ACÓRDÃO 1ª TURMA PODER JUDICIÁRIO FEDERAL AGRAVO DE PETIÇÃO. TAXA DE JUROS SELIC. PREVISÃO EM ACORDO HOMOLOGADO. INCIDÊNCIA. Deve ser aplicada a taxa de juros SELIC, quando há previsão de sua incidência em acordo homologado em juízo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Agravo de Petição nº TRT-AP-0137100-81.1998.5.01.0044, em que são partes: EMILIO CARLOS LIMA GUIMARAES, como Agravante, BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL - BNDES, como Agravado. I - R E L A T Ó R I O Trata-se de agravo de petição interposto pelo exequente contra a r. decisão de fls. 405, proferida pela MM. Juíza Claudia Samy, da 44ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, que indeferiu a remessa dos autos à contadoria. Pretende a reforma do julgado, mediante as razões de fato e de direito articuladas às fls. 407/410. Contraminuta apresentada pela parte executada, às fls. 423/427, com preliminar de falta de adequação e, no mérito, defendendo a manutenção do julgado. Os autos não foram remetidos à d. Procuradoria do Trabalho, por não ser hipótese de intervenção legal (Lei Complementar nº 75/1993) e/ou das situações arroladas no Ofício PRT/1ª Região nº 27/08- GAB, de 15/01/2008. É o relatório. 7307 1
II - F U N D A M E N T A Ç Ã O II.1 - PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO POR FALTA DE ADEQUAÇÃO, ARGUIDA EM CONTRAMINUTA. Argúi a agravada preliminar de não conhecimento do agravo de petição por falta de adequação, alegando, em síntese, que o recurso foi interposto contra decisão interlocutória, que indeferiu a remessa dos autos ao contador. Ao proferir a decisão agravada, assim se pronunciou o MM. Juízo a quo, a fls. 405, verbis: Indefiro a remessa dos autos à contadoria, ante o disposto no item 1.3 de fls. 298/301. Ressalte-se que o acordo foi regularmente homologado por autoridade judicial competente - Ministra do TST. Dê-se ciência às partes do despacho acima, devendo a reclamada, ainda, ser cientificada dos dados bancários informados. Após, arquive-se com baixa. Com efeito, o cabimento do agravo de petição é restrito às decisões terminativas ou definitivas nas execuções (CLT, art. 897, a ). No caso em apreço, a decisão agravada põe fim a execução, na medida em que, como visto, indefere a remessa dos autos à contadoria, concorda com o valor de R$15.691,01 (quinze mil, seiscentos e noventa e um reais e um centavo), que a executada pretende depositar na conta corrente do exequente (fls. 389), e determina, por fim, a remessa dos autos ao arquivo, após o depósito. Logo, ao contrário do alegado pelo agravado, referida 7307 2
decisão não é irrecorrível. do agravo de petição. Rejeito a prefacial. Atendidos os requisitos legais de admissibilidade, conheço II.2 - MÉRITO. Em resumo, alega a parte agravante que: a parte executada reconheceu as razões do pedido de desistência do acordo homologado, formulado pelo exequente, ao não se manifestar sobre referido pedido; deve ser determinada a remessa dos autos à contadoria, para a devida atualização monetária e cálculo dos juros dos valores previstos no acordo. Ab initio, no que se refere ao pedido de desistência do acordo, formulado pelo exequente, cumpre salientar que, em razão de ter sido proferida decisão pelo c. TST, através do despacho exarado pela Exma. Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Relatora do Processo nº TST-E-RR-810.516/2001.0 (fls. 366), que não acolheu o referido pleito de desistência e homologou o acordo firmado pelas partes, não conheço do agravo de petição quanto a este aspecto, na medida em que os Tribunais Regionais do Trabalho não detêm competência para jugar recursos contra decisões proferidas pela Mais Alta Corte Trabalhista. No que tange ao pleito recursal relativo à determinação de remessa dos autos à contadoria, para atualização monetária e cálculo dos juros dos valores previstos no acordo, a cláusula primeira, do referido ajuste, e seus subitens (fls. 298/299), estabelecem que: CLÁUSULA PRIMEIRA A reclamada pagará ao reclamante, no ato da homologação do presente acordo, a importância bruta de R$ 20.439,00 desconto abaixo indicado, resultando no valor líquido de R$ 15.691,01. 7307 3
1.1 O valor bruto previsto no caput desta cláusula, caso o acordo venha a ser homologado no período compreendido entre 17 de janeiro de 2003 e 18 de março de 2003, será reajustado com base na variação da taxa SELIC, verificada nesse mesmo período. 1.2 A atualização prevista nesta cláusula, no percentual máximo correspondente à variação da taxa SELIC verificada no período compreendido entre 17 de janeiro de 2003 e 18 de março de 2003, também será assegurada ao acordante na hipótese de homologação do acordo a partir de 19 de março de 2003. 1.3 O valor ajustado e expresso neste acordo, não sofrerá a incidência de qualquer atualização monetária, salvo na hipótese exclusiva e prevista nesta cláusula, não podendo ser atribuída às partes a responsabilidade pela recusa judicial ou demora da homologação (grifos do Relator) Do excerto transcrito supra, extrai-se que nenhuma atualização monetária é devida (sub-item 1.3). Porém, no que se refere aos juros, deve ser aplicado o maior percentual da taxa SELIC verificado no período entre 17/01/2003 e 18/03/2003. Isto porque, o acordo foi homologado em 17/12/2009 (fls. 366), e prevê a aplicação do percentual máximo da taxa SELIC verificado no período entre 17/01/2003 e 18/03/2003, em caso de homologação da composição a partir de 19/03/2003 (sub-item 1.2). Portanto, afigura-se descabida a pretensão da parte 7307 4
executada de pagar tão-somente a quantia de R$15.691,01 (quinze mil, seiscentos e noventa e um reais e um centavo), sem a incidência de quaisquer juros. Deve ser aplicada a taxa de juros SELIC, quando há previsão de sua incidência em acordo homologado em juízo. Assim sendo, reformo parcialmente o julgado, para determinar que se aplique o maior percentual da taxa SELIC verificado no período entre 17/01/2003 e 18/03/2003 ao valor de R$15.691,01 (quinze mil, seiscentos e noventa e um reais e um centavo) ajustado no acordo. III - D I S P O S I T I V O ACORDAM os Desembargadores que compõem a 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, rejeitar a preliminar de falta de adequação, arguida em contraminuta, conhecer do agravo de petição e, no mérito, dar-lhe parcial provimento, para determinar que se aplique o maior percentual da taxa SELIC verificado no período entre 17/01/2003 e 18/03/2003 ao valor de R$15.691,01 (quinze mil, seiscentos e noventa e um reais e um centavo) ajustado no acordo. Rio de Janeiro, 7 de maio de 2013. Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha Relator jfrm 7307 5