FATORES DETERMINANTES PARA INTRODUÇÃO PRECOCE DE PAPA DE FRUTA E PAPA SALGADA NA INFÂNCIA: UM ESTUDO DE COORTE

Documentos relacionados
GEP NEWS, Maceió, V.2, n.2, p , abr./jun. 2018

conhecidos pela comunidade científica e difundidos na sociedade, principalmente aqueles que

FREQÜÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO NO BRASIL, NAS MACRO- REGIÕES, ÁREAS URBANAS E RURAIS E INDICADORES SOCIOECONÔMICOS.

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE GESTANTES ATENDIDAS NOS ESF DO MUNICÍPIO DE SÃO LUDGERO NO ANO DE 2007

INFLUÊNCIA DA CONDUTA DO PEDIATRA NO COMPORTAMENTO DE AMAMENTAR NOS PRIMEIROS SEIS MESES DE VIDA ESTUDO TRANSVERSAL EM UM MUNICÍPIO DO ESTADO DE GOIÁS

FATORES DE RISCO PARA TRABALHO DE PARTO PREMATURO EM PALMAS-TO

IDADE GESTACIONAL, ESTADO NUTRICIONAL E GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO DE PARTURIENTES DO HOSPITAL SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PELOTAS RS

Baixado do Site Nutrição Ativa Duração mediana do aleitamento materno e do aleitamento materno exclusivo

ISSN ÁREA TEMÁTICA:

Aluna do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria? Campus Palmeira das Missões, 4

25 a 28 de novembro de 2014 Câmpus de Palmas

PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO DESTINADO À ELABORAÇÃO DE UMA DISSERTAÇÃO ORIGINAL NO ÂMBITO DO CURSO DE MESTRADO EM EPIDEMIOLOGIA (1ª EDIÇÃO)

Determinantes da inserção precoce no trabalho

CATEGORIA/ ÁREA DE PESQUISA: Nível Superior (BIC) / Ciências biológicas e da saúde (b) OBJETIVOS

Epidemiologia Analítica

INQUÉRITOS NACIONAIS DE SAÚDE E NUTRIÇÃO. Profa Milena Bueno

ANEMIA FERROPRIVA NO LACTENTE EM RELAÇÃO O AO ALEITAMENTO MATERNO E SUPLEMENTAÇÃO O DE FERRO

Características da gestante adolescente em estudo prospectivo de 4 anos: realidade em Teresópolis

INFLUÊNCIA DO PERFIL SÓCIODEMOGRÁFICO MATERNO NOS PREMATUROS NASCIDOS NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ-PR

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE UBERABA

Caracterização e prevalência de aleitamento materno na população materno-infatil, atendida na rede pública de saúde de Palmas TO

ANÁLISE DO CRESCIMENTO CORPORAL DE CRIANÇAS DE 0 À 2 ANOS EM CRECHES MUNICIPAIS DE GOIÂNIA

uma revisão integrativa The practice of breastfeeding and the factors that take to early weaning: an integrating review

CONCEPÇÃO DAS MÃES DE CRIANÇAS DE 0 A 2 ANOS QUANTO À ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR ADEQUADA Eliete Costa Oliveira¹ e Gabriela Loiola Camargo²

INFLUÊNCIA DOS DESVIOS NUTRICIONAIS GESTACIONAIS NO PESO AO NASCER DE RECÉM-NASCIDOS ATENDIDOS PELA REDE PÚBLICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE PALMAS TO

DESCRIÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL EM PELOTAS A INTRODUÇÃO

PREVALÊNCIA DE ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO E SEUS DETERMINANTES EM CRIANÇAS MENORES DE SEIS MESES EM MARINGÁ-PR, 2009

A AMAMENTAÇÃO PODE PREVENIR A OBESIDADE INFANTIL?

PREVALÊNCIA DE ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO E MISTO NA ATENÇÃO BÁSICA DE MACAÉ, EM 2013.

O PROCESSO DO ALEITAMENTO MATERNO EM RECÉM-NASCIDO DE BAIXO PESO

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA REDE AMAMENTA BRASIL

A Importância do Apoio do Pai do. adequado na Gravidez de Adolescentes

Co-orientadora Profa. Dra. da Faculdade de Nutrição/UFG,

PERFIL DAS MÃES DE RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS DO HOSPITAL MATERNO INFANTIL DA CIDADE DE APUCARANA

ESTUDO COMPAROU DADOS DE MAIS DE 1.2 MILHÃO DE CRIANÇAS

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher 2006

Agenda de pesquisa em Saúde Materna e Perinatal

5.1 CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E DEMOGRÁFICAS MATERNAS

PALAVRAS-CHAVE Morte Fetal. Indicadores de Saúde. Assistência Perinatal. Epidemiologia.

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA

ALEITAMENTO MATERNO DO PREMATURO EM UMA UNIDADE NEONATAL DA REGIÃO NORDESTE

LEVANTAMENTO DAS CAUSAS DE MORTE NEONATAL EM UM HOSPITAL DA REGIÃO DO VALE DO IVAÍ PR.

Comitê de Gestão de Indicadores de Fatores de Risco e Proteção

Perfil dos nascidos vivos de mães residentes na área programática 2.2 no Município do Rio de Janeiro

Professora adjunta da Faculdade de Nutrição/UFPEL Campus Universitário - UFPEL - Caixa Postal CEP

INFLUÊNCIA DO CONSUMO DE ÁLCOOL EM GESTANTES NO PESO AO NASCER NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COM AS CRIANÇAS D E UM CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL DE CARÁTER FILANTRÓPICO DO MUNICÍPIO DE TUBARÃO SC

DESENVOLVIMENTO MOTOR DE BEBÊS NASCIDOS PRÉ- TERMO DE ACORDO COM O SEXO

INGESTA DE ALIMENTOS CONSIDERADOS SUPÉRFLUOS EM MENORES DE 1 ANO DE IDADE NO MUNICIPIO DE FOZ DO IGUAÇU/PR (2011).

ANEXO 1 ALGUNS INDICADORES MAIS UTILIZADOS EM SAÚDE PÚBLICA

AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR E DO PERFIL NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DA PRIMEIRA INFÂNCIA

RECORTE DOS INQUÉRITOS EPIDEMIOLÓGICOS DE ABRANGÊNCIA NACIONAL - 001/2017

da obesidade e excesso de

III Jornadas do Potencial Técnico e Científico do IPCB

Profa. Débora Gobbi 1

A RELAÇÃO ENTRE O ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO E O PERFIL DO MENOR DE 6 MESES DE IDADE NO MUNICIPIO DE FOZ DO IGUAÇU/PR.

Alta Mortalidade Perinatal

PERFIL ALIMENTAR E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

INDICADOR DE MORTALIDADE ESTATISTICAS VITAIS SISTEMA DE INFORMAÇÃO PRINCIPAIS INDICADORES

PERFIL NUTRICIONAL E PREVALÊNCIA DE DOENÇAS EM PACIENTES ATENDIDOS NO LABORATÓRIO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA DA UNIFRA 1

HOSPITAL DAS CLÍNICAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - GO

CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E NUTRICIONAL DE GESTANTES DE ALTO RISCO ASSISTIDAS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE MACEIÓ-ALAGOAS

Introdução. Nutricionista FACISA/UNIVIÇOSA. 2

Apresentação Resultados

PUERICULTURA E PEDIATRIA. FAMED 2011 Dra. Denise Marques Mota

10º FÓRUM DE EXTENSÃO E CULTURA DA UEM

ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA

A ATENÇÃO À SAÚDE DAS CRIANÇAS NA PRIMEIRA INFÂNCIA NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE IDOSOS ASSISTIDOS POR CENTROS DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO MUNICÍPIO DE NATAL- RN

Stefanie Louise Candioto Vivianne Reis de Castilho Stival Profº. Msc. Fulvio Clemo Santos Thomazelli, Orientador, FURB

(IHAC) Entendendo o passado, planejando o futuro. São Paulo, 24 de abril de 2012

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA REDE SOCIAL E COMPOSIÇÃO FAMILIAR DE BEBÊS DE ALTO RISCO NA APLICAÇÃO DE GENOGRAMA E ECOMAPA

AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ALIMENTOS SUPÉRFLUOS NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

Recém-nascido de termo com baixo peso

Coordenação de Epidemiologia e Informação

Palavras-chave: mortalidade perinatal, risco atribuível, peso e evitabilidade.

8. DETERMINANTES DA SAÚDE

LEVANTAMENTO DOS FATORES DE RISCO PARA OBESIDADE INFANTIL E HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA ENTRE ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE REDENÇÃO-CE

Journal of Public Health

Efeito dos diferentes regimes alimentares de hemoglobina, nos primeiros meses de vida: um estudo de seguimento.

PERFIL CLÍNICO E NUTRICIONAL DOS INDIVÍDUOS ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE NUTRIÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO (HUPAA/UFAL)

CARACTERIZAÇÃO DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM DOENÇAS CEREBROVASCULARES HC-UFG

Incorporação das novas curvas de crescimento da Organização Mundial da Saúde na Vigilância Nutricional

TÍTULO: INGESTÃO DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS RICOS EM SÓDIO E ADIÇÃO DE SAL ÀS PREPARAÇÕES PRONTAS

REDE BRASILEIRA DE PESQUISAS NEONATAIS

TÍTULO: DESENVOLVIMENTO E ACEITABILIDADE DE UMA BEBIDA A BASE DE FRUTA ENRIQUECIDA COM FERRO QUELATO

O QUE REPRESENTA O ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DE SAÚDE DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA PARA O SUS?

PREVALÊNCIA DE BAIXO PESO E PESO INSUFICIENTE AO NASCER EM CRIANÇAS DO PROGRAMA DE PUERICULTURA DE 4 UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE PELOTAS/RS

Fatores relacionados a prevalência e exclusividade do Aleitamento Materno em Portugal nos primeiros 6 meses de vida

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO

Determinantes comportamentais do excesso de peso e obesidade em adolescentes de 17 anos estudo EPITeen

EXCESSO DE PESO, OBESIDADE ABDOMINAL E NÍVEIS PRESSÓRICOS EM UNIVERSITÁRIOS

PERCEPÇÕES DE ENFERMEIROS SOBRE O IMPACTO DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO INDICADOR DE MORTALIDADE INFANTIL EM RIO GRANDE

Métodos Empregados em Epidemiologia

CONTRIBUIÇÃO DO ALOJAMENTO CONJUNTO PARA A PRÁTICA DO ALEITAMENTO MATERNO: O PAPEL DO ENFERMEIRO NESTE CONTEXTO

PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA SOBRE NATALIDADE

TÍTULO: A RELAÇÃO DO PESO AO NASCER COM O ESTADO NUTRICIONAL ATUAL DE CRIANÇAS DE 8 AS 10 ANOS NO MUNICÍPIO DE MOGI MIRIM/SP

Perfil socioeconômico e nutricional das crianças inscritas no programa de suplementação alimentar do Centro Municipal de Saúde Manoel José Ferreira

VIGITEL BRASIL Hábitos dos brasileiros impactam no crescimento da obesidade e aumenta prevalência de diabetes e hipertensão

Transcrição:

FATORES DETERMINANTES PARA INTRODUÇÃO PRECOCE DE PAPA DE FRUTA E PAPA SALGADA NA INFÂNCIA: UM ESTUDO DE COORTE Tátila Lima de OLIVEIRA; Maria do Rosário Gondim PEIXOTO; Ida Helena Carvalho Francescantonio MENEZES Faculdade de Nutrição UFG tatila.lima@hotmail.com Palavras-chave: Alimentação complementar, alimentos sólidos, desmame. INTRODUÇÃO Antes de 2001, A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendava o aleitamento materno exclusivo (AME) por 4 a 6 meses com introdução da alimentação complementar após este período. Em 2001, após uma revisão sistemática, este conselho mudou e o AME é agora recomendado até o 6º mês de vida. Em estudo de revisão, a OMS comparou o AME por 3-4 meses contra a duração de seis meses e concluiu que crianças em AME por 6 meses tiveram menor morbidade por infecções gatrointestinais e não apresentou deficiência no crescimento. Entretanto, aquelas suscetíveis e em áreas de risco poderiam apresentar deficiência de ferro. 1 Evidencias indicam que o aleitamento materno exclusivo e a introdução de alimento sólidos precocemente antes de 4 meses tem profundas implicações na saúde a curto e longo prazo, como aumento das taxas de otite média e pneumonia, e infecções gastrintestinais, além de programar aspectos da função cognitiva, obesidade, risco de doença cardiovascular, diabetes melitus tipo 1, doença celíaca e alergia. 2,3,4 Muito é conhecido sobre os fatores determinantes do aleitamento materno, mas pouco sobre os fatores associados à introdução de alimentos sólidos. Diante disto, este estudo objetivou conhecer os fatores determinantes para a introdução precoce de alimentos sólidos em crianças que nasceram na Maternidade Nascer Cidadão, maternidade certificada com a Iniciativa Hospital Amigo da Criança da região Noroeste de Goiânia-GO.

MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de um subprojeto do estudo Fatores Determinantes para a Duração do Aleitamento Materno no Sistema Único de Saúde (SUS) da região Noroeste de Goiânia, desenvolvido por pesquisadores do Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição da Região Centro-oeste (CECAN-RCO) e da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia. Realizou-se um estudo longitudinal, cujo planejamento amostral objetivou obter amostra representativa das crianças menores de um ano residentes na região Noroeste da cidade de Goiânia. A coorte foi constituída por crianças que nasceram na Maternidade Nascer Cidadão, maternidade pública certificada com a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), ou seja, implementa os 10 passos do HAC que envolvem ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. Para o cálculo da amostra realizado no Epi Info foi considerado o número de nascidos vivos no ano de 2004, a prevalência de 27% de AME aos 30 dias no Distrito Sanitário da Região Noroeste, erro aceitável de 5% e uma significância estatística de 5%, assim obteve-se uma amostra de 274 recém-nascidos acrescido de 30% para cobrir as possíveis perdas de acompanhamento, logo 360 recémnascidos e nível de confiança de 95%. No período de agosto de 2005 a fevereiro de 2007, avaliou-se uma coorte potencial de 363 pares de mães e respectivas crianças. Na coorte de seguimento de 1, 4, 6 e 12 meses foram acompanhadas 345, 305, 236 e 200 duplas respectivamente, as perdas abrangeram perdas de seguimento e desmames. O primeiro encontro foi realizado na maternidade com entrevista um dia após o parto com todas as mães das crianças nascidas vivas, a termo, e que residiam na região Noroeste de Goiânia. Foram excluídas do estudo crianças que residiam fora da área de abrangência do Distrito Sanitário Noroeste; apresentavam complicações obstétricas nesta gestação (diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, parto prematuro [< 37 semanas de gestação], morte neonatal, morte fetal e hemorragia pós-parto); partos múltiplos, crianças que foram a óbito e que foram desmamadas no transcorrer do estudo e mães que não aceitaram a participar do estudo. Os demais encontros após um, quatro, seis e doze meses ocorreram no domicílio. As entrevistas foram realizadas por bolsistas de Iniciação Científica do Curso de Nutrição e entrevistadores, devidamente treinados. O questionário abordou

questões sobre as características maternas quanto às condições socioeconômicas, culturais, obstétricas, consumo de bebida alcoólica e fumo e as condições das crianças ao nascer e recordatório de 24horas. Considerando os fatores maternos discutidos na literatura como possíveis fatores de intervenção para o desmame precoce e conseqüente introdução de alimentação complementar de forma precoce avaliou-se as condições maternas como idade, escolaridade, ocupação, paridade, intervalo entre gestações, hábito de fumar e ingestão de bebida alcoólica. Para avaliação da idade de introdução da alimentação complementar neste estudo considerou-se o relato do consumo habitual de papa de frutas e papa salgada no primeiro, quarto, sexto e décimo segundo mês de vida. As duplas que deixaram de ser acompanhadas e ainda não haviam introduzido estes alimentos no consumo habitual não foram consideradas. Desta forma o numero de crianças que consumiam habitualmente papa de fruta e papa salgada em algum momento do seu primeiro ano de vida totalizou em 211 crianças. Os dados foram digitados em dupla entrada por meio da utilização do Programa Epi Info e as análises dos dados foram processadas utilizando-se o programa STATA tm versão 8.0. A análise estatística descritiva foi realizada com calculo de freqüências. Para análise estatística analítica foi realizado testes de hipótese com análises bivariadas. O teste paramétrico utilizado foi qui-quadrado para as variáveis categóricas, e teste de tendência linear para aquelas que evidenciarem tendência, considerando associações significativas quando p< 0,05. O projeto foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás, aprovado sob protocolo n 054/2004. Na abordagem inicial, todas as participantes foram devidamente informadas sobre a natureza da pesquisa e os procedimentos a serem realizados e assinaram o Termo de consentimento Livre Esclarecido. Para preservação de sua identidade, cada participante recebeu um numero de identificação. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para caracterização da amostra considerou a primeira entrevista realizada na maternidade, onde a distribuição das crianças por sexo foi 50,3% (n=182) do sexo masculino e 49,7% (n=180) do sexo feminino. A amostra constituiu-se de crianças nascidas a termo, assim a maior parte das crianças 91,5% (n=332) tiveram peso ao

nascer adequado entre 2,5 e 3,9kg, apenas 3,5% (n=13) maior ou igual a 4kg e 5% (n=18) pesavam menos que 2,5kg. Avaliou-se a distribuição das mães em relação a estes fatores e a maior parte 63,7% (n=231) se encontrava na faixa etária entre 20 e 29 anos, 24,2% (n=88) tinham menos que 20 anos, e 12,1% (n=44) tinham mais de 30 anos. A maioria 79% (n=287) vivia com companheiro. Quatro a oito anos de estudo foi referido por 46,8% (n=156) da amostra, mais de oito anos por 31% (n=103), e quatro anos de estudo por 22,2% (n=74). A maioria 75,7% trabalhava fora (n=268) e 24,3% (n=86) eram donas de casa. A maioria 65,3% (n=237) tinha passado por duas ou mais gestações. Com relação à ordem de nascimento do filho atual, destas 39,4% (n=143) era o primeiro filho, 32% (n=116) o segundo, 17,6% (n=64) o terceiro e 11% (n=40) o quarto ou mais. O intervalo entre gestações menor que dois anos foi observado em 61,4% (n=223) da amostra. Sobre o hábito de fumar 15,7% (n=57) se declararam fumantes e sobre a ingestão de bebidas alcoólicas 12,1% (n=44) declararam consumir. No presente estudo nenhuma criança consumia papa de fruta e salgada no primeiro mês de vida, 18% (n=40) consumiam no quarto mês, 78% (n=173) no sexto mês e 95% aos doze meses (n=211). Importante ressaltar que cerca de 5% (n=11) das crianças não consumiam frutas e comida salgada aos 12 meses de idade. Os dados apresentados em pesquisa realizada nas capitais brasileiras e no Distrito Federal mostra que cerca de um quarto das crianças entre 3 e 6 meses já consumia comida salgada e frutas. Na faixa etária de 6 a 9 meses, 69,8% das crianças haviam consumido frutas e 70,9%, verduras/legumes 5. Na ultima Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, entre o quarto e o quinto mês de idade, 22% das crianças já consumiam comida de sal. Por outro lado, chama a atenção o fato de que entre as idades de 10 a 11meses e 12 a 13 meses, 6,4% e 12,3% dos lactentes respectivamente, não haviam consumido comida de sal nas últimas 24 horas, como esperado 6 Para avaliação dos fatores determinantes para introdução de papa de fruta e salgada antes do quarto mês, realizou-se análise dicotômica onde aproximadamente 19% introduziram estes alimentos antes de completarem quatro meses de vida, e 81% fez o consumo destes por volta do sexto até o décimo segundo mês. No estudo realizado na Austrália encontrou-se maior prevalência de introdução precoce, onde 44% das crianças receberam alimentos sólidos antes do quarto mês de vida. 4

Relacionando o consumo precoce aos fatores maternos e da criança observou-se diferença estatisticamente significativa apenas para os fatores maternos como idade (p=0,03), paridade (p=0,010), ordem de nascimento do filho atual (p=0,03) e intervalo entre gestações (p=0,021). As mães com idade menor que 20 anos, que tiveram o primeiro filho e aquelas com intervalo entre gestações inferior a dois anos tiveram maior risco de introduzir papa de fruta e papa salgada antes do quarto mês. Estudo semelhante realizado na Austrália observou maior risco de introdução precoce de alimentos sólidos também em mães com idade jovem, além daquelas que fumavam anterior a gestação, e não amamentaram exclusivamente nas primeiras quatro semanas após o parto. 4 CONCLUSÕES Mães com idade menor que 20 anos, na primeira gestação e/ou com o primeiro filho e com intervalo entre gestações inferior a dois anos tiveram maior risco de introduzir papa de fruta e papa salgada de forma precoce anterior ao quarto mês de vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 1 WHO. The optimal duration of exclusive breastfeeding: report of an expert consultation. Geneva: World Health Organization, 2001. 6p. 2 FEWTRELL, Mary; WILSON, David C; BOOTH, Ian; LUCAS, Alan. Analysis Six months of exclusive breast feeding: how good is the evidence? BMJ v. 342, jan., 2011. Disponível em: <http://www.bmj.com/content/342/bmj.c5955.full>. Acesso em: 29 mai. 2011. 3 FEWTRELL, Mary S; MORGAN, Jane B; DUGGAN, Christopher; GUNNLAUGSSON, Geir; HIBBERD, Patricia L; LUCAS, Alan; KLEINMAN, Ronald E. Optimal duration of exclusive breastfeeding: what is the evidence to support current recommendations? Am J Clin Nutr, v.85(suppl), p.635-8, 2007. 4 SCOTT, Jane A; COLIN, Binns W; GRAHAM, KathleenI; ODDY, Wendy H. Predictors of the early introduction of solid foods in infants: results of a cohort study. BMC Pediatrics v.9, n.60, 2009. Disponível em: <http://www.biomedcentral.com/1471-2431/9/60>. Acesso em: 16 mai. 2011. 5 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal. Brasília: MS, 2009. 108 p. 6. Ministério da Saúde. Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Mulher e da Criança - PNDS 2006. Brasília: MS, 2008. 583p.