CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS OU PARAFISCAIS (Art.149 c/c 195, CF)



Documentos relacionados
Direito Tributário Espécies de Tributos Contribuições de Melhoria, Empréstimos Compulsórios e Contribuições Especiais

Dando prosseguimento à aula anterior, neste encontro, encerraremos o

CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA. Cuida, primeiramente, destacar que não há um consenso, entre os autores, para essa

Trataremos nesta aula das contribuições destinadas ao custeio da seguridade social

Tributos em espécie. Impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais

Direito Tributário Introdução, Normas Gerais, Tributos e Espécies e Competência Tributária

b) custeio geral da administração e das atividades públicas. Em regra, sem vinculações a órgão, fundo ou despesa

PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL Nº DE 2012

PRINCIPAIS TRIBUTOS PÁTRIOS E SEUS FUNDAMENTOS

Sumário Capítulo I Teoria das contribuições Andrei Pitten Velloso

Aula 04 IMPOSTOS FEDERAIS

RESUMIDAMENTE ESTAS SÃO AS DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE A CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS:

EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO ICMS SP/2006 PARTE I

Tributos

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador MARCELO CRIVELLA I RELATÓRIO


Parecer Consultoria Tributária Segmentos Crédito diferencial de alíquota no Ativo Imobilizado - SP

DIREITO TRIBUTÁRIO I

Supremo Tribunal Federal

PARECER DOS RECURSOS REFERENTES À ELABORAÇÃO DAS QUESTÕES DE PROVA OU GABARITO PRELIMINAR

40 questões sobre princípios orçamentários Material compilado pelo Prof: Fernando Aprato para o concurso do TCE-RS 2011.

PREPARATÓRIO RIO EXAME DA OAB COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA RIA DIREITO TRIBUTÁRIO. RIO 2ª parte. Prof. JOSÉ HABLE

Parecer Consultoria Tributária de Segmentos Transferência de Crédito de ICMS de Fornecedor Optante do Simples Nacional

CONTABILIDADE E PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

SEGURIDADE SOCIAL DIREITO PREVIDENCIÁRIO SEGURIDADE SOCIAL SEGURIDADE SOCIAL SEGURIDADE SOCIAL PREVIDÊNCIA SOCIAL. Prof. Eduardo Tanaka CONCEITUAÇÃO

Analisaremos o tributo criado pela Lei /00 a fim de descobrir se realmente se trata de uma contribuição de intervenção no domínio econômico.

DIREITO TRIBUTÁRIO Parte II. Manaus, abril de 2013 Jorge de Souza Bispo, Dr. 1

IMPOSTOS FEDERAIS: II, IE E IPI

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DO EMPREGADO A LUZ DAS NORMAS DO REGIMENTO GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL RGPS

Parecer Consultoria Tributária Segmentos Base de Cálculo de PIS e COFINS na Importação

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE RPPS

Olá Concursandos! Vou escolher uma dessas listadas acima para resolver.

Coordenação-Geral de Tributação

Maratona Fiscal ISS Direito tributário

tributo e suas espécies

III - O tributo no Direito Brasileiro

PROGRAMA DE DISCIPLINA IV - OBJETIVOS ARTEC. I Curso DIREITO. II Disciplina DIREITO E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA I (D-53) III.

Institui a chamada isonomia horizontal para que as pessoas que estejam na mesma situação, sejam tratadas de forma similar.

Administração Direta. Empresas Estatais

Faculdades IESGO Direção Acadêmica Coordenação do Curso de Direito

ILEGALIDADE NA INSTITUIÇÃO E COBRANÇA DE ICMS PELO ESTADO DO AMAZONAS: REGIME DE ESTIMATIVA E REGIME DE ANTECIPAÇÃO.

Unidade I DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES. Prof. Luís Fernando Xavier Soares de Mello

Direito Tributário Nacional: Princípios Constitucionais Tributários. Fontes do Direito

Atividade de Verificação: Direito Tributário Capítulo 16

Exceção: Art. 156, 3º, II, CF c/c LC 116/03 Vedação da incidência de ISS na exportação de serviços para o exterior.

Faculdade de Direito Milton Campos Reconhecida pelo Ministério da Educação Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Direito Tributário.

É o relatório, passa-se a opinar.

DIREITO FINANCEIRO JULIANA BRAGA

O ISS e a importação e exportação de serviços

O resultado na exportação de serviços para o exterior e sua relação com a hipótese de incidência do ISS

FATO GERADOR DO ICMS NA IMPORTAÇÃO RE SP - 11/09/2014

PEC PROPOSTA EMENDA CONSTITUCIONAL

II - Fontes do Direito Tributário

Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDEs)

DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO

Parecer Consultoria Tributária de Segmentos Incidência de ISS ou ICMS nas Operações de Transportes- SP

A OBRIGATORIEDADE DE APLICAÇÃO DO REGIME DE APURAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A RECEITA BRUTA, QUANDO DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Instituição: Universidade Alto Vale do Rio do Peixe Curso: Direito

RECURSOS DIREITO TRIBUTÁRIO- ALEXANDRE LUGON PROVA 2 ATRFB (ÁREA GERAL) -DIREITO TRIBUTÁRIO

IMPOSTO DE RENDA E O ARTIGO 43 DO CTN

Assunto: A Contribuição Sindical dos Profissionais Liberais.

Tributos em orçamentos

I SEMANA DE ATUALIZAÇÃO FISCAL Direito Tributário e Legislação Tributária - Aula 01 Alan Martins. Posicionamento Clássico do STF

ORIENTAÇÕES ACERCA DA APLICAÇÃO DA LEI DE 2014

Entidades fundacionais as fundações públicas Conceito

Questão 3. A analogia constitui elemento de

Título: Tributação nos Planos de Participação nos Lucros e Resultados, Stock Option, Hiring Bônus, Retainer Fee OSWALDO OTHON DE PONTES SARAIVA FILHO

Competência Tributária.

NA IMPORTAÇÃO POR NÃO CONTRIBUINTE DO IMPOSTO ESTADUAL APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL N. 33 DE , CONTINUA NÃO INCIDINDO O ICMS.

Direito Previdenciário - Custeio

ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR E REGIME TRIBUTÁRIO PROF. SERGIO MONELLO

Júlio M. de Oliveira Mestre e doutor PUC/SP

O importante é não desistir porque existem bons certames em vista, a exemplo do próximo concurso da Polícia Federal.

RIO GRANDE DO NORTE LEI COMPLEMENTAR Nº 526, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2014.

SIMPLES NACIONAL DEVOLUÇÃO DE MERCADORIAS TRATAMENTO FISCAL

Direito Tributário Constitucional

NÃO CUMULATIVIDADE: DO MITO TEÓRICO À OPERACIONALIZAÇÃO CONCRETA

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

OAB 140º - 1ª Fase Extensivo Final de Semana Disciplina: Direito Tributário Professor Alessandro Spilborghs Data: 10/10/2009

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO

Câmara de Com. Ind. Japonesa do Brasil. Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta - CPRB: Principais Aspectos da IN RFB 1.

PROVA DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO TCE-CE FCC 2015

Debate Sobre a Desoneração da Folha de Pagamento

Tribunal Regional do Trabalho 15.ª Região (Campinas/SP) Direito Previdenciário (AJAJ e OJAF)

III -... IV sobre a movimentação financeira ou transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira (CSMF).

OAB 1ª Fase Direito Tributário Giuliano Menezes

Professor Alex Sandro.

Olá, pessoal! Neste ponto, trago uma pequena noção sobre alguns conceitos CONCEITOS IMPORTANTES

ASSUNTO: ESTADO DE DESTINO NÃO PODE COBRAR ICMS NAS COMPRAS VIA INTERNET

ENTENDA OS IMPOSTOS. Impostos Diretos ou Indiretos, Progressivos ou Regressivos

OAB EXAME IX FEVEREIRO/ ª ETAPA COMENTÁRIOS COMENTÁRIOS PRELIMINARES SOBRE A PROVA

Unidade II. A afirmação pode ser comprovada da leitura do dispositivo transcrito:

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 114, DE 2015

Coordenação-Geral de Tributação

Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul GAB. CONS. MARISA JOAQUINA MONTEIRO SERRANO

Especial Área Fiscal Direito Tributário Professor Irapuã Beltrão

COMUNICADO nº 033/2013. Aos: Senhores prefeitos, secretários dos municípios e executivos de Associações de Municípios.

Coordenação-Geral de Tributação

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. DESTINAÇÃO ESPECÍFICA DAS RECEITAS E O DESVIO DE FINALIDADE. Paulo Ayres Barreto

SOCIEDADE E DIREITO EM REVISTA

Transcrição:

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS OU PARAFISCAIS (Art.149 c/c 195, CF) Prof. Alberto Alves www.editoraferreira.com.br O art. 149, caput, da Lei Maior prescreve a possibilidade de a União instituir Contribuições como instrumento de sua atuação no âmbito social, na intervenção no domínio econômico e no interesse das categorias profissionais ou econômicas, tendo o constituinte empregado como critério classificatório a finalidade de cada uma delas, representada pela destinação legal do produto de sua arrecadação. Segundo posição pacífica do STF e majoritária na doutrina, a partir da CF/88 as Contribuições (chamadas de especiais ou parafiscais para diferenciá-las da contribuição de melhoria) são espécies tributárias autônomas, quero dizer, não se confundem com as outras espécies. Assim, não é necessária uma análise mais detalhada dos argumentos sustentados por cada corrente para definir a natureza jurídica das contribuições sociais. Dentro de nosso objetivo só nos importa saber que elas são, indiscutivelmente, modalidade de tributo, tendo como principal peculiaridade a destinação de seu produto à seguridade social. Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o Art 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; II incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços.

III - poderão ter alíquotas: a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei. 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez. ( todos Ec 33) Características importantes das contribuições: (i) No caput do artigo transcrito, está prevista a instituição, exclusivamente pela União, de três subespécies de contribuições especiais, que serão detalhadas adiante: Contribuições Sociais (ou da Seguridade Social ou Gerais ); Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (ou Econômicas ); Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas (ou Corporativas ). (ii) O 1º deste dispositivo legal, contudo, excetua a regra da exclusividade - da União -, referida pelo caput, prevendo a instituição, pelos Estados, DF e Municípios, de contribuição social para custear a previdência social dos seus servidores (que, obviamente, só será cobrada destes servidores), como é o caso, p. ex., da contribuição para o IPERJ, no Rio de Janeiro. Cuida salientar que este assunto é bastante explorado em concursos públicos, sendo importante frisar que não é somente a União que pode instituir contribuições sociais, mas também os Estados, o DF e os Municípios, no caso específico do 1º do art. 149. Já as demais contribuições (de intervenção no

domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas), somente podem ser instituídas pela União. Em relação ao artigo retro-mencionado, é importante ainda observar que está expresso no texto constitucional que as contribuições submetem-se ao regime das normas gerais tributárias (art. 146, III) e aos princípios da legalidade (art. 150, I), da irretroatividade da lei tributária e da anterioridade e noventena (art. 150, III, b e c ), que serão estudados mais adiante (cumpre alertar desde já que, no caso das contribuições sociais para a seguridade social, existe uma regra especial para a anterioridade - nonagesimal, mitigada). (iii) O 2º, por seu turno, traz algumas materialidades passíveis de serem adotadas pelo legislador infraconstitucional. Assim, autoriza a instituição de contribuições sobre a importação de bens e serviços do exterior e, outrossim, aponta como bases de cálculo possíveis o faturamento, a receita bruta, o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro. Prevê ainda, no mesmo dispositivo legal, uma hipótese de imunidade, pois veda a incidência de contribuição social e a interventiva sobre as receitas decorrentes de exportação. (iv) Destinação legal do produto arrecadado: Ao contrário dos impostos, cuja vinculação do produto arrecadado enfrenta o disposto no inciso IV do artigo 167 da CF/88 1, as contribuições, por determinação Constitucional, seu produto arrecadado tem destinação específica. Assim, o produto arrecadado a título de contribuições deve 1 Uma dessas diferenças reside na destinação legal do produto arrecadado, que é vedada nos impostos e exigida nas contribuições e empréstimos compulsórios. Tendo o constituinte proibida a criação de impostos com destinação específica (art. 167, IV, do Texto Maior) e, ao contrário, prescrito essa afetação relativamente às contribuições e aos empréstimos compulsórios, não podemos ignorar o tratamento diferenciado a eles atribuído. (Fabiana Del Padre Tomé, in Curso de Iniciação em Direito Tributário, Dialética, São Paulo, 2.004, página 190).

possuir destinação específica - qual seja, como instrumento de atuação do Estado nas respectivas áreas -, sob pena de descaracterizá-las. Sobre o tema, o Ministro Carlos Velloso esclarece: Uma ressalva é preciso ser feita. É que caso há, no sistema tributário brasileiro, em que a destinação do tributo diz com a legitimidade deste e, por isso, não ocorrendo à destinação constitucional do mesmo, surge para o contribuinte o direito de não pagá-lo. Refiro-me às contribuições parafiscais sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse de categorias profissionais ou econômicas, CF, art. 149 e os empréstimos compulsórios (CF, art. 148). Leciona Misabel Abreu Machado Derzi que a Constituição de 1988, pela primeira vez, cria tributos finalisticamente afetados, dando à destinação que lhe é a própria relevância não apenas do ponto de vista do Direito Financeiro ou Administrativo, mas igualmente do Direito Tributário. E acrescenta a ilustre professora que o contribuinte pode opor-se à cobrança de contribuições que não estejam afetadas aos fins, constitucionalmente admitidos; que igualmente poderá reclamar a repetição do tributo pago, se, apesar da lei, houver desvio quanto à aplicação dos recursos arrecadados. Assim, inexistente o gasto ou desviado o produto arrecadado para outras finalidades não autorizadas na Constituição, cai a competência do ente legiferante para legislar e arrecadar. (Misabel Abreu Machado Derzi, notas atualizadoras de Limitações Constitucionais do Poder de Tributar, de Aliomar Baleeiro, Forense, 7. ed., 1977, p. 598-599) 2 (v) O Supremo Tribunal Federal entende que a Constituição Federal não proíbe que tenham as contribuições idêntico fato gerador dos impostos, inclusive aquelas que vierem a ser instituídas nos moldes do art. 195, 4º, da CF. Entretanto, as novas fontes de custeio da seguridade social, criadas com fundamento nesse dispositivo (art. 195, 4º), não poderão ter a mesma base de cálculo daquelas outras contribuições já previstas nos incisos I, II, III e IV do art. 195 da Constituição. 2 Recurso Extraordinário, n.º 189.419-6/SP, Rel. Ministro Carlos Velloso, 1º/12/97, DJU de 20/02/1998, n.º 45, RDDT n.º 32, maio de 1.998, página 143.

GABARITO DA AULA ANTERIOR 01 C 02 D 03 C 04 D 05 C 06 C 07 E 08 D 09 D 10 C 11 E 12 A 13 E 14 B 15- B 16 B 17 D 18 D 19 B 20 A 21 D Prof. Alberto Alves www.editoraferreira.com.br