Baixado do Site Nutrição Ativa Duração mediana do aleitamento materno e do aleitamento materno exclusivo
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1 Duração mediana do aleitamento materno e do aleitamento materno exclusivo Median duration of breastfeeding and exclusive breastfeeding Viviane Wagner Ramos Aluna de Nutrição do Instituto de Nutrição da Uerj Resumo O aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida e a partir desta idade complementá-lo adequadamente e mantê-lo até dois anos ou mais é considerado o hábito alimentar mais saudável nessa faixa etária, proporcionando inúmeros benefícios para a mãe e o bebê. Entretanto, as medianas do aleitamento materno e do aleitamento materno exclusivo estão abaixo do que é preconizado pela Organização Mundial de Saúde Palavras chave: Aleitamento Materno, Aleitamento Materno Exclusivo, Mediana Abstract Exclusive breastfeeding during the first six months of life, adequately complimented from this age onwards and maintained until the age of two or beyond, is considered the healthiest feeding habit for this age group, providing countless benefits to the mother and baby. However the averages of breastfeeding and exclusive breastfeeding are lower than recommended by WHO. Key words: breastfeeding, exclusive breastfeeding, Median Introdução O leite materno contém todos os nutrientes que a criança necessita nos primeiros seis meses de vida, a amamentação exclusiva é considerada o hábito alimentar mais adequado para o bebê nessa faixa etária, o mesmo é preconizado de forma exclusiva até o sexto mês, ou seja, a criança só deve receber o leite materno, exceto medicamentos. (Ministério da saúde/opas, 2002; OPAS/OMS, 2003). A prática de aleitamento materno, principalmente o exclusivo, influência positivamente para um crescimento adequado do bebê nos primeiros meses de vida (Longo et al., 2005). Além de ser a ideal para a saúde da criança, protegendo de doenças crônicas e infecciosas, o leite materno promove o desenvolvimento sensor e cognitivo da criança. O aleitamento materno exclusivo reduz mortalidade infantil por enfermidades comuns da infância e ajuda na recuperação de enfermidades (OPAS/OMS, 2003). A partir do sexto mês de idade, é recomendado que se introduza outros alimentos à dieta da criança mantendo o leite materno até dois anos ou mais. Essa recomendação baseia-se na concepção de que a partir dos seis meses de idade, somente o leite materno não atende às necessidades nutricionais e calóricas da criança, havendo então, necessidade de incluir os alimentos complementares (Ministério da Saúde/OPAS, 2002). A recomendação de aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida está aquém do esperado. Segundo pesquisa de prevalência do aleitamento materno
2 nas capitais e no Distrito Federal, nenhuma capital brasileira cumpre essa recomendação e para o Brasil esta taxa é de 9,7%. A pesquisa revelou que a mediana do aleitamento materno (AM) foi de 9,9 meses e do aleitamento materno exclusivo (AME) foi de 23,4 dias. Estando ambas abaixo do que se é recomendado pelo Ministério da Saúde e pela OMS. O objetivo dessa revisão é analisar as medianas do aleitamento materno e do aleitamento materno exclusivo. Metodologia O presente texto priorizou a busca de artigos que foram publicados nos últimos seis anos, ou seja, do ano de 2000 em diante. Exceto alguns textos anteriores a essa data considerados relevantes para este trabalho. As informações foram pesquisadas num período de aproximadamente 45 dias, que se sucedeu de 28 de dezembro de 2005 a 12 de Fevereiro de Foram encontrados cerca de 100 artigos, após o refino, 14 deles foram selecionados. Houve a priorização de artigos em português que retratassem a situação da amamentação no território nacional. As palavras chave utilizadas foram os seguintes: amamentação, aleitamento materno, lactente e alimentação infantil. As bases de dados consultadas foram Scielo e Periódicos Capes, além do site do Ministério da Saúde, da Organização Pan-americana de Saúde Pública, da Unicef e da BEMFAM Bem-Estar Familiar. Discussão Segunda a Organização Mundial de Saúde, entende se por Aleitamento Materno Exclusivo quando o leite materno é o único alimento da criança, exceto medicamentos e Aleitamento materno é quando a criança recebe o leite materno, independente do uso de qualquer outro alimento. Vários estudos realizados no Brasil procuraram achar a mediana do aleitamento materno (AM) e do aleitamento materno exclusivo (AME). Nesta trabalho, todas as medianas encontradas ficaram inferiores ao que se é recomendado pelo Ministério da Saúde. Os estudos aqui elencados foram realizados em cidades da região sul, sudeste e nordeste (Quadro1). Vários são os fatores associados ao desmame, primiparidade (Venâncio et al, 2002; Vieira et al., 2004; Vannuchi et al., 2005), trabalho fora do lar (Venâncio et al., 2002; Vieira et al., 2004; Vannuchi et al., 2005) e o uso de chupeta foi associado em vários trabalhos com o desmame precoce (Audi et al., 2003; Soares et al., 2003; Vieira et al., 2004; Vannuchi et al., 2005), Em estudo realizado por Kitoko et al. (2000), com crianças menores de 12 meses, comparando a situação do aleitamento materno entre duas capitais, as medianas de duração do aleitamento materno exclusivo (AME) e do aleitamento materno (AM) foram de 53,3 dias e 238,4 dias, respectivamente em Florianópolis e, 16,5 dias e 194,8 dias, respectivamente, em João Pessoa. Os resultados encontrados em Florianópolis foram melhores do que os encontrados em João Pessoa, possivelmente, devido aos programas de promoção, apoio e proteção à amamentação que são desenvolvidos neste local, e por outro
3 lado, a existência de menor recursos financeiros e de profissionais que possam desenvolver programas deste tipo em João Pessoa também influenciaram no quadro. Vannuchi et al. (2005) também com crianças menores de 12 meses, no município de Londrina no Paraná, a mediana para o aleitamento materno foi superior às encontradas em Florianópolis e João Pessoas, porém a mediana do aleitamento exclusivo ficou inferior às encontradas em ambas as cidades. Segundo autores, a baixa mediana do aleitamento exclusivo e alta mediana do aleitamento materno é decorrente da introdução precoce alimentos líquidos não nutritivos, leites artificiais, mingaus e outros alimentos, interropendo desta forma o aleitamento exclusivo, mesmo nesta cidade havendo na cidade três Hospitais Amigo da Criança (HAC), o HAC é caracterizado por cumprir os dez passos para o sucesso do aleitamento materno (OMS/UNICEF, 1989). Quando comparadas às medianas dos estudos de Kitoko et al. (2000) e Vannuchi et al. (2005) com a média geral do Brasil para crianças menores de 12 meses, todas as medianas do aleitamento materno encontram - se abaixo e do aleitamento exclusivo, somente a de Florianópolis encontra se superior. As medianas do aleitamento materno e do aleitamento materno exclusivo também foram analisadas por Passos et al. (2000), Silveira & Lamounier (2004), Camilo et al. (2004) e Oliveira et al. (2005), todos com crianças menores de 24 meses. Os dois primeiros estudos ocorreram no estado de Minas Gerais, o terceiro no estado de São Paulo, o último na Bahia. As medianas encontradas em Ouro Preto e no alto do Jequitinhonha, ambas no estado de Minas Gerais foram discrepantes. Sendo as medianas para o aleitamento 6,6 meses e 10,8 meses e para o aleitamento materno exclusivo, respectivamente, 17,0 e 45,3 dias. A mediana de 10,8 meses para o aleitamento materno foi a mais alta encontrada nesta revisão. Este fato pode ter ocorrido, pois a população de estudo, no Alto Jequitinhonha, sofre pouca influência de fatores como marketing de alimentos que entram em substituição ao leite materno (Silveira e Lamounier, 2004). Em Ouro Preto, a principal razão encontrada para uma mediana de aleitamento materno exclusivo de apenas 17,0 dias foi a introdução precoce de outros alimentos, principalmente águas e chás (Passos et al., 2000) No estudo realizado em Campinas, encontrou se a maior mediana do aleitamento materno exclusivo deste trabalho, 68,0 dias, inclusive quando comparado à média nacional e a mediana do aleitamento materno foi de 6,4 meses. Mesmo estando abaixo do preconizado pelo Ministério da Saúde, nos locais estudados há uma parceria da Secretaria de Saúde com uma Universidade incentivando, principalmente o aleitamento materno exclusivo, já que não se vê os mesmos resultados no aleitamento materno (Camilo et al., 2004). O estudo de Oliveira et al. (2005), realizado em Salvador, a mediana do Aleitamento Materno e do Aleitamento Materno Exclusivo foram respectivamente, 4,4 meses e 30,6 dias. Ambas as medianas foram baixas. Neste estudo, os resultados encontrados indicam que condições de vida apresentam se como um fator de risco para interrupção precoce do Aleitamento Materno e do Aleitamento Materno Exclusivo. Conclusão A amamentação natural traz inúmeras vantagens para a mãe e para o bebê. Mesmo assim, as medianas do aleitamento materno e do aleitamento materno exclusivo encontram se abaixo do recomendado pelos órgãos de saúde.
4 O quadro atual demonstra a introdução precoce de alimentos que influenciam na duração do aleitamento materno em todas as suas modalidades. São necessárias mais iniciativas que conscientizem a população quanto a importância de amamentar. É de suma importância que as mães recebam orientações durante o pré-natal e imediatamente após o parto sobre as formas mais adequadas de aleitamento materno. Além de ressaltar pra a mãe valor (em todos os sentidos) desse ato de amor. Referências 1. AUDI, C.A.F.; CORRÊA, A.M.S.; LATORRE, M.R.D.O. Alimentos complementares e fatores associados ao aleitamento materno e o aleitamento materno exclusivo em lactentes até 12 meses de vida em Itapira, São Paulo, Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 3, n. 1, p , CAMILO, D.F. et al. Prevalência da amamentação em crianças menores de dois anos vacinadas nos centros de saúde escola. Revista de Nutrição, Campinas, v. 17, n. 1, p , KITOKO, P.M. et al. Situação do aleitamento materno em duas capitais brasileiras: uma análise comparada. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p , LONGO, G.Z. et al. Crescimento de crianças até seis meses de idade, segundo categorias de aleitamento. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v.5, n.1, p , MINISTÉRIO DA SAÚDE/OPAS. Guia alimentar para crianças menores de 2 anos. Brasília, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Prevalência do aleitamento materno nas capitais brasileiras e Distrito Federal. Brasília, Disponível em: < Acesso em: 22 jan OLIVEIRA, L.P.M. et al. Duração do aleitamento materno, regime alimentar e fatores associados segundo condições de vida em Salvador, Bahia, Brasil. Cadernos de saúde Pública, Rio de Janeiro, n. 21, v. 5, p , OMS/UNICEF. Proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno: o papel especial dos serviços materno-infantis. Genebra, Disponível em: < Acesso em: 06 fev OPAS/OMS. Amamentação, Disponível em: < Acesso em: 08 fev PASSOS, M.C. et al. Práticas de amamentação no município de Ouro Preto, Mg, Brasil. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 34, n. 6, p , 2000.
5 11. SOARES, M.E.M. et al. Uso de chupeta e sua relação com o desmame precoce em população de crianças nascidas em hospital amigo da criança. Jornal de Pediatria, Porto Alegre, v. 79, n. 4, p , VANNUCHI, M.T.O. et al. Perfil do aleitamento materno em menores de um ano no Município de Londrina, Paraná. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 5, n. 2, p , VENANCIO, S.I. et al. Freqüência e determinantes do aleitamento materno em municípios do estado de São Paulo. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 36, n. 3, p , VIEIRA, G.O. et al. Fatores associados ao aleitamento materno e desmame em Feira de Santana, Bahia. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 4, n. 2, p , Quadro 1. Duração mediana do aleitamento materno e do aleitamento materno exclusivo, segundo população de estudo. Estudo Local Idade da Mediana Mediana população alvo do AM do AME (meses) (meses) (dias) Kitoko et al., Florianópolis-SC < 12 7,9 53, João Pessoa-PB < 12 6,5 16,5 MS, Brasil < 12 9,9 23,4 Vannuchi et. al., Londrina-PR < 12 8,6 11, Passos et al., Ouro Preto-MG < 24 6,6 17, Silveira & Região do Alto Jequitinhonha- < 24 10,8 45,3 Lamounier, 2004 MG Camilo et al., Campinas-SP < 24 6,4 68, Oliveira et al., Salvador-BA < 24 4,4 30,6 2005
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