AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHETO NA INTERFACE CHUVA/SECA
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- Filipe Ávila de Oliveira
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1 AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHETO NA INTERFACE CHUVA/SECA Tássio Bonomo Murça (1), Domingos Sávio Queiroz (2), Luiz Tarcisio Salgado (3), Sabrina Saraiva Santana (4), Sérgio Dutra de Resende (5) (1) Bolsista BIC FAPEMIG/EPAMIG, (2) Pesquisador EPAMIG - Viçosa, MG, dqueiroz@epamig.br; (3) Pesquisador EMBRAPA/EPAMIG - Viçosa, MG, lsalgado@epamig.ufv.br; (4) Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, sabrinasaraivasantana@hotmail.com; (5) Técnico Agrícola EPAMIG - Leopoldina Introdução A disponibilidade de forragem para a alimentação do gado na transição chuva/seca é decrescente devido à diminuição das chuvas, do período luminoso e da temperatura. A utilização de milheto pode ser uma alternativa que prolongue a disponibilidade de pasto nesses meses, reduzindo a demanda por alimentos armazenados, o que é fundamental para a diminuição dos custos de alimentação, além de promover um descanso para a recuperação completa do pasto no início da estação chuvosa. O milheto (Pennisetum americanum) tem sido aproveitado como forrageira ocupando o mesmo espaço do sorgo forrageiro, tanto pela característica de bom desenvolvimento em condições de pequena disponibilidade de água, como pela rapidez de crescimento, boa capacidade de rebrota e boa qualidade como forragem (PEREIRA FILHO et al., 2003). A área de abrangência desse estudo, que compreende as microrregiões de Muriaé, Cataguases e Leopoldina, concentra grande parte da produção de leite da Zona da Mata. Possui clima tropical úmido (mega-térmico) de savana, com inverno seco e verão chuvoso, cuja temperatura do mês mais frio é superior a 18ºC. Com base na análise dos dados de precipitação de 24 anos da Fazenda Experimental de Leopoldina (FELP), da EPAMIG, verificou-se que exigências mínimas de umidade para o plantio e crescimento, sem irrigação, podem ser alcançadas nos períodos mencionados.
2 2 O objetivo do trabalho foi avaliar a produtividade de cultivares de milheto para utilização forrageira na interface chuva/seca plantado em diversas épocas ao final da estação chuvosa, sem irrigação. Material e Métodos O experimento foi conduzido por um período de nove meses na EPAMIG - FELP. Com base na análise do solo foram feitos os cálculos da correção de acidez e adubação, segundo Ribeiro et al. (1999). Foram aplicados 1,6 t/ha de calcário dolomítico (23% de CaO, 15% MgO e PRNT de 53,28%), suficiente para elevar a saturação de base a 70%. Foram aplicados 350 kg/ha da fórmula no sulco de plantio e 250 kg/ha de após cada corte. Os tratamentos resultantes do esquema fatorial 4x3, com 12 tratamentos e três repetições foram arranjados num delineamento experimental em blocos ao acaso. Foram utilizadas as cultivares de milheto (Pennisetum americanum) Comum, BN2 e BRS 1501 de duas origens: Embrapa Milho e Sorgo e Sementes Piraí, plantados nos meses de fevereiro, março, abril, em parcelas de 2,5 x 4 m, no espaçamento de 50 cm entrelinhas em quantidade equivalente a 13 kg/ha, sem irrigação. Os cortes foram feitos quando as forrageiras atingiram em torno de 1,00 m de altura ou quando as plantas emitiam inflorescência. Após cada corte a massa de forragem colhida da área útil da parcela era pesada e uma amostra de cada parcela era retirada e separada em lâmina foliar+panícula e colmo. As frações foram acondicionadas em sacos de papel, pesadas e postas a secar em estufa com ventilação forçada a 65 C. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo Sistema de Análise Estatística e Genética (Saeg) e as médias comparadas pelo teste Newman Keuls, a 5% de significância. Duas análises de variância foram realizadas. A primeira incluiu três cultivares e três épocas de plantio e a segunda quatro cultivares e duas épocas em razão do estande reduzido de um dos cultivares no primeiro plantio.
3 3 Resultados e Discussão Com base nas duas análises de variância não houve diferença (P>0,05), de produção entre as cultivares de milheto. A produção média foi de , kg/ha de MV; 3.594, kg/ha de MS; 1.875, 1820 kg/ha de folha e 1.719, kg/ha de colmo, para a análise 1 (Comum, BN2 e BRS 1501EMBRAPA) e análise 2 (todas as cultivares), respectivamente. Produtividades bem acima dos valores obtidos nesse trabalho são encontradas na literatura, para plantios na primavera (PEREIRA FILHO et al., 2003). A redução do fotoperíodo em plantios ao final do verão e início do outono estimulou o florescimento precoce das cultivares de milheto estudadas reduzindo o potencial de produção e ocasionando baixa rebrotação após corte. A opção do uso de milheto para produção de forragem ao final da estação chuvosa deve levar em conta essa resposta aos fatores de ambiente. Houve efeito (P<0,05) da época de plantio sobre a produtividade do milheto (Tabelas 1 e 2). A produtividade do milheto plantado em março foi mais baixa, apesar da maior precipitação observada nesse mês (Gráfico 1). Observou-se ataque de pragas na emergência das plântulas com comprometimento do estande, o que reduziu a produtividade. Como 80% da forragem foi produzida no primeiro corte em todas as épocas de plantio, a semeadura em abril pode ser vantajosa por proporcionar maior quantidade de forragem numa fase mais adiantada do período de seca. Conclusões Não há diferença de produção entre as cultivares de milheto para plantios na interface chuva/seca. O plantio em abril permite produzir maior quantidade de forragem numa fase mais adiantada do período da seca. Referências PEREIRA FILHO, I.A.; FERREIRA, A.S.; COELHO, A.M.; et al. Manejo da cultura do milheto. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, p. (Embrapa Milho e Sorgo. Circular Técnica, 29).
4 4 RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Ed.). Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5 a aproximação. Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, p. 350 Precipitação (mm) Média anos 50 0 Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Meses Gráfico 1 - Precipitação mensal na Fazenda Experimental de Leopoldina Tabela 1 - Efeito das épocas de plantio sobre a altura, produção de matéria verde (MV), matéria seca (MS), folha, colmo e relação folha/colmo (F/C) das cultivares Comum, BN2 e BRS 1501 EMBRAPA Época de plantio Altura (m) MV MS Folha Colmo Relação F/C Fevereiro 1,29a a 3.941a 1.974b 1.967a 1,11a Março 1,08b b 2.525b 1.312c 1.213b 1,13a Abril 0,82c b 4.316a 2.339a 1.977a 1,22b CV 8,46 24,40 19,95 18,72 23,28 13,21 NOTA: Médias nas colunas diferem (P<0,05) pelo teste Newman Keuls. CV Coeficiente de variação
5 5 Tabela 2 - Efeito das épocas de plantio sobre a altura, produção de matéria verde (MV), matéria seca (MS), folha, colmo e relação folha/colmo (F/C) das cultivares Comum, BN2 e BRS 1501 EMBRAPA e BRS 1501 Piraí Época de plantio Altura (m) MV MS Folha Colmo Relação F/C Março 1,06a b 2.445b 1.270b 1.175b 1,13b Abril 0,83b a 4.379a 2.370a 2.009a 1,22a CV 8,29 19,31 17,28 17,76 18,83 11,10 NOTA: Médias nas colunas diferem (P<0,05) pelo teste Newman Keuls. CV coeficiente de variação.
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