CONTABILIDADE INTERNACIONAL (MATERIAL DE APOIO)



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Transcrição:

CONTABILIDADE INTERNACIONAL (MATERIAL DE APOIO) 2012.2 PROF. LAURIMAR VELOSO LIMA E MARCELO RABELO HENRIQUE 0

Capítulo 1 1.1 A importância da contabilidade internacional para o mercado globalizado 2 1.2 O objetivo da conversão de demonstrações contábeis 3 1.3 Contabilidade em moeda estrangeira e conversão de demonstrações contábeis 5 1.4 Definição de conversão e paridade entre moedas 6 1.5 Padronização, Harmonização, Uniformidade e Convergência de normas 6 contábeis Exercícios 7 Capítulo 2 2.1 Princípios contábeis geralmente aceitos no Brasil e internacionais 11 2.2 Os organismos internacionais responsáveis pelas normas contábeis: aspectos 12 introdutórios 2.2.1 Orgãos reguladores: USA 13 2.2.2 Orgãos reguladores: os organismos internacionais responsáveis pela 14 harmonização contábil 2.2.3 A harmonização da contabilidade nos moldes do IRFS no mundo 17 2.3 Orgãos reguladores: Brasil 18 2.4 Tipos de moedas 22 2.5 Taxas de conversão 23 Capítulo 3 3.1 Método Monetário e Não Monetário 25 3.2 Ganhos e perdas na conversão TGL: Translation Gain or Loss 28 3.3 Exemplo de conversão Método Monetário e Não Monetário 29 Exercícios 30 Capítulo 4 4.1 Método do Câmbio de Fechamento 41 4.2 Exemplo de conversão pelo Método do Câmbio de Fechamento 41 Capítulo 5 5.1 Método Temporal 46 Capítulo 6 6.1 Emprétimos e financiamentos em moeda estrangeira 47 6.2 Diferença entre variação cambial e variação monetária 48 Exercícios 48 Capítulo 7 7.1 Lei Sarbanes-Oxley 51 Exercícios 52 1

Capítulo 1: 1.1. A importância da contabilidade internacional para o mercado globalizado Nos últimos tempos, o mundo e a sua economia vivenciou e continua vivenciando um processo de mudança irreversível, denominado globalização. Essa transformação tem sido tão grande e se mostra tão relevante, que provocou alterações em diversos segmentos da sociedade mundial, tal como empregabilidade, educação, esportes, divisão de renda, e desta forma, redefinindo completamente o conceito de propriedade e riqueza, provocando desta forma a alteração do ranking de prosperidade que existia anteriormente. A tentativa de integração dos países membros dos blocos econômicos, hoje existentes no mundo, a exemplo do Mercado Comum do Sul - MERCOSUL e União Européia - UE, bem como a expectativa de criação da ALCA, pode ser vista e entendida do ponto de vista econômico como a ampliação da atuação das empresas e dos mercados onde estas atuam, e conseqüentemente a necessidade de bem informar os usuários nacionais e internacionais da informação contábil. O ambiente internacional vem se alterando em diversos aspectos e se tornando mais competitivo e exigente. As organizações em resposta às novas exigências ambientais e de certificação, estão passando por mudanças profundas em sua cultura, em seus processos e muitas vezes em sua forma de atuação, provocando assim mudanças nas economias nacionais e nelas próprias em especial. Nesse contexto, o movimento de mudanças, o processo de gestão empresarial e própria Contabilidade passam por novos desafios e os seus responsáveis passam a trabalhar com novos modelos de decisão, tomando a Contabilidade como base principal das ferramentas de gestão empresarial. Há que se ressaltar também o grande impacto gerado pelos escândalos contábeis envolvendo fraudes em empresas de grande influência no mercado de capitais como a Enron, a Xerox e a empresa de auditoria Arthur Andersen, fazendo com que os legisladores e órgãos normativos passassem a estabelecer mudanças na evidenciação contábil, bem como no grau de exigência de transparência na postura dos dirigentes. A expansão das fronteiras internacionais levou a necessidade da prática de uma nova linguagem, tanto idiomática (representada por expressões como disclusore, cash-flow, controller) como a distinta desta, que é a linguagem das 2

moedas entre os diversos países. Como conseqüência das disparidades que as economias (sobretudo as inflacionárias) podem gerar nestes relatórios, são apresentados aspectos relativos à busca pelos diversos órgãos normativos para uma melhor prática contábil que atenda as necessidades da empresa bem como os princípios que orientam estas práticas, que, ao longo do tempo, fizeram com que a contabilidade venha buscando formas de melhor espelhar o verdadeiro valor patrimonial das empresas. Na época de alta inflação algumas regras práticas eram sugeridas aos consumidores de modo a não permitir que a moeda perdesse tanto o seu valor. Assim sendo recomendava-se não manter dinheiro em espécie, a não ser para coisas indispensáveis como o cafezinho, a condução ou alguns trocados para gorjetas. Analogamente às empresas buscavam formas de minimizar os efeitos nocivos da inflação em seus resultados. Economias com alta inflação geram o inconveniente de não ter um padrão de preços e sua conseqüente incomparabilidade de valores. Devido a volatilidade dos preços praticados, não há memória prática para avaliar a relatividade entre os valores dos diversos bens negociados. Na época de alta inflação no Brasil, para se analisar valores ao longo do tempo recorria-se a índices econômicos que representassem alguma forma de comparabilidade. De forma análoga, outra face da moeda que precisa ser analisada é quando se fala, na área de negócios, da apresentação de relatórios financeiros de empresas para o exterior. Nestes casos, têm-se unidades monetárias distintas, com taxas de correção cambial não necessariamente dependentes o que leva a necessidade de um instrumento que seja o reflexo mais fiel dos negócios na outra moeda e que atenue as disfunções características que possam aparecer entre estas. 1.2. O objetivo da conversão de demonstrações contábeis Os profissionais contadores, administradores, das entidades de classes e órgãos reguladores nacionais e internacionais, têm procurado encontrar soluções e paliativos para eliminar os efeitos que a inflação acarreta para as demonstrações financeiras. Do ponto de vista das nações que têm investimentos em países com problemas de inflação, seja para consolidação das demonstrações ou para simplesmente avaliar desempenhos, também se tem procurado uma solução neste 3

sentido. Há um interesse e necessidade de se tratar contabilmente as demonstrações financeiras preparadas no exterior. O problema com que se depara, é o da necessidade de converter essas demonstrações para outra moeda e segundo critérios contábeis que guardem uniformidade com aqueles praticados pelo país de origem dos investimentos Pode-se destacar entre os principais objetivos para conversão das demonstrações contábeis: Obter demonstrações contábeis em moeda forte, não sujeita aos efeitos da inflação Durante décadas, conviveu-se com um sistema econômico altamente inflacionário que, mesmo com o reconhecimento da correção monetária, acarretava relevantes distorções nas demonstrações contábeis em moeda nacional, prejudicando qualquer tentativa de análise comparativa. Assim sendo, diversas empresas nacionais mantinham, para fins gerenciais, sistema de contabilidade em moeda estrangeira considerada moeda forte. Com o sucesso do Plano real, convive-se com inflação extraordinariamente baixa para nossos padrões (abaixo de 10% ªª). Entretanto, com o término da correção monetária, ao longo do tempo, essa inflação acabará acumulando-se, provocando relevantes distorções nas demonstrações contábeis. Por esse motivo, empresas que mantinham sistema de contabilidade em moeda estrangeira optaram pela manutenção do sistema e outras que não possuíam estão empenhadas em implanta-lo. Permitir ao investidor estrangeiro melhor acompanhamento de seu investimento, já que as demonstrações convertidas estarão expressas na moeda corrente de seu próprio país. Mais do que nunca verifica-se a entrada de capitais estrangeiros no país e empresas nacionais preparando-se para parcerias com investidores estrangeiros, ou tentando a captação de recursos no exterior através da obtenção de empréstimos ou da colocação de títulos mobiliários nas bolsas de valores do exterior. Assim sendo, para que os investidores possam avaliar o desempenho da empresa e a evolução de seu investimento, é necessário apresentar demonstrações contábeis elaboradas na moeda de origem, e de acordo com os critérios contábeis a que esses investidores estão acostumados. Possibilitar a aplicação do método da equivalência patrimonial sobre investimentos efetuados em diversos países. 4

As empresas americanas, européias e outras nacionalidades que possuem investimentos em outras empresas devem avalia-los de acordo com o método da equivalência patrimonial. Para tanto, é necessário apurar o valor do patrimônio líquido contábil dessas empresas em moeda estrangeira, e de acordo com os critérios contábeis americanos. Possibilitar a consolidação e combinação de demonstrações contábeis de empresas situadas em diversos países. 1.3. Contabilidade em moeda forte e a diferença entre conversão de demonstrações contábeis e contabilidade em moeda estrangeira A essência da contabilidade em moeda forte é que todos os valores das demonstrações financeiras devem ser divulgados em moeda de poder de compra da data de encerramento do último exercício social. As demonstrações são preparadas a usuários externos por muitas empresas no mundo inteiro. Embora tais demonstrações contábeis possam parecer semelhantes de um país para outro, existem diferenças que foram provavelmente resultante de uma variedade de circunstâncias sociais, econômicas e legais e de, diferentes países adotarem normas contábeis que atendam as suas necessidades, segundo o entendimento de cada um. Muitas vezes confunde-se os termos convesão de demostrações financeiras e contabilidade em meoda estrangeira. Apesar dos nomes parecidos, os termos identificam situações diferentes. Na contabilidade em moeda estrangeira todas as operações, na medida em que são feitas, são convertidas e lançadas no sistema contábil próprio, e ao final do período, as demonstrações contábeis apresentadas já estão em moeda estrangeira. Na conversão de demonstrações contábeis para moeda estrangeira, a contabilidade é em moeda local. Somente após apuradas as demonstrações contábeis é que elas são convertidas. Contabilidade em moeda estrangeira pressupõe a existência de um sistema contábil em moeda estrangeira, onde as operações, á medida em que são feitas, já estão em moeda estrangeira. Conversão de demostrações financeiras pressupõe a existência de uma contabilidade em moeda nacional, no Brasil o Real, que servirá de base para a conversão dos demonstrativos financeiros para outra moeda. 5

1.4. Definição de conversão e paridade entre moedas Conversão é o processo através do qual quantias determinadas em uma moeda são expressas em termos de outra moeda. (FIPECAFI, 1991:599) Paridade é o preço de uma unidade de moeda estrangeira medido em unidades ou frações de outra moeda estrangeira A determinação da taxa de câmbio a ser utilizada no processo de conversão e o tratamento a ser dispensado aos ganhos ou perdas surgidos do processo destacam-se como problemas principais no tocante à conversão de demonstrações financeiras. 1.5. Padronização, harmonização, uniformidade e convergência de normas contábeis São termos utilizados frequentemente em artigos relacionados ao processo de globalização das normas contábeis: Padronização, harmonização, uniformidade e convergência. A seguir, como interpretar cada termo para melhor entendimento do processo: Padronização Harmonização Uniformidade Covergência Consiste na adoção de regras mais rígidas, sem flexibilização. O padrão escolhido como referência para a harmonização mundial das demonstrações contábeis são as normas IAS/IFRS publicadas pelo IASB. Busca amenizar as diferenças internacionais. Os pronuncionamentos internacionais são traduzidos e adaptados às características de cada país sem, entretanto, perder as características básicas de cada pronunciamento. Com a harmonização mundial das normas contábeis as demonstrações contábeis de vários países serão comparáveis porque estarão uniformizadas de acordo com o padrão internacional, porém respeitando as características de cada país. Processo de implementação das normas internacionais em cada país. No brasil, o processo foi iniciado oficialmente em 1º de janeiro de 2008 com a Lei 11.638/07 e deverá estar concluído no final de 2010. Fonte: PEREZ JÚNIOR, J.H. (2009, p. 4), adaptado 6

EXERCÍCIOS 1) Considere as seguintes cotações (data de 10/02/2010): Dólar dos Estados Unidos (USD): R$ 1,84830 Peso Chileno (CLP) : R$ 0,0034607 Peso Argentino (ARS): R$ 0,481065 A partir das seguintes considerações, efetue as conversões: a) O ingresso mais barato para o show da banda Coldplay em Santiago é CLP $ 40.000,00. Um brasileiro em férias no Chile tem intenção de ir. Quantos reais desembolsará? O salário mínimo no Chile é CLP é 135.000,00 e uma garrafa de agua mineral custa CLP 400,00. Quanto corresponde, respectivamente, em reais? b) O salário mínimo na Argentina é ARS 630,00. Qual o correspondente em reais? Neste mesmo país, alugar um apartamento de dois quartos em Buenos Aires sai por US$ 400, uma passagem de ônibus custa US$ 0,80 e um refrigerante vale US$ 2. Quanto corresponde em reais? 2) Considere as seguintes cotações em Reais em 15/08/2011: Dólar dos Estados Unidos (US$) 1,5956 Euro (Euro) 2,3058 Franco Suíço (CHF) 2,0451 Libra Esterlina (GBP) 2,6146 Iene do Japão (JPY) 0,0208 7

Converta R$ 3.155.637,77 para: a) Dólar b) Euro c) Franco Suíço d) Libra Esterlina e) Iene do Japão Uma máquina fotográfica NIKON Sd 2000 custa JPY $ 6.000,00. Um brasileiro que trabalha lá deseja comprar. Quantos reais gastará? O total das disponibilidades constantes no balanço da empresa Tower S/A é de R$ 1.220.342,21. Ao se converter para moeda da matriz (EUA) qual valor corresponderá? Uma viagem de seis dias a Madrid custa Euro 6.600,00 (1.100,00 por dia) no Hotel Valladolid. Em reais, qual o valor correspondente? Calcule a paridade das moedas em relação ao Dólar em 15/08/2011: Moeda Cotação Paridade em relação ao Dólar Calcule a paridade das moedas em relação ao Euro em 15/08/2011: Moeda Cotação Paridade em relação ao Euro 8

Utilizando a paridade entre as moedas converta os valores em US$ para as moedas solicitadas: ATIVO US$ PASSIVO US$ Circulante Circulante Caixa 1.000,00 Fornecedores 5.000,00 Mercadorias 7.605,00 Impostos a Recolher 3.000,00 Contas a Receber 7.000,00 Outras Contas a Pagar 2.500,00 PCLD -105,00 Não Circulante Patrimônio Líquido Veículos 15.000,00 Capital Social 21.000,00 Móveis e Utensílios 10.000,00 Reservas de Lucros 2.000,00 Depreciação -7000,00 Total Ativo 33.500,00 Total Passivo 33.500,00 ATIVO CHF Euro GBP Circulante Caixa Mercadorias Contas a Receber PCLD Não Circulante Veículos Móveis e Utensílios Depreciação Total Ativo PASSIVO CHF Euro GBP Circulante Fornecedores Impostos a Recolher Outras Contas a Pagar Patrimônio Líquido Capital Social Reservas de Lucros Total do Passivo 9

3) Responda: 3.1) A Lei 11.638/07 derivou da necessidade de ter o Brasil inserido nas normas internacionais de contabilidade. Verdadeiro Falso 3.2) As muitas mudanças envolvendo a contabilidade no cenário internacional não têm afetado de forma positiva, a classe contábil no contexto brasileiro. Verdadeiro Falso 3.3) A Lei nº 11.638/07 introduziu no Brasil? A B C D E os princípios de IFRS - International Financial Reporting Standards; os princípios da SEC? Securities and Exchange Commission; o modelo americano de contabilidade; as NBCs? Normas Brasileiras de Contabilidade; todas as respostas estão corretas; 3.4) Com relação à harmonização das normas contábeis é correto afirmar: A B C D E a harmonização das normas contábeis é um processo de extrema relevância e altamente necessário para as companhias que operam em diversos países e que precisam apresentar informações as suas controladoras sediadas no exterior ou aos seus usuários internacionais (clientes, fornecedores, bancos, etc); no Brasil, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) é órgão responsável pela elaboração e harmonização das normas contábeis que está ligado ao Conselho Federal de Contabilidade (CFC); o CPC tem por objetivo principal alinhar o Brasil ao que há de melhor em práticas contábeis em nível internacional; todas as respostas estão corretas; todas as respostas estão incorretas; 10

Capítulo 2: 2.1. Princípios contábeis geralmente aceitos no Brasil e internacionais Em função do processo de harmonização de práticas contábeis, os princípios contábeis geralmente aceitos no Brasil já foram reformulados e, portanto, estão harmonizados com os princípios internacionais de contabilidade. Isto decorre pois o Pronunciamento Conceitiual Básico emitido pelo CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis sob o título Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis foi elaborado com base no Framework for the Preparation and Presentation of Financial Statements, emitido pelo IASB International Accounting Standards Boards e foi aprovado pela Resolução CFC 1.121/08, que o transformou na Norma Brasileira de Contabilidade NBC T 1. Em duas categorias classificam-se os princípios contábeis: Primeira Categoria - Pressupostos Básicos: Regime de Competência Continuidade Segunda Categoria Características Qualitativas das Demonstrações Contábeis: Compreensibilidade ou Clareza Relevância Confiabilidade Comparabilidade Resumo dos princípios contábeis: 11

Regime de Competência Continuidade Exige a apropriação das receitas e das despesas, com suas mutações nos ativos e passivos e, consequentemente, no patrimônio líquido, com fundamento em que seus fatos geradores contábeis ocorrem, e não apenas quando de seus reflexos no caixa. Exige também a confronmtação das despesas com a receitas realizadas a que se relacionam. As demonstrações contábeis são preparadas sob o pressuposto da Continuidade das atividades da entidade, se esse pressuposto não estiver presente, os conceitos básicos estipulados para avaliação dos ativos e passivos precisam ser modificados e a devida divulgação precisa ser dada. Clareza Relevância Confiabilidade Comparabilidade Se fundamenta no pronto entendimento por parte de usuários que tenham um conhecimento razoável dos negócios, atividades econômicas e contabilidade e a disposição de estudar as informações com razoável diligência. Diz respeito à influência de uma informação contábil na tomada de decisões. As informações são relevantes quando podem influenciar ar decisões econômicas dos usuários, ajudando-os a avaliar o impacto de eventos passados, presentes ou futuros ou confirmando ou corrigindo as suas avaliações anteriores. A Relevância depende da natureza e também da materialidade (tamanho) do item em discussão. Exige que a informação seja apresentada da forma mais adequada possível, retratando apropriadamente o que se pretende evidenciar. Para a Contabilidade estar presente é fundamental que seja sempre respeitada a Primazia da Essência Sobre a Forma, ou seja, que as transações e eventos devem ser contabilizados e apresentados de acordo com a sua realidade econômica e não meramente em sua forma legal. É necessário também que se observe a Neutralidade (Impacialidade), a Prudência e a Integridade. Permite comparar informações contábeis de certa entidade ao longo do tempo. Trata-se da caracteística que permite a melhor visão da evolução da entidade medida sob os mesmos critérios e princípios ao longo do tempo (consistência), mas sem que isso leve à não evolução das práticas contábeis; e a comparabilidade também se aplica à adoção das mesmas práticas por empresas semelhantes. Fonte: PEREZ JÚNIOR, J.H. (2009, p. 10), adaptado 2.2. Os Organismos internacionais responsáveis pelas normas internacionais: aspectos Introdutórios A Globalização gera uma série de implicações no mundo dos negócios; uma das mais importantes é a concorrência acirrada entre as empresas, o que resulta em uma busca de melhorias constantes. Essa busca traduz-se na diversificação dos negócios, bem como na ampliação dos mercados consumidores. Exemplos claros de tais melhorias são fusões, cisões, incorporações, aquisições e joint ventures (companhias com controle compartilhado). Essas operações, denominadas genericamente Business Combination (combinações de negócios), têm crescido rapidamente. Nesse contexto, surgem problemas relacionados ao tratamento contábil 12

aplicável a essas concentrações de empresas, sendo necessário identificar as principais semelhanças e diferenças no tratamento contábil, a fim de harmonizar as práticas contábeis adotadas pelos mais diversos países que estão participando ativamente do atual mundo dos negócios, os quais podem ser compostos por grupos de empresas que atuam nas mais diversas partes do globo, bem como por companhias que angariam fundos nos mais distintos mercados de capitais. A harmonização das normas contábeis abre o mercado brasileiro aos investidores internacionais, além de tornar o mercado de capitais e o sistema financeiro brasileiro mais transparentes e reduzindo o risco país. 2.2.1. Orgãos reguladores - USA 2.2.1.1 SEC - Securities Exchange Comission Nos Estados Unidos da América, o formato e o conteúdo das demonstrações financeiras das companhias abertas são regulados pela SEC, que é a comissão de valores mobiliários norte-americana, de forma similar à CVM brasileira. Não obstante o fato de que a SEC tenha delegado muitas de suas responsabilidades ao FASB, ela freqüentemente acrescenta outras solicitações. Uma vez que a SEC reconhece os pronunciamentos do FASB como sendo de uso obrigatório, da mesma forma como eram reconhecidas as opiniões do APB antes de 1973, ele constitui-se na principal entidade responsável pela emissão de padrões para a preparação das demonstrações financeiras e pela determinação dos USGAAP nos Estados Unidos. 2.2.1.2 FASB - Financial Accounting Standards Board O Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (FASB), criado em 1973, caracteriza-se por ser uma entidade independente, cujos membros componentes devem ser totalmente desvinculados do mercado de capitais. Todavia, historicamente a maioria dos membros do conselho foi anteriormente auditores, funcionários de grandes corporações mundiais, servidores governamentais e membros da academia, porque, para o desempenho dessa função, é exigido conhecimento. Antes de emitir um novo pronunciamento (SFAS), o FASB freqüentemente trabalha, com uma força-tarefa composta de contadores públicos (CPAs) representativos da indústria, acadêmicos e usuários das demonstrações financeiras para desenvolver um memorando de discussão. Após receber os comentários 13

públicos e ouvir suas opiniões, essa assessoria prepara uma proposta de padrões de contabilidade e a disponibiliza para comentários públicos. Esse instrumento confere ao público uma oportunidade para comentar sobre o projeto antes de ser finalizado e emitido como um pronunciamento do FASB. A base conceitual para os USGAAP está incluída nos pronunciamentos conceituais do FASB, denominados SFAS, que criaram uma espécie de estrutura conceitual básica usada pelo conselho para o estabelecimento de padrões de contabilidade. 2.2.1.3. AICPA - American lnstitute of Certified Public Accountants O instituto americano dos contadores públicos certificados (AICPA) possui um comitê técnico sênior denominado Comitê Executivo de Padrões da Contabilidade (AcSEC). Esse comitê é composto de 15 membros voluntários, com representantes da indústria, da academia, analistas, e empresas de contadores públicos nacionais e regionais. Além disso, todos os membros do AcSEC são contadores certificados (CPAs) e membros do AICPA. O AcSEC está autorizado a formular padrões de contabilidade, bem como a representar o AICPA em matérias da contabilidade. Esses padrões de contabilidade são elaborados através do trabalho de comitês do AICPA e de forças-tarefa. O comitê emite pronunciamentos de posição (SOPs), guias de auditoria e de contabilidade, os quais são revisados e cancelados pelo FASB. 2.2.2. Orgãos reguladores Os Organismos internacionais responsáveis pela harmonização contábil 2.2.2.1. IASB International Accounting Standards Board Em nível internacional, o Quadro de Padrões Internacionais de Contabilidade (IASB), órgão que emite pronunciamentos denominados International Accounting Standards (IAS), utilizados como referência em diversos países. Seus pronunciamentos são aceitos como ferramenta de publicação em quase todas as bolsas de valores do mundo, para as empresas que nelas desejem ser cotadas, auxiliando dessa forma o acesso aos mercados de capitais mundiais e tornando as empresas que utilizam tais padrões capazes de ser ativamente participantes da atual economia globalizada. Para se ter uma noção da importância do IASB, um fato marcante ocorreu no ano de 2002. A Comunidade Européia (CE) aprovou uma regulamentação que toma 14

obrigatória, a partir de 2005, a elaboração de demonstrações financeiras consolidadas de acordo com os pronunciamentos emitidos pelo IASB para todas as companhias abertas de seus países-membros. Essa resolução da CE representa um marco histórico no processo de harmonização contábil das práticas contábeis mundiais, uma vez que esse grande bloco econômico passará a divulgar, aos seus usuários externos, informações consolidadas passíveis de comparação. Esse procedimento possivelmente impulsionará outras iniciativas nesse sentido, haja vista a grande redução de custos provocada por esse evento, especialmente no que tange à conversão das demonstrações contábeis de acordo com os princípios de contabilidade geralmente aceitos de um país para o outro. Prova disso é que a Austrália também passará a adotar os pronunciamentos emitidos pelo IASB a partir de 2005. Os Padrões Internacionais de Relatórios Financeiros (IFRS International Financial Report Standards) e os Padrões Internacionais de Contabilidade (IAS - International Accounting Standards) foram criados pelo Conselho Consultivo de Normas de Contabilidade (IASB - International Accounting Standards Board) para assegurar que as empresas desenvolvam relatórios financeiros compatíveis. Com isto, aproximadamente 7.000 empresas que constam da relação da União Européia preparem seus balanços financeiros consolidados de acordo com os padrões IFRS/IAS. Com isto empresas de capital aberto terão que aderir ao IFRS, além de estar em conformidade com suas próprias regulamentações locais de impostos, dividendos, etc., o que acaba por demandar ao menos dois conjuntos de relatórios financeiros. As subsidiárias brasileiras de empresas européias também deverão apresentar suas demonstrações com base nos IAS (KPMG, 2002). Nesse contexto também se insere o processo de consolidação das demonstrações financeiras, pois a necessidade de elaboração e divulgação de demonstrações financeiras consolidadas vem aumentando cada vez mais em função do crescente volume de transações de aquisições de empresas que ocorrem freqüentemente em todo o mundo. 2.2.2.2. IASC - International Accounting Standards Committee O IASC - Comitê de Padrões de Contabilidade Internacional foi constituído no ano de 1973 através de um acordo feito entre organismos profissionais de Contabilidade da Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Países Baixos, Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos. 15

Entre 1983 e 2001, os membros do IASC incluíram todas as entidades de profissionais contábeis que são membros da Federação Internacional de Contadores - IFAC. Em maio de 2000, uma nova constituição, em termos de estrutura organizacional, foi aprovada; nela o IASC foi estabelecido como uma entidade independente, comandada por 19 curadores. 2.2.2.3. SAC - Standards Advisory Council (SAC) O Conselho Consultivo de padrões é o organismo internacional através do qual grupos e indivíduos que advêm de outras áreas geográficas - onde não estão estabelecidos os curadores do IASB - fazem recomendações ou aconselham o IASB. Esse conselho deve reunir-se, no mínimo, três vezes por ano. Além disso, o IASB deve consultá-lo sobre todos os principais projetos. As assembléias do SAC devem ser públicas. O SAC é composto de aproximadamente 30 membros, todos eles pertencentes a regiões geográficas distintas, com especialização técnica que possibilite contribuir para a formulação de normas contábeis. 2.2.2.4. SIC Standing Interpretation Committee (SIC) O Comitê Permanente de Interpretações foi criado em 1997, tendo em vista a necessidade de considerar algumas questões contábeis que possam receber tratamento contábil divergente ou inaceitável, devido à falta de orientação oficial no local. Essas considerações fazem parte do contexto das normas internacionais e da estrutura conceitual do IASB. Para o desenvolvimento de suas atividades, o SIC consulta entidades similares em todo o globo. O SIC trata de questões abrangentes, não daquelas que se referem a exceções. As interpretações abrangem assuntos relacionados: pronunciamentos já emitidos (áreas nas quais a prática contábil é insatisfatória em relação às normas internacionais); pronunciamentos não emitidos, (tópicos novos, que não existiam quando a norma foi desenvolvida). O SIC conta com um grupo de até 12 membros votantes, incluindo profissionais de contabilidade, elaboradores e usuários das demonstrações financeiras, originários de vários países. 16

2.2.3. A harmonização da contabilidade nos moldes do IFRS no mundo As Normas Internacionais de Contabilidade (Internacional Accounting Stardard IAS), atualmente conhecidas como normas IFRS (Intenational Financial Reporting Standard) Padrão Internacional de Relatórios Financeiros são um conjunto de pronunciamentos de contabilidade internacionais publicados e revisados pelo IASB International Accounting Standards Board. As normas IFRS foram adotados pelos países da União Européia a partir de 31 de Dezembro de 2005 com o objetivo de harmonizar as demonstrações financeiras consolidadas publicadas pelas empresas abertas européias. A iniciativa foi internacionalmente acolhida pela comunidade financeira. Atualmente, aproximadamente 110 países já aderiram ou estão em processo de convergência às normas internacionais de contabilidade. Histórico de Criação das Normas IAS/IFRS: 1972 A criação de um comitê de pronunciamentos contábeis internacionais foi sugerida durante o 10º. Congresso Mundial de Contadores. 1973 Criado o IASC International Accounting Standards Committee Comitê de Pronunciamentos Contábeis Internacionais. 2001 Criado o IASB para a emissão do IFRS. 2005 Os países da União Européia UE adotam as normas do IFRS. 2006 FASB e IASB fazem acordo para convergência entre o IFRS e USGAAP. A China adota o IRFS. 2007 Brasil, Canadá, Chile, Índia, Japão e Coréia estabelecem datas para adotar o IFRS. 2007 Ângela Merkel (UE) e George W. Bush (USA) assinam acordo de harmonização das normas contábeis confirmando o trabalho desenvolvido pelo FASB e IASB no sentido de criar um modelo de contabilidade universal. 2007 SEC anuncia que a partir de 2009 aceitará de empresas estrangeiras listadas na Bolsa de Valores dos EUA a publicação de demonstrações contábeis de acordo com o IFRS sem necessidade de reconciliação com o USGAAP. 2007 Lei 11.638/07, aprovado pelo congresso nacional brasileiro, com o objetivo de harmonizar as práticas contábeis brasileiras às normas internacionais de contabilidade IFRS. 17

2.3. Orgãos reguladores - Brasil 2.3.1. CVM - Comissão de valores Mobiliários A Comissão de Valores Mobiliários foi criada em 1976, através da Lei n. 6.385/76. Trata-se de uma entidade autárquica vinculada ao Ministério da Fazenda, que, entre suas atribuições previstas na referida lei, tem competência para regulamentar, com observância da política definida pelo Conselho Monetário Nacional, as matérias previstas nesta lei e na Lei das Sociedades por Ações. A partir de então, a CVM, por delegação legal expressa, também passou a emitir pareceres, instruções e deliberações, regulamentando a matéria contábil para as sociedades anônimas de capital aberto. Além disso, juntamente com a Lei das Sociedades por Ações, disciplina o funcionamento do mercado de valores mobiliários e a atuação das companhias abertas, dos intermediários financeiros e dos investidores, além de outros cuja atividade é relacionada a esse mercado. A CVM tem poderes para: Disciplinar; Normatizar; e fiscalizar a atuação dos diversos agentes integrantes do mercado. Seu poder normatizador abrange todas as matérias referentes ao mercado de valores mobiliários, que incluem: registro de companhias abertas; credenciamento de auditores independentes e administradores de carteiras de valores mobiliários; organização, funcionamento e operações das bolsas de valores; negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários; suspensão de emissão, distribuição ou negociação de determinado valor mobiliário ou decretação de recesso de bolsa de valores. 2.3.2. CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis Origem: O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes entidades: ABRASCA Associação Brasileira das Companhias Abertas APIMEC NACIONAL Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento 18

do Mercado de Capitais BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo CFC Conselho Federal de Contabilidade FIPECAFI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil Em função das necessidades de: - convergência internacional das normas contábeis (redução de custo de elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e custo nas análises e decisões, redução de custo de capital); - centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil, diversas entidades o fazem); - representação e processo democráticos na produção dessas informações (produtores da informação contábil, auditor, usuário, intermediário, academia, governo). Criação e Objetivo: Criado pela Resolução CFC nº 1.055/05, o CPC tem como objetivo "o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais". Características Básicas: - O CPC é totalmente autônomo das entidades representadas, deliberando por 2/3 de seus membros; - O Conselho Federal de Contabilidade fornece a estrutura necessária; - As seis entidades compõem o CPC, mas outras poderão vir a ser convidadas futuramente; - Os membros do CPC, dois por entidade, na maioria Contadores, não auferem remuneração. Além dos 12 membros atuais, serão sempre convidados a participar representantes dos seguintes órgãos: - Banco Central do Brasil; - Comissão de Valores Mobiliários; - Secretaria da Receita Federal; - Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). 19