FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA ESCOLA BÁSICA: DEMANDAS E PERSPECTIVAS



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Transcrição:

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA ESCOLA BÁSICA: DEMANDAS E PERSPECTIVAS Heitor Antônio Gonçalves, UFSJ RESUMO O presente trabalho apresenta o desenvolvimento e os resultados obtidos a partir de um levantamento realizado junto a professores da Escola Básica na implantação do Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores (LIFE) na Universidade Federal de São João Del Rei, etapa esta de um trabalho mais amplo desenvolvido na Região das Vertentes - MG. Para isso foram realizados, entre outras ações, encontros com professores e diretores de escolas e a montagem e aplicação de um questionário com o intuito de se conhecer melhor o perfil dos profissionais da educação da região. A coleta de dados permitiu conhecer melhor os professores da rede pública, principalmente no que se refere à atuação profissional, a formação acadêmica, e a propostas de sugestões, temas e ações consideradas por eles como importantes. Os dados levantados estão subsidiando ações no processo de formação desenvolvido no âmbito do Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores (LIFE/UFSJ). Palavras-chave: formação de professores, relação escola e universidade, perfil docente. INTRODUÇÃO Um dos desafios à formação de professores na contemporaneidade ainda está na criação de práticas e espaços educativos que rompam com modelos assentados na racionalidade técnica, os quais pressupõem o conhecimento teórico como suficiente à atuação docente. Nos últimos trinta anos, pelo menos, essa ruptura tem sido sugerida e discutida sob diferentes vieses teóricos, a exemplo de Donald Schön, Maurice Tardif, Kenneth Zeichner e Henry Giroux. Sob a perspectiva dos Estudos Culturais, por exemplo, esse último autor defende que os professores não são simplesmente transmissores de configurações existentes de conhecimento, e sim, intelectuais públicos, que estão sempre implicados/as na dinâmica do poder e conhecimento social que produzem, medeiam e legitimam em suas salas de aula. Nessa direção, uma proposta de formação de professores se implementaria através de práticas pedagógicas que promovem as condições para que os/as estudantes estejam criticamente atentos/as à natureza histórica e socialmente construída de

seus conhecimentos e experiências, num mundo extremamente cambiante de representações e valores (SILVA, 2009, p. 101). Esse e outros diferentes modos de ver e conceber a formação docente -contrários a propostas aplicacionistas do conhecimento colocam-se como possíveis referenciais a práticas educativas. Percebemos que a oferta dos cursos de licenciatura no Brasil é precária, frente às demandas da profissão docente, e apontam que a formação de professores não pode ser pensada a partir das ciências e seus diversos campos disciplinares, como adendo destas áreas, mas a partir da função social própria à escolarização ensinar às novas gerações o conhecimento acumulado e consolidar valores e práticas coerentes com nossa vida civil. A forte tradição disciplinar que marca a identidade docente entre nós, e leva os futuros professores em sua formação a se afinarem mais com as demandas provenientes da sua área específica de conhecimento do que com as demandas gerais da escola básica, leva não só as entidades profissionais como até as científicas a oporem resistências às soluções de caráter interdisciplinar para o currículo [...] (GATTI e BARRETO, 2009, p. 258). Com base no que foi acima exposto, o projeto desenvolvido de forma uníssona com o Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores da Universidade Federal de São João del-rei, desenvolveu entre outros a realização de uma tomada de dados para pautar suas ações no sentido de proporcionar o atendimento às demandas de formação de professores com origem nas licenciaturas existentes, considerando as características da sociedade contemporânea e as necessidades de uma formação contextualizada e de qualidade. METODOLOGIA O projeto objetivou colher dados a respeito dos professores da Região das Vertentes em São João del Rei-MG permitindo que ações de intervenção integrem as licenciaturas (formação inicial) com a escola básica (formação continuada), tendo em vista uma formação de qualidade, contextualizada e interdisciplinar, visando o desenvolvimento de metodologias voltadas para a inovação das práticas pedagógicas.

Inicialmente foi realizado um levantamento de bibliografia, pesquisas e projetos que tratem do tema que desenvolvemos qual seja, a Formação de Professores e o desenvolvimento de propostas pedagógicas inovadoras para dar suporte às diversas atividades nesta direção. Realizou-se um contato inicial com a Secretaria Municipal de Educação e com a Superintendência Regional de Ensino de São João Del Rei. Nesta ação iniciamos os contatos com escolas cujos professores interessados em participar do projeto. Este contato foi precedido de uma discussão com a finalidade de sensibilizar para a importância do projeto como oportunidade de formação e como um caminho de mão dupla para interação entre universidade e escola básica. Realizamos encontros de professores SRE de São João Del Rei e pela Secretaria Municipal de Educação, nestes encontros foi possível uma discussão inicial sobre o Projeto e sobre o LIFE, além de conseguirmos uma lista de 322 e-mails para contatos diversos e para levar até aos professores o instrumento de coleta de dados. Desenvolvemos um questionário na interface do Google Drive contendo 26 questões referentes à atuação profissional dos professores e suas principais sugestões de temas e ações a serem desenvolvidas pelo LIFE. O questionário foi encaminhado via e-mail aos professores. Foi possível um retorno de 80 questionários respondidos, os quais foram analisados a fim de colaborar para futuras intervenções e ações do LIFE para a formação continuada de professores junto às escolas. RESULTADOS A partir do desenvolvimento deste Projeto foi possível alcançar resultados importantes, os quais citaremos a seguir. O desenvolvimento deste projeto tem possibilitado maior interação entre universidade e escola básica, a partir de encontros entre o grupo e os professores, diretores e funcionários das escolas de Educação Básica. Foram realizados encontros e visitas a 5 escolas. A realização deste projeto promoveu também o envolvimento de acadêmicos de licenciaturas com a realidade escolar na região, principalmente os bolsistas participantes do projeto.

Estabeleceram-se também condições para que os professores permanecessem em contato com a universidade, em especial com o grupo envolvido ao Laboratório Interdisciplinar de Educadores (LIFE), mesmo após a execução do projeto. Foi possível a obtenção de dados importantes referentes à atuação profissional dos professores da educação básica da região das vertentes e suas principais sugestões de temas e ações a serem desenvolvidas pelo LIFE relacionadas aos alunos, a metodologias e abordagens, e ao conteúdo. Consideramos suficiente o número de respostas frente ao número total de e-mails que possuíamos. Ao realizarmos a análise dos dados obtidos neste questionário identificamos aspectos importantes referentes à formação inicial e continuada, à atuação profissional e também a demandas e sugestões de intervenções do LIFE junto às escolas, por parte dos professores. Devido os limites deste texto apresentaremos parte dos dados coletados com uma representação gráfica para a maioria das questões para ajudar na compreensão dos dados. Em um total de 39 professores que responderam a questão 1.3, referente a idade, obtivemos que a maioria, 19 professores, tem idade entre 25 a 35 anos. Com relação à questão 1.4 referente à utilização do computador, podemos notar que a maioria dos professores 80% utiliza os projetos e a internet como mostra o gráfico 1. Este dado se mostra importante para o Projeto visto que a utilização do computador e internet podem ser ferramentas importantes tanto para o trabalho de formação continuação quanto para a comunicação que deve existir entre o LIFE e os professores.

A questão 1.5 referente à utilização do computador na preparação das aulas mostra que 61% dos professores utilizam a internet e os projetos para a preparação das aulas como mostra o Gráfico 2. Isso também é um dado importante, visto que é possível que o LIFE discuta aulas inovadoras de modo a estabelecer e aprimorar os conhecimentos destes professores com relação aos recursos do computador e da internet em sala de aula. A questão 2.1 referente à formação de magistério em nível médio mostra que apesar da maioria 59% não possuir tal formação, um número relevante, 41% dos professores, a possui, como mostra o Gráfico 3.

Com relação à questão 2.3.1 referente à realização de cursos de especialização mostra que a maioria, 58% dos professores que responderam a questão fizeram um curso de especialização como mostra o Gráfico 4. Isto é um dado também muito interessante, pois mostra que os professores tem buscado continuar seu percurso de formação. Podemos observar também quais cursos de licenciatura, os professores participantes são formados a partir do gráfico 5.

Com relação à questão 3.2, referente ao nível de ensino em que os professores atuam, pode-se perceber que a maioria dos professores trabalham no Ensino Fundamental e Ensino Médio, 51% e 39%, respectivamente, como mostra o gráfico 6. Muitos professores, 61%, trabalham com alunos deficientes em turmas regulares, isso é mostrado no Gráfico 7. Este dado também se faz relevante uma vez que alguns destes profissionais possuem dificuldades em trabalhar nesta situação. A seguir apresento a sugestão que um professor relacionada a esta questão: Acho importante que seja passado ao professor práticas que ensine como lidar com alunos com deficiência e como ajudar os outros alunos no convívio com os deficientes (Sugestão de um professor).

Com relação à questão 3.1 referente ao tempo de docência, foi possível notar que de modo geral, os professores possuem pouco tempo de trabalho docente, sendo que o maioria, 31% possui entre 0 a 5 anos de docência, conforme mostra o gráfico 8. Por fim, analisamos as propostas e sugestões dos professores para serem desenvolvidas no âmbito do LIFE. Ao analisarmos a questão 5.1, referente a propostas de temas relacionados aos alunos e que possam ser trabalhados no âmbito do LIFE, verificamos uma variedade de propostas e sugestões, no entanto, selecionamos algumas que apareceram de forma repetitiva, por exemplo, como trabalhar com alunos com deficiência. Um dos professores sugere: Alunos com deficiência na alfabetização (como auxiliar o professor

de Língua Portuguesa a suprir esta deficiência, afinal, todas as áreas deveriam estar envolvidas). Outros temas que se repetem são o uso de drogas, a sexualidade, a participação da família, e a Indisciplina. Surgiram também sugestões referentes ao uso de jogos, celulares e internet para fins didáticos. Um professor sugere: Curso para que o alunos possam usar o celular com mais direcionamento pratico pedagógico. Ao analisarmos a questão 5.2, referente a propostas de metodologias e abordagens que possam contribuir para a formação do professor, percebemos também uma grande variedade de sugestões, no entanto, como na questão anterior selecionamos aqui alguns temas que se repetiram. Sugestões como o uso de aulas práticas, a relação teoria e prática nas aulas, uso de projetos e internet na sala de aula, a interdisciplinaridade em oficinas e aulas. Um professor sugere: Aulas interdisciplinar com temas que abordem desde matemática até sociologia, temas e métodos que os alunos interagem entre e si e coloquem em pratica nos seu dia-a-dia, no caso de filosofia que chame a atenção e o interesse pela matéria. Ao analisarmos a questão 5.3, referente a propostas sobre o conteúdo que o professor leciona, percebemos também uma grande variedade de sugestões, no entanto, neste caso não se pode perceber grande repetição de sugestões devido a amplitude de possibilidades que podem ser abordadas e sugeridas quando tratamos de conteúdo. Os professores tiveram também a oportunidade de propor outras ações e temas na questão 5.4, questão na qual também percebemos um grande número de sugestões distintas. Por fim foi possível definimos horários nos quais os professores poderiam participar de futuras atividades junto ao LIFE por meio da questão 5.5. Todas essas questões levantadas nos possibilitaram conhecer melhor os professores da rede pública, principalmente no que se refere à atuação profissional, a formação acadêmica, e a propostas de sugestões, temas e ações consideradas por eles como importantes para serem desenvolvidas e trabalhadas no processo de formação continuada que será desenvolvido no âmbito do Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores (LIFE).

CONCLUSÃO O Projeto desenvolvido permitiu conhecer melhor os professores da rede pública, principalmente no que se refere à atuação profissional, a formação acadêmica, e a propostas de sugestões, temas e ações consideradas por eles como importantes para serem desenvolvidas e trabalhadas no processo de formação continuada que está sendo desenvolvido no âmbito do Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores (LIFE). Os dados coletados mostraram também um professor interessado na sua própria formação e conhecedor de possibilidades ações a serem desencadeadas neste processo. O desenvolvimento do projeto, no que diz respeito a etapa de coleta de dados sobre os professores, permitiu, ao alcançar seus objetivos, além de outros, estabelecer uma relação entre a universidade e a escola por meio de encontros e discussões entre professores e a possibilidade de criação de grupos para futuras parcerias com o Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores (LIFE). REFERÊNCIAS FAZENDA, Ivani Catarina. Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. São Paulo: Loyola, 1993. FÓRPROEX - Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Extensão Universitária: organização e sistematização. Organização: Edison José Corrêa. Coordenação Nacional do FORPROEX. Belo Horizonte: Coopmed, 2007. GATTI, B. A.; SÁ BARRETO, E. S. Professores no Brasil: impasses e desafios. Brasília: UNESCO, 2009. GIROUX, H. A. Praticando estudos culturais nas faculdades de educação. In: SILVA, T. T. (org.) Alienígenas na sala de aula: uma introdução ao s estudos culturais em educação. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. (Coleção Estudos Culturais em Educação). p. 85 103. PEREIRA, Izaides. Educação Física e interdisciplinaridade no ensino fundamental. 2007. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/educacao-fisica-einterdisciplinaridade noensinofundamental/3045/>. Acesso em: 15 de abr. de 2014.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 4.ed. Petrópolis: Vozes, 2004. TARDIF, M. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários. In: Revista Brasileira de Educação. N. 13. 2000 ZEICHNER, K. A Formação Reflexiva de Professores: Ideias e Práticas. Lisboa: EDUCA, 1993.