Documento de Fundo para solicitar financiamento do Fundo Catalítico

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Transcrição:

Documento de Fundo para solicitar financiamento do Fundo Catalítico FTI (Versão Final: 1 de Setembro de 2010)

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Índice Lista de Quadros... v Lista de Gráficos... vii Lista de Abreviaturas... ix Prefácio... xi Parte I: Progressos, desafios e perspectivas para o desenvolvimento da Educação em Moçambique... 1 1. Introdução... 1 1.1 Breve descrição do país... 1 1.2 Sistema Educativo... 2 1.2.1 Ensino primário... 2 1.2.2 Ensino secundário... 2 1.2.3 Ensino superior... 3 1.3 Administração do sistema... 3 2. O enquadramento político... 3 2.1 Os documentos orientadores... 3 2.1.1 Os instrumentos políticos do Governo... 3 2.1.2 Os planos estratégicos do sector da Educação... 5 2.2 A parceria entre o Ministério e os seus parceiros... 6 2.2.1 Antecedentes... 6 2.2.2 Plataformas de diálogo... 6 2.2.3 Os parceiros de cooperação... 7 2.2.4 Envolvimento da sociedade civil... 7 2.3 O papel da FTI no desenvolvimento do sector... 8 2.3.1 O que é a FTI e o Fundo Catalítico?... 8 2.3.2 FTI em Moçambique... 8 2.3.3 O pedido para o Fundo Catalítico... 9 3. Os resultados do sector através dos principais indicadores... 9 3.1 Introdução... 9 3.2 Progressos ao nível do sector... 10 3.3 Progressos no Ensino Primário... 14 3.3.1 Introdução... 14 3.3.2 O nível de escolarização... 14 3.3.3 Eficiência e eficácia do sistema... 20 3.3.4 A alocação e o uso eficiente dos recursos humanos... 25 3.4 Os grandes desafios do sector... 27 3.4.1 Em termos de acesso... 27 3.4.2 Em termos de qualidade... 28 i

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI 3.4.3 Em termos de desenvolvimento institucional... 28 4. Implementação das estratégias principais do PEEC na área do ensino primário... 29 4.1 Construção acelerada... 29 4.1.1 Antecedentes... 29 4.1.2 Resultados atingidos... 29 4.1.3 Os principais desafios... 31 4.1.4 Perspectivas para o futuro... 32 4.1.5 Implicações para o novo plano estratégico... 33 4.2 Formação de Professores... 34 4.2.1 Antecedentes... 34 4.2.2 Resultados atingidos... 34 4.2.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro... 35 4.2.4 Implicações para o novo plano estratégico... 36 4.3 Provisão de livros escolares... 37 4.3.1 Antecedentes... 37 4.3.2 Resultados... 37 4.3.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro... 37 4.3.4 Implicações para o novo plano estratégico... 38 4.4 Apoio directo às escolas... 38 4.4.1 Antecedentes... 38 4.4.2 Resultados... 38 4.4.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro... 39 4.4.4 Implicações para o novo plano estratégico... 39 4.5 Implementação de Novo Currículo para o Ensino Primário... 39 4.5.1 Antecedentes... 39 4.5.2 Resultados... 39 4.5.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro... 40 4.5.4 Implicações para o novo plano estratégico... 41 4.6 A resposta do sector ao HIV/SIDA... 41 4.6.1 Antecedentes... 41 4.6.2 Resultados... 42 4.6.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro... 42 4.6.4 Implicações para o novo plano estratégico... 43 5. Perspectivas para o futuro o próximo plano estratégico... 44 5.1 Introdução... 44 5.2 Quadro de planificação, orçamentação e monitoria... 44 5.3 As prioridades e objectivos estratégicos do sector... 45 5.4 Enfrentando os desafios do sector... 45 5.4.1 Enfoque nas crianças fora da escola... 46 5.4.2 Grande pressão social para a expansão do ensino secundário... 47 5.4.3 Melhorar a aprendizagem no Ensino Primário... 49 5.4.4 Reforçar a capacidade institucional... 50 5.5 Novos enfoques no plano do sector... 52 5.5.1 Desenvolvimento da primeira infância... 52 5.5.2 Preparação para a vida do trabalho... 52 ii

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Parte II: Financiamento da Educação em Moçambique: Evolução e Perspectivas para o Futuro... 55 1. Evolução/tendências do financiamento do sector (geral)... 55 1.1 Introdução... 55 1.2 Evolução das despesas do sector 2005-2009 (geral)... 57 1.3 Execução do orçamento de FASE... 60 1.4 Comparação do Orçamento do sector em 2009 e 2010... 61 1.5 Perspectivas para o financiamento do sector (Médio Prazo: 2011-2013)... 62 2. Necessidades de financiamento do sector... 65 3. Solicitação para financiamento adicional da FTI... 66 3.1 Racional... 66 3.2 Os programas financiados pelo FASE Historial... 67 3.3 A proposta de financiamento dos programas do FASE 2011-2013... 69 3.3.1 Introdução... 69 3.3.2 As prioridades... 70 3.3.3 Cenários alternativos... 71 3.3.4 Os programas específicos... 72 3.3.5 Novos enfoques... 76 Anexos... 79 iii

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Lista de Quadros Quadro 1: Os instrumentos políticos e estratégicos do Governo de Planificação, Orçamentação e Monitoria... 4 Quadro 2: Crescimento da rede escolar por nível de ensino leccionado, 2000-2010 (diurno, público, privado e comunitário)... 11 Quadro 3: Crescimento do número de alunos, por nível de ensino e por sexo, 2004-2010 (diurno e nocturno, público, comunitário e privado)... 11 Quadro 4: Número de professores no Ensino Geral (EP e ESG1), total, percentagem de professoras e percentagem de professores sem formação, 2004-2010 (diurno, público, privado e comunitário)... 12 Quadro 5: Evolução do número de graduados, por nível de ensino e sexo, 2004-2009 (diurno e nocturno, público, comunitário e privado)... 13 Quadro 6: Proporção de repetentes e taxas de desistência e de aprovação no Ensino Primário, 2000-2009 (diurno, ensinos público, privado e comunitário)... 22 Quadro 7: Evolução das taxas de aproveitamento escolar por classe, EP1 e EP2, 2004-2009, ambos os sexos (diurno, ensinos público, privado e comunitário) (valores em percentagem)... 23 Quadro 8: Evolução das taxas de desistência na 2ª, 5ª e 7ª classes, ambos os sexos, 2004-2009 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário)... 23 Quadro 9: Alunos, professores e rácios alunos por professor e alunos por turma no EP1, 2004, 2006 e 2008-2010 (diurno, ensinos público, privado e comunitário)... 26 Quadro 10: Evolução do número de novos professores recrutados e do rácio alunos por professor, ensino primário, público, 2006-2010... 26 Quadro 11: Número de salas de aulas construídas através do Programa de Construção Acelerada, 2005-2009... 30 Quadro 12: Evolução do número de salas de aula do Ensino Primário, segundo material de construção, 2004-2009 (ensinos público, privado e comunitário)... 30 Quadro 13: Escolas, número médio de salas e turmas por escola e percentagem de turmas sem sala de aula por turno e no total, ensino primário, 2004-2009 (ensinos público, privado e comunitário)... 31 Quadro 14: Evolução do número de graduados dos IFPs, 2003-2009 (total e feminina)... 35 Quadro 15: Evolução do número dos graduados do ensino à distância, formação continua de professores, 10ª+2, 2008-2009... 35 Quadro 16: Orçamento do FASE (incluindo os saldos do ano n-1), 2009-2010 (fonte: PdAs 2009 e 2010)... 62 Quadro 17: Orçamento para 2009 e 2010 e previsões para 2011-2013 (CFMP)... 63 v

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Quadro 18: Comparação entre orçamento, despesa, projecções e os custos estimados da implementação do plano estratégico do sector, 2005-2013... 65 Quadro 19: O enquadramento dos fundos do FTI no orçamento projectado para 2011-2013 (em mil USD)... 67 Quadro 20: Financiamento proposto para o programa de construção acelerada... 72 Quadro 21: Valor médio para o programa ADE... 73 vi

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Lista de Gráficos Gráfico 1: Estrutura do sistema da educação, por níveis e classes, Ensino Geral, 2004 e 2010 (diurno, nocturno, ensinos público, privado e comunitário)... 12 Gráfico 2: Evolução do número de professores e da percentagem de professores sem formação por nível de ensino, 2004-2010 (diurno, público, privado e comunitário)... 13 Gráfico 3: Evolução na participação das crianças no ensino primário por província (2004, 2007, 2010) (diurno, público, privado e comunitário)... 15 Gráfico 4: Alunos (número e percentagem) frequentando o Ensino Primário do 2º Grau (EP2) em relação ao total de alunos no Ensino Primário, ambos os sexos, 2004, 2007 e 2010 (diurno, ensinos público, privado e comunitário)... 16 Gráfico 5: Alunos no EP2, em números absolutos e em proporção do total de alunos no EP, 2004 e 2010, por província (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado)... 16 Gráfico 6: Evolução da percentagem de meninas frequentando o Ensino Primário, 2004-2010 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário)... 17 Gráfico 7: Percentagem de meninas (1ª à 7ª classes), 2004 e 2010 (diurno, ensinos público, privado e comunitário)... 18 Gráfico 8: Evolução da percentagem de meninas no Ensino Primário, 2004 e 2010, nos distritos com percentagens inferiores a 40% em 2004 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário)... 19 Gráfico 9: Evolução do número de alunos por idade no Ensino Primário, 1995-2010 (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado)... 19 Gráfico 10: Alunos na 1ª classe com 6 e 7 anos (total e em percentagem do total de alunos na 1ª classe), 2004 e 2010 (diurno, ensinos público, privado e comunitário)... 20 Gráfico 11: Número de alunos na 7ª (ano n) e na 1ª classe (ano n-6), e taxas de retenção, por sexo, 2000/06 2004/10 (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado)... 21 Gráfico 12: Proporção de alunos na 7ª classe em relação ao número de alunos na 1ª classe 6 anos antes, (2006-2000 e 2010-2004) (diurno, ensinos público, privado e comunitário)... 21 Gráfico 13: Taxas de desistência nas 2ª, 5ª e 7ª classes, 2009, por província (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado)... 24 Gráfico 14: Taxas médias de desistência no Ensino Primário (1ª à 7ª classe), por província, 2004 e 2009 (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado)... 24 vii

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Gráfico 15: Taxas de conclusão, EP2 (7ª classe) e percentagem de meninas no total de graduados do EP2 por províncias, 2004 e 2009 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário)... 25 Gráfico 16: Rácios alunos por professor no Ep1, 2006 e 2010, e alunos por turma em 2010, por províncias (ensinos público, privado e comunitário)... 27 Gráfico 17: Alunos no ESG em 2010 (turnos diurno e nocturno, ensinos público, privado e comunitário) e população com 13-17 anos de idade, 2007... 48 Gráfico 18: Número de ingressos na 8ª classe e taxas de transição entre a 7ª e a 8ª classes, ambos os sexos, por Províncias, 2006 e 2010 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário)... 48 Gráfico 19: Estrutura do orçamento do sector da Educação segundo fontes de financiamento (2010) (Fonte: MINED, PdA 2010)... 56 Gráfico 20: Estrutura da Fonte Interna (2010) (Fonte: MINED, PdA 2010)... 56 Gráfico 21: Estrutura da Fonte Externa por modalidades de financiamento (Fonte: MINED, PdA 2010)... 57 Gráfico 22: Evolução do orçamento e da sua execução no sector da Educação, 2005 2009 (fonte: CGE 2004-2008, REO 2009)... 58 Gráfico 23: Despesa no sector para o ensino geral e ensino superior (em volume e percentagem), 2005-2009... 58 Gráfico 24: Evolução do peso do Sector da Educação na Despesa do Estado, 2005-2009... 59 Gráfico 25: Percentagem da despesa da educação no PIB, 2004-2009 (total e fonte interna)... 59 Gráfico 26: Financiamento externo ao sector da Educação (despesa) e percentagem em relação à despesa total do Estado em Educação, 2005-2009... 60 Gráfico 27: Evolução da execução dos fundos do FASE, 2003-2009... 60 Gráfico 28: FASE, valores orçamentados, executados e desembolsados, 2003-2009... 61 Gráfico 29: Comparação do Orçamento, 2009 e 2010, por fonte de financiamento, em Meticais... 62 Gráfico 30: Previsões sobre os recursos disponíveis para financiamento do sector (em Meticais e em USD), 2009-2013... 63 Gráfico 31: Evolução no financiamento externo ao sector, 2009-2013, compromissos em milhões de USD... 64 Gráfico 32: Evolução dos fundos comprometidos e desembolsados para o FASE, 2003-2013... 64 Gráfico 33: Execução dos programas do FASE, 2003, 2007 e 2009... 69 Gráfico 34: Proposta de orçamento do FASE 2011-2013 por nível de ensino (em comparação com o valor executado em 2009)... 70 Gráfico 35: Proposta de orçamento do FASE 2011-2013 por programa chave do sector (em comparação com o valor executado em 2009)... 71 viii

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Lista de Abreviaturas ADE Apoio Directo às Escolas ADPESE Apoio da Dinamarca ao Plano Estratégico do Sector da Educação AEA Alfabetização e Educação para os Adultos BdPES Balanço do Plano Económico e Social CFMP Cenário Fiscal de Médio Prazo CFQAEAs Centros de Formação de Quadros de Alfabetização e Educação de Adultos CGE Conta Geral do Estado COPA Comité Paritário de Acompanhamento DFID Department for International Development (United Kingdom) Departamento para o desenvolvimento internacional (Reino Unido) DNO Direcção Nacional do Orçamento DPECs Direcção Provincial de Educação e Cultura EFA Education For All / Educação Para Todos EP Ensino Primário EP1 Ensino Primário do 1º Grau EP2 Ensino Primário do 2º Grau EPC Ensino Primário Completo (da 1ª à 7ª classe) E-QAD Quadro de Avaliação de Desempenho do sector da Educação ES Ensino Superior ESG Ensino Secundário Geral ESG1 Ensino Secundário Geral do 1º ciclo ESG2 Ensino Secundário Geral do 2º ciclo ETP Ensino Técnico-Profissional FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations Organização de Nações Unidos para a Agricultura e a Alimentação FASE Fundo de Apoio ao Sector da Educação FC Fundo Catalítico FNUAP Fundo das Nações Unidas para a População FTI Fast Track Initiative / Iniciativa Acelerada GCC Grupo de Comité Consultivo GTZ Deutsche Gesellschaft für technische Zusammenarbeit Cooperação Técnica Alemã GT Grupo de Trabalho HIV/SIDA Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) Síndroma da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) HM Total de ambos os sexos (Homens e Mulheres) IAP Instituto de Aperfeiçoamento de Professores IEDA Instituto de Educação Aberta e à Distância INEFP Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional KFW Kreditanstalt für Wiederaufbau / Banco Alemão para o Desenvolvimento LEG Local Education Group / Grupo de Educação M Mulheres (sexo feminino) ix

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI %M Proporção de Mulheres (sexo feminino) MdE Memorando de Entendimento MEC Ministério da Educação e Cultura MEPT Movimento para Educação Para Todos MICS Multiple Indicator Cluster Survey MINED Ministério da Educação MMAS Ministério da Mulher e Acção Social MT Metical ODMs Objectivos de Desenvolvimento do Milénio OE Orçamento de Estado ONGs Organizações Não-Governamentais PARP(A) Plano de Acção para a Redução da Pobreza (Absoluta) PCs Parceiros de Cooperação PdA Programa de Actividades PEE Plano Estratégico de Educação PEEC Plano Estratégico de Educação e Cultura PES Plano Económico e Social PESD Programa de Ensino Secundário à Distância PIREP Programa Integrado da Reforma de Educação Técnico-Profissional PMA Programa Mundial para a Alimentação PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PQG Plano Quinquenal do Governo QAD Quadro de Avaliação de Desempenho RAR Reunião Anual de Revisão REO Relatório de Execução do Orçamento SACMEQ Southern and Eastern Africa Consortium for Monitoring Educational Quality SAQEM Sistema de Avaliação de Qualidade de Educação em Moçambique SDEJTs Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia SNE Sistema Nacional de Educação SWAP Sector Wide Approach / Abordagem Sectorial UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura UNICEF United Nations Children's Fund Fundo das Nações Unidas para a Criança UNIFEM United Nations Development Fund for Women Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher UNSIDA Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA USAID United States Agency for International Development Agência de Ajuda Internacional dos Estados Unidos USD United States Dollar / Dólar Americano ZIPs Zonas de Influência Pedagógica x

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Prefácio Este documento fundamenta a solicitação de Moçambique de um financiamento de 160 milhões de Dólares Americanos ao Fundo Catalítico da Iniciativa Acelerada para a Educação Para Todos (FC-FTI) para apoiar a implementação do plano estratégico do sector nos anos 2011 a 2013. Os fundos serão canalizados através do Fundo de Apoio ao Sector da Educação (FASE) que é o instrumento principal para a canalização de fundos externos ao sector. Ao longo dos últimos anos houve grandes progressos no sector: o número de alunos no ensino primário e secundário cresceu de 3,6 milhões em 2003 para 6,3 milhões em 2010, as disparidades de género, geográficas ou de natureza económica estão sendo diminuídas, principalmente no ensino primário; a provisão de professores e de livros e materiais didácticos melhorou bastante, contribuindo para o aumento da taxa de conclusão do ensino primário de 34,1% em 2004 para 47,9% em 2009. Contribuiu para estes progressos o aumento dos recursos financeiros disponíveis para o sector, quer através da fonte interna, quer através da fonte externa, incluindo a contribuição do FC de 79 milhões de Dólares Americanos em 2008-2010. Permanecem ainda grandes desafios para o futuro para assegurar a sustentabilidade do sistema expandido, garantindo a melhoria da qualidade da educação e da aprendizagem dos alunos, e a inclusão de todos. As previsões financeiras de médio prazo (2011-2013) indicam que o nível de financiamento das despesas não salariais do sector estará abaixo do nível realizado em 2009, devido à redução da fonte externa. Para os anos seguintes, está previsto um défice financeiro de mais de 100 milhões de USD por ano para o financiamento da implementação dos planos estratégicos do sector. A solicitação ao Fundo Catalítico permite diminuir o défice em cerca de 35%, assegurando fundos para o FASE ao nível da execução observada em 2009. Isto garantirá a continuação dos programas chaves do sector, principalmente na área do ensino primário. Dividido em duas parte, este documento faz uma ligação entre o actual Plano Estratégico (2006-2011) e o próximo plano para 2012-2016, em elaboração. A Parte I analisa os progressos verificados ao longo dos últimos anos, resultantes da implementação do plano actual. Refere ainda os grandes desafios e as suas implicações para a elaboração e implementação do próximo plano do sector nos anos seguintes. A Parte II elabora a evolução do orçamento e da despesa do sector (passado e futuro), enquadrando a solicitação do financiamento ao Fundo Catalítico. O documento deve ser considerado em conjunto com o Documento Sumário que faz parte do pacote de documentação da solicitação ao FC. Estão ainda disponíveis outros documentos e instrumentos para quem quiser aprofundar o seu entendimento do sector. O documento foi preparado pelo Ministério da Educação de Moçambique, beneficiando dos valiosos contributos dos seus Parceiros de Cooperação e da Sociedade Civil. Maputo, 1 de Setembro de 2010.= xi

Parte I: Progressos, desafios e perspectivas para o desenvolvimento da Educação em Moçambique 1. Introdução 1.1 Breve descrição do país Moçambique ascendeu à Independência em 1975 após uma guerra de Libertação Nacional que se prolongou por 10 anos. Logo após a Independência Nacional, em 1978, Moçambique enfrentou um novo e violento conflito armado. Em 1992, com a assinatura do Acordo de Paz, começou a reconstrução do país. Desde então, a economia do país vem crescendo a um ritmo de cerca de 6-7% anualmente. Figura 1: As 11 províncias de Moçambique Com uma população de 20,6 milhões em 2007 (censo), o país é constituído por 11 províncias. Aproximadamente 70% da população vive na zona rural. Na capital do país, a Cidade de Maputo, vive cerca de 5,3% da população. Nas províncias mais populosas, Nampula e Zambézia, vive quase 40% da população. Segundo o censo de 2007, 51,8% 1

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE da população é do sexo feminino variando de cerca de 55% nas províncias de Gaza e de Inhambane a cerca 50,5% nas províncias de Nampula e Niassa. A taxa de analfabetismo é estimada em 48,1% 1 com grandes variações por sexo (62,7% Mulheres e 33,4% Homens), e entre a zona rural e a zona urbana (60,1% e 26,5%). Moçambique é um país multi-cultural com 18 línguas nacionais e muitos mais dialectos. O Português é a língua oficial, e o meio de instrução na sala de aula. 1.2 Sistema Educativo Com a revisão da Lei do Sistema Nacional de Educação (SNE) em 1992 o sistema de ensino está estruturado em 3 níveis: ensino primário, ensino secundário e ensino superior. 1.2.1 Ensino primário O ensino primário público é gratuito e está dividido em dois níveis: o ensino primário do 1º grau (EP1, 1ª à 5ª classes) e o ensino primário do 2º grau (EP2, 6ª e 7ª classes). Com a introdução do novo currículo em 2004 o ensino primário é estruturado em 3 ciclos de aprendizagem: o 1º ciclo, 1ª e 2ª classes; o 2º ciclo, da 3ª à 5ª classe e o 3º ciclo, 6ª e 7ª classes. A idade oficial de entrada na primeira classe é de seis anos. As escolas primárias funcionam normalmente em dois turnos de 5 horas, um de manhã e outro à tarde. Para acomodar a expansão do sistema, algumas escolas primárias, principalmente nas cidades, funcionam em três turnos de 3,5 horas. Algumas escolas leccionam também o EP2 no turno nocturno, mas isto está a diminuir. Menos de 2% dos alunos frequentam o ensino primário em escolas privadas ou comunitárias. Após a conclusão do Ensino Primário os alunos podem continuar os seus estudos no Ensino Secundário Geral ou no ensino Técnico-Profissional de nível básico. O ensino pré-primário que, por lei, é parte do sistema nacional de educação é, actualmente, principalmente oferecido por creches e escolinhas do Ministério da Mulher e Acção Social, das organizações não governamentais ou comunitárias e pelo sector privado. 1.2.2 Ensino secundário O ensino secundário geral é dividido em dois ciclos: o primeiro compreende 3 classes, da 8ª à 10ª classe. Depois de completado este nível de ensino, o aluno pode continuar os seus estudos no segundo ciclo (11ª e 12ª classes), que antecede a entrada no ensino superior. Alternativamente, o aluno que completou a 10ª classe pode ingressar no ensino técnico-profissional, nível médio, incluindo os Institutos de Formação dos Professores. O ensino secundário não é gratuito. Não há exames de admissão. Para responder à grande procura para lugares no ensino secundário, este nível de ensino opera com turnos nocturnos, principalmente para os alunos mais velhos (com mais de 15 anos). 1 Fonte: MICS, 2008, para população com 15 ou mais anos de idade. 2

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Além disso, estão a surgir muitas escolas privadas neste nível de ensino, particularmente nas cidades, que são frequentadas em 2010 por 9,5% do total de alunos do ensino secundário, em 2010. Recentemente. O MINED introduziu um programa de ensino secundário à distância, ainda com uma cobertura limitada. 1.2.3 Ensino superior Ensino superior inclui as universidades, escolas e institutos superiores públicos e privados. Para ingressar no ensino superior os alunos têm que concluir a 12ª classe do ensino geral ou equivalente do ensino técnico e aprovar num exame de admissão. 1.3 Administração do sistema A responsabilidade pela administração dos serviços de educação e a gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros é cada vez mais descentralizada com as escolas e as instituições com crescente autoridade financeira e poder para tomar de decisões. O Ministério da Educação é o responsável pela elaboração das políticas nacionais e pelo acompanhamento e monitoria através de um sistema integrado de planificação, orçamentação e monitoria, assegurando coerência contínua com as grandes prioridades e objectivos do Governo. Ao mesmo tempo, o Ministério tem o papel de desenvolver padrões educativos, incluindo o desenvolvimento curricular, investigação educativa, e a regulamentação dos procedimentos, qualificações, da criação e funcionamento das instituições de ensino, etc.. Ao nível das províncias e dos distritos existem as Direcções Provinciais de Educação e Cultura (DPECs) bem como os Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJTs). Estas entidades são responsáveis pela gestão local do sistema de Educação, desde a abertura de escolas primárias até à colocação e movimentação dos professores. As províncias detêm um orçamento provincial que é partilhado com as escolas secundárias, técnicas e algumas Escolas Primárias Completas e com os SDEJTs. As escolas do Ensino Primário beneficiam, desde 2003, do fundo de Apoio Directo às Escolas para o seu financiamento. 2. O enquadramento político 2.1 Os documentos orientadores 2.1.1 Os instrumentos políticos do Governo A Constituição de Moçambique estabelece a educação como um direito, bem como um dever, de todos os cidadãos. O Governo reconhece o papel chave da educação para a melhoria das condições de vida e para a redução da pobreza. O enfoque do Governo na área de educação é de assegurar que até 2015 todas as crianças tenham acesso e possam completar um Ensino Primário de sete classes. Ao mesmo tempo, é reconhecido que o ensino primário não é suficiente para apoiar e sustentar os processos de desenvolvimento nacional do País num contexto de uma economia e sociedade globalizada. O Governo promove uma visão holística do 3

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE desenvolvimento do sistema, que implica desenvolver em paralelo também o ensino pós-primário, secundário, técnico e superior, de qualidade como forma de dar resposta às necessidades de uma educação ao longo da vida para o desenvolvimento do capital humano e da economia do país. Existem diferentes instrumentos políticos e estratégicos que guiam os processos de planificação, orçamentação e de monitoria ao nível do país (veja o Quadro 1). Quadro 1: Os instrumentos políticos e estratégicos do Governo de Planificação, Orçamentação e Monitoria Agenda 2025: reflecte a visão de longo prazo para o desenvolvimento do País. Plano Quinquenal do Governo (PQG): os objectivos e prioridades chaves do Governo num mandato de cinco anos. Plano de Acção para a Redução da Pobreza (Absoluta) (PARP(A)): a estratégia de médio prazo do Governo para reduzir o índice de pobreza. Cenário Fiscal de Médio Prazo (CFMP): Instrumento que define os limites para a implementação do PARPA no médio prazo (três anos, rolante). Planos Estratégicos Sectoriais e Provinciais: planos estratégicos de médio prazo para os ministérios ou províncias que traduzem os objectivos principais do governo (do PQG) em estratégias específicas para atingir estes objectivos. (Balanço do) Plano Económico e Social ((Bd)PES): o plano anual que operacionaliza as linhas gerais do PQG e do PARPA, traduzindo as estratégias sectoriais ou provinciais em acções concretas para serem implementados no ano concernente. A sua implementação é avaliada semestralmente através do Balanço do PES. (Relatório de Execução do) Orçamento de Estado ((R)OE): o orçamento que define os fundos disponibilizados para a implementação das acções especificadas no PES. A sua execução é monitorada trimestralmente através do Relatório de Execução do Orçamento. O Programa de Actividades (PdA): instrumento específico do sector da educação que traduz as acções do PES em actividades concretas e que liga estas com o orçamento disponibilizado para a sua implementação (através do Orçamento de Estado ou outras contribuições conhecidas mas não inscritas no orçamento). A Figura 2 liga os instrumentos principais de planificação e orçamentação do Governo ao nível macro e sectorial, que são especificados no Quadro 1. 4

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Figura 2: Enquadramento dos instrumentos de Planificação, Orçamentação e de Monitoria do Governo Plano Quinquenal do Governo (PQG) Planos Orçamentos PARPA Plano Estratégico PEE do Sector CFMP (PEE) PES BdPES Plano de Actividades (PdA) OE REO 2.1.2 Os planos estratégicos do sector da Educação Os planos estratégicos do sector seguem e concretizam a Política Nacional de Educação (1995), que enfatiza a educação como um direito humano e instrumento chave para a redução da pobreza. O primeiro Plano Estratégico da Educação (PEE) vigorou de 1998 a 2005. O enfoque esteve centrado no ensino primário com os objectivos específicos de aumentar o acesso, melhorar a qualidade e reforçar a capacidade institucional. Seguiu-se o Plano Estratégico de Educação e Cultura (PEEC) 2006-2010/11 ainda em vigor, que operacionaliza o PQG 2005-2009. O PEEC, na área de educação enfatiza os objectivos do anterior PEE que permanecem válidos. Contudo, foi dada maior ênfase à melhoria da qualidade da educação e à retenção dos alunos até à 7ª classe para atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio na Educação. Ao mesmo tempo, o PEEC prevê um aumento dos esforços para desenvolver o ensino pós-primário e reduzir o analfabetismo com o objectivo de criar a capacidade humana necessária para sustentar uma economia em constante crescimento. O PEEC incorpora o subsistema de Ensino Superior e a área de Cultura. Está em elaboração o próximo plano estratégico (2011/12 2015/16), que operacionaliza o novo Plano Quinquenal do Governo (2010-2014 (veja o ponto 5.3, página 45). O Plano Quinquenal de Governo para 2010-2014 continua a privilegiar o Ensino Primário de sete classes para todos, bem como o desenvolvimento do sistema pós-primário. A redução do analfabetismo numa perspectiva de aumentar a capacidade individual de melhorar a qualidade da sua vida e da sua família, continua uma das grandes 5

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE preocupações do Governo. Assim, o novo plano estratégico reflectirá a continuação e consolidação das estratégias principais existentes do sector. 2.2 A parceria entre o Ministério e os seus parceiros 2 2.2.1 Antecedentes A implementação dos planos estratégicos do sector é apoiada por uma forte parceria no contexto de uma abordagem sectorial. O enfoque da parceria concentra-se na eficácia e eficiência da ajuda externa através do apoio financeiro e técnico à implementação de um único plano com um único orçamento, concebido, gerido e implementado pelo governo. O actual arranjo de colaboração entre o Ministério e os seus parceiros nasceu com a elaboração do primeiro plano estratégico do sector em 1998. Ao longo dos últimos anos o diálogo amadureceu evoluindo para um diálogo aberto, transparente e franco. Existem quatro instrumentos chaves para guiar a parceria entre o Ministério e os seus parceiros 3 : 1. O Plano Estratégico do Sector que define as prioridades do Governo e as estratégias principais para atingir os objectivos. O plano estratégico é um documento orientador também para as intervenções dos parceiros externos 4 ; 2. A matriz de indicadores e metas (E-QAD) que foi desenhada para avaliar o desempenho do sector na implementação do seu plano estratégico; 3. O Memorando de Entendimento (MdE) que define os procedimentos para a canalização dos fundos externos através do fundo comum (FASE) 5 ; 4. Os Termos de Referência do diálogo, acordado em 2005, que define as plataformas de diálogo entre o MINED e os seus parceiros. O diálogo ao nível do sector é integrado na estrutura macro de diálogo entre o Governo e os seus parceiros no contexto da monitoria da implementação do Plano de Acção de Redução da Pobreza (PARP(A)). 2.2.2 Plataformas de diálogo A parceria entre o MINED e os seus parceiros de cooperação e da sociedade civil é orientada por Termos de Referência que definem os objectivos dos diferentes níveis de diálogo: O desempenho anual do sector é avaliado e monitorado através das grandes reuniões (2 a 3 por ano). Participam nestas reuniões, os parceiros de cooperação, representantes da sociedade civil através da rede Movimento de Educação para Todos (MEPT), os membros de Conselho Consultivo do Ministério, directores provinciais e os membros dos diferentes grupos de trabalho; 2 3 4 5 Local Education Group (LEG) na terminologia da FTI, que inclui representantes do Ministério, dos parceiros de cooperação e da sociedade civil. O diálogo entre o Ministério e os seus parceiros está aberto a todos os parceiros interessados, e não apenas aos subscritores do MdE do FASE. Através dos projectos bilaterais, bem como através das contribuições das ONGs. O FASE é o instrumento preferido pelo Ministério para a canalização dos fundos externos. 6

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Para acompanhar a implementação do plano estratégico e aumentar a capacidade do Ministério foram criados grupos de trabalho ao nível técnico, com o objectivo principal de discutir assuntos estratégicos por subsector. Estes grupos de trabalho 6 são chefiados pelo director nacional da área e incluem representantes dos parceiros de cooperação e também da sociedade civil (ONGs); Foi criado um comité de coordenação (o GCC), chefiado pela Secretária Permanente, incluindo os directores de Planificação e Cooperação e de Administração e Finanças pelo lado do Ministério e a equipa de coordenação dos parceiros com o objectivo de facilitar a coordenação entre o Ministério e os seus parceiros e assegurar o seguimento das recomendações das grandes reuniões. 2.2.3 Os parceiros de cooperação O grupo de parceiros de cooperação é constituído pelos parceiros bilaterais, organizações das Nações Unidades e os diferentes bancos internacionais. Neste momento o grupo é composto por 23 parceiros de cooperação 7 que participam activamente numa ou noutra plataforma de diálogo. Para facilitar o diálogo com o Ministério, os parceiros são coordenados através de uma equipa de coordenação, composta por duas ou três agências que constituem o ponto de ligação entre o Ministério e os parceiros. A composição da equipa de coordenação é anualmente 8 acordada entre o Ministério e os seus parceiros. Neste momento a equipa de coordenação é composta pela Irlanda (ponto focal), Alemanha (através da GTZ) e UNICEF. 2.2.4 Envolvimento da sociedade civil Embora o diálogo ao nível central seja ainda dominado pelo Ministério e os parceiros de cooperação, a participação da sociedade civil é cada vez mais forte. A sociedade civil, através da rede nacional Movimento de Educação Para Todos (MEPT), participa nos grandes encontros, bem como nos grupos de trabalho, contribuindo para a elaboração dos planos estratégicos, dos planos anuais, bem como na monitoria e no acompanhamento aos diferentes níveis. A participação da sociedade civil é mais forte ao nível local, onde está directamente envolvida na provisão de educação. 6 7 8 O enfoque é na contribuição técnica. Os grupos de trabalho representam também uma plataforma para canalizar o apoio técnico externo de maneira coordenada. Alemanha, Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento, Canadá, a Cooperação Flandres, Cuba, Dinamarca, DFID (Inglaterra), Espanha, FAO, Finlândia, Irlanda, Islândia, Itália, Japão, os Países Baixos, PNUD, Portugal, PMA, UNESCO, UNICEF, UNIFEM, USAID. A frequência de mudança da equipa de coordenação depende principalmente da vontade e disponibilidade das agências e do seu pessoal. Para estabelecer uma base de confiança, necessária para ter um diálogo aberto e franco, a continuidade e consistência do diálogo entre ambos lados é crucial. 7

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 2.3 O papel da FTI no desenvolvimento do sector 2.3.1 O que é a FTI e o Fundo Catalítico? A Iniciativa Acelerada de Educação para Todos (FTI) foi lançada em 2002 com o objectivo de acelerar o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODMs): assegurar a conclusão de um ensino primário para todas as crianças em 2015. A FTI segue o compromisso da comunidade internacional feito no 4º Fórum Mundial sobre Educação para Todos em Dakar, segundo o qual nenhum país comprometido com a provisão de uma educação básica para todos e com um plano credível ficaria limitado de alcançar este objectivo por falta de recursos financeiros. Para facilitar a canalização de fundos adicionais para apoiar a implementação de planos credíveis, mas não adequadamente financiados, foi criado, em 2003, o Fundo Catalítico 9. 2.3.2 FTI em Moçambique O envolvimento directo com a FTI em Moçambique conhece, até agora, duas fases distintas: A primeira fase, 2002/2003, quando Moçambique foi convidado a participar na FTI, caracterizou-se pela preparação de um plano para a FTI para alcançar os objectivos do milénio. O documento reflectiu, entre outras, as seguintes reformas: A abolição das taxas de matrícula para o ensino primário, acompanhada pela introdução de um mecanismo de apoio directo às escolas; A expansão do ciclo do ensino primário de 5 para 7 anos, acompanhada pela introdução de um novo currículo para suportar esta nova abordagem; A aceleração da formação dos professores; A construção de salas de aula com custos controlados através do envolvimento das comunidades; A introdução de uma gestão cada vez mais descentralizada (até às escolas com maior envolvimento das comunidades através dos Conselhos de Escola). Este plano foi endossado pela parceria nacional e internacional da FTI em Março de 2003. O documento constituiu a base para a elaboração do novo plano estratégico do sector (o PEEC 2006-2010/11, na parte sobre o ensino primário), que foi aprovado pelo Governo em Junho de 2006. Os parceiros de cooperação (ao nível do país) reafirmaram a credibilidade deste plano e comprometeram-se a aumentar o financiamento para apoiar a sua implementação. A segunda fase de envolvimento com a FTI começou em 2007, beneficiando da expansão do Fundo Catalítico para todos os países endossados pela FTI. Apesar do 9 O Fundo Catalítico foi criado em primeiro lugar (2003) para apoiar os países com poucos parceiros externos. Quando ficou claro que também países com muitos parceiros tinham dificuldades de obter mais fundos, devido às barreiras internas das agências, o Fundo Catalítico foi expandido para potenciar todos os países endossados pela FTI (2007). 8

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE aumento substancial dos fundos disponibilizados ao sector (fonte externa e interna) 10, continuava a existir um défice financeiro no financiamento para a implementação do PEEC 2006-2010/11. O pedido de Moçambique de 79 milhões de USD 11 foi honrado e o financiamento do Fundo Catalítico da FTI foi canalizado através do Fundo Comum do Sector de Educação (FASE) para apoiar a implementação do plano estratégico do sector em 2008, 2009 e 2010. 2.3.3 O pedido para o Fundo Catalítico Actualmente estamos a entrar na terceira fase de envolvimento com a FTI que implicará um novo pedido de financiamento de cerca de 160 milhões de USD (2011-2013), que visa principalmente assegurar a continuação da implementação dos programas chaves do sector como concebidos no PEEC endossado. Este pedido é suportado por uma análise dos progressos feitos ao longo dos últimos anos à luz das prioridades do Governo, as lições aprendidas e os grandes desafios para o futuro, bem como os recursos financeiros e humanos já disponíveis e/ou comprometidos para os próximos anos. No contexto da elaboração do próximo plano estratégico para 2012-2016, está em curso uma profunda reflexão 12 sobre o futuro desenvolvimento do sector, com base na experiência com a implementação do actual plano. Esta reflexão resultará numa proposta clara que vai concorrer para a consolidação, melhoria e, se necessário, ajustes aos programas existentes com o objectivo de melhorar o desempenho do sector ao longo dos próximos anos. Para dar continuidade ao reforço da capacidade aos diferentes níveis de sistema em termos de planificação e gestão financeira, o Ministério continuará a privilegiar a canalização dos fundos externos através do Fundo Comum (FASE), que promove o uso dos sistemas nacionais. O Banco Mundial continuará como entidade supervisora dos fundos do Fundo Catalítico (FC-FTI). 3. Os resultados do sector através dos principais indicadores 3.1 Introdução O enfoque do sector ao longo dos últimos anos foi orientado para três grandes vertentes, nomeadamente: 1. Aumentar o acesso, reduzindo as disparidades geográficas e de género; 10 Veja-se o Gráfico 22 na página 58. 11 O pedido original que visava cobrir o défice financeiro estimado era para dois anos (34 milhões de USD para 2008 e 43 milhões de USD para 2009). Contudo, e na sequência da reentrada da Dinamarca após a aprovação da concessão, foi acordado desembolsar a contribuição em três anos (28 milhões de USD em 2008, 30 milhões de USD em 2009, 21 milhões de USD em 2010). 12 A reflexão está a ser feita através de vários processos: discussões ao nível dos grupos de trabalho conjuntos com os parceiros, ao nível das províncias, internamente ao nível da ministério e através de uma avaliação do actual plano estratégico que está a decorrer neste momento. 9

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 2. Melhorar a qualidade do ensino; 3. Fortalecer a gestão do sistema administrativo da educação em todos os níveis. O Plano Estratégico de Educação e Cultura 2006-2010/11, operacionalizou este enfoque através das seguintes acções principais: As acções para aumentar o acesso concentraram-se por um lado na expansão da rede escolar através da construção de infra-estruturas educacionais e, ao mesmo tempo, na implementação de medidas específicas para evitar a exclusão por razões financeiras, culturais ou de género; Para melhorar a qualidade de ensino o enfoque das intervenções foi nas reformas curriculares, na provisão de livros escolares e de outros materiais didácticos em quantidades suficientes, fornecidos em tempo útil, no desenvolvimento de um sistema integrado para a formação e capacitação de professores e no aumento do recrutamento anual de novos professores formados; Para um melhor desempenho na prestação dos serviços educacionais através do aumento da capacidade institucional, o enfoque do Ministério da Educação foi no sentido de tornar o sistema educativo, desde o nível central até à escola, cada vez menos burocrático, mais criativo, mais dinâmico, que esteja mais próximo dos alunos, dos pais e encarregados de educação e da comunidade, e disposto a prestar contas sobre a sua actuação. Uma atenção especial foi dada à melhoria do sistema de planificação, gestão financeira e monitoria da implementação dos programas do sector, através da descentralização quer de responsabilidades, quer de recursos financeiros até ao nível da escola. A missão do sector é promover a oferta de serviços educativos de qualidade, com equidade, formando cidadãos capazes de intervir activamente no combate à pobreza e na promoção do desenvolvimento económico e social do país. Em consequência, as intervenções principais do sector integram acções específicas e assuntos transversais de modo a assegurar que todos tenham a oportunidade de beneficiar dos serviços educativos, independentemente do sexo, religião, status económico e social ou de outras particularidades 13. 3.2 Progressos ao nível do sector NB: A fonte de informação para esta parte do documento é a informação estatística produzida pelo sector. O sector possui uma rica base de dados a partir de 1992. As taxas de cobertura foram calculadas na base de projecções da população muito recentes e ainda preliminares (Julho 2010) para o período 2007 2010, a partir do censo da população de 2007. As taxas referidas no documento poderão variar em relação a documentos anteriores. Ainda não existem projecções corrigidas para o período anterior a 2007 e posterior a 2011. Assim, o enfoque será na apresentação dos 13 Incluindo ser portador de deficiência, estado de seroprevalência, etc.. 10

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE números absolutos e nas mudanças percentuais de crescimento ao longo os últimos anos (em vez do uso de taxas de cobertura). Os esforços do Governo resultaram num sistema expandido em todos os níveis com particular realce para o nível pós-primário, quer em termos de expansão da rede escolar, quer em termos da participação dos alunos (Quadro 2 e Quadro 3). Em apenas dez anos o número de alunos no ensino primário duplicou, enquanto o número de alunos no ensino secundário cresceu quatro vezes no primeiro ciclo e oito vezes no segundo ciclo. Quadro 2: Crescimento da rede escolar por nível de ensino leccionado, 2000-2010 (diurno, público, privado e comunitário) Nível Número de escolas Crescimento (%) 2000 2003 2007 2010 2003/2010 Ensino Primário, 1º Grau 7.072 8.077 9.303 10.444 29% Ensino Primário, 2º Grau 522 950 1.842 2.990 215% Ensino Secundário Geral, 1º Ciclo 92 125 255 374 199% Ensino Secundário Geral, 2º Ciclo 20 29 58 119 310% Ensino Técnico (*) 36 44 97 120% Ensino Superior (público) (*) 9 17 89% Ensino Superior (privado) (*) 8 21 163% (*) Para o Ensino Técnico e Ensino Superior os dados referem-se aos anos 2004 e 2009. Quadro 3: Crescimento do número de alunos, por nível de ensino e por sexo, 2004-2010 (diurno e nocturno, público, comunitário e privado) 2000 2003 2007 2010 Variação Nível 2003/2010 HM %M HM %M HM %M HM %M HM Ensino Primário 2.582.560 42,9% 3.314.763 44,7% 4.641.665 46,5% 5.352.062 47,3% 61% ESG - 1º ciclo 129.278 40,5% 235.811 40,7% 514.324 43,3% 728.497 46,2% 209% ESG - 2º ciclo 19.348 39,1% 38.192 39,3% 95.779 40,7% 179.608 43,1% 370% AEA (1º 3º ano) (*) 478.030 56,4% 674.934 61,8% 680.455 64,0% 42% Ensino Técnico 20.136 27,9% 23.602 27,8% 40.214 29,8% 45.679 33,2% 94% Ensino Superior (**) 22.256 31,6% 81.250 37,9% 265% (*) Os dados referidos aos programas de AEA apenas incluem os programas formais do Ministério. As actividades de educação não formal não estão incluídas, como são os casos da Alfa-Rádio, Alfalit, Felitamo, Família sem Analfabetismo, Reflect e alfabetização em línguas nacionais, cuja cobertura estatística terá início em Janeiro de 2011. Os últimos dados referem-se a 2009. (**) Os dados da coluna de 2003 referem-se a 2004 e os da coluna de 2010 referem-se a 2009. HM: Total de alunos (ambos os sexos). %M: Percentagem de alunos do sexo feminino. 11

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Gráfico 1: Estrutura do sistema da educação, por níveis e classes, Ensino Geral, 2004 e 2010 (diurno, nocturno, ensinos público, privado e comunitário) 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 2010 2004 Ep1 Ep2 Esg1 Esg2 Níveis 25% 20% 15% 10% 5% 0% 2010 2004 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª Classes O Gráfico 1 mostra que a estrutura do sistema educativo está a mudar. Apesar da maior parte dos alunos estar nas escolas primárias (principalmente no EP1), a proporção que está no segundo grau do ensino primário (EP2) e no ensino secundário está a aumentar. A expansão do sistema foi acompanhada pelo aumento do número de professores. No Ensino Geral (excluindo o segundo nível do Ensino Secundário ESG2) o número cresceu de 65 mil professores em 2004 para 103 mil em 2010, principalmente a partir de 2007. A proporção das professoras aumentou de 28% para 37% no mesmo período com destaque maior no ensino primário, primeiro grau. Quadro 4: Número de professores no Ensino Geral (EP e ESG1), total, percentagem de professoras e percentagem de professores sem formação, 2004-2010 (diurno, público, privado e comunitário) Ano EP1 EP2 ES1 Total Total %M %S/F Total %M %S/F Total %M %S/F Total %M %S/F 2004 48.093 30% 44% 11.072 23% 26% 5.795 16% 27% 64.960 28% 38% 2005 47.387 32% 42% 11.592 23% 25% 6.566 16% 27% 65.545 29% 37% 2006 48.452 33% 38% 13.070 25% 21% 7.486 17% 25% 69.008 30% 32% 2007 54.481 35% 40% 15.640 27% 21% 8.837 16% 28% 78.958 32% 34% 2008 58.120 37% 36% 18.183 29% 19% 10.195 17% 25% 86.498 33% 31% 2009 62.680 39% 31% 20.073 30% 18% 11.353 18% 20% 94.106 35% 26% 2010 67.707 42% 26% 22.529 31% 17% 12.889 19% 17% 103.125 37% 22% %S/F: Percentagem de professores sem formação pedagógica. A proporção de professores sem formação pedagógica reduziu significativamente no ensino primário, bem como no 1º ciclo do ensino secundário a partir de 2008, um ano após a introdução do novo modelo de formação de professores para estes níveis de ensino. 12

DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Gráfico 2: Evolução do número de professores e da percentagem de professores sem formação por nível de ensino, 2004-2010 (diurno, público, privado e comunitário) Nº Prof EP1 Nº Prof EP2 Nº Prof ESG1 % sem formação (total) 80.000 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 0 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% De igual modo, os esforços do Governo contribuíram para um aumento significativo do número de graduados em todos os níveis de ensino, com particular realce no ensino secundário (Quadro 5). Como se pode verificar, os progressos quer ao nível do acesso, quer ao nível do aproveitamento, foram maiores para as raparigas do que para os rapazes. O Quadro 3 e o Quadro 5 mostram um crescimento superior para as raparigas, significando que a disparidade de género está a diminuir em todos os níveis do ensino. Quadro 5: Evolução do número de graduados, por nível de ensino e sexo, 2004-2009 (diurno e nocturno, público, comunitário e privado) Classe 5ª classe 7ª classe 10ª classe 12ª classe Sexo Anos Crescimentos 2004 2008 2009 2004/2008 2008/2009 Sexo feminino 97.791 193.127 191.615 97,5% -0,8% Ambos os sexos 237.930 420.403 415.889 76,7% -1,1% Sexo feminino 67.375 119.284 119.988 77,0% 0,6% Ambos os sexos 166.119 272.235 265.969 63,9% -2,3% Sexo feminino 11.839 36.689 44.762 209,9% 22,0% Ambos os sexos 31.894 87.496 103.532 174,3% 18,3% Sexo feminino 2.777 14.623 13.124 426,6% -10,3% Ambos os sexos 7.670 35.172 32.044 358,6% -8,9% Apesar do aumento significativo dos números de graduados desde 2004, a redução do aproveitamento escolar verificada em 2009 particularmente no ensino primário, comparativamente aos anos anteriores, é preocupante. 13