INCIDÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS E DE BACTÉRIAS DA FAMÍLIA ENTEROBACTERIACEAE EM CÉDULAS DE R$ 1,00, R$ 5,00, R$ 10,00 E R$ 50,00

Documentos relacionados
ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE MÃOS DE MANIPULADORES, MÁQUINAS DE MOER CARNE E FACAS DE CORTE, EM SUPERMERCADOS DA CIDADE DE APUCARANA- PR

3/23/17. n_antibiotics_don_t_work_any_more?language=en

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA EM UNIDADES DE SAÚDE

AVALIAÇÃO TÉCNICA E FINANCEIRA ENTRE O CHROMAGAR E OS MEIOS USUAIS DE ANÁLISE MICROBIOLÓGICA

06/10/2017. Microbiologia da água

Microbiologia ambiental 30/09/201 4

Controle de qualidade na produção leiteira: Análises Microbiológicas

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA EM TELEFONES CELULARES

TÍTULO: ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE ESPONJAS UTILIZADAS NA HIGIENIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS DE COZINHA DE RESTAURANTES DO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS-GO

Procedimentos Técnicos Código: PROMIC NOME FUNÇÃO ASSINATURA DATA Renato de Lacerda Barra Filho Renato de Lacerda Barra Dr.

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Avaliação de Coliformes Termotolerantes em Bebedouros

Profa. Patricia Dalzoto Departamento Patologia Básica Universidade Federal do Paraná

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Ana Paula L. de Souza, Aluna do PPG Doenças Infecciosas e Parasitarias (ULBRA); Gabriela Zimmer (Médica Veterinária);

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE SANDUÍCHES NATURAIS COMERCIALIZADOS EM ARAPONGAS PARANÁ SILVA, M.C; TOLEDO, E

BACTÉRIAS DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-SANITÁRIA 1

Universidade de São Paulo Instituto de Física de São Carlos Bacharelado em Ciências Físicas e Biomoleculares Microbiologia 2016

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE MICRORGANISMOS EM CASCAS DE OVOS EXPOSTOS EM COMÉRCIO POPULAR NA REGIÃO DE GUARULHOS SP

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE DOENÇAS BACTERIANAS

ANALISE MICROBIOLÓGICA DE AMBIENTE HOSPITALAR: STAPHILOCOCUS AUREUS

Uninassau PRONATEC Técnico em Serviços de Restaurante e Bar

Controle de qualidade na produção leiteira: Análises Microbiológicas

PROBLEMATIZAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS: ANÁLISE DA PRESENÇA DE COLIFORMES NO LAGO DO JABUTI

Análise Técnica. Segurança Microbiológica de Molhos Comercializados em Embalagens Tipo Sache: Avaliação de um Abridor de Embalagens

FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS: n s u m o. A b a t e d o u r. n s u m i d. Alterações da Microbiota. Alteração da Qualidade Microbiológica

UNESP INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA MEDICINA. Disciplina de Microbiologia Humana

UNESP INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA

Coprocultura. Identificação de Bacilos Gram-negativos

UNESP INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA MEDICINA. Disciplina de Microbiologia Humana

Universidade Estadual do Norte do Paraná/Campus Luiz Meneghel. Ciências Agrárias, Medicina Veterinária

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA UTILIZADA NO IFG - CÂMPUS ANÁPOLIS

Procedimentos Técnicos. NOME FUNÇÃO ASSINATURA DATA Renato de. Coordenador da Qualidade

MICRO-ORGANISMOS DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-SANITÁRIA 1

ESTUDO PRELIMINAR DA MICROFLORA BACTERIANA DA ÁGUA SUBTERRÂNEA DO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES

SUMÁRIO SUMÁRIO... LISTA DE FIGURAS... LISTA DE TABELAS... ÍNDICE DE ANEXOS... RESUMO... ABSTRACT INTRODUÇÃO... 1

Poluição Ambiental Indicadores Microbiológicos de Poluição Hídrica. Prof. Dr. Antonio Donizetti G. de Souza UNIFAL-MG Campus Poços de Caldas

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CÃMPUS JATAÍ PLANO DE ENSINO

MICRO-ORGANISMOS DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-SANITÁRIA 1

Disciplina: Controle de Qualidade Série: 2ª Turmas: L/N/M/O. Curso: Técnico em Agroindústria. Professora: Roberta M. D.

Minas Betim. Rua do Rosário, Bairro Angola. - Betim, Minas Gerais, Brasil, CEP

PESQUISA DE SALMONELLA EM MOLHOS PRODUZIDOS E COMERCIALIZADOS EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO NA CIDADE DE MONTES CLAROS MG

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE LINGUIÇAS MISTAS COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE LIMOEIRO DO NORTE - CEARÁ

UNESP INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS. Disciplina de Microbiologia

Detecção de Coliformes e Listeria momocytogenes nos Tanques de Produção de Queijos em Laticínios no Sul de Minas Gerais

Universidade Federal de Minas Gerais Colégio Técnico Plano de Ensino

TÍTULO: ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE JALECOS UTILIZADOS PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE SERVIÇOS DE SAÚDE

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM ESPONJAS DE USO DOMÉSTICO. REZENDE, Catia 1 ORTINS, Alci Kelli Nogueira 2 ARAÚJO, Geovana Gabriela Sabino 3 RESUMO

Bactérias não-fermentadoras

Utilizada para diagnóstico das infecções no trato urinário. As infecções podem ser causadas por higiene inadequada, retenção urinária, obstrução

Procedimentos Técnicos. NOME FUNÇÃO ASSINATURA DATA Dr. Renato de Lacerda Barra Filho Dr. Ivo Fernandes. Gerente da Qualidade Biomédico

Avaliação da qualidade microbiológica do leite pasteurizado tipo C produzido na região de Araguaína-TO

1. Área de concentração: Bioquímica básica e clínica

TÍTULO: DESENVOLVIMENTO DA POPULAÇÃO DE STAPHYLOCOCCUS EM PATÊ DE PEITO DE PERU SABOR DEFUMADO DURANTE 45 DIAS DE ARMAZENAMENTO

Microbiologia alimentar Medronho. Maria João de Almeida Pessoa Trigo. Escola Secundária Fonseca de Benevides, Lisboa 4 de Fevereiro de 2014

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO CALDO DE CANA COMERCIALIZADO NO CENTRO DO MUNICÍPIO DE TERESINA-PI

Revista Interdisciplinar de Ciências Médicas - Anais - Teresina-PI CNPJ: / Registro:

Técnicas Microbiológicas

A urina é constituída por uréia e outras substâncias químicas orgânicas e inorgânicas dissolvidas em água. Podem ocorrer grandes variações na

10º Encontro de Higienização e Lavanderia Hospitalar da Região Sul AÇÃO DESINFETANTE NO PROCESSO DE LAVAGEM EM ROUPAS HOSPITALARES

MICROBIOLOGICAL ANALYSIS OF SURFACE OF BEVERAGE CANS SOLD IN COMMERCIAL ESTABLISHMENTS AROUND THE RUA 25 DE MARÇO

CRONOGRAMA DE DISCIPLINA DA GRADUAÇÃO

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE LINGUIÇA SUINA COMERCIALIZADA NO SUL DO RIO GRANDE DO SUL

Fontes de m.o. 16/09/2015. Fontes de m.o. Plantas. algumas plantas produzem metabolitos antimicrobianos. interiores geralmente estéreis

AVALIAÇÃO BACTERIOLÓGICA EM AMOSTRAS DE AÇAÍ NA TIGELA COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE CARUARU PE

ANÁLISE DE CELULARES COMO FATOR DE RISCO PARA INFECÇÕES

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS FRESCAL PRODUZIDOS POR PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIPIO DE GUARAPUAVA E REGIÃO

ESTUDO RETROSPECTIVO DE 267 AFECÇÕES POR PROTEUS MIRABILIS E PROTEUS VULGARIS EM CÃES (2003 A 2013)

MONITORAMENTO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DOS SUCOS DE FRUTA COMERCIALIZADOS EM UM CAMPUS UNIVERSITÁRIO NA CIDADE DE TERESINA-PI

3/23/17. A peste em Nápoles, 1656, Micco Spadara ( )

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DE ANTIBIOTICOS CONTRA BACTÉRIAS PATOGÊNICAS

INSETOS DO ATERRO SANITÁRIO DE PONTA GROSSA, PARANÁ, COMO POTENCIAIS DISSEMINADORES DE ENTEROBACTÉRIAS PATÓGENAS

TÉCNICAS DE SEMEADURA E ISOLAMENTO DE MICRORGANISMOS

Faculdade da Alta Paulista

Shigella. Topicos. Prof. Assoc. Mariza Landgraf. Introdução. Características da doença Tratamento Prevenção e Controle 03/04/2017

Avaliação do antagonismo antibacteriano de corantes comerciais aplicados no controle a patógenos para tingimento têxtil

Métodos físicos e químicos no controle microbiano de esponjas de Poliuretano usadas em unidades de alimentação de Montes Claros, MG

Contagem de coliformes totais e coliformes termotolerantes em alimentos. Prof a Leila Larisa Medeiros Marques

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

ESTUDO RETROSPECTIVO DE 81 AFECÇÕES POR PROTEUS MIRABILIS E PROTEUS VULGARIS EM ANIMAIS DE PRODUÇÃO (2003 A 2013)

Pesquisa de coliformes em leite tipo C comercializado em supermercados do

AVALIAÇÃO HIGIÊNICO-SANITÁRIA DE LINGUIÇAS SUÍNAS DO TIPO FRESCAL COMERCIALIZADAS NA REGIÃO DE PELOTAS-RS

ANÁLISE BACTERIOLÓGICA DE CÉDULAS MONETÁRIAS EM CIRCULAÇÃO NA FEIRA MUNICIPAL DE SÃO LUIS DE MONTES BELOS

Análise de microrganismos do grupo Staphylococcus aureus

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA

Introdução. Graduando do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 3

MEIO DE CULTURA. DEFINIÇÃO: São preparados especiais com finalidade de cultura e isolamento de microrganismos.

Plano de Ensino. Curso. Identificação UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO. Câmpus de Bauru

QUALIDADE DA ÁGUA DA RIBEIRA DA ASPRELA PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS

em sorvetes Introdução

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO SUSHI COMERCIALIZADO NA CIDADE DE SOBRAL-CE

Avaliação microbiológica de polpas de frutas comercializadas na cidade de Juazeiro do Norte CE.

DIVERSIDADE MICROBIANA EM ALGUNS MATERIAIS DO LIXO HOSPITALAR DE UM HOSPITAL PÚBLICO NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA, SUDOESTE DO PARÁ, BRASIL

ARTIGO EXPERIMENTAL: ANÁLISE MICROBIOLÓGICA EM LATAS DE BEBIDAS MICROBIOLOGICAL ANALYSIS IN BEVERAGE CANS.

RELATÓRIO CUMULATIVO DA SUSCETIBILIDADE DOS AGENTES DE INFEÇÃO URINÁRIA AOS ANTIMICROBIANOS

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE ESPONJAS DE LIMPEZA UTILIZADAS EM UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO HOSPITALAR

ESTUDO COMPARATIVO DO PERFIL BACTERIANO DE TELEFONES PÚBLICOS NO TERMINAL RODOVIÁRIO URBANO DA LAPA E NO TERMINAL RODOVIÁRIO DE SALVADOR BA

DIÁRIO DE BORDO. Título do projeto: Efeito da UV em CSB como medida de biossegurança. Código do projeto: 378

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA HIGIENIZAÇÃO DE MESAS DE MANIPULAÇÃO DE FRUTAS E HORTALIÇAS DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DO IFMG CAMPUS BAMBUÍ RESUMO

Transcrição:

Incidência de Staphylococcus aureus e de bactérias da família iaceae em cédulas de R$ 1,00, R$ 5,00, R$ 10,00 e R$ 50,00 INCIDÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS E DE BACTÉRIAS DA FAMÍLIA ENTEROBACTERIACEAE EM CÉDULAS DE R$ 1,00, R$ 5,00, R$ 10,00 E R$ 50,00 Incidence of the Staphylococcus aureus and iaceae in brazilian Real bills Fernanda Ribeiro Inocente 1 Fernanda de Resende Gomes 1 Ivone Maria Ratiguieri 2. Resumo O dinheiro de papel é bastante manuseado, estando em contato com distintas microbiotas, tais como do ar, do solo, das mãos e até mesmo de alimentos. O objetivo deste estudo foi isolar e identificar Staphylococcus aureus e membros da Família iaceae em cédulas de R$ 1,00, R$ 5,00, R$ 10,00 e R$ 50,00. Considera-se que as cédulas de valores mais baixos possuam um maior crescimento bacteriano por serem mais manuseadas. Foram coletadas amostras de 200 cédulas. A presença de S. aureus e bactérias da família iaceae foram confirmadas em Agar Sal Manitol e teste da coagulase para o primeiro, e Agar MacConkey e séries bioquímicas para o segundo. Das 200 cédulas analisadas, 73,5% obtiveram crescimento bacteriano, sendo S. aureus a espécie mais freqüente no total, com 18,27%, e Serratia liquefaciens a mais encontrada da família iaceae, com 15,86%. Supõe-se que os microrganismos estão presentes nas cédulas devido ao intenso manuseio relacionados com a falta de higiene. Palavras-chave: Cédulas de Real; Staphylococcus aureus; iaceae; Higiene. Abstract The money bill is quite handled, being in contact with different bacterias, such as of the air, of the soil, of the hands and even of food. The objective of this study was to isolate and to identify Staphylococcus aureus and members of the Family iaceae in banknotes of R$ 1,00, R$ 5,00, R$ 10,00 and R$ 50,00. Considering that the banknotes of lower values possess a larger bacterial growth, for being more handled. It was collected samples of 200 banknotes. The presence of S. aureus and bacterias of the family iaceae was confirmed in Agar Sal Manitol and coagulase test for the first, and Agar MacConkey and biochemical series for the second. Out of the 200 analyzed banknotes, 73,5% obtained bacterial growth, being S. aureus the most frequent specie in the total, with 18,27%, and Serratia liquefaciens the more founded on the family iaceae, with 15,86%. It is supposed that, the microorganisms are present in the banknotes due to the intense handled, related with the hygiene lack. Keywords: Real bills; Staphylococcus aureus; iaceae; Hygiene. 1 Alunas do curso de Biologia PUCPR. 2 Professora Microbiologia PUCPR. 21

Fernanda Ribeiro Inocente; Fernanda de Resende Gomes; Ivone Maria Ratiguieri Introdução O dinheiro é uma unidade de troca que expressa o preço, logo, é qualquer objeto com o qual seja possível comprar ou vender bens, mercadorias e serviços (RIORI, 2002). A cédula, como é chamado o dinheiro de papel, existe desde 1618, quando foi posto em circulação na China (AYRES et al., 2001). Este papel substituiu a moeda cunhada e tem hoje grande importância, estando presente em quase todos os lugares (RIORI, 2002). Por sua importância e necessidade, a cédula é utilizada por todos, sendo assim bastante manuseada e permanecendo em contato com distintas microbiotas, tais como a das mãos, do ar, do solo e até mesmo de alimentos. Na superfície da cédula cria-se um bom habitat para diversas espécies microbianas que se proliferam a partir de resíduos e substâncias graxas das mãos (AYRES et al., 2001). Muitas vezes podem ocorrer contaminações das cédulas por microrganismos patogênicos, como Staphylococcus aureus e algumas espécies da família iaceae (COELHO, 2001). O Staphylococcus aureus é o patógeno humano mais importante entre os estafilococos (KONEMAN et al., 2001). Pode ser encontrado no ambiente externo e em várias partes do corpo, como fossas nasais, garganta, intestinos e pele (TRABULSI; TOLEDO, 1998). O S. aureus pode causar diversos processos infecciosos, desde infecções cutâneas, como foliculites e furúnculos (KONEMAN et al., 2001), até casos graves de artrite e osteomielite (FERREIRA; ÁVILA, 1996). Este patógeno é também responsável por intoxicações alimentares, que são provocadas pela ingestão de toxinas previamente formadas no alimento contaminado (TRABULSI; TOLEDO, 1998). Os membros da Família iaceae são bacilos gram-negativos, oxidase negativos, fermentadores de glicose, móveis por flagelos ou imóveis (PELCZAR, 1981). Habitam em sua maioria os intestinos dos homens e animais, seja como membros da flora normal ou como agentes infecciosos. Os principais gêneros desta Família são: Escherichia; Shigella; Salmonella; Citrobacter; Klebsiela; ; Serratia; Hafnia; Proteus; Edwardsiella; Morganella; Providencia; Yersinia e Erwinia. Algumas enterobactérias podem causar infecções intestinais e extra-intestinais (TRABULSI; TOLEDO, 1998). Segundo (AYRES et al., 2001), a presença de Escherichia coli e Salmonella sp em cédulas provenientes de açougues e peixarias indica que elas podem ser veículos disseminadores de bactérias, apresentando condições básicas para provocar infecções nos manipuladores. Portanto, tendo em vista que as cédulas podem estar contaminadas por microrganismos, e que alguns destes estão envolvidos em infecções, como a Salmonella sp e outros como a Escherichia coli, e são indicadores de qualidade sanitária, tevese o objetivo de avaliar as cédulas de R$ 1,00; R$ 5,00; R$ 10,00; e R$ 50,00 no presente trabalho. Método Para este trabalho, coletaram-se amostras de 200 cédulas, sendo 50 de cada valor. Os valores são R$ 1,00; R$ 5,00; R$ 10,00; e R$ 50,00. As cédulas analisadas procederam da Agência do Banco HSBC, da cantina, do xerox, e de colaboradores do bloco de Ciências Biológicas e da Saúde da PUCPR, Campus Curitiba. O material foi coletado com o auxílio de um swab umedecido em soro fisiológico, foi esfregado nos dois lados da cédula e depois imerso em tubo de ensaio contendo caldo BHI. Os tubos ficaram na estufa a 35 C por 48 horas na etapa de préenriquecimento. Em seguida, as amostras que apresentaram turvação foram semeadas pela técnica de esgotamento com alças bacteriológicas estéreis calibradas a 0,01ml nas placas de Agar Sal Manitol, meio de cultura no qual crescem Staphylococcus sp, e nas placas de Agar MacConkey. Neste tem-se o crescimento de bacilos gram-negativos, e é possível distinguir entre bactérias fermentadoras de lactose, que formam colônias vermelhas, das não fermentadoras que formam colônias brancas (TRABULSI; TOLEDO, 1998). As placas foram colocadas na estufa a 35 C por 48 horas. Consideraram-se amostras positivas, as placas de Agar Sal Manitol que apresentaram colônias amarelas. Partes destas colônias foram então submetidas à coloração de Gram para confirmar a presença de Staphylococcus sp. Quando confirmado, a outra parte da colônia foi utilizada no teste da coagulase. Neste teste, a presença de coágulo significa resultado positivo, confirmando-se que o microrganismo em questão é o Staphylococcus aureus (KONEMAN et al., 1993). 22

Incidência de Staphylococcus aureus e de bactérias da família iaceae em cédulas de R$ 1,00, R$ 5,00, R$ 10,00 e R$ 50,00 Nas placas de Agar MacConkey, o crescimento positivo foi determinado pela formação de qualquer colônia. Utilizou-se o teste da oxidase para confirmar a presença de membros da família iaceae, sendo que esta família é caracterizada pelo resultado negativo ao teste (KONEMAN et al; 1993). Confirmada a presença de colônias típicas, porções destas foram inoculadas com o auxílio de uma agulha bacteriológica em uma série bioquímica para identificação de Enterobactérias da marca Newprov. Esta série possui cinco tubos com diferentes provas: EPM modificado, caldo lisina, meio de MIO, Meio de Citrato e caldo RHAmnose. Depois de inoculadas as colônias os tubos são incubados a 35 C por 48 horas. Com os resultados das provas bioquímicas, obteve-se a identificação da espécie, consultando o Manual para Identificação de Enterobactérias da marca Newprov (PILONETTO; PILONETTO, 1998). Depois de analisados os resultados, calculou-se a porcentagem pela média aritmética. Resultados e Discussões A análise microbiológica das cédulas demonstrou a contaminação bacteriana no dinheiro de papel. Notou-se que houve um menor crescimento nas amostras coletadas de cédulas de R$ 50,00, o que já era esperado, considerando que são de valor maior, foram coletadas em sua maioria no banco, e foram até então pouco manuseadas. Considerou-se amostra positiva aquela que apresentou crescimento bacteriano nas placas de Agar sal manitol e/ou nas placas de Agar MacConkey, e a negativa caracterizou-se pela ausência de crescimento. As porcentagens dos resultados encontrados são observadas na figura 1. Figura 1 - Comparação dos resultados positivos e negativos nas cédulas coletadas de R$ 1,00, R$ 5,00, R$ 10,00 e R$ 50,00. porcentagem de amostras positivas e negativas 100% 80% 60% 40% 20% 0% 1 5 10 50 valores das cédulas em reais amostras positivas amostras negativas No total, das 200 cédulas analisadas, 73,5% demonstraram contaminação bacteriana, e as demais, 26,5%, foram consideradas amostras negativas. Entre as amostras positivas, encontrou-se 12 gêneros e 23 espécies diferentes de enterobactérias. As mais freqüente pertenciam aos gêneros Serratia,, Staphylococcus, Klebsiela e Escherichia, totalizando 24,98%, 24,05%, 18,27%, 13,46% e 10,11% das amostras analisadas, respectivamente. Os resultados são observados na figura 2, sendo que os valores menores de 1% foram desprezados. 23

Fernanda Ribeiro Inocente; Fernanda de Resende Gomes; Ivone Maria Ratiguieri Figura 2 - Principais gêneros de bactérias encontradas Em alguns casos mais de uma espécie foram identificadas a partir de uma cédula. Das 50 amostras coletadas de cédulas de R$ 1,00, 59 bactérias foram identificadas; nas de R$ 5,00 foram identificadas 69 bactérias, nas de R$ 10,00 encontraram-se 43 e nas de R$ 50,00, 37 bactérias, totalizando 208 bactérias identificadas nas 200 amostras. A espécie mais freqüentemente isolada foi Staphylococcus aureus, presente em 18,27% das amostras positivas. Entre os microrganismos pertencentes à família iaceae, a espécie mais freqüente Serratia liquefaciens, com 15,86%. Na tabela 1, observam-se todas as espécies encontradas no estudo com suas respectivas porcentagens. 24

Incidência de Staphylococcus aureus e de bactérias da família iaceae em cédulas de R$ 1,00, R$ 5,00, R$ 10,00 e R$ 50,00 Tabela 1 - Porcentagem das espécies encontradas nas diferentes cédulas. Bactérias R$ 1,00 R$ 5,00 R$ 10,00% R$ 50,00 Total C itrobacter freudii --- 1,45 % --- --- 0,48 % aerogenes 3,39 % --- 2,32 % 10,81% 3,37% agglomerans 13,56% 14,49% 16,28% 10,81% 13,93% cloacae 1,68% --- --- 5,41% 1,45% gergoviae 10,17% --- 2,32% 2,7% 3,85% sakazakii --- 1,45% 2,32% 2,7% 1,45% Escherichia coli 6,78% 13,04% 9,31% 10,81% 10,11% Hafnia alvei 1,68% --- --- --- 0,48% Klebsiela ozaenae 5,07% 4,35% 9,31% 2,7% 5,29% Klebsiela pneumoniae 3,39% 8,69% 16,28% --- 7,21% Klebsiela rhino --- 1,45% --- --- 0,48% Klebsiela rhinoscieromatis --- 1,45% --- --- 0,48% Proteus mirabilis --- 1,45% --- 5,41% 1,45% Proteus vulgaris --- 1,45% --- --- 0,48% Providencia stuarti --- 1,45% --- --- 0,48% Salmonella enteritidis 1,68% 1,45% --- 5,41% 1,92% Serratia liquefaciens 28,81% 11,59% 9,31% 10,81% 15,86% Serratia marcescens 3,39% 1,45% --- 2,7% 1,92% Serratia rubideae 1,68% 8,69% 16,28% 2,7% 7,21% Shigella boydii --- 1,45% 2,32% --- 0,96% Shigella sonnei --- 2,9% 2,32% 5,41% 2,4% Staphylococcus aureus 18,63% 21,75% 11,63% 18,92% 18,27% Os microrganismos encontrados podem estar presentes nas cédulas, principalmente, pela falta de hábitos de higiene adequados por parte daqueles que manuseiam o dinheiro, como por exemplo, o hábito de lavar as mãos após utilizar sanitários. Observou-se, também, que em muitos restaurantes e lanchonetes, primeiramente pagase o alimento, para depois ingeri-lo, sem lavar as mãos. Conseqüentemente, pode ocorrer contaminação das mãos daqueles que manuseiam o dinheiro e também dos alimentos por estes manipulados, podendo haver penetração das bactérias no organismo através da boca. Supõe-se que o Staphylococcus aureus está presente nas cédulas, devido ao contato com a pele humana, já que muitas pessoas são portadoras desta espécie na região nasal e pele das mãos, e, a Serratia liquefaciens, é encontrada no solo, conseqüente- 25

Fernanda Ribeiro Inocente; Fernanda de Resende Gomes; Ivone Maria Ratiguieri mente, em superfícies, podendo atingir as mãos e em seguida as cédulas. De acordo com Ayres et al., (2001), a exposição do homem a microrganismos patogênicos pode ocorrer mesmo durante a realização de processos fisiológicos, como a respiração e a alimentação. Porém é preciso identificar veículos e caracterizar o seu potencial na propagação de agentes que possam representar riscos à saúde, pela qualidade e quantidade dos microrganismos que apresentem, principalmente daqueles que não tenham estritos cuidados higiênicos sanitários de manipulação, que apresentem baixa resistência ou que tenham exposição mais freqüente. Como o dinheiro não é desinfectado, se torna um veículo para microrganismos como o Staphylococcus aureus, por exemplo, o que possibilita diversas infecções ao homem e também intoxicações alimentares, quando o manipulador do dinheiro não lava suas mãos adequadamente e tem contato com o alimento, contaminando este com o microrganismo que passa a produzir toxinas prejudiciais ao ser humano (TRABULSI; TOLEDO, 1998). A Escherichia coli, também encontrada nas cédulas, é um marcador microbiológico de contaminação fecal (AYRES et al; 2001). Esta bactéria, que foi encontrada em 10,11% das amostras positivas, e outras da família iaceae, indicam que há contaminação de origem intestinal, e que conseqüentemente podem ocasionar contaminações ao homem. Devido ao fácil contato com estes patógenos no dinheiro, é necessário que haja maior educação da população, para que se tenham hábitos de higiene adequados, melhorando as condições de saúde e conseqüentemente a qualidade de vida. Considerações finais Com o presente trabalho, pretende-se alertar a comunidade sobre a presença de microrganismos nas cédulas do dinheiro nacional, a fim de aprimorar a higienização, tornando-a mais adequada, principalmente em locais de alimentação, onde muitas vezes o consumidor manuseia o dinheiro e depois se alimenta sem higienizar as mãos. Referências AYRES, A.F.S.M.C.; PINHO, D.L.; MACHADO, F.F. Contaminação microbiana de cédulas de real. Jornal Brasileiro de Medicina. Rio de Janeiro, v. 81, n. 3, p. 40-50, 2001. COELHO, S. Pesquisa comprova contaminação de cédulas. Gazeta do Povo, 12 nov. 2001. Ciência, p.4. FERREIRA, A.W.; ÁVILA, L.M. Diagnóstico laboratorial das principais doenças infecciosas e auto imunes. Rio de Janeiro: Guanabara- Koogan, 1996. 302p. KONEMAN, E.W.; ALLEN, S.D.;DOWELL, V.R.; SOMMERS, H.M. Diagnóstico microbiológico. São Paulo: Medicina Panamericana, 1993. KONEMAN, E.W.; ALLEN, S.D.; JANDA, W.M. Diagnóstico microbiológico: texto e atlas colorido. 5.ed. Rio de Janeiro: MEDSi, 2001. 1456p. PELCZAR, M.J. Microbiologia. São Paulo: Macgraw-Hill do Brasil, 1981. PILONETTO, M.; PILONETTO, D.V. Manual de procedimentos laboratoriais em Microbiologia: POPs em Microbiologia. Pinhais: Microscience, 1998. 116p. RIORI, A.O. (2002). O que é dinheiro?. Domínio feminino. Disponível em: http:// www.dominiofeminino.com.br/invest_financas/ dinheiro.htm. Acesso em: 17 maio 2003. TRABULSI, L.R.; TOLEDO, M.R.F.de. Microbiologia. São Paulo: Atheneu,1998. 386p. Recebido em/recived in: 12/JUL/2004 Aprovado em/approved in: 02/SET/2004 26