FAMÍLIA, UM DIREITO DE TODA CRIANÇA

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Transcrição:

9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 ÁREA TEMÁTICA: ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( x ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( ) SAÚDE ( ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA FAMÍLIA, UM DIREITO DE TODA CRIANÇA BREUS, Andressa Bisetto 1 BISETTO, Thaís 2 RESUMO O presente artigo tem por finalidade abordar não só a realidade de Ponta Grossa Paraná, como também a realidade brasileira no que diz respeito à adoção de crianças e adolescentes, em conjunto com o direito a convivência familiar e comunitária. Percebe-se que a maioria das crianças acabam ficando sem um lar e permanecendo em abrigos, como o resultado de uma sociedade cheia de preconceitos, principalmente quando trata-se de crianças e adolescentes com irmãos, de idade avançada, com problemas de deficiência física ou mental, entre outros aspectos mencionados. Definiu-se o conceito de adoção conforme entendimento de Caio Mário e José Dias e ainda a diferença entre família natural e família substituta, mostrando a importância da família no desenvolvimento e formação da criança e do adolescente. Foram demonstrados levantamentos realizados no âmbito municipal e nacional com relação à adoção, sendo que em ambos a maior número de pessoas interessadas em adotar do que crianças e adolescente aptos para serem adotados. É importante que a sociedade, em geral, resguarde os direitos elencados no ordenamento jurídico brasileiro, estabelecendo princípios para que todas as crianças possam constituir uma família digna, que lhes proporcione segurança, amor, e além de tudo a esperança por um futuro melhor. PALAVRAS CHAVE Adoção. Preconceito. Realidade. 1 Acadêmica do 3 ano do Curso de Bacharel em Direito, participante do Projeto de Extensão ECA, conheça, usufrua seus direitos e exercite seus deveres,coordenado pela Professora Rosangela Fátima Penteado Brandão, andressa_breus@hotmail.com 2 Acadêmica do 3 ano do Curso de Bacharel em Direito, participante do Projeto de Extensão ECA: conheça, usufrua seus direitos e exercite seus deveres, coordenando pela Professora Rosangela Fátima Penteado Brandão, tatibisetto@hotmail.com

9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 2 1 Introdução O presente trabalho é resultado de pesquisas bibliográficas realizadas na fase inicial do Projeto ECA: conheça, usufrua seus direitos e exercite seus deveres, subprojeto do NEDIJ (Núcleo de Estudos e Defesa de Direitos da Infância e da Juventude), momento em que foram desenvolvidos estudos relacionados à criança e ao adolescente, abordando desde seus direitos fundamentais até seus deveres perante a sociedade. As pesquisas foram indispensáveis para que fossem adquiridas noções gerais sobre o âmbito de aplicação do ECA e seus dispositivos. O tema principal do trabalho é o direito à convivência familiar, um dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, que possui direitos fundamentais inerentes a qualquer ser humano, mas devido à sua condição de pessoa em desenvolvimento, possui alguns direitos especiais. 2 Objetivos 2.1 Gerais O projeto tem como principal objetivo levar a informação às crianças e adolescentes pertencentes à rede de ensino fundamental e médio de Ponta Grossa sobre os direitos e deveres contidos no Estatuto da Criança e do Adolescente. 2.2 Específicos Os objetivos específicos envolvem a capacitação e treinamento dos discentes envolvidos no projeto; levantamento de dados acerca do quê as crianças e adolescentes conhecem sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente; realizar buscas junto aos professores das escolas, quais informações relevantes, contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente que eles gostariam que se dê ênfase nas palestras, e por fim, a divulgação em eventos os resultados obtidos com o projeto. 3 Metodologia São realizados estudos e pesquisas sobre os direitos da criança e do adolescente, para capacitação dos acadêmicos atuantes no projeto; reuniões com a equipe executora do projeto; promoção de palestras e seminários; realização de oficinas temáticas acerca do Estatuto da Criança e do Adolescente. 4 Resultados 4.1 Do direito à convivência familiar e comunitária e disposição legal O direito à convivência familiar e comunitária é garantido pelos artigos 19 ao 52 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Envolve o direito à compreensão e ao amor, que está previsto no artigo 6 da Carta Internacional da Criança, citada por Albergaria (1991, p.41), senão vejamos: A criança, para o harmonioso desenvolvimento de sua personalidade, tem necessidade de amor e de compreensão. Deve crescer sob salvaguarda e responsabilidade dos pais, numa atmosfera de afeição e segurança, material e moral; a criança de tenra idade, salvo circunstância excepcional, não deve ser separada da mãe. A sociedade e o Estado têm dever de tomar particular cuidado dos

9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 3 crianças sem família ou das que não têm meios de existência suficientes. É desejável que sejam concedidas às famílias numerosas subsídios do Estado ou outros para a manutenção das crianças. (grifo nosso) A carência de cuidados maternos, de afeto e de amor, pode modificar o caráter da criança e do adolescente, sendo essencial para a sua saúde mental. Sociologicamente, o menor abandonado é o menor socialmente marginalizado. Ou seja, toda criança e adolescente tem o direito de ser educado e criado no seio de sua família nuclear, assegurando a convivência familiar e comunitária, livre de qualquer ambiente que lhe possa ser prejudicial ou nocivo. Além disso é dever do Estado de assegurar a assistência à família, criando mecanismos que para coibir a violência no âmbito de suas relações. A família é o primeiro agente de socialização do ser humano, sendo a carência de cuidados maternos perturba o desenvolvimento físico e psíquico do menor, podendo inclusive, modificar seu caráter. Ou seja, o cuidado materno na infância é essencial para a saúde mental. O ECA (BRASIL, 1990) dispõe acerca do poder familiar, expressão utilizada hoje para substituir poder pátrio, usado no Código Civil de 16. Poder familiar consiste em um conjunto de obrigações e direitos que os pais tem em relação ao filho e aos bens dele tendo em vista sua proteção quando este não puder cuidar sozinho de si, ou seja, quando for absolutamente ou relativamente incapaz, sendo que os artigos 21 e 23 dispõem que ele será igualmente exercido pelo pai e pela mãe, de modo que nos casos de divergência deverão recorrer à autoridade judiciária. Além disso, não será motivo suficiente para a suspensão do poder familiar a falta ou a carência de recursos materiais. Todavia, os casos de perda ou suspensão do poder familiar serão decretados judicialmente. Além disso, menciona o artigo 22 do ECA (BRASIL, 1990) que aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. Nos casos de adoção, os filhos havidos da relação do casamento ou por adoção terão os mesmo direitos e qualificações, de modo que o adotado terá os mesmos direitos e deveres, inclusive o direito sucessório. Por isso, os efeitos da adoção são irrevogáveis, rompendo completamente o vínculo entre o adotado e sua família natural ou biológica. 4.2 Família natural e família substituta Diante disto, cumpre fazer uma distinção entre família natural e família substituta. Dezem; Aguirre e Fuller (2009, p. 33) estabelecem que a família natural é a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes [...]. Assim, a regra é que a criança e o adolescente permaneçam em suas famílias naturais, havendo algumas situações em que possam ser colocados na família substituta, como por exemplo, nas hipóteses em que os membros da família natural do menor são desconhecidos ou não existam, ou ainda quando o ambiente da família nuclear mostra-se altamente prejudicial aos interesses do menor, podendo colocar em risco o desenvolvimento de sua personalidade. (DEZEM; AGUIRRE e FULLER, 2009, p. 25)

9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 4 Com isso, pode-se conceituar a família substituta como sendo a família que acolhe o menor, dando afeto, carinho, amor e respeito, gerando com a criança um vínculo afetivo. A adoção é uma modalidade de família substituta. 4.3 Adoção Com relação à adoção, Caio Mário (apud, SILVA FILHO, 2009, p. 72) a define a como o ato jurídico pelo qual uma pessoa recebe outra como filho, independentemente de existir entre elas qualquer relação de parentesco consangüíneo ou afim. Já Dias M. B. (2010, p. 476) defende que através deste ato jurídico que é a adoção, se estabelece um vínculo, ainda que fictício, de paternidade-maternidade-filiação entre pessoas estranhas, mas que é semelhante ao vínculo de origem biológica. Desta forma, fica estabelecido um parentesco que foi resultado exclusivamente de um ato de vontade. Destaca-se que o artigo 50 do ECA (BRASIL, 1990) dispõe que a autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. Em Ponta Grossa, a juíza da Vara da Infância e da Juventude, Noeli Reback (DIÁRIO...2011), comenta que a maior dificuldade é encaminhar para a adoção as crianças maiores ou que possuem irmãos, de modo que ao todo são 23 crianças e adolescentes aptos para receber uma nova família e 120 pessoas ou famílias esperando uma criança adotiva, a maioria quer crianças pequenas e sem irmãos. Mas essa não é a realidade apenas de Ponta Grossa, o Conselho Nacional de Justiça (CONSELHO...2011) divulgou um levantamento realizado pelo Cadastro Nacional de Adoção que constatou que é quase seis vezes maior o número de pessoas interessadas em adotar no Brasil em vista do número de crianças e adolescentes disponíveis. Pela pesquisa, o número de pretendentes atualmente chega a 26.694 em todo o Brasil, enquanto que o de jovens, aptos a serem adotados, chega a 4.427. Ou seja, falta conscientização e sensibilidade da população, pois a maioria dos adotantes querem bebês brancos, os quais são minoria, o que acaba gerando demora no processo de adoção impedindo que essas crianças e adolescentes ingressem em uma nova família, que lhe dará afeto, amor e carinho. 5 Conclusão Dessa forma, sendo o Brasil um país com uma mistura muito diversa de etnias, culturas, realidades sociais, em que a maioria dos adotantes buscam crianças brancas ainda bebês, as quais são a minoria, conforme mencionado pela psicóloga da Vara da Infância e da Juventude de São Bernardo do Campo, Marta W. Yamaoka (apud DIAS D., 2007), conclui-se que é necessária a conscientização de toda a população diante dessa diversidade, com o intuito de agilizar o processo de adoção, bem como proporcionar às crianças e adolescentes aptos para a adoção um lar, afeto e carinho, sendo resguardado, portanto, o direito à convivência familiar.

9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 5 Após uma década de vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente, a adoção permanece marcada pelo preconceito no Brasil. As pessoas idealizam a adoção como algo lindo e maravilho ou então que o adotado será certamente problemático. Assim, tendo em vista a grande desinformação da população, não é surpreendente o fato de que inúmeros casais estão inscritos há anos no cadastro de adoção sem terem conseguido alcançar esse objetivo. Ora, a demora no processo de adoção não é causada apenas pelas questões burocráticas, posto que o ECA simplificou o sistema de adoção, todavia os abrigos continuam lotados. A adoção deve ser exercida de maneira responsável, onde amor deve imperar sempre. Não é surpreendente saber que a maior parte das crianças portadoras de deficiência física ou mental, são adotadas por casais estrangeiros. Os casais brasileiros interessados em adotar, exigem um perfil formado por crianças recém nascidas e brancas. Um preconceito sem tamanho. Amor devido à cor de pele ou necessidade de apresentação da criança como filho biológico não merece esse nome, salienta Elizabete Rosa. (A NOTÍCIA...2000) O preconceito é o principal responsável pela privação de um lar a milhares de crianças, mas é importante lembrar que a sociedade brasileira tem dificuldades em compreender a responsabilidade necessária para que se adote uma criança. Os interessados em adotar, geralmente, requerem um sistema rápido e reclamam de etapas importantes do trâmite do processo de adoção, como o período de convivência, por exemplo. Muitos casais acabam apelando para adoção informal, chamada adoção "à brasileira". Sem cobertura jurídica e nem mesmo o acompanhamento de assistentes sociais, tal procedimento facilita o fracasso nas adoções. É preciso que a sociedade se informe, conscientize-se da importância da adoção. Além de um enorme ato de amor, a adoção proporciona a esperança de um futuro melhor às nossas crianças. É claro que a adoção não resolve todos os problemas e nem mesmo acabará com o surgimento de crianças abandonadas todos os dias no País. Cabe à sociedade incentivá-la. Será muito mais fácil se não houver preconceito. REFERÊNCIAS A NOTÍCIA. O preconceito na adoção. Disponível em <http://www1.an.com.br/2000/jul/10/0opi.htm>. Acesso em: 21. abr. 2011. ALBERGARIA, Jasan. Comentários ao estatuto da criança e adolescente. 1. ed. Rio de Janeiro: Aide Ed., 1991. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei n. 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 27 set. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 17 abr. 2011. CONSELHO Nacional de Justiça. Número de pretendentes supera em quase seis vezes o de crianças aptas a serem adotadas. Disponível em < http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13963:numero-de-pretendentes

9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 6 -supera-em-quase-seis-vezes-o-de-criancas-aptas-a-serem-adotadas&catid=223:cnj&itemid=583>. Acesso em: 10. abr. 2011. DEZEM. Guilherme Madeira; AGUIRRE, João Ricardo Brandão; FULLER, Paulo Henrique Aranda. Estatuto da Criança e do Adolescente: elementos do direito. volume 14. 1. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. DIÁRIO dos Campos. Ponta Grossa tem 150 crianças em abrigos temporários. Disponível em <http://www.diariodoscampos.com.br/cidades/noticias/41906/?noticia=ponta-grossa-tem-150- criancas-em-abrigos-temporarios>. Acesso em: 01 mai. 2011. DIAS, Daniela. A adoção no Brasil: dados mostram a diferença entre a realidade e a idealização. Disponível em <http://www.alobebe.com.br/site/revista/reportagem.asp?texto=429>. Acesso em: 20. abr. 2011. DIAS, Maria Berenice. Manual de direito de família. 6. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. SILVA FILHO, Artur Marques da. Adoção: regime jurídico, requisitos, efeitos, inexistência, anulação. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009