Paixão Schlatter, João Carlos Prolla, Patricia Ashton Prolla

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Transcrição:

Implementação de protocolo de rastreamento imunohistoquímico de tumores para identificação de predisposição hereditária ao câncer no Sistema Único de Saúde Patrícia Koehler Santos, Silvia Liliana Cossio, Luise Meurer, Flavo Beno Fernandes, Rosane Patrícia Koehler Santos, Silvia Liliana Cossio, Luise Meurer, Flavo Beno Fernandes, Rosane Paixão Schlatter, João Carlos Prolla, Patricia Ashton Prolla

Risco de Câncer Colorretal (CCR) CCR : 26.990 novos casos no Brasil em 2008 (INCa) População geral 5% História pessoal de câncer colorretal Doença inflamatória intestinal ti 15% 20% 15% 40% Mutação em S. Lynch 70% 80% PAF >95% 0 20 40 60 80 100 Risco cumulativo vital (%)

Causas do CCR Hereditário CCR Esporádico (65% 85%) Agreg. Familial (10% 30%) Síndromes raras CCR (<0.1%) Síndrome de Lynch (5-10%) Polipose adenomatosa familiar (PAF) (1%) Adaptado de Burt RW et al. Prevention and Early Detection of CRC, 1996 ASCO

Síndrome de Lynch Herança autossômica dominante CCR é o tumor mais comum; Idade média ao diagnóstico: 44 anos; resposta diferenciada a tratamentos específicos; Outros tumores : endométrio, ovário, intestino delgado, estômago, aparelho urinário, SNC, trato hepatobiliar vários passíveis de prevenção e diagnóstico precoce por rastreamento. t 100 80 Colorretal 78% % com câncer 60 40 20 0 0 20 40 60 80 Idade (anos) Endométrio 43% Estômago 19% Trato biliar 18% Trato urinário 10% Ovário 9% Aarnio M et al. Int J Cancer 64:430, 1995 ASCO

Diagnóstico Clínico da S. Lynch Critérios de Amsterdam II: quando presentes diagnóstico clínico Sensibilidade: 78% e Especificidade: 61% Critérios de Amsterdam Busca de mutações em genes MMR Gene MSH2 MLH1 MSH6 PMS2 Locus % Mutações 2p21 50% 3p21-23 23 40% 2p21 7% 7p22 3-5% Critérios de Bethesda modificado: quando presentes casos suspeitos Sensibilidade: 94% e Especificidade: 25% Critérios de Bethesda Rastreamento molecular

Relevância / Justificativa O CCR está entre as cinco neoplasias mais prevalentes no Brasil e o RS apresenta a maior incidência do país; A identificação de indivíduos com S. Lynch é importante para: a) definir estratégias de tratamento de tumores já instalados; b) prevenção da ocorrência de novos tumores; c) identificação de outros indivíduos em risco na família; Muitas indivíduos afetados não podem ser identificados pelos critérios de Amsterdam II; Técnicas de rastreamento molecular da S. Lynch não estão disponíveis ao nível assistencial no sistema público de saúde.

Objetivos (1) Et Estabelecer protocolo de rastreamento t por IHQ em tumores de pacientes em risco para SL, utilizando 4 anticorpos contra proteínas do sistema MMR (mlh1, msh2, msh6 e pms2); (2) Propor fluxo de análise de tumores suspeitos de SL; (3) Determinar custos dos diferentes testes e sua viabilidade de implantação no SUS.

Avaliação do Heredograma: S. Lynch Critérios de Amsterdam Critérios de Bethesda Extração e quantificação DNA TEP IHQ Diagnóstico clínico de HNPCC Expressão anormal Expressão normal Qual gene MMR mutado? IMS Positivo Negativo IHQ Qual gene MMR alterado? Seqüenciamento gene(s) MMR selecionado(s) Metilação Não metilado Metilado Encerrar investigação Figura 1 Fluxograma para análise de casos suspeitos de síndrome de Lynch.

Implementação do teste IHQ no HCPA Custo estimado: R$ 81,40 compatível com transposição de tecnologia da pesquisa para a assistência; sua utilização incrementa a sensibilidade do diagnóstico, resultando em valor preditivo equivalente ao do teste de instabilidade de microssatélites (IMS); preconizado pelas últimas revisões internacionais (Grover et al., 2009) Início: 2º semestre de 2009 Expressão normal Perda da expressão hmlh1 200X hmlh1 200X

Demais técnicas de diagnóstico molecular Instabilidade de microssatélites (IMS): Custo estimado: ~R$ 280,00 Metilação de promotor gênico Custo estimado: ~R$ 230,00 Próxima etapa: buscar inclusão destas técnicas na tabela do SUS

Fomento CNPq FAPERGS FIPE-HCPA Agradecimentos Colaboradores Flávia R. Giusti Grossmann: Unidade de Patologia Experimental/HCPA Vinicius Duval da Silva e Thiago Giugliani: Laboratório de Patologia, Hospital São Lucas de Porto Alegre Cláudio Tarta, Daniel C. Damin, Paulo C. Contu, Mario A. Rosito: Serviço de Coloproctologia/HCPA