBVP

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA PROGRAMA DE DISCIPLINA CURSO: EDUCAÇÃO FÍSICA DISCIPLINA: FISIOLOGIA DO ESFORÇO

UTILIZAÇÃO DOS MÉTODOS DE DESIDRATAÇÃO PARA ATLETAS DE BODYBUILDING

Temperatura Corpórea. 40,0 o c. 36,5 o c. Guyton, 2006

Impact Factor: 1,75. Gabriela Bueno Luz Maria Amélia A. Weiller Vinicius Copes

ABASTECIMENTOS NA MARCHA ATLÉTICA

Revista Brasileira de Nutrição Esportiva ISSN versão eletrônica

Revista Brasileira de Nutrição Esportiva ISSN versão eletrônica

Priscila Pereira Simão O PAPEL DA PERCEPÇÃO DA SEDE COMO PARÂMETRO PARA HIDRATAÇÃO DURANTE O EXERCÍCIO FÍSICO

TRABALHO PESADO. Apostila 09

INSOLAÇÃO VOCÊ SABE O QUE FAZER?

NUT A80 - NUTRIÇÃO E ATIVIDADE FÍSICA

Avaliação da Composição Corporal. Profª Tatianne Estrela

Riscos da Exposição à Luz do Sol

VIABASE ÁGUA DE COCO SOLÚVEL

DOSE EFEITO DO ETANOL

hidratação desidratação e estresse térmico

ENFERMAGEM ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PROCESSO NUTRICIONAL. DIETAS Aula 7. Profª. Tatiane da Silva Campos

NUTRIÇÃO E SUPLEMENTAÇÃO NO ESPORTE

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS POR PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA DO MUNICÍPIO DE MONTE AZUL PAULISTA

Água. A importância da água para a vida.

PROTOCOLO MÉDICO MANEJO DO RECÉM-NASCIDO NOS PRIMEIROS DIAS DE VIDA

Prof.º Carlos Eduardo de Oliveira

Revista Brasileira de Nutrição Esportiva ISSN versão eletrônica

Temperaturas Extremas Adversa - Ondas de Calor

CURSO DE FISIOTERAPIA Autorizado plea Portaria nº 377 de 19/03/09 DOU de 20/03/09 Seção 1. Pág. 09 PLANO DE CURSO

FACULDADE CENTRO MATO-GROSSENSE CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA A IMPORTÂNCIA DA HIDRATAÇÃO EM JOGADORES DE FUTEBOL RENAN ANTÔNIO CANOSSA

SINTOMAS DE ESTRESSE EM ATLETAS DE VÔLEI DE PRAIA DE ALTO RENDIMENTO

BIOQUÍMICA E METABOLISMO DOS MICRONUTRIENTES NA TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E PARENTERAL

Tampão. O que é? MISTURA DE UM ÁCIDO FRACO COM SUA BASE CONJUGADA, QUE ESTABILIZA O P H DE UMA SOLUÇÃO

Revista Brasileira de Nutrição Esportiva ISSN versão eletrônica

1. Introdução. Mauren Rhanes Alves Cirne* Ana Cristina Rodrigues Mendes** (Brasil)

COMPOSIÇÃO Carbonato de Cálcio 500mg + Colecalciferol 200UI: Carbonato de Cálcio 600mg + Colecalciferol 200UI:

MODELO FORMATIVO. DATA DE INíCIO / FIM / HORARIO Manhã - 9:00 às 13:00 Tarde - 14:00 às 17:00

EMENTAS DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM FISIOLOGIA HUMANA APLICADAS ÀS CIÊNCIAS DA SAÚDE

CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS PARA O CARGO EFETIVO DE PROFESSOR DA CARREIRA DE MAGISTÉRIO PROVA ESCRITA. Áreadeconcurso:

Princípios Científicos do TREINAMENTO DESPORTIVO AULA 5

Por definição, suplementos nutricionais são alimentos que servem para complementar com calorias e ou nutrientes a dieta diária de uma pessoa

Correr no Verão. Guia para manter o corpo hidratado Por Dr.ª Andreia Santos, nutricionista no Instituto CUF Porto. Jupiterimages

NUTRIÇÃO DO IDOSO. Universidade de São Paulo Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Nutrição e Metabolismo Nutrição Humana

MODELO FORMATIVO. DATA DE INíCIO / FIM / HORARIO Manhã - 9:00 às 13:00 Tarde - 14:00 às 17:00

AVALIAÇÃO DO ESTADO DE HIDRATAÇÃO DE JOGADORES DE BASQUETEBOL.

Revista Brasileira de Nutrição Esportiva ISSN versão eletrônica

Escolha uma vitamina OU um mineral e descreva:

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE PÓS GRADUAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM NUTRIÇÃO ESPORTIVA E TREINAMENTO FÍSICO

Revista Brasileira de Nutrição Esportiva ISSN versão eletrônica

FISIOLOGIA GERAL INTRODUÇÃO

Desmaio e Convulsão. Prof. Raquel Peverari de Campos

Hidroclorotiazida. Diurético - tiazídico.

Izabelle Auxiliadora Molina de Almeida Teixeira. Departamento de Zootecnia. Água. É o constituinte mais abundante nos seres vivos 50 80% corpo

Profa. Dra. Raquel Simões M. Netto NECESSIDADES DE CARBOIDRATOS. Profa. Raquel Simões

GUIA BÁSICO DE SUPLEMENTAÇÃO MAGVIT

Têm duração aproximada de 3 a 5 minutos.

Avaliação do estresse térmico ambiental e risco de hipertermia durante aulas de Educação Física no CEFET-MT. RODRIGUES, Vinícius de Matos (1)

Tetania da. Lactação e das. Pastagens

Nutrição Aplicada à Educação Física. Cálculo da Dieta e Recomendações dietéticas. Ismael F. Freitas Júnior Malena Ricci

COMO CHEGAR De metro: estação Saldanha (linha amarela ou vermelha), ou estação S. Sebastião (linha Azul ou vermelha)

Professora do Curso de Nutrição - FACISA/UNIVIÇOSA. 5

Erika Reinehr Narayana Reinehr Ribeiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA NÚCLEO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIÊNCIAS DO ESPORTE. Givanilson Ivanildo Miguel

Nutrição em Cuidados Paliativos Pediátrico

HIDRATAÇÃO EM ATIVIDADES FÍSICAS DE LONGA DURAÇÃO: UMA REVISÃO

AVALIAÇÃO DO CONSUMO HÍDRICO DE PARTICIPANTES DE DIFERENTES MODALIDADES ESPORTIVAS

EXERCÍCIO FÍSICO COM ALTERNATIVA PARA O TRATAMENTO DE DISLIPIDÊMICOS

Transcrição:

Hiponatremia e o esporte *Graduada em Educação Física, UniEvangélica-Anápolis, Goiás **Acadêmica do Curso de Educação Física Universidade Estadual de Goiás, ESEFFEGO/UEG. ***Mestre em Ciências da Saúde; Especialista em Fisiologia do Exercício Coordenador do Laboratório de Fisiologia do Exercício, ESEFFEGO/UEG Docente da UniEvangélica e da ESEFFEGO/UEG. (Brasil) Glaucy da Silva Inácio* Erika Mendes Costa** Nayara Barbosa Costa de Aguiar** Raphael Martins da Cunha*** glaucyinacio@hotmail.com Resumo O presente estudo teve por objetivo investigar os efeitos da hiponatremia relacionada ao esporte. Trata-se de uma revisão sistemática da literatura. Para desenvolver esse estudo foram identificados os conceitos, fatores, sintomas, riscos e formas de prevenção da hiponatremia. Como conclusão, atletas de endurance e ultraendurance necessitam dar especial atenção a alimentação e hidratação, pois a ingestão de líquidos e sódio em quantidades corretas pode reduzir o aparecimento da hiponatremia. Unitermos: Hiponatremia. Esporte. Atleta de endurance. http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/ Introdução A hiponatremia é classificada como um distúrbio eletrolítico que resulta na queda anormal da concentração plasmática de sódio para valores abaixo de 135 meq/l (JOHNSON, 2000). A hiponatremia pode acometer diversas pessoas praticantes de exercícios físicos. O esforço físico promove uma quebra da homoestasia e a reposição hídrica isolada não é suficiente para manter um indivíduo em equilíbrio hidroeletrolítico. Os principais sintomas da hiponatremia são: confusão mental, desorientação, agitação, falta de ar, fala confusa, edema pulmonar e em casos mais extremos podendo levar ao óbito (BORSATTO; SPINELLI, 2007). O objetivo do presente estudo é investigar os efeitos da hiponatremia relacionada ao esporte, tal como seus fatores, sintomas, riscos e formas de prevenção. Metodologia Trata-se de uma pesquisa descritiva, sendo uma revisão sistemática e fundamentada em literatura científica. A literatura utilizada tem base no idioma da língua portuguesa e inglesa. Foi considerado neste estudo, artigos e livros. Na busca de artigos, foram utilizadas as seguintes plataformas de base de dados: Bireme, Lilacs; Pumed e portal capes. Utilizado referências entre os anos de 1998 a 2009. Foram utilizadas as palavras chave para pesquisar sobre os temas propostos: hiponatremia, desidratação, hiponatremia endurance, ultraendurance, intoxicação água e hiponatremia atleta.

Hiponatremia: conceito, fatores que a induzem e sintomas Borsatto e Spinelli (2007, p. 51), relatam que Desde a primeira descrição da hiponatremia, em 1985,as teorias expostas tentaram explicar sua etiopatogenia. Antes de 1981, o termo hiponatremia era totalmente desconhecido, sendo os atletas orientados a não ingerir líquidos durante os exercícios, o que poderia resultar em desidratação e em hiponatremia. Após o ano de 1981, passou-se a recomendar, para os atletas, uma alta ingestão de líquidos, sem restrição, durante exercícios de resistência. Foi difundida, neste período, a frase drink as much as possible. Entretanto, nesta época, houve um aumento dos casos de hiponatremia nos esportes de endurance e ultraendurance, em conseqüência do recomendado (Porcel et al., 2004). Estudo realizado por Garrigan e Ristedt (1999), demonstrou que, nos Estados Unidos, pelo menos quatro atletas militares, de 1989 a 1999, faleceram devido à hiponatremia, e 190 foram hospitalizados. Tal fato proporcionou uma revisão nas recomendações de reposição de líquidos nas Forças Armadas dos EUA, em 1999. Com a prática do exercício, e durante a realização do mesmo o indivíduo perde cerca de 240 meq.l-1 de sódio, e isso pode levar o indivíduo a ter hiponatremia, ou seja, concentração de sódio plasmático menor que 130 meq.l-1, ocasionado por reposição hídrica com líquidos que não possuem sódio ou sua concentração é baixa, isso pode ocorrer em eventos longos (HERNANDEZ; NAHAS, 2009). A hiponatremia decorrente em atletas é mais freqüente pela baixa osmolidade do plasma, e isso quer dizer que existe mais água do que o normal para a quantidade de substâncias dissolvidas no plasma (MURRAY; EICHNER e STOFAN, 2003). O esporte de alta performance requer um estudo detalhado sobre as influências fisiológicas durante sua prática (LIMA; MICHELS; AMORIM, 2007). Devido a este fato ocorre um aumento da atividade muscular promovendo uma elevada produção de calor no organismo, que é eliminado em parte, pelo suor. Este que acompanha o exercício de longa duração promove a perca de eletrólitos e de água no corpo. O sódio é o principal componente eletrolítico do meio extracelular e influência na regulação do equilíbrio osmótico (MARINS; DANTAS; NAVARRO, 2003). A combinação da atividade física, estresse e calor impõem um desafio significativo para o sistema cardiovascular. Quando não há homeostase entre os líquidos perdidos (pelo suor, respiração e urina) e os absorvidos o indivíduo poderá entrar num processo de desidratação (SALUM, 2006). A perda de sódio é o problema mais comum associado ao exercício de alto rendimento, por isso para a manutenção das funções normais fisiológicas e a melhora no desempenho, a reposição de nutrientes como água, eletrólito e carboidrato são importantíssimos (REHRER, 2001).

A ausência de sódio pode ocasionar a hiponatremia, que poderá estar relacionada ao excesso na ingestão de água, que é caracterizada como intoxicação pela água (SPEEDY et al, 1997 apud LIMA; MICHELS e AMORIM, 2007). O excesso de ingestão da água poderá levar o indivíduo a um estado de hiponatremia, onde o mesmo terá uma quantidade de água maior que a necessária, isso provocará uma diluição dos eletrólitos dentro da célula fazendo com que ela se inche (PEREIRA; MARQUEZI e LANCHA JUNIOR, 2004). A combinação causada pela perda de sódio e pela ingestão excessiva de água é uma das principais causas do aparecimento da hiponatremia (MURRAY; EICHNER e STOFAN, 2003). Conforme Murray, Eichner e Stofan (2003, p.2) As principais causas da hiponatremia são: aumento da água corporal causados por redução da diurese, por exercícios e por exposição ao calor; perda de sódio por alta taxa de sudorese, condição física inadequada e aclimatação deficiente; ingestão inadequada de sódio por dieta hipossódica ou ingestão de sódio durante o exercício. A hiponatremia é decorrente de um esforço consciente com a intenção de anular os sinais fisiológicos e a ingestão de grandes quantidades de água ou outros elementos eletrolíticos que possuem baixo teor eletrolítico (MAUGHAN; BURKE, 2004). Fatores que induzem a hiponatremia Casos mais freqüentes de hiponatremia podem ocorrer quando houver um consumo de líquidos exagerados e, levando até ao aumento de peso corporal, pós competição, tendo como principal influência o consumo excessivo de água (MARINS; DANTAS; NAVARRO, 2003). A hiperidratação com líquidos a base de glicerol pode facilitar a hiponatremia, pois se dilui mais facilmente, e tem-se vontade de urinar durante o exercício (HERNANDES; NAHAS, 2009). A desidratação e hiponatremia podem gerar o colapso em provas de endurance (BORSATTO; SPINELLI, 2007). O colapso associado ao exercício pode ser definido como a incapacidade de caminhar sem auxílio, com ou sem exaustão, náuseas, vômitos ou cãibras. (HOLTZHAUSE & NOAKES, 1997; O'CONNER E COL., 2003 apud SALLIS, 2005 p.1/2). A hiponatremia é incomum em provas com duração inferior a 4 horas e mais freqüentes em provas com permanência acima de 8 horas (CORRÊA, 2005). Em exercícios de longa duração e com reposição de muitos líquidos com baixa concentração de sódio, percebe-se a ocorrência de hiponatremia, que associada à desidratação durante uma prova, compreende a necessidade

de atendimento médico para os atletas, em geral, após a rehidratação oral os sintomas desaparecem. Grandes partes dos casos de hiponatremia ocorrem em provas com duração maior que quatro horas. É necessário fazer a suplementação com sódio quando há grandes perdas na transpiração e quando um volume grande de fluídos é consumido (MAUGHAN; BURKE, 2004). A hiponatremia pode ocorrer em eventos longos que possam durar alguns dias e isso pode ocorrer devido ao stress crônico, pela perca de suor durante um longo período de exercício, junto a situações ambientais desconfortáveis como calor e umidade, e ainda uma baixa ingestão de sódio na dieta (MARINS, 1998). Quando se produz suor excessivo, fica recomendado o uso de substâncias eletrolíticas, com, por exemplo, sódio, para tanto é necessário verificar o grau do exercício, intensidade, duração, estado de desidratação para poder relacionar a quantidade de sódio necessário (MARINS; DANTAS; NAVARRO, 2003). Riscos da hiponatremia A hiponatremia pode causar algumas manifestações neurológicas como apatia, náuseas, vômito, consciência alterada e convulsões (HERNANDES; NAHAS, 2009). Os principais sintomas caracterizados pela hiponatremia são: cefaléia, mal-estar, náuseas, confusão, cãibras e em casos mais graves pode haver convulsões, coma, edema pulmonar e podendo levar o indivíduo a morte (McARDLE; KATCH e KATCH, 2001). Ademais, pode-se citar o desconforto gastrointestinal; náuseas e vômitos; cefaléia latejante; inquietação; edema nos pés e mãos; letargia; confusão; coma podendo evoluir para o óbito (MURRAY; EICHNER e STOFAN, 2003). Como conseqüência de uma hipertermia pode haver um desconforto gástrico, causando no atleta a hiponatremia (WOLINSKY; HICKSON Jr, 2002 apud DRUMOND; CARVALHO e GUIMARÃES, 2007). Os atletas que iniciam uma competição com hiponatremia devido ao excesso de líquido pré competição, correm risco de desenvolver casos mais graves de hiponatremia porque uma menor quantidade de fluído é necessária para que os níveis de sódio entrem em zona de risco (MURRAY; EICHNER; STOFAN, 2003). Prevenção da hiponatremia A presença de sódio em bebidas reidratantes, tomadas durante o exercício, pode ser utilizada como forma preventiva da hiponatremia (MARINS; DANTAS; NAVARRO, 2003). Com a inserção do sódio em bebidas reidratantes pode ocorrer uma maior absorção de água e carboidratos no intestino na execução e pós exercício. Isso ocorre, pois o transporte de glicose na mucosa do

enterócito é associado com o transporte de sódio, isso gera uma maior absorção de água (HERNANDEZ; NAHAS, 2009). Para recompor as percas hídricas, é recomendado o consumo de sódio, com reposição hidroeletrolítica com concentração de sódio aumentada entre 1,7 a 2,9 g de NaCl/l (CORTE, 2005). É recomendado em exercícios de longa duração ou de alta intensidade, a ingestão de líquidos que contenham de 0,5 a 0,7 g.l-1 (20 a 30 meq.l-1) de sódio, essa quantidade refere-se a uma concentração próxima da real de suor de um indivíduo adulto (HERNANDES; NAHAS, 2009). Uma rehidratação segura somente é possível quando se consome adequadamente as quantidades de água e sódio. Isso pode durar de 12 a 24 horas, já que as alimentações diárias dos atletas fornecem esses elementos necessários para hidratação (GUERRA, 2005). Conclusão A hiponatremia é um assunto novo, e o mesmo ainda não possui muitos estudos de campo. Atualmente tem se falado muito na alimentação e hidratação de atletas. Uma ingesta em quantidades corretas de sódio pode reduzir o aparecimento da hiponatremia. O fato de a hiponatremia poder ser fatal a atletas que não apresentam nenhuma patologia é motivo suficiente para fazer com que os profissionais de saúde que lidam com o esporte conheçam quais são os fatores de risco e como esse distúrbio pode ser evitado. Porém é necessário que sejam feitos mais estudos sobre a ingestão de sódio em atividades esportivas, pois se o mesmo for consumido em demasia, pode reduzir o ritmo de produção da urina e assim dificultando o equilíbrio hidroeletrolítico. É importante que seja desenvolvido pesquisas científicas sobre hiponatremia, visando consolidar dados sobre a prevenção, visto que se trata de um tema muito relevante no meio esportivo, principalmente porque a hiponatremia pode levar a morte de indivíduos. Assim, é de extrema importância que profissionais que lidam com o Esporte, dentre eles o profissional de Educação Física, se atentem para a prevenção da hiponatremia, e também para identificar possíveis sintomas visando intervenção antecipada. Referências bibliográficas BORSATTO, J. E.; SPINELLI, N.C. Atletas de endurance e ultraendurance - uma investigação sobre efeitos da hiponatremia. Revista de Educação Física n. 139, p. 50-57, 2007.

CORRÊA, E. C. de M. Triatlo. In: BIESEK S, ALVES L. A, GUERRA I. Estratégias de nutrição e suplementação no esporte. 1ª ed. São Paulo: Ed Manole, 2005:434-448. CORTE, S. P. Maratona. In: BIESEK S, ALVES L. A, GUERRA I. Estratégias de nutrição e suplementação no esporte. 1ª ed. São Paulo: Ed Manole, 2005:385-406. DRUMOND, M.G.; CARVALHO, F.R. de; GUIMARÃES, E.M.A. Hidratação em atletas adolescentes hábitos e nível de conhecimento. Revista brasileira de nutrição esportiva, São Paulo, v. 1, n. 2, p. 76-93, mar./abr. 2007. GUERRA I. Hidratação no exercício. In: BIESEK S, ALVES L. A, GUERRA I. Estratégias de nutrição e suplementação no esporte. 1ª ed. São Paulo: Ed Manole, 2005:151-168. HERNANDEZ, A. J.; NAHAS, R. M. Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Rev. Brás. Méd. Esporte. v. 15, n. 3 mai/jun: 3 12, 2009. JOHNSON, L. R. Fundamentos da Fisiologia Médica. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Ed Guanabara Koogan, 2000. LIMA, C.; MICHELS, M.F.; AMORIM, R. Os diferentes tipos de substratos utilizados na hidratação do atleta para melhora no desempenho. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, v.01, n.01, p.73-83, jan/fev, 2007. MAUGHAN, R. J; BURKE, L. M. Nutrição Esportiva. 1ª ed. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2004. MARINS, J. C. B. Acidentes termorregulatórios associados ao calor e a atividade física. Rev. Min. Educ. Fís., Viçosa, 6 (1): 5 17, 1998. MARINS, J. C. B.; DANTAS, E. H. M e NAVARRO, S. Z. Diferentes tipos de hidratação durante o exercício prolongado e sua influência sobre o sódio plasmático. Rev. Brás. Ciên. E Mov. Brasília v.11, n. 1 p. 13 22, jan. 2003. McARDLE, Willian D.; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Nutrição para o Desporto e o Exercício, Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan, 2001. MURRAY, B; EICHNER, E.R E STOFAN, J. Hiponatremia em atletas. Gatorade Sportes Science Institute. v. 16, n. 1, abr/mai/jun, 2003. PEREIRA, L.O.; MARQUEZI, M. L. e LACHA JUNIOR, A. H. Reposição Hídrica In: LANCHA JUNIOR, A. H. Nutrição e metabolismo aplicados à atividade motora. 1ª ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2004: 95 130. SALLIS R. Colapso em atletas de endurance. Sports Science Exchange. Gatorade Sports Science Institute, v. 17, n. 4, jul/ago/set. 2005.

SALUM, A; Controle de peso corporal x desidratação de atletas profissional de futebol. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 92, 2006. http://www.efdeportes.com/efd92/desidrat.htm