Efeito do tamanho e do peso específico na qualidade fisiológica de sementes de pinhão-manso (Jatropha curcas L.)
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1 Efeito do tamanho e do peso específico na qualidade fisiológica de sementes de pinhão-manso (Jatropha curcas L.) Gabriel Moraes Costa (1), Roberto Fontes Araujo (2), Eduardo Fontes Araujo (3), João Batista Zonta (4), Sérgio Maurício Lopes Donzeles (2) (1) Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, gabrielmoraescosta@yahoo.com.br; (2) Pesquisadores EPAMIG-Viçosa, MG, rfaraujo@ufv.br, slopes@ufv.br; (3) Professor UFV-Viçosa, MG, efaraujo@ufv.br; (4) Doutorando UFV-Viçosa, MG Introdução O uso de combustíveis de origem fóssil tem sido apontado como o principal responsável por danos ao meio ambiente, como o efeito estufa. Com isso, o mercado de biodiesel tem apresentado uma demanda crescente. O pinhão-manso surge como uma alternativa para a fonte de biosiesel. Estudos de pesquisas na área de produção, processamento e qualidade de sementes de pinhão-manso estão carentes de informações básicas. O peso específico e o tamanho das sementes, em muitas espécies, são indicativos de sua qualidade fisiológica. Dentro do mesmo lote, as sementes leves e pequenas podem apresentar menores germinação e vigor em relação às sementes mais pesadas e de tamanho superior. Nogueira (1988) e Castro e Dutra (1997), ao estudarem, respectivamente, sementes de soja e leucena, observaram que as maiores porcentagens de germinação e vigor foram obtidas quando se utilizaram sementes maiores. Já Adamo et al. (1984), ao trabalharem com sementes de girassol, não verificaram um melhor desempenho germinativo, quando foram utilizadas sementes maiores. Com relação ao peso específico, Lollato e Silva (1984) ao trabalharem com sementes de feijão e Vieira et al. (1995), com sementes de arroz, verificaram que as mais pesadas apresentaram maior germinação e vigor. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do peso específico e do tamanho de sementes de pinhão-manso (Jatropha curcas L.) na sua germinação e no seu vigor.
2 2 Material e Métodos O experimento foi conduzido no Laboratório do Centro Tecnológico da Zona da Mata (CTZM), da EPAMIG, e no Laboratório de Sementes do Departamento de Fitotecnia, da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Logo após a colheita, os frutos de pinhão-manso foram secados à sombra e descascados a mão. Em seguida, as sementes foram submetidas a uma secagem final, a sombra, até o grau de umidade de 10%, em base úmida. Na Unidade de Beneficiamento de Semente (UBS), o lote de sementes, após pré-limpeza, passou pelo separador pneumático, classificando as sementes com base no seu peso específico, em duas classes (sementes pesadas e sementes mais leves). De cada classe foi retirada uma amostra de 500 g de sementes. As sementes restantes de cada classe passaram pelo classificador de peneiras, classificando-as pelo tamanho, em grandes, médias e pequenas. Portanto, foram formados os seguintes tratamentos: Tratamento 1 = sementes pesadas (amostra original) (PO); Tratamento 2 = sementes pesadas e grandes (PG); Tratamento 3 = sementes pesadas e médias (PM); Tratamento 4 = sementes pesadas e pequenas (PP); Tratamento 5 = sementes leves (amostra original) (LO); Tratamento 6 = sementes leves e grandes (LG); Tratamento 7 = sementes leves e médias (LM); Tratamento 8 = sementes leves e pequenas (LP). De acordo com a literatura foram realizadas as seguintes avaliações: peso de mil sementes (BRASIL,1992), teste de germinação (TG) (BRASIL, 1992), primeira contagem do TG (BRASIL, 1992), emergência (BRASIL, 1992), índice de velocidade de emergência (IVE) (MAGUIRRE, 1962). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições. Os dados porcentuais de germinação e vigor de sementes foram submetidos à análise de variância, empregando-se o teste Tukey, a 5% de probabilidade, para comparação das médias dos tratamentos.
3 3 Resultados e Discussão Verifica-se na Tabela 1 que o separador pneumático foi eficiente na classificação das sementes pelo peso. O peso de mil sementes foi maior em todos os tratamentos compostos por sementes pesadas, quando comparados com os tratamentos que contêm sementes leves. Comprova-se melhor esta eficiência, quando se compara o peso de mil sementes do tratamento PP, com o tratamento LG. Apesar de menores, as sementes PP são mais pesadas (56,98 g) do que as sementes LG (52,28). Com relação à qualidade fisiológica, verifica-se que a germinação e o vigor das sementes pesadas, dos tratamentos PO, PG, PM e PP, foram superiores aos das sementes leves, dos demais tratamentos. Os resultados de germinação e vigor complementam aqueles do peso de mil sementes, demonstrando que, provavelmente, o melhor desempenho das sementes pesadas está relacionado com a maior quantidade de tecidos de reserva (cotilédones e endosperma mais desenvolvidos). Comparando as sementes pesadas, não houve diferença entre os tratamentos PO, PG, PM, PP, demonstrando que apenas a classificação por peso é suficiente para a obtenção de um lote de sementes de pinhão-manso com qualidade. Provavelmente, as sementes grandes e leves, apesar do desenvolvimento de seu tegumento, não tiveram seu espaço completamente preenchido pelo endosperma, resultando em sementes com menor tecido de reserva e, portanto, menos vigorosas. Conclusão A classificação de sementes de pinhão-manso pelo peso específico é suficiente para obter um lote de sementes com alta qualidade fisiológica.
4 4 Referências ADAMO, P.E.; SADER, R.; BANZATTO, D.A. Influência do tamanho na produção e qualidade de sementes de girassol. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.6, n.3, p.9-14, BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras para análise de sementes. Brasília, p. CASTRO, J.R.; DUTRA, A.S. Influência do tamanho das sementes de leucena (Leucaena leucocephala (Lam.) De Wit) cv. Cunningham na germinação e no vigor. Revista Brasileira de Sementes, Brasília. v.19, n.1, p.88-90, LOLLATO, M.A.; SILVA, W.R. da. Efeitos da utilização de mesa gravitacional na qualidade de sementes do feijoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.19, n.12, p dez MAGUIRE, J.D. Speed of germination-aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigour. Crop Science, Madison, v.2, n.2, p , NOGUEIRA, P.R. Influência do tamanho da semente no desempenho das plantas de soja (Glycine max (L.) Merrill) no campo f. Tese (Mestrado) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. VIEIRA, A.R.; OLIVEIRA, J.A.; VIEIRA, M.G.G.C.; REIS, M.S. Avaliação da eficiência de máquinas utilizadas no beneficiamento de sementes de arroz (Oryza sativa L.). Revista Brasileira de Sementes, Brasília. v.17, n.2, p , 1995.
5 5 Tabela 1 - Peso de mil sementes, germinação, primeira contagem, emergência e índice de velocidade de emergência (IVE) de sementes de pinhão-manso com diferentes pesos específicos e tamanhos Tratamento Peso de mil sementes (g) Germinação Primeira contagem Emergência em areia PO 65,03 b 98 a 95 a 100 a 8,3 a PG 69,59 a 99 a 96 a 99 a 7,9 a PM 64,11 b 98 a 93 a 100 a 7,2 b PP 56,98 c 98 a 95 a 98 a 6,9 b LO 45,72 e 76 b 58 b 72 b 4,4 c LG 52,28 d 70 b 54 b 72 b 4,3 c LM 50,59 d 74 b 59 b 78 b 4,3 c LP 42,17 f 66 c 57 b 76 b 4,4 c CV 3,8 3,5 3,7 4,1 4,4 NOTA: Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade. PO - Sementes pesadas (amostra original); PG - Sementes pesadas e grandes; PM - Sementes pesadas e médias; PP - Sementes pesadas e pequenas; LO - Sementes leves (amostra original); LG - Sementes leves e grandes; LM - Sementes leves e médias; LP - Sementes leves e pequenas; CV - Coeficiente de variação. IVE
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