PROPOSTA DE APLICAÇÃO DE UMA ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO

Documentos relacionados
UMA ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA DESENVOLVIDA: RITALINA, USOS E ABUSOS

IDEB DO ENSINO MÉDIO: UMA ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA

A Criatividade de Alunos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental em Atividades de Modelagem Matemática

É POSSIVEL HIPOTETIZAR UMA AULA COM MODELAGEM MATEMÁTICA?

ENSINO DE GEOMETRIA NOS DOCUMENTOS OFICIAIS DE ORIENTAÇÃO CURRICULAR NO ENSINO MÉDIO: BREVE ANÁLISE

PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO LINEAR COM O USO DO SOFTWARE LINDO NA PERPECTIVA DA MODELAGEM MATEMÁTICA

O ENSINO DA MATEMÁTICA E AS DIFICULDADES NA RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES PROBLEMAS. Autora: Lisangela Maroni (UNINTER) 1.

Condições de relacionar as duas situações: equações lineares e sistemas de equações lineares; A compreensão de conceitos de matrizes e determinantes.

DA PLANTAÇÃO À MESA DO CONSUMIDOR: UMA EXPERIÊNCIA ENVOLVENDO MODELAGEM MATEMÁTICA COM UVA E VINHO

ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS

INVESTIGANDO O AQUECIMENTO DO COMPUTADOR: UMA ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA

A MODELAGEM MATEMÁTICA NA PRODUÇÃO CASEIRA DE CROSTOLI

O ESTUDO DA FUNÇÃO DO 1º GRAU ATRAVÉS DA ANÁLISE DA CONTA DE ENERGIA ELÉTRICA

POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO DE UMA ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA EM DIFERENTES NÍVEIS DE ESCOLARIDADE

MODELAGEM MATEMÁTICA: UMA ALTERNATIVA PARA O ENSINO/APRENDIZAGEM

Resolução de Problemas e Informática na EM. Edson Vieira Educação Matemática Matemática Licenciatura Docente : Andrea Cardoso Unifal MG 2016/2

O SOFTWARE GEOGEBRA 3.0: FACILITADOR DO ENSINO/APRENDIZAGEM DE FUNÇÕES PARA O ENSINO MÉDIO E SUPERIOR

Engenharia de Controle e Automação

O USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA POR PROFESSORES NO ENSINO FUNDAMENTAL

A INVESTIGAÇÃO MATEMÁTICA COMO PRINCÍPIO PEDAGÓGICO NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM DE PLANO CARTESIANO: ALGUMAS REFLEXÕES 1

FENÔMENO DE CONGRUÊNCIA EM CONVERSÕES ENTRE REGISTROS: CARACTERIZAÇÃO DOS NÍVEIS DE CONGRUÊNCIA E NÃO-CONGRUÊNCIA

CURRÍCULO, TECNOLOGIAS E ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UMA ANÁLISE DO POTENCIAL DA ROBÓTICA EDUCACIONAL NO ENSINO POR INVESTIGAÇÃO.

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DAS FUNÇÕES INORGÂNICA EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE ESPERANÇA- PB

Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. Câmpus Ponta Grossa PLANO DE ENSINO

FASES DA MODELAGEM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: UMA PESQUISA

OBJETIVOS DE ENSINO- APRENDIZAGEM DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA. Docente: Dra. Eduarda Maria Schneider

Projeto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA COLÉGIO TÉCNICO INDUSTRIAL DE SANTA MARIA DEPARTAMENTO DE ENSINO CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM ELETROTÉCNICA 1ºANO

MODELAGEM MATEMÁTICA E INVESTIGAÇÕES NA SALA DE AULA

MINICURSO: FLIPPED CLASSROOM A SALA DE AULA INVERTIDA EM ATIVIDADES DE MODELAGEM MATEMÁTICA

Com este material esperamos que você trabalhe, de acordo com a Matriz de Avaliação, o desenvolvimento das seguintes habilidades:

USO DA MODELAGEM MATEMÁTICA PARA O CÁLCULO DA PERDA DE ÁGUA NA DISTRIBUIÇÃO EM URAÍ-PR

Desenvolvendo o Pensamento Matemático em Diversos Espaços Educativos

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO OPORTUNIDADE DE PRÁXIS DOCENTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA VIVENCIADO PELOS LICENCIANDOS EM QUÍMICA DO IFCE CAMPUS

UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE EQUAÇÕES NO ENSINO FUNDAMENTAL: O USO DA MODELAGEM MATEMÁTICA

FIGURAS PLANAS E ESPACIAIS

OPERANDO NÚMEROS INTEIROS COM O ÁBACO. Letícia Ramos Rodrigues 1 Tássia Oliveira de Oliveira 2

A FUNÇÃO LINEAR E O UBER 1. Trabalho desenvolvido por alunos do 2º ano do Colégio Tiradentes e apresentado na II Feira Regional de Matemática 2

MODELAGEM MATEMÁTICA A PARTIR DA TAXA DE VARIAÇÃO ATRAVÉS DA RELAÇÃO ENTRE PRODUÇÃO E LUCRO DE DOCES ORNAMENTAIS

DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE SOFTWARE EDUCACIONAL NA ÁREA DE ESTATÍSTICA PARA O ENSINO BÁSICO 1

EXPLORANDO OS POLINÔMIOS E OS GRÁFICOS DAS FUNÇÕES POLINOMIAIS

Função Afim. Plano de Trabalho. Formação Continuada em Matemática Fundação CECIERJ/Consórcio CEDERJ. Matemática 1 Ano 2 Bimestre/2014

ANÁLISE DA PRODUÇÃO ESCRITA COMO ESTRATÉGIA DE DIAGNÓSTICO EM UM PROGRAMA DE EXTENSÃO

A IMPORTÂNCIA DA CARTOGRAFIA ESCOLAR PARA ALUNOS COM DEFICIENCIA VISUAL: o papel da Cartografia Tátil

MODELAGEM MATEMÁTICA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ECONOMIA DE ÁGUA EM ATIVIDADES DO DIA-A-DIA

TENDÊNCIAS METODOLÓGICAS E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

MODELAGEM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

PROJETO PROLICEN INFORMÁTICA NA ESCOLA : A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA E O ENSINO MÉDIO PÚBLICO

O GEOGEBRA COMO FERRAMENTA DE SUPORTE NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM ENVOLVENDO CONCEITOS E CÁLCULOS DE ARÉA DE FIGURAS PLANAS

Eixo temático 1: Pesquisa em Pós-Graduação em Educação e Práticas Pedagógicas.

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS GONÇALO SAMPAIO ESCOLA E.B. 2, 3 PROFESSOR GONÇALO SAMPAIO

UM ESTUDO SOBRE O USO DO SOFTWARE APLUSIX COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA A APRENDIZAGEM DE SISTEMAS DE EQUAÇÕES DO PRIMEIRO GRAU COM DUAS VARIÁVEIS.

Manual do Aluno Engenharia Insper i

APRENDENDO SEMPRE RESUMO

REGISTROS DE REPRESENTAÇÃO SEMIÓTICA EM UMA ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA DESENVOLVIDA NO 1.º ANO DO ENSINO MÉDIO

MATEMÁTICA ROTEIRO DE RECUPERAÇÃO NOTA ENSINO MÉDIO SÉRIE: 1ª TURMAS: ABCDE TIPO: A ETAPA: 2ª PROFESSOR(ES): MAGNA E THAÍS VALOR: 35 PONTOS

O ENSINO E APRENDIZADO DE NÚMEROS DECIMAIS SIMULANDO UM MERCADO

ENSINANDO FUNÇÃO EXPONENCIAL E O CONCEITO DE LIMITES DE FUNÇÕES PARA O ENSINO MÉDIO UTILIZANDO ATIVIDADES INVESTIGATIVAS

REFORÇO ESCOLAR PARA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Curso de Formação Continuada de Professores

DISCIPLINA SÉRIE CAMPO CONCEITO

VIABILIDADE E ACEITAÇÃO DO SOFTWARE GEOGEBRA COMO RECURSO DIDÁTICO NAS AULAS DO ENSINO MÉDIO DE MATEMÁTICA

FUNDAÇÃO CECIERJ/CONSÓRCIO CEDERJ FORMAÇÃO CONTINUADA EM MATEMÁTICA 1º SÉRIE 2º BIMESTRE/2014 PLANO DE TRABALHO 1

ANÁLISE DA VARIAÇÃO POPULACIONAL E DO PIB DE BENTO GONÇALVES ATRAVÉS DA MODELAGEM MATEMÁTICA

MATEMÁTICA PLANEJAMENTO 4º BIMESTRE º B - 11 Anos

A prática do professor que ensina matemática nos anos iniciais

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DR. VIEIRA DE CARVALHO. Escola Básica e Secundária Dr. Vieira de Carvalho. Departamento de Matemática e Ciências Experimentais

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO FUNDAMENTAL II E MÉDIO EM ITAPETINGA-BA: FORMAÇÃO INICIAL EM FÍSICA

Professor ou Professor Pesquisador

Maria Marciane Borges Pereira; Adenis do Socorro Reis Chaves; Dávia do Rosário Sousa; Luiz Rocha da Silva

SISTEMÁTICA PLANO DE ENSINO BIMESTRAL 2º Bimestre/2018

CONHECENDO E TRABALHANDO COM POLÍGONOS PROFESSORA: CLAUDIA ALMEIDA LIMA 2º. ANO INICIAL

MODELAGEM MATEMÁTICA NA SALA DE AULA: RELATO DE UMA ATIVIDADE QUE RELACIONA A ÁREA DA SUPERFÍCIE CORPORAL E A ÁREA DA SOLA DO PÉ

A CONSTRUÇÃO DE UM JOGO PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA: O TANGRAM DA EQUAÇÃO

XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática A sala de aula de Matemática e suas vertentes UESC, Ilhéus, Bahia de 03 a 06 de julho de 2019

AULA 4. Atividade Complementar 10: Sistemas lineares 2x2 e sua interpretação geométrica 31

Cursos Profissionais de Nível Secundário

ANÁLISE DO PROCESSO DE MODELAGEM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

TEOREMA DE PITÁGORAS: FAZENDO CONJECTURAS COM O SOFTWARE GEOGEBRA

Texto produzido a partir de interações estabelecidas como bolsistas do PIBID/UNIJUÍ 2

O USO DO GEOGEBRA COMO INTRODUÇÃO NO ENSINO DE CIRCUNFERÊNCIAS. Virgínia Moreira de Freitas¹ Orientador (a): Liliane Martinez Antonow²

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: UM PROJETO DE EXTENSÃO

ARTICULAÇÃO ENTRE REPRESENTAÇÕES ALGÉBRICAS E GRÁFICAS DE UMA FUNÇÃO: CONSTRUINDO CONJECTURAS POR MEIO DO GEOGEBRA

A IMPORTÂNCIA DA OBSERVAÇÃO NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA II

ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS

MODELAGEM NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: ELABORAÇÃO DE ATIVIDADES

A DICOTOMIA ENTRE TEORIA E PRÁTICA NAS AULAS DE FÍSICA: TRABALHANDO A CINEMÁTICA NOS LANÇAMENTOS DE FOGUETES DIDÁTICOS. Apresentação: Pôster

USO DE MATERIAIS MANIPULÁVEIS NO ENSINO DE PRODUTOS NOTÁVEIS

A Prática Profissional terá carga horária mínima de 400 horas distribuídas como informado

Matriz de Referência da área de Matemática Ensino Médio

A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COMO METODOLOGIA DE ENSINO COM FOCO NO LETRAMENTO MATEMÁTICO

Metas Curriculares de Geografia. Documento de apoio

ENFOQUE CTS NO ENSINO DE GEOMETRIA PLANA PARA O ENSINO MÉDIO. Apresentação: Pôster

VII CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENSINO DA MATEMÁTICA

AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS PROFOP - PROGRAMAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UMA PROPOSTA DE MUDANÇA CURRICULAR.

MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO: UMA ABORDAGEM POR MEIO DA MODELAGEM MATEMÁTICA

ORIENTAÇÃO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

TECNOLOGIAS DIGITAIS E EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: O SOFTWARE GEOGEBRA E O ENSINO DE FUNÇÕES AFIM NO 7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL II.

ORIENTAÇÕES DE PLANO DE TRABALHO DOCENTE. É um documento que registra o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer e com quem fazer;

ORIENTAÇÕES DE PLANO DE TRABALHO DOCENTE. É um documento que registra o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer e com quem fazer;

Transcrição:

PROPOSTA DE APLICAÇÃO DE UMA ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO Lucas Gabriel Ribeiro de Souza UTFPR Câmpus Cornélio Procópio lukin_has_de200008@hotmail.com Karina Alessandra Pessôa da Silva UTFPR Câmpus Londrina karinasilva@utfpr.edu.br Fernando Francisco Pereira UTFPR Câmpus Cornélio Procópio f.nando93@hotmail.com Resumo: Neste trabalho relatamos a experiência que obtivemos a partir de uma situação-problema tratando-se da lavagem de um automóvel por meio da modelagem matemática. A busca por orientações iniciou-se nas aulas da disciplina Modelagem Matemática de um curso de Licenciatura em Matemática de uma universidade federal do Paraná. O levantamento de informações deu-se por meio de questionamentos, pesquisas de campo dando apoio para que fosse possível destacar conceitos matemáticos que poderiam ser empregados a fim de obter um modelo matemático. Por conclusão a correlação entre os conceitos matemáticos e educação básica fundamentam a ideia de direcionar a atividade como uma possível proposta de atividade de modelagem matemática a ser desenvolvido no Ensino Médio. Palavras-chave: Educação Matemática. Modelagem Matemática. Ensino Médio. Introdução Falar sobre a modelagem matemática e a Educação Básica, é falar sobre a atitude do professor em se auto-indagar se o mesmo possui o conhecimento necessário. De acordo com Freire e Faundez (1998): O que o professor deveria ensinar porque ele próprio deveria sabê-lo seria, antes de tudo, ensinar a perguntar. Porque o início do conhecimento, repito, é perguntar. E somente a partir de perguntar é que se deve sair em busca de respostas e não o contrário (FREIRE; FAUNDEZ, 1998, p. 46).

Para trabalhar com modelagem matemática nas aulas de matemática normalmente o professor precisa correr o risco de sair da sua zona de conforto. De acordo com Biembengut e Hein (2000, p.29):... A condição necessária para o professor implementar a Modelagem [Matemática] no ensino, é ter audácia, [um] grande desejo de mudar sua prática e disposição de [aprender a] conhecer, uma vez que essa proposta abre caminho para descobertas significativas. O uso da modelagem na Educação Básica auxilia na interação professor-aluno e aluno-aluno haja vista que a modelagem matemática é caracterizada pelas contribuições do coletivo, e seus problemas surgem principalmente da interação entre os sujeitos. A modelagem matemática valoriza a busca pela informação, sendo o processo de levantamento de dados muito rico para a formação intelectual e profissional do aluno, é observando a realidade ao seu redor que começam a surgir às situações-problema e o professor deve ser o grande incentivador do aluno orientando a coletar informações a fim de resolver o problema. Neste sentido, a fim de propor atividades que possam incentivar algumas inovações na sala de aula é que sugerimos neste trabalho uma proposta de encaminhamento de uma atividade de modelagem que realizamos durante a disciplina de Modelagem Matemática em um curso de licenciatura em Matemática. A partir de nossa experiência em desenvolver uma atividade de modelagem pensamos que esta pode em certa medida ser proposta aos alunos. Por que Modelagem Matemática? Segundo Bassanezi (2002), a Modelagem Matemática consiste, essencialmente, na arte de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos cujas soluções devem ser interpretadas na linguagem usual. Silva, Almeida e Gerôlomo (2011, p. 29) consideram que uma atividade de modelagem matemática pode ser descrita em termos de uma situação inicial (problemática), de uma situação final desejada (que representa uma solução para a situação inicial) e de um conjunto de procedimentos e conceitos necessários para passar da situação inicial para a situação final. Neste sentido, podemos considerar que a modelagem matemática consiste em uma alternativa pedagógica na qual a partir de uma situação inicial (problemática) são

utilizados procedimentos que definem estratégias de ação do sujeito envolvido com a atividade em relação à situação problemática, obtendo uma situação final (solução para a situação inicial). Autores como Almeida, Silva e Vertuan (2012) caracterizam que a sequência de estratégias de ação se configuram em fases da modelagem definidas como: inteiração, matematização, resolução, interpretação de resultados e validação. A inteiração é a busca por informações sobre a situação-problema em que se pode definir o problema a ser estudado bem como as metas que orientam a sua resolução; a matematização consiste na elaboração de uma representação matemática para a situação-problema; a resolução compreende a construção de um modelo matemático que consiste em um "conjunto de símbolos e relações matemáticas que representam de alguma forma o objeto matemático" (BASSANEZI, 2002, p. 20); a interpretação dos resultados indicados pelo modelo implica na análise de uma resposta para o problema; a validação consiste na análise da resposta associada ao problema. As fases da modelagem matemática caracterizadas por Almeida, Silva e Vertuan (2012) constituem procedimentos necessários para a realização de uma atividade de modelagem. Elas podem não ocorrer de forma linear, pois a dinamicidade deste tipo de atividade possibilita movimentos de ida e volta. Levando em consideração estas caracterizações apontadas, apresentamos uma situação de modelagem matemática, desenvolvida por dois dos autores deste artigo, enquanto alunos de um curso de Licenciatura em Matemática na disciplina de Modelagem Matemática e, a partir da experiência vivenciada, propomos seu desenvolvimento no Ensino Médio. Por que o Ensino Médio? Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), em seu artigo 35º, apresenta que a finalidade do Ensino Médio é possibilitar o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico, a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, para que possa relacionar a teoria com a prática. No Ensino Médio, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000, p. 5), propõe-se a formação geral, em oposição à formação específica; o desenvolvimento de capacidades de pesquisar, buscar informações, analisá-las e

selecioná-las; a capacidade de aprender, criar, formular, ao invés do simples exercício de memorização ; aspectos presentes nas etapas de desenvolvimento de atividades de modelagem matemática que vivenciamos. Para além desses aspectos, neste nível de escolaridade, o fazer matemática é expor as próprias ideias, escutar a dos outros, formular, confrontar e comunicar procedimentos de resolução de problemas, argumentar e validar pontos de vista, antecipar resultados e aceitar erros; ações também possíveis durante o desenvolvimento de atividades de modelagem matemática. A princípio, quando definimos o problema e iniciamos o levantamento de dados para estruturar todo o contexto, hipóteses e variáveis, não tínhamos de antemão que conteúdos matemáticos iriam emergir. Ao findar a atividade vislumbramos que os conteúdos matemáticos a ela relacionados tratavam-se daqueles relacionados a um dos temas estruturantes do Ensino Médio Álgebra: números e funções cujos objetivos consistem em calcular, resolver, identificar variáveis, traçar e interpretar gráficos e resolver equações de acordo com as propriedades das operações no conjunto dos números reais e as operações válidas para o cálculo algébrico. Nossa intenção inicial em desenvolver a atividade de modelagem era cumprir a atividade proposta pela professora que nos lecionou a disciplina de Modelagem Matemática. Porém, logo após o término, com o modelo matemático em mãos, pensamos que este pode ser desenvolvido no Ensino Médio para auxiliar no ensino de funções de primeiro grau, conteúdo que emergiu da atividade que realizamos. A atividade desenvolvida consiste em analisar a partir de quantas lavagens compensa comprar uma lavadora de alta pressão ao invés de levar o carro para ser o lava-rápido. Nessa atividade, obtivemos duas funções lineares, que quando igualadas resultam no ponto em que os preços são iguais. Em nossa proposta, também sugerimos o uso do software Geogebra. No próximo item apresentamos como desenvolvemos a atividade segundo as fases da modelagem matemática. A atividade de modelagem desenvolvida A situação-problema que nos aventuramos a desenvolver foi sob a temática Lavagem de carro. Para tanto, na inteiração com a situação-problema, o levantamento de dados foi realizado com referências aos itens presentes em um município localizado

no norte do Paraná. A lavadora a jato de alta pressão foi cotada pelo valor de R$200,00 em um supermercado, a lavagem do carro de passeio foi cotada pelo valor de R$35,00 e um dos lava-rápido da cidade. Para o desenvolvimento da atividade tínhamos em mente analisar a partir de quantas lavagens começaria a compensar ter comprado uma lavadora de alta pressão em relação a levar o carro para lavar em um lava-rápido. Pensando em um estilo de vida urbano que exige mais eficácia e rapidez, poupando trabalho, tempo e gastos, as empresas de aparelhos domésticos estão investindo em tecnologia buscando atingir a esses objetivos, conforme informações apresentadas no Quadro 1. Quadro 1 Informações sobre lavadoras de alta pressão Uma Lavadora alta pressão é uma máquina que bombeia água sob pressão através de uma tubulação para a limpeza de superfícies com um jato de água a alta velocidade. Equipamentos como estes operam a pressões de 50 bars (750 psi) até 1.200 bars (30.000 psi) ou mais. Ideal para uso em condomínios, residências, comércios, indústrias, hospitais, clínicas, construção civil. O preço das lavadoras domésticas varia de R$ 200,00 a R$ 800,00 em média. Fonte: http://www.worldflexmaquinas.com.br/lavadora-alta-pressao-lavadoras-alta-pressoes.php. Acesso em: 12 out. 2013. Se comparado com uma mangueira, uma lavadora de alta pressão utiliza cerca 14% de água que consumiria uma mangueira conectada à torneira, totalmente aberta. A máquina tem um sistema dosador que, aliado à pressão, limita a vazão de água, independentemente da abertura da torneira. As lavadoras domésticas gastam, em média, até 8 litros por minuto. Já a mangueira, mesmo com meia-volta na torneira conectada à rede pública, gasta cerca de 30 litros por minuto. Partindo do ato de levar o automóvel a um lava-rápido onde o valor cobrado pela lavagem seja de R$ 35,00, o problema que definimos para o desenvolvimento da atividade está atrelado à análise: Em quantas lavagens compensaria ter comprado uma lavadora de alta pressão, se comparado ao preço que gastaria em lava-rápido?, considerando a compra de uma Lavadora Alta Pressão Tekna HLX150V com valor de R$ 200,00 e sabendo que o tempo que gasta para lavar o carro com a lavadora em questão é de cerca de 15 minutos. Neste sentido, organizamos a estrutura da atividade seguindo as fases que caracterizam o desenvolvimento de uma atividade de modelagem matemática.

Situação inicial (problemática): Lavagem de carro; Inteiração: Coleta de preços na cidade, como o preço da água por metro cúbico, o preço da lavagem no lava-rápido, além de dados da internet, como a que diz que a vazão de uma lavadora de alta pressão é, em média, 8 litros por minuto. Definição do problema: Em quantas lavagens compensaria ter comprado uma lavadora de alta pressão, se comparado ao preço que gastaria em lava-rápido? Matematização Hipóteses: H1: O valor de água excedido é R$ 3,54 por metros cúbicos. H2: Lavar o carro em casa podemos considerar que não é uma necessidade, então consideramos a água utilizada como o excedente dos 10 m 3. H3: O preço gasto da eletricidade é de R$ 0,3961 / kwh. H4: A Lavadora em questão consome 1,2 kwh. Definição de variáveis: Variável independente: quantidade de lavagens (t); Variáveis dependentes: valor pago com máquina de alta pressão (V 1, em reais); valor pago em lava-rápido (V 2, em reais). A fase matematização iniciou-se com as hipóteses e definição de variáveis necessárias para a dedução do modelo matemático. Fazendo um estudo do valor gasto com a lavadora mais a proporção de água utilizada, bem como os gastos para cada lavagem no lava-rápido, construímos a Tabela1. Tabela 1 Quantidade de lavagens com a lavadora de alta pressão e no lava-rápido e os respectivos valores gastos Quantidade de lavagens Valor em reais com a lavadora Valor em reais com lava-rápido de alta pressão t 1 200,54 35,00 t 2 201,08 70,00 t 3 201,62 105,00 t 4 202,16 140,00 t 5 202,70 175,00 t 6 203,24 210,00 Fonte: construída pelos autores.

A partir dos dados apresentados na Tabela 1, podemos escrever a expressão algébrica que representa cada valor gasto para cada lavagem com a lavadora a jato e com lava-rápido, respectivamente, e. Utilizando o software Geogebra, podemos representar essas funções no plano cartesiano (Figura 1). Figura 1 Representação gráfica dos modelos matemáticos para as lavagens de carro Fonte: construída pelos autores com auxílio do Geogrebra. A análise da Figura 1 remete à discussão sobre a partir de quantas lavagens é preferível comprar uma lavadora a jato de alta pressão. Os gráficos da Figura 1 sinalizam que, em um ponto (que corresponde ao número de lavagem e seu custo) os valores tanto para a lavadora a jato quanto para o lava-rápido se igualam. Neste sentido, determinamos qual é esse ponto e realizamos a discussão sobre a vantagem de uma opção ou outra. Para isso, fizemos. Na análise dessa igualdade, obtemos que, ou seja, em seis lavagens o valor pago na lavadora se iguala ao valor pago em lava-rápido. Com o software Geogebra é possível determinar o ponto de interseção entre as funções V 1 e V 2 utilizando a ferramenta Interseção de dois pontos. Selecionando com o cursor cada uma das funções, obtemos o ponto A(5,8, 203,13), conforme apresentamos na Figura 2.

Figura 2 Representação gráfica dos modelos matemáticos para as lavagens de carro com destaque para o ponto de interseção Fonte: construída pelos autores com auxílio do Geogebra. Retomando a problemática com relação à análise de quantas lavagens compensaria ter comprado uma lavadora de alta pressão, se comparado ao preço que gastaria em lava-rápido, podemos concluir que: para 0 <t < 6 lavagens, compensa levar o carro no lava-rápido; para t > 6 lavagens, compensa lavar o carro com lavadora de alta pressão. Cabe portanto ao usuário a decisão de comprar ou não comprar uma lavadora e se aventurar a lavar seu carro em casa em um tempo de 15 minutos. Interpretação e Validação: A única interseção entre as retas corresponde ao valor para o qual o valor do lava-rápido e da lavadora de alta pressão são iguais. Sendo assim, as lavagens seguintes serão os que o lava-rápido fica mais caro do que a máquina de alta pressão; e os anteriores os preços que a máquina de alta pressão é mais cara que o lavarápido. Situação Final: Em apenas 6 lavagens após ter comprado a lavadora de alta pressão, o valor dela sairá mais barato em relação ao preço do lava-rápido. Considerando a experiência que vivenciamos com a atividade de modelagem é que pensamos em uma proposta para o encaminhamento dessa atividade no Ensino Médio.

Metodologia: proposta para o Ensino Médio A metodologia proposta será aplicar a atividade em uma turma de 1º ano do Ensino Médio Técnico Administrativo de um Colégio da rede Estadual da própria cidade, com os alunos dispostos em grupos para que ocorra uma troca de informação assim tornando a construção do modelo matemático mais interativo. As informações obtidas da inteiração serão entregues impressas e os alunos terão 2 horas/aula para desenvolverem a atividade. Será entregue uma ficha contendo a situação-problema e os passos para se chegar ao modelo, como definição de hipóteses, de variáveis, a dedução do modelo matemático, a identificação da matemática utilizada e por fim a validação do modelo. Mesmo contendo a situação-problema, os alunos terão total liberdade para determinarem situações-problema diferentes da proposta. Os alunos serão constantemente orientados por meio de questionamentos direcionados ao grupo. Considerações finais Quando os alunos iniciam o estudo de um conceito matemático que pode ser introduzido a partir de problemas baseados em situações com dados reais, como no caso da função do 1º grau, e desenvolvem a representação matemática da situação, podem perceber que a Matemática está relacionada com situações de seu cotidiano. Com isso, o estudo de tal conceito torna-se mais real, pois o aluno percebe, na prática, que dados que fazem parte da realidade podem ser representados de forma Matemática. Segundo Almeida e Dias (2004), o uso da modelagem matemática no contexto de ensino e aprendizagem vai além da ideia utilitarista de aplicar a Matemática para resolver problemas. Não basta apenas preocupar-se com o aprendizado da Matemática em si e saber utilizá-la para resolver problemas cotidianos, é preciso desenvolver no aluno a capacidade de interpretar e agir numa situação social e política estruturada matematicamente. Nesse caso, como na modelagem matemática é possível matematizar problemas reais, os alunos sentem motivados a estudar essa disciplina. O trabalho que desenvolvemos representou uma oportunidade de apresentar uma proposta de trabalho que consideramos interessante para ser utilizada em sala de aula e

acreditamos que ela possa desenvolver resultados satisfatórios na introdução do conceito de função do 1º grau para alunos do 1º ano do Ensino Médio. Acreditamos que a modelagem matemática seja uma alternativa pedagógica interessante para aproximar situações da realidade de conteúdos matemáticos desenvolvidos em sala de aula. Evidentemente, o encaminhamento experimental deste trabalho, sua condução prática e metodológica são limitadas, pois não foram desenvolvidas em sala de aula, permanecendo em aberto para um posterior trabalho. Dessa forma, neste trabalho mais do que apresentar conclusões e um relato de uma experiência, apontamos propostas. Referências ALMEIDA, L. M. W.; DIAS, M. R. Um estudo sobre o uso da Modelagem Matemática como estratégia de ensino e aprendizagem. Bolema, ano 17, n. 22, p. 19-35, 2004. ALMEIDA, L. W. de; SILVA, K. P. da; VERTUAN, R. E. Modelagem Matemática na Educação Básica. São Paulo: Contexto, 2012. BASSANEZI, R. C. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática: uma nova estratégia. São Paulo: Contexto, 2002. BIEMBENGUT, M. S.; HEIN, N. Modelagem matemática no ensino. São Paulo: Contexto, 2000. BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em <www.planalto.gov.br >. Acesso em: 25 jun. 2003. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC /SEF, 2000. FREIRE, P.; FAUNDEZ, A. Por uma Pedagogia da Pergunta. Rio e Janeiro: Paz e Terra, 1985. SILVA, K. A. P.; ALMEIDA, L. M. W.; GERÔLOMO, A. M. L. Aprendendo a fazer modelagem matemática: a vez do aluno. Educação Matemática em Revista. São Paulo, v. 1, p. 28-36, 2011.