Conflito socioambental, Gerenciamento de riscos e Sustentabilidade Icaro Cunha icaroacunha@unisantos.br Universidade Católica de Santos
Aspectos dos conflitos socioambientais na costa Resistência a novos empreendimentos: intervenção em espaços frágeis, receio de aumento da migração e expansão desordenada das cidades, prejuizo potencial à imagem turística dos lugares O risco de acidentes ambientais é um tema sensível, potencializado a cada evento catastrófico(exemplo do acidente da BP) Questãoaindalocalizadaemcertosgruposhumanos: o aquecimentoglobal, as consequências das mudanças climáticas para o litoral, a busca de alternativas econômicas de baixo carbono. Governançaterritorial limitadaemseualcance: baixacoberturadafiscalização, gestãoexcessivamentebaseadano licenciamentopontualde empreendimentos, falta de planejamento integrado, governos locais usualmente despreparados para cumprirem papéis mais responsáveis. A dificuldaderecorrentecom o licenciamentoambientalexpressaessasituação, quandoa discussãode tudoconverge paraum EIA RIMA. A atividadeeconômicaé oneradapelasfalhasde governançano campo ambiental.
Conflito socioambiental, gerenciamento de riscos e Sustentabilidade Análise focada na região da costa: início de um ciclo de expansão econômica associado a novas infra-estruturasportuárias, crescimentoindustrial, e investimentosempetróleoe gás A costatem sidonasrecentesdécadasumafronteirade (re) ocupação; nessemomento, se desenham novos territórios produtivos. Novas redes técnicas se articulam com as instalações situadas na zona de costa para exportaro álcoole as cargasemgerale paradarentradaaosrecursosextraidos do mar, ouabaixodo mar As cidades costeiras tem uma configuração de conflitos socioambientais marcada por: Uso imobiliário dos terrenos associado à política das estradas Turismo de sol e praia(veranismo) Polos produtivos e portos instalados no passado sem cuidados ambientais Segregação espacial dos mais pobres Áreas protegidas
Gerenciamento dos riscos, conflito socioambiental e cooperação Novas orientações da gestão das empresas privilegiam as relações com as partes interessadas e a construçãode reputação. A imagemé um ativointangível construidopormeiode diferentesformasde comunicação e pelo relacionamento direto. Negociar conflitos e gerar cooperação são dimensões centrais nesses relacionamentos. Existeumarelaçãodiretaentre as atitudesagressivasdo públicoe a sensaçãode ameaça, real ou imaginária, imposta por determinada atividade. A agressividade é umadefesa, nessesentido. Riscosde acidentesambientaisenvolvemessesfenômenos (medo, agressividade). Isso é ampliado porque usualmente não se faz uma boa comunicação sobre os riscosaopúblico sãotemascomplexos, nãohápreparodas equipesparafazera comunicação, etc. Issomantémumagrandedistânciaentre a percepçãodos leigos e as orientações dos técnicos.
Gerenciamento dos riscos e cooperação Nassituaçõesemqueo rolde consequênciaspodealcançarescalasampliadas, gerar vítimas, afetar ambientes especiais, os técnicos das empresas devem contarcom a cooperação de equipesde emergênciade outrasinstituições, governoslocais, e com a participaçãodaprópriapopulação, no casode instalações localizadas em espaços densamente habitados. A construção de cooperação é uma tarefa complexa, num contexto de conflito socioambiental. Um dos maiores desafios é lidar com a informação sobre os riscos. A tendência tradicional é proteger as informações. Emcontextosde conflito, nãoabrira informaçãoacirraa agressividadedo público, que se sente manipulado. A construção de relações de confiança fica inviabilizada. Todosessesfatorespodemamplificaras repercussõesnegativas de um evento.
Risco ambiental do negócio x capital social A falta de um bom gerenciamento da informação sobre os riscos pode trazer agravos à imagem do negócio e das autoridades. [ ( Risco= probabilidadedo evento x consequências) repercussão ] Caso: um acidente com quatro horas de duração, que durou duas semanas nas redes sociais. Quem administra a informação para o público? Uma questão de governança democrática e Sustentabilidade: o gerenciamento social dos riscos ambientais, envolvendo as populações e os governos locais Eficáciadas ações; sensaçãode segurança, confiança, evitaro pânico; relacionamentos baseados no respeito e na confiança para resolver conflitos. O aproveitamento dos diferentes potenciais econômicos de um lugar depende da construção de capital social, quando diferentes segmentos de uma região entendem seus papéis no processo de desenvolvimento e negociam formas para estabelecercooperação.
Capacitação dos agentes locais como política de Sustentabilidade O interesseno preparodaregiãoparalidarcom o riscoé sódaempresa? Podea construçãodasustentabilidadeprescindir de umaboa administraçãodos conflitos entre diversos potenciais econômicos? Podemos apostar num desenvolvimento que faz da arrecadação de certas atividades seu apoio central, mas não prioriza coerentemente os investimentos, inclusive em gestão ambiental? Com o surgimentodos novosterritóriosprodutivosde petróleoe gás, e álcool, as carências tradicionais de governança são amplificadas. Há necessidade de capacitação dos interlocutoresregionaisparalidarde forma seguracom as novas operaçõese com a escalaampliadadas mesmas. O mar passa a ser entendido por muitos como um território. Cidades do litoral precisam de embarcações, mapas, planos de ação Umaforte políticade capacitação dos atoreslocais(governo, empresas, terceirosetor) é tarefa estratégica para construir um bom gerenciamento social dos riscos, como parte da geração de Capital Social para a Sustentabilidade.