Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 7., 2010, Belo Horizonte Métodos alternativos de controle de cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri) e de ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus) no pinhão-manso aplicados à agricultura familiar no Norte de Minas Gerais Paula Caroline Silva Moura (1), José Carlos Fialho de Resende (2), Alexandre Reis Machado (1), Nívio Poubel Gonçalves (2), Heloisa Mattana Saturnino (3), Renato Soares de Faria (4), Leandro Fernandes Andrade (1) (1) Bolsistas BIC FAPEMIG/EPAMIG, paulacarol4@yahoo.com.br; (2) Pesquisadores/Bolsistas BIP FAPEMIG/EPAMIG - Nova Porteirinha, jresende@epamig.br; (3) Pesquisadora EPAMIG - Nova Porteirinha; (4) Técnico EPAMIG - Nova Porteirinha Introdução Entre as oleaginosas com potencial para a produção de matéria-prima para a síntese de biodiesel ou ecodiesel no Brasil, em especial no Semiárido brasileiro, o pinhão-manso (Jatropha curcas L.) merece destaque, por ser perene, resistente à seca e, possivelmente, nativo dessa região, onde apresenta ampla diversidade, além de produzir um óleo de boa qualidade para a produção de energia. A maioria dos trabalhos sobre a cultura do pinhãomanso relata que se trata de uma planta pouco atacada por pragas e doenças (SATURNINO et al., 2005). Entretanto, seu cultivo ainda é muito disperso, para se perceber a pressão de insetos e agentes fitopatológicos, inclusive, não havendo ainda no Brasil, nenhum defensivo agrícola registrado para essa cultura. Com o aumento da área plantada, haverá necessidade de avaliar quais agentes e em quais níveis de ocorrência, quantificar os danos e as estratégias de controle necessários na avaliação dos sistemas de produção dessa oleaginosa. Segundo Saturnino et al. (2005), ataques severos do ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus Banks) foram observados no mês de março de 2006, em Eldorado, MS e Nova Porteirinha, MG. Segundo esta autora, o pinhão-manso ainda pode ser atacado por ácaro-vermelho, tripes, percevejos fitófagos (Pachicoris torridus), cigarrinha-verde (Empoasca sp.) e cupins.
EPAMIG. Resumos expandidos 2 Os Tarsonemidae são ácaros de hábitos bastante diversos, tendo como principal representante o ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus). Os sintomas do ataque também foram observados e caracterizaram-se por folhas coriáceas encarquilhadas, com bordos voltados para baixo, mostrando aspecto vítreo na face abaxial. As infestações foram observadas a partir de meados de junho, período no qual verifica-se a elevação da umidade relativa do ar e da temperatura. Objetiva-se, com este trabalho, avaliar o controle de cigarrinha-verde e ácaro-branco na cultura do pinhão-manso na região Norte de Minas Gerais, visando o controle alternativo, sem afetar a saúde humana, animal e sem contaminar o meio ambiente. Material e Métodos O experimento foi implantado na Fazenda Experimental do Gurutuba (FEGR) da Unidade Regional EPAMIG Norte de Minas (U.R. EPAMIG NM), localizada em Nova Porteirinha, MG, durante o período de outubro de 2008 a junho de 2009. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com treze tratamentos e quatro repetições por tratamento. As parcelas experimentais constaram de três fileiras espaçadas 4,00 m, com 12,00 m de comprimento, totalizando uma área de 48 m², por parcela. Foram utilizados os seguintes tratamentos: Beauveria bassiana, na formulação comercial Beauveria JCO, em suspensão aquosa; Metarhizium anisopliae, na formulação comercial Metarhizium JCO, em suspensão aquosa; inseticida à base de Endosulfan, na dosagem de 2 litros/hectare; extrato de folha de nim, obtido pela trituração de 100 g de folhas de nim recém-colhidas em um litro de água, extrato de folha de mamoneira, obtida pela trituração de 150 g de folha de mamoneira recém-colhida em um litro de água, com adição de 15 g de bicarbonato de sódio, repouso por 48 horas; óleo de pinhão-manso, na concentração de 1%; óleo de nim comercial, na concentração de 1%; testemunha, sem quaisquer aplicações; óleo de mamona, na concentração de 1%; extrato de folha de nim feito como descrito anteriormente, de forma que sua aplicação foi alternada com aplicação de inseticida à base de Endosulfan, dosagem 2 litros/hectare; óleo de nim a 1%, alternando sua aplicação com o
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 7., 2010, Belo Horizonte 3 inseticida utilizado no experimento, dosagem 2 litros/hectare; óleo de mamona a 1%, alternando sua aplicação com o inseticida, na dosagem de 2 litros/hectare; óleo de pinhão-manso a 1%, alternando a aplicação com o inseticida, dosagem 2 litros/hectare. Avaliou-se o nível de infestação dos diferentes insetos-praga, inspecionando seis plantas por parcela, que recebiam notas de uma escala de severidade com variação de 1 a 4. Foram classificadas, no nível 1, plantas sem infestação, no nível 2, com pouca infestação, no nível 3, com infestação média, e, no nível 4, com infestação severa. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e ao teste Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Os resultados das avaliações encontram-se nos Gráficos 1 e 2. Em relação à cigarrinha-verde, a partir da terceira semana de dezembro, observase diferença significativa entre os tratamentos, onde o tratamento com a aplicação de folha de nim, alternado com inseticida, obteve uma menor incidência da praga, diferente significativamente do tratamento com M. anisopliae, sendo que os demais não diferiram desses. Em janeiro, foi observado melhor controle da praga pelo inseticida, sendo os tratamentos com óleo de mamona alternado com inseticida e óleo de nim alternado com inseticida, igualmente superiores ao controle, não diferindo, os dois últimos, dos demais tratamentos. Quando se observam as avaliações do mês de fevereiro, os tratamentos que se apresentaram superiores foram o óleo de mamona alternado com inseticida e o inseticida. No mês de março, observou-se que os tratamentos com inseticida, óleo de nim e extrato de folha de nim alternados com inseticida foram igualmente superiores no controle. O tratamento com inseticida foi estatisticamente superior aos demais, na avaliação em abril. Nos meses de maio e junho, quando as avaliações foram finalizadas, observou-se a normalidade entre os tratamentos, onde as aplicações feitas obtêm eficácia estatisticamente iguais. Em relação ao ácaro-branco, a partir da segunda semana de dezembro, tem-se o início de sua infestação. Foi observada diferença significativa entre o
EPAMIG. Resumos expandidos 4 tratamento com aplicação de B. bassiana e os demais. Esse resultado persistiu na semana seguinte de avaliação. Com o desenvolvimento da planta, observase uma infestação significativa na primeira semana de março, quando o tratamento com a aplicação de óleo de mamona mostra-se menos eficaz que os demais tratamentos. Depois dessa avaliação, as infestações retornam à normalidade, aumentando o nível de forma significativa na segunda quinzena de abril, quando a aplicação de óleo de mamona foi inferior à aplicação nos demais tratamentos, na última semana de abril. Na segunda quinzena do mês de maio, foi observado aumento das infestações e, posteriormente, aumentos no decorrer das avaliações, até o final do período desse trabalho, no mês de junho. Isso, provavelmente, ocorre, por causa de a planta encontrar-se vegetativamente desenvolvida e em condições climáticas de baixa umidade e alta temperatura favoráveis ao inseto-praga em estudo. Os tratamentos onde houve aplicação de inseticida, extrato de folha de mamona e de óleo de mamona apresentaram uma melhor eficácia de controle, nesse período, do que os demais. Conclusões A utilização de métodos alternativos mostrou-se promissora, vislumbrando a possibilidade de determinar estratégias de controle de pragas do pinhãomanso, mais eficazes e econômicas. Referência SATURNINO, H.M. et al. Cultura do pinhão-manso (Jatropha curcas L.). Informe Agropecuário. Produção de oleoginosas para biodiesel, Belo Horizonte, v.26, p.44-54, 56-74, 2005.
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 7., 2010, Belo Horizonte 5 Gráfico 1 - Resultados médios (dados transformados em x 1 ) da avaliação de infestação das plantas de pinhão-manso por cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri) em Nova Porteirinha, MG no ano de 2009 Gráfico 2 - Resultados médios (dados transformados em x 1 ) da avaliação de infestação das plantas de pinhão-manso por ácaro-branco (Poliphagotarsonemus latus) em Nova Porteirinha, MG no ano de 2009