Projeto de Criação e Implantação da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA)

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Transcrição:

Projeto de Criação e Implantação da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) Belém 2011

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Projeto de Criação e Implantação da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) Belém 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Reitor Carlos Edilson de Almeida Maneschy Vice-Reitor Horácio Schneider Chefe de Gabinete Maria Lúcia Langbeck Ohana Pró-Reitor de Administração Edson Ortiz de Matos Pró-Reitora de Ensino de Graduação Marlene Rodrigues Medeiros Freitas Pró-Reitor de Extensão Fernando Arthur de Freitas Neves Pró-Reitor de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal João Cauby de Almeida Júnior Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Emmanuel Zagury Tourinho Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional Erick Nelo Pedreira Pró-Reitor de Relações Internacionais Flávio Augusto Sidrim Nassar Prefeito Alemar Dias Rodrigues Junior Procuradora Geral Maria Cristina César de Oliveira Diretor Executivo da FADESP João Farias Guerreiro

CRÉDITOS TÉCNICOS PROJETO INICIAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Reitor Alex Bolonha Fiúza de Mello Vice-Reitora Regina Fátima Feio Barroso COMISSÃO DE ELABORAÇÃO DO PROJETO DE CRIAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ Presidente Regina Fátima Feio Barroso Membros: Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia / PA João Crisóstomo Weyl Albuquerque Costa Secretaria de Estado de Educação / PA Iracy de Almeida Gallo Ritzmann Universidade Federal do Pará Pró-Reitoria de Ensino de Graduação Licurgo Peixoto de Brito Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal Sibele Maria Bitar de Lima Caetano Vice-Reitoria Christiana Saraiva Burlamaqui de Mello Ana Clotildes Colares Gomes Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional Madeleine Mônica Athanázio Luiz Armando Souza Pinheiro Cristina Kazumi Nakata Carlos Max Miranda de Andrade Nilce Lameira de S. Gonçalves Raimundo da Costa Almeida Maria do Socorro Coutinho Martins

CRÉDITOS TÉCNICOS ATUALIZAÇÃO DO PROJETO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Reitor Carlos Edilson de Almeida Maneschy Vice-Reitor Horácio Schneider EQUIPE DE ATUALIZAÇÃO DO PROJETO DE CRIAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ Coordenador Erick Nelo Pedreira Membros: Campus Universitário de Marabá Hildete Pereira dos Anjos Coordenadora Fernando Michelotti - Vice-Coordenador Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional Maria Rita Pinheiro Sotero Cristina Kazumi Nakata Yoshino Raimundo da Costa Almeida Carlos Max Miranda de Andrade Raquel Trindade Borges Jaciane do Carmo Ribeiro Ana Carla Macedo da Silva Márcio Augusto da Cruz Almeida Raul Fernando do Couto R. Filho (Bolsista)

APRESENTAÇÃO A região sudeste do Pará, com Marabá como seu principal pólo urbano, representa, hoje, graças à explosão da produção mineral, uma das zonas de maior crescimento industrial e demográfico de todo o norte e nordeste do país. Dadas as necessidades sociais postas e a urgência de sua solução, há muito a sociedade local aspira por uma universidade própria, diversificada, ampla e sólida, seja pela distância da capital, seja pelas dificuldades de comunicação, como por suas tradições e população. Trata-se, a criação da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará UNIFESSPA, de um momento histórico a exemplo da UFOPA, no oeste do estado. Um fato de profundo significado político e social, que irá mudar o cenário presente e o destino de uma das regiões brasileiras mais ricas em recursos naturais, mas ainda excluída dos investimentos e oportunidades de crescimento. A Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará deverá ser a segunda Universidade pública criada no interior da Amazônia. Sinal dos tempos. Demonstração da sensibilidade do atual governo pela redução das desigualdades regionais por meio do investimento em educação. A Amazônia necessita urgentemente de um choque de educação, dado seu triste desempenho nos índices educacionais. O Projeto de criação da UNIFESSPA é inovador, fruto de uma sólida parceria entre o setor público (federal e estadual) e o privado. O setor público está representado na esfera federal pelo Ministério da Educação e pela Universidade Federal do Pará (UFPA), instituição que deu origem à UNIFESSPA; na esfera estadual, pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia e pela Secretaria de Estado de Educação. Quanto ao setor privado, será representado pela Companhia Vale, instituição parceira da UFPA desde o início do Projeto de Expansão do Campus de Marabá, e que deverá contribuir com parte dos investimentos em infra-estrutura da UNIFESSPA e em projetos de pesquisa a serem desenvolvidos no Parque de Ciência e Tecnologia a ser implantado em Marabá. O presente projeto de criação e implantação da UNIFESSPA traz uma caracterização da área de influência da nova Instituição Federal de Ensino Superior - IFES, elenca os principais cenários e tendências para o Sul e Sudeste Paraense e demais municípios da área de influência da nova universidade e discorre sobre os desafios da nova instituição. Apresenta a proposta para a estrutura organizacional, enumera os cursos que serão oferecidos, os recursos humanos (às atividades meio e fim) e a infra-estrutura física e patrimonial que viabilizarão a atuação da nova academia na superação do desafio do desenvolvimento regional.

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 População em 2010 - Pará, mesorregião Sudeste Paraense, Marabá e Parauapebas... 19 Gráfico 2 Área territorial do Pará, da mesorregião Sudeste Paraense e do município de São Félix do Xingú... Gráfico 3 Formação dos docentes da educação básica nas mesorregiões paraenses... 30 19

LISTA DE MAPAS Mapa 1 - Mesorregião Sudeste Paraense, com destaque para os Campi da UNIFESSPA... 13 Mapa 2 - Infra-estrutura de transportes no estado do Pará... 24 Mapa 3 - Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios da área de influência da UNIFESSPA... 29

LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Resumo dos Principais Indicadores de Marabá, Parauapebas, Rondon do Pará e Xinguara... 16 Tabela 2 - Fluxo de passageiros interestaduais no terminal rodoviário de Marabá- 2002-2004... 25 Tabela 3 - Ferrovia - sentido, extensão e quantidade de carga transportada (1999 2005)... 25 Tabela 4 - Movimento de passageiros nos principais aeroportos da mesorregião embarque / desembarque... 26 Tabela 5 - Movimentação de cargas nos principais aeroportos da mesorregião embarque / desembarque / trânsito... 26 Tabela 6 - Índice de Desenvolvimento Humano - Municipal, 1991 e 2000. Municípios da mesorregião do Sudeste Paraense... 27 Tabela 7 - Matrícula inicial no ensino médio, na educação profissional (nível técnico) e na educação de jovens e adultos das redes estadual, federal, municipal e privada do Pará e dos municípios da mesorregião Sudeste Paraense em 2010... 31 Tabela 8 - Alunos concluintes no ensino médio no Brasil, Pará, mesorregião Sudeste do Pará e dos seus municípios... 32 Tabela 9 - Cursos na área de saúde ofertados por Instituições Públicas de Ensino Superior no Estado do Pará em 2010... 33 Tabela 10 - Indicadores de esperança de vida ao nascer, mortalidade infantil e probabilidade de sobrevivência - ano 2000... 35 Tabela 11 - Estabelecimentos de Saúde, por Esfera Administrativa (2009)... 37 Tabela 12 - Índices quantitativos de produção na mesorregião Sudeste do Pará (2006)... 45

LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Municípios do Pará Líderes no PIB, segundo setores de atividade econômica (VA) em 2007... 20 Quadro 2 - Docentes do ensino superior, por curso, titulação e regime de trabalho... 46 Quadro 3 - Corpo Técnico-Administrativo do Campus, por grupo, nível de escolaridade e regime de trabalho... 48 Quadro 4 - Bolsistas... 48 Quadro 5 - Prestadores de serviço do Campus de Marabá... 49 Quadro 6 - Demonstrativos do número de docentes efetivos dos cursos existentes e o número de docentes necessários para o funcionamento... Quadro 7 - Demonstrativo do número de docentes necessários para os cursos de graduação a serem criados nos Campi de Marabá, Xinguara, Rondon do Pará e Parauapebas de 2011 a 2014... Quadro 8 - Demonstrativo do número de docentes necessários para os programas de pós-graduação a serem criados no Campus de Marabá... Quadro 9 - Demonstrativo consolidado do número de docentes necessários para contratação para os cursos existentes e a serem criados nos Campi de Marabá, Parauapebas, Rondon do Pará e Xinguara de 2011 a 2014... Quadro 10 - Proposta final de organização da área acadêmica da nova Universidade... 50 50 52 52 53 Quadro 11 - Quadro consolidado de gratificações... 63 Quadro 12 - Quadro consolidado de pessoal técnico-administrativo... 63 Quadro 13 - Consolidação da infra-estrutura que será transferida à UNIFESSPA... 64 Quadro 14 - Consolidação da infra-estrutura necessária ao funcionamento da nova universidade... 64 Quadro 15 - Consolidação da infra-estrutura programada no REUNI... 65 Quadro 16 - Proposta orçamentária por grupo de despesa... 66 Quadro 17 - Demonstrativo por Programas e Ações SIMEC... 67

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 11 2. CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA UNIFESSPA... 13 2.1. ASPECTOS POPULACIONAIS... 17 2.2. ASPECTOS ECONÔMICOS... 20 2.2.1. Índice de Gini... 21 2.3. INFRA-ESTRUTURA... 22 2.4. ASPECTOS SOCIAIS... 27 2.4.1. Índice de Desenvolvimento Humano IDH... 27 2.4.2. Educação Básica... 30 2.4.3. Saúde... 34 3. PRINCIPAIS CENÁRIOS E TENDÊNCIAS PARA A MESORREGIÃO DO SUDESTE PARAENSE... 37 4. DESAFIOS INSTITUCIONAIS AO DESENVOLVIMENTO... 42 4.1. AMPLIAÇÃO DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO... 43 5. ANÁLISE DOS ASPECTOS ORGANIZACIONAIS DO CAMPUS EM FUNCIONAMENTO... 45 5.1. ESTRUTURA ACADÊMICO-ADMINISTRATIVA DO CAMPUS DE MARABÁ.. 45 6. CURSOS EXISTENTES E A SEREM IMPLANTADOS... 50 6.1. CURSOS EXISTENTES... 50 6.2. CURSOS A SEREM IMPLANTADOS... 51 6.3. DOCENTES NECESSÁRIOS PARA CONTRATAÇÃO (TOTAL)... 52 7. PROPOSTA FINAL DE ORGANIZAÇÃO DA ÁREA ACADÊMICA... 53 8. PROPOSTA DE ORGANIZAÇÃO DA UNIFESSPA... 54 8.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL... 55 8.2. ORGANOGRAMA... 62 9. QUADRO DE PESSOAL E GRATIFICAÇÕES... 63 10. PATRIMÔNIO E INFRA-ESTRUTURA... 63 10.1. PATRIMÔNIO... 63 10.2. INFRA-ESTRUTURA... 64 10.2.1. Infra-estrutura necessária... 64 10.2.2. Infra-estrutura programada no REUNI... 65 11. ORÇAMENTO... 66 REFERÊNCIAS... 68 ANEXOS... 70

11 1. INTRODUÇÃO O diagnóstico do nosso tempo nos sugere, antes de qualquer coisa e com base nos sintomas mais evidentes, que somos herdeiros de uma civilização que elegeu o progresso técnico e a acumulação privada e ilimitada do excedente econômico como os vetores básicos de todo ordenamento da vida social. O século XX representou o retrato vivo desse processo de afirmação e mundialização do capitalismo moderno e de todos os fenômenos que a ele estão associados: a industrialização; a migração do campo para a cidade; a proliferação da forma urbana de vida; a explosão demográfica; o dilatamento do mercado de trabalho e de manufaturados; a racionalização dos procedimentos de gestão; a mercantilização da cultura; o consumismo; a ética individualista; a concentração do capital. Tendo por substrato material o avanço e a intensificação da revolução científica, assim como a expansão cada vez mais aperfeiçoada de sua aplicação utilitária - a técnica - o século que há pouco se esvaiu não conheceu limites para dinamizar os interesses do mercado, sua expansão e eficiência. Em função disso, elevaram-se à última potência os investimentos no progresso do conhecimento, e de sua correspondente pragmática, fator que possibilitou as ininterruptas e contínuas rupturas com padrões e ciclos produtivos previamente instalados, a superação incessante de seus códigos de funcionamento e de efetividade e o alargamento e a diversificação inesgotável da capacidade criadora humana. A Amazônia, nessa moldura histórica, precisa enfrentar um dos seus maiores desafios, qual seja: o de realizar a transição da posição de mera plataforma extrativa agroflorestal e mínero-metalúrgica para a fronteira de produção e exportação de bens que agreguem maior valor e que estejam fundados em melhores padrões tecnológicos, em um processo que contemple a auto-sustentabilidade econômica e social, propiciando, dessa forma, o desenvolvimento da região. Essa transição passa por uma necessária e urgente reestruturação do modelo de atuação e inserção, no contexto da região, da instituição polarizadora e lugar de excelência para o debate deste tema: a universidade. A academia na Amazônia necessita afirmar compromissos com o desenvolvimento sustentável, com a preservação ambiental, como o respeito à diversidade ética, cultural e biológica, com a prestação de serviços à sociedade (particularmente às populações e categorias mais marginalizadas) e, finalmente, com a afirmação da cidadania do homem amazônico.

12 Ao lado de objetivos consagrados, como a indissociabilidade das atividades de ensino, de pesquisa e de extensão, excelência acadêmica e autonomia universitária, a academia na Amazônia deve também visualizar objetivos de natureza mais regional: a relevância social de suas ações e uma atuação multicâmpica. O primeiro desses objetivos regionais, o da relevância social, deve se consubstanciar em formar e pesquisar por meio de engajamento social do trabalho acadêmico e da priorização de temáticas afinadas com as necessidades regionais mais prementes, ao mesmo tempo em que promova todo esse esforço e movimento também na direção do interior do espaço regional, incorporando-o orgânica e definitivamente à engenharia institucional. O segundo, o da atuação multicâmpica, deve ter por foco a universalização das oportunidades de formação qualificada à maioria das microrregiões e municípios, com fixação de competências em vários locais como forma de reduzir as assimetrias regionais (ou no interior de uma mesma unidade federativa amazônica). É com a priorização desses objetivos e com o desígnio de investigar não de que maneira a Ciência pode servir-se da Amazônia, e sim como pode o conhecimento científico ser produzido na e utilizado pela região que se estrutura a mais nova instituição federal de ensino superior na Amazônia, a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA). Formada a partir da estrutura da Universidade Federal do Pará na região que inclui os Campi de Marabá (sede), Parauapebas, Xinguara e Rondon do Pará, conforme mapa a seguir, a UNIFESSPA desenvolverá suas atividades numa vasta área, que envolve os 39 municípios da mesorregião Sudeste Paraense (Abel Figueiredo, Água Azul do Norte, Bannach, Bom Jesus do Tocantins, Brejo Grande do Araguaia, Breu Branco, Canaã dos Carajás, Conceição do Araguaia, Cumaru do Norte, Curionópolis, Dom Eliseu, Eldorado dos Carajás, Floresta do Araguaia, Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá, Marabá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento, Ourilândia do Norte, Palestina do Pará, Paragominas, Parauapebas, Pau d Arco, Piçarra, Redenção, Rio Maria, Rondon do Pará, Santa Maria das Barreiras, Santana do Araguaia, Sapucaia, São Domingos dos Araguaia, São Félix do Xingu, São Geraldo do Araguaia, São João do Araguaia, Tucumã, Tucuruí, Ulianópolis e Xinguara).

13 Campus de Marabá Campus de Rondon do Pará Campus de Parauapebas Campus de Xinguara Mapa 1 - Mesorregião Sudeste Paraense, com destaque para os Campi da UNIFESSPA. 2. CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA UNIFESSPA A mesorregião do Sudeste Paraense foi criada com a divisão oficial do Brasil estabelecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1990. Encontra-se divida em 7 microrregiões: Conceição do Araguaia, Marabá, Paragominas, Parauapebas, Redenção, São Félix do Xingu e Tucuruí, totalizando 39 municípios. A maioria dos municípios foi instituída nas décadas de 80 e 90, por força de movimentos emancipatórios liderados, principalmente, por atores e grupos sociais que se inseriram na região sob as dinâmicas de expansão da fronteira de recursos que passou a caracterizar amplas áreas da Amazônia desde meados dos anos 1950.

14 Nenhuma outra região do estado sofreu, nas três últimas décadas, tantas mudanças ambientais, sociais, econômicas e políticas quanto o Sudeste Paraense. Os principais fatores que causaram as mudanças foram: políticas governamentais executadas por diversos órgãos das esferas federal e estadual; a valorização dos recursos naturais pela lógica do grande capital; a descoberta e exploração de recursos minerais; a abertura de rodovias; a reapropriação da terra por fazendeiros e camponeses; o desmatamento excessivo; a chegada da indústria madeireira; e o avanço da agropecuária. Embora sua ocupação tenha se iniciado efetivamente no século XVIII, através da garimpagem e da pecuária extensiva, somente na segunda década do século XX é que se observava, na mesorregião do Sudeste Paraense, um contingente populacional pequeno, mas estável originado na coleta da castanha-do-pará, e que fez de Marabá, a cidade mais importante da região, posição que ocupa até hoje. Ações diversificadas foram realizadas pelo governo em associação com o grande capital, destacando-se as políticas de incentivos fiscais e de dotação de infra-estrutura, o favorecimento à ocupação da terra pelo latifúndio e a instalação de empreendimentos mínerometalúrgicos. De outro modo, ações fragmentárias e mais modestas voltadas para a reforma agrária e colonização agrícola da região resultaram na implantação dos assentamentos rurais. A partir do final da década de 50, a região passa a ser reconhecida como fronteira de recursos e vem experimentando uma intensa revitalização, apoiada pela implantação de infraestrutura e por diversos programas governamentais entre os quais se destacam a política de incentivos fiscais coordenada pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia - SUDAM e os financiamentos especiais obtidos através do Programa de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste (PROTERRA) e do Programa de Pólos Agrominerais da Amazônia (POLAMAZÔNIA). O Programa Grande Carajás (PGC) foi implantado na década de 1980, concretizando interesses geopolíticos internacionais voltados para a exploração dos recursos minerais da região que vieram se delineando desde os anos 1960. A principal área de influência do PGC se localiza ao sul de Paragominas, no triângulo formado pela usina hidroelétrica de Tucuruí, o pólo siderúrgico de Marabá e a Província Mineral de Carajás, controlada pela Vale (ex- Companhia Vale do Rio Doce). O Projeto Ferro Carajás, delineado na década de 70, tem previsão de quatrocentos anos de exploração do solo do período Pré-Cambriano, com potencial em ferro, ouro, manganês, níquel, cobre, bauxita e cassiterita entre outros minerais. Constitui-se no principal empreendimento do PGC que ainda compreende outros projetos de agricultura, pecuária,

15 pesca, agroindústria, reflorestamento, beneficiamento de madeira, indústria siderúrgica, aproveitamento de fonte energética, etc. A mínero-metalurgia não respondeu, sozinha, pela mudança radical no padrão de uso e exploração dos recursos naturais, pois sua instalação foi acompanhada e mesmo antecedida pelo avanço da agropecuária, da indústria madeireira e da garimpagem. Estas atividades estão, de diversos modos, associadas, como ocorre na produção de carvão vegetal para alimentar os fornos das guseiras de Marabá. A garimpagem, especificamente, revela uma face menos capitalizada da mineração, sendo marcada por relações institucionais, econômicas e trabalhistas pouco regulamentadas. O maior surto de garimpagem ocorreu na década de 1980 com a exploração do ouro de serra Pelada, onde hoje é o município de Curionópolis. Menos conhecida é a extração de gemas (pedras preciosas) e rochas ornamentais, seja por garimpeiros, seja por empresas de porte variado, realizada em municípios como Pau D Arco, Redenção, São João do Araguaia, São Geraldo do Araguaia e Parauapebas. O eixo da Belém-Brasília, geograficamente distinto da área de influência direta da mineração em Carajás, é dominado pelas atividades agropecuárias, tendo a cidade de Paragominas como pólo. A década atual é marcada, neste eixo, pelo incremento do agronegócio, impulsionado pelas lavouras de soja e milho. A indústria madeireira, que conheceu sua fase áurea nas décadas de 80 e 90, encontra-se em declínio, ao contrário da mineração (bauxita, caulim), que apresenta grande potencial de expansão. O reflorestamento é outra atividade em franca expansão, e ocorre como alternativa à exploração das matas primárias, praticamente exauridas. O avanço do agronegócio e do reflorestamento ocorre, também, ao sul de Paragominas, acompanhado da pecuária. Este fato é um indicativo da reestruturação da fronteira de recursos na atual década, ao que se pode incluir, ainda, a expansão da mínerometalurgia, sobretudo na Província Mineral de Carajás. Em face desta dinâmica de reestruturação, permanece bastante ativa a dinâmica de desmatamento, que alcança elevadas taxas em diversos municípios, a exemplo de São Félix do Xingu, Cumaru do Norte, Dom Eliseu, Ulianópolis e Rondon do Pará, dentre outros, com destaque para a área conhecida como Arco do Desflorestamento. Neste contexto, persistem os problemas ligados ao avanço da fronteira, em que não se conseguiu modificar o excludente modelo de desenvolvimento que submete expressivos contingentes populacionais a tensões sociais oriundas da concentração das fontes de recursos naturais, da renda e da terra por empresas e latifundiários, manejo ambiental inadequado,

16 fragilidade dos canais de acesso à administração pública, intensa migração, carência de serviços e equipamentos básicos, precariedade das condições de vida, conflitos entre atores e grupos sociais, além das dificuldades em agregar valor à produção, incorporar novas tecnologias, incrementar o capital humano e estender os benefícios econômicos a parcelas mais amplas da sociedade. Com vistas a diminuir as assimetrias das mesorregiões do estado do Pará e buscar o equilíbrio entre todas as regiões do imenso estado do Pará, a Universidade tem um importante papel estratégico e assim deve ensejar ações de caráter abrangente, nos mais variados locais, criando formas sinérgicas de partilhar recursos humanos e materiais, para a consecução dos seus objetivos de ensino, pesquisa e extensão. É preciso estabelecer prioridades, através de critérios claros de escolhas, para que a UFPA, possa potencializar as suas ações em favor da ocorrência de resultados que tragam benefícios de grande monta à sociedade Isso deve acontecer através de uma atuação que se realize em consonância às ações que são da responsabilidade de outros atores, igualmente importantes, na busca conjunta de superar o maior desafio da Amazônia, qual seja o de realizar a transição da posição de plataforma extrativa, agropecuária e mínero-metalúrgica para a fronteira de produção e exportação de bens que agreguem maior valor e que estejam fundados em melhores padrões tecnológicos. Na tabela abaixo, o perfil dos municípios onde devem localizar-se os Campi da UNIFESSPA é apresentado por meio de um resumo com os principais indicadores demográficos, econômicos, sociais e educacionais. Tabela 1 - Resumo dos principais indicadores de Marabá, Parauapebas, Rondon do Pará e Xinguara. Indicadores Marabá Parauapebas Rondon do Pará Xinguara Área km 2 15.092,3 7.007,7 8.246,6 3.779,4 População (2010) 233.462 153.942 46.974 40.573 Densidade Populacional Hab/km2 15,47 21,97 5,70 10,74 PIB (2008) (R$) 3.593.892,01 6.572.427,49 234.580,98 362.630,06 PIB Per Capita (2008) (R$) 17.974,31 45.225,41 4.983,24 9.050,59 Renda Per Capita (2000) (R$) 188,59 221,48 200,72 225,25 IDH (2000) 0,714 0,741 0,685 0,739 IDH, Educação (2000) 0,826 0,844 0,743 0,801 Matrículas Ensino Médio (2010) 13.060 6.739 1.444 1.913 Matrículas Educação Profissional (2010) 0 0 0 0 Índice de GINI 0,63 0,67 0,60 0,60 Concluintes do Ensino Médio (2005) 2.528 1.274 378 255 Esperança de Vida ao Nascer (2000) 65,08 67,22 66,78 69,28

17 Indicadores Marabá Parauapebas Rondon do Pará Xinguara Mortalidade até um ano de idade (2000) 44,56 36,76 38,32 30,04 Mortalidade até cinco anos de idade (2000) 47,95 38,58 41,25 32,35 Probabilidade de sobrevivência até 60 anos (2000) 71,58 75,48 74,67 79,14 Médicos residentes /1000 habitantes (2000) 0,40 0,47 0,62 0,37 Percentual de Enfermeiros residentes com curso superior (2000) 9,76 15,71 0,02 9,74 Percentual de Pessoas com banheiro e água encanada (2000) 42,69 47,18 33,74 35,30 Percentual de Pessoas com serviço de coleta de lixo (2000) 66,21 89,15 82,17 34,37 2.1. ASPECTOS POPULACIONAIS A mesorregião do Sudeste Paraense é uma das seis do estado do Pará e apresenta área de aproximadamente 297.629 km², cuja população estimada é de 1.654.195 de habitantes e densidade de 5,56 habitantes por km². Intensos fluxos migratórios, originados de dentro e de fora do estado do Pará, induzidos ou não pelas políticas oficiais, alteraram profundamente o perfil populacional da área. A maior parte dos migrantes e seus descendentes foi excluída dos benefícios gerados pelas políticas governamentais e pelo crescimento econômico, estando sujeita a graves tensões sociais e problemas ambientais, tanto no campo quanto nas cidades, conforme revela o êxodo rural e a realocação de pessoas e famílias para as cidades localizadas em áreas mais dinâmicas economicamente. Antigos e novos migrantes denunciam um espaço e uma população em constante movimento, o que pode ser explicado pela fragilidade das atividades econômicas, baixa capacidade destas atividades em gerar emprego e renda, dificuldades de acesso e permanência dos colonos à terra, e pela falta de garantia de direitos humanos, incluindo o não atendimento das necessidades básicas em setores fundamentais visando a melhoria das condições de vida como saúde, educação etc. As cidades se expandiram sem maiores preocupações do poder público em termos de planejamento urbano, além de apresentarem carências na provisão de infra-estrutura física e social. Marabá, Paragominas e Tucuruí, que figuram dentre as cidades mais importantes do Sudeste Paraense, foram alguns dos poucos espaços urbanos que contaram com investimentos mais efetivos do governo estadual, a exemplo dos executados pela Companhia de Habitação (COHAB) na implantação de loteamentos residenciais. As grandes empresas que atuam na área também instalaram loteamentos, seja nos núcleos chamados de company towns, seja nas

18 sedes municipais, dentre elas destaca-se a Companhia Vale do Rio Doce hoje divulgada apenas sob o nome fantasia Vale. Nesse espaço territorial está presente um dos pólos mais importantes: Marabá. O crescimento acelerado dessa região, nas últimas décadas, tem demandado a oferta de serviços com níveis de sofisticação crescentes ao longo do tempo, formando um setor terciário cada vez mais forte. Conforme os primeiros resultados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de Marabá é de 233.462 habitantes e área de 15.092,3 km². Sua localização tem por referência, o ponto de encontro entre dois grandes rios, Tocantins e Itacaiunas, formando uma espécie de "y" no seio da cidade, vista de cima. É formada basicamente por três núcleos urbanos, ligados pela rodovia BR-230, a Transamazônica. Em Rondon do Pará, os índios foram os primeiros habitantes da região. Com a abertura da rodovia BR 222. No ano de 1968, imigrantes da região sul e sudeste começaram a chegar ao local e encontraram condições apropriadas para a implantação de projetos agropecuários e para a exploração do extrativismo vegetal. Em 1981, deu-se início a implantação do Projeto Ferro Carajás e no vale do rio Parauapebas iniciou-se a construção da vila de Parauapebas. Essa construção provocou a migração de muitas pessoas para a área e em pouco tempo, o povoado do Rio Verde, apesar das condições inferiores em relação aos padrões do núcleo projetado, superou a população prevista. Imediatamente foram atraídos para a região fazendeiros, madeireiros, garimpeiros e pessoas recrutadas para trabalhar no Projeto Ferro Carajás. No ano de 1984, garimpeiros de Serra Pelada invadiram o povoado para obrigar o Governo a lhes dar o direito de explorar o ouro da Serra Pelada. Em 1985, principiou a luta pela emancipação política da região. Parauapebas, então pertencente à Marabá, obteve autonomia administrativa depois de quatro anos de movimentos favoráveis ao seu desligamento, em 1988. Já a ocupação do território onde está localizado o município de Xinguara, ocorreu devido a abertura da rodovia PA-279, que foi projetada com a finalidade de ligar o município de São Félix do Xingu à rodovia PA-150, que corta o estado do Pará. O marco inicial da estrada foi fixado no entroncamento onde hoje se encontra a sede municipal. Inúmeras pessoas se estabeleceram em torno do marco, dando origem a uma povoação, que, devido a sua posição geográfica estratégica recebeu o nome de Entroncamento do Xingu, em 1976. Constituído do distrito-sede em 31 de dezembro de 1983, quando foi solenemente instalado. O município passou à categoria de cidade com a mesma denominação.

19 O gráfico 1 apresenta as populações do Pará, mesorregião Sudeste do Pará, Marabá e Parauapebas. Dessa maneira, observa-se que a população da mesorregião Sudeste do Pará é de 1.654.195 habitantes, equivalente a 21,80% da população do estado do Pará, sendo os municípios de Marabá e Parauapebas os mais populosos, representando essa população a 23,42% do total da mesorregião. 7.588.078 1.654.195 233.462 153.942 Pará Mesorregião Sudeste Paraense Marabá Parauapebas Fonte: IBGE, Primeiros Resultados do Censo 2010. Gráfico 1 População em 2010 - Pará, mesorregião Sudeste Paraense, Marabá e Parauapebas. O gráfico 2 demonstra que a área territorial da mesorregião Sudeste do Pará, com 297.629 km 2, equivale a 23,85% da área do estado do Pará. São Félix do Xingú, com 84.212,40 km 2, é o município com maior área, representando 28,29% do total do território da mesorregião. 1.247.689,5 297.629,0 84.212,4 Pará Mesorregião Sudeste São Félix do Xingu Paraense Fonte: IBGE, 2002 Gráfico 2 Área territorial do Pará, da mesorregião Sudeste Paraense e do município de São Félix do Xingú.

20 2.2. ASPECTOS ECONÔMICOS O produto interno bruto (PIB) da mesorregião Sudeste Paraense, no ano de 2007, apresentou um valor médio de R$ 522.001,44, sendo que 6 municípios situaram-se acima da média e 33 abaixo, indicando uma concentração na geração da riqueza na mesorregião, que apresentou um PIB de R$ 20.358.056 mil. Esses 6 municípios produziram 75,81% (R$ 15.432.788 mil) de toda riqueza gerada e representaram 41,38% (684.533 habitantes) da população da mesorregião. Por outro lado, os 33 municípios que detinham apenas 24,19% (R$ 4.925.268 mil) do PIB correspondem aproximadamente a mais da metade da população: 58,62% (969.662 habitantes). O PIB da mesorregião Sudeste Paraense, no ano de 2008, correspondeu a 34,79% do PIB estadual que foi de R$ 58.518.571 mil. Na distribuição do PIB por municípios, destacam-se os 10 municípios líderes no ranking do valor adicionado 1 (VA) dos setores econômicos e pelo PIB. Os municípios pertencentes a mesorregião sudeste paraense constam na relação com grandes contribuições nos setores da agropecuária, indústria e serviços, além do PIB, com destaque para os municípios de: São Félix do Xingu, Paragominas, Marabá, Parauapebas, Tucuruí, Canaã dos Carajás e outros, conforme o quadro abaixo. Ranking Valor Adicionado Agropecuária Indústria Serviços PIB 1º São Félix do Xingu Parauapebas Belém Belém 2º Santarém Barcarena Ananindeua Parauapebas 3º Paragominas Tucuruí Marabá Barcarena 4º Acará Belém Santarém Marabá 5º Marabá Marabá Parauapebas Ananindeua 6º Novo Repartimento Canaã dos Carajás Barcarena Tucuruí 7º Monte Alegre Oriximiná Castanhal Santarém 8º Rondon do Pará Ananindeua Paragominas Canaã dos Carajás 9º Água Azul do Norte Paragominas Altamira Castanhal 10º Itupiranga Almeirim Itaituba Oriximiná Fonte:IBGE - 2008. Quadro 1 - Municípios do Pará Líderes no PIB, segundo setores de atividade econômica (VA) em 2007. 1 Valor adicionado: Valor que a atividade acrescenta aos bens e serviços consumidos no seu processo produtivo. É a contribuição ao produto interno bruto pelas diversas atividades econômicas, obtida pela diferença entre o valor de produção e o consumo intermediário absorvido por essas atividades.

21 Os cinco municípios com as maiores participações no PIB do estado do Pará em 2008 foram: Belém (R$ 15.316.130 mil), Parauapebas (R$ 6.572.427 mil), Barcarena (R$ 3.860.431 mil), Marabá (R$ 3.593.892 mil), e Ananindeua (R$ 3.083.495 mil). Em 2008, Parauapebas participou com 11,23% do PIB estadual, apresentando como principal setor a indústria com participação 82,63% no VA municipal, tendo como principal atividade a extrativa mineral com a exploração de hematita-ferro. Parauapebas localiza-se numa área de forte vocação mineral. No setor de serviços, contribui com 16,91% no VA municipal, com destaque para as atividades do comércio, administração pública e transportes. A agropecuária teve uma participação de 0,46% no VA municipal, com destaque na criação de bovinos. Marabá contribuiu em 2008 com 6,14% do PIB estadual. Apresenta como principal setor o de serviços com participação 58,43% no VA, possuindo como principais atividades: comércio, administração pública, aluguéis e transportes. O setor industrial contribui com 39,40%, tendo como destaque a atividade da indústria de transformação, com a produção de ferro-gusa. No setor agropecuário, participa com 2,16% do VA municipal, tendo como principal atividade a criação de bovinos. Em 2008, os cinco municípios que apresentaram os maiores PIB per capita do estado do Pará foram: Canaã dos Carajás (R$ 48.639); Parauapebas (R$ 45.225); Barcarena (R$ 42.937); Tucuruí (R$ 27.564); e Marabá (R$ 17.974). Apenas um município (Barcarena) não pertence a mesorregião sudeste paraense, sendo que todos estão bem acima da média do PIB per capita do estado (R$ 7.992) e se encontram entre os dez com as maiores participações no PIB do estado, onde se localizam importantes indústrias minerais na extração de cobre, ferro e bauxita, e na indústria de transformação, com produção de alumínio e alumina, além da Hidrelétrica de Tucuruí. No Anexo A é apresentada a tabela com o PIB e PIB per capita dos 39 municípios da mesorregião referentes aos anos de 2007 e 2008. 2.2.1. Índice de Gini O índice de Gini foi adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para medir a igualdade ou desigualdade dos países na distribuição de renda da população. O cálculo leva em consideração variáveis econômicas para verificar o grau de espalhamento da renda, medindo o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a renda de todos os indivíduos tem o mesmo valor), a 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo

22 detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula). Ou seja, quanto mais próximo de zero estiver o município, mais igualitária é a sua sociedade. Quanto mais se aproximar de um, maior é a concentração de riqueza. O coeficiente de Gini não mede riqueza ou pobreza de uma sociedade, mas se há homogeneidade econômica e social de seu povo. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), o índice de Gini da distribuição de renda do trabalho caiu de 0,541 em 2006 para 0,528 em 2007 no Brasil. Apesar disso, o Brasil continua tendo índice muito pior que o do grupo dos outros países de maior potencial entre os emergentes. O grupo inclui China (Gini de 0,470), Rússia (0,399) e Índia (0,368). O índice brasileiro está mais próximo de países pobres, como El Salvador (0,524) e Panamá (0,561), ou dos africanos, como Zâmbia (0,508), África do Sul (0,578), Suazilândia (0,504) e Zimbábue (0,501). Na mesorregião Sudeste do Pará a média do índice de Gini, no ano de 2000, referente aos 39 municípios foi de 0,62, atingindo os municípios de São Félix do Xingu e Ulianópolis a marca de 0,75, o que representa maior concentração de renda, contra 0,55 do município de Piçarra, com menor concentração de renda. Os números demonstram uma alta concentração de riqueza na mesorregião, com valores piores quando comparados aos países mais pobres citados anteriormente. No anexo B consta a tabela com os dados da evolução da renda per capita e do índice de Gini dos municípios da mesorregião Sudeste do Pará, demonstrando o quadro da desigualdade na distribuição de renda da população dos municípios e denunciando a falta de homogeneidade econômica e social às populações dessa mesorregião, com valores superiores aos apontados nos países mais pobres citados anteriormente. 2.3. INFRA-ESTRUTURA Na mesorregião Sudeste Paraense, onde deverá ser instalada a UNIFESSPA, as constantes transformações tem oportunizado uma crescente diversificação de atividades produtivas e sua posição geográfica tem sido um dos aspectos favoráveis à comunicação com todo o País por via rodoviária. As rodovias foram importantes na mudança da organização do espaço regional do Sul e Sudeste Paraense, e a maior parte delas foi instalada nos anos 1970 e 1980. Até o início da década de 1960, quando foi concluída a rodovia Belém-Brasília, os cursos fluviais serviam como meio principal para a exploração de recursos naturais, sobretudo a castanha-do-pará (Bertholletia excelsa) e o látex (Hevea brasiliensis). A circulação da população, bastante

23 reduzida, também era feita pelos rios. Havia diversas aldeias indígenas, e das esparsas localidades fundadas entre os séculos XVIII e XX as mais importantes eram São João do Araguaia, Pontal do Itacaiúnas (depois chamada de Marabá), Conceição do Araguaia e Alcobaça (atual Tucuruí). As rodovias Belém-Brasília (BR-010), BR-158 e PA-150 funcionam como eixos de integração norte-sul. A Transamazônica é o principal eixo leste-oeste. Os três eixos citados permitem a conexão do Sudeste Paraense com diversos espaços de dentro e de fora do Estado do Pará, especialmente da Amazônia Oriental. Outras rodovias interligam estes eixos principais ou servem de acesso aos municípios mais afastados, como a PA-252, PA-256, PA- 222, PA-275, PA-477, PA-279 e PA-267. Existe, ainda, a ferrovia Carajás-Itaqui, que escoa o minério de ferro explorado pela Vale até o Porto de Itaqui, no Maranhão, de onde chegam milhares de migrantes todos os anos. A paisagem é marcada pelos terrenos de planalto, e não pelas extensas várzeas e labirintos de rios que caracterizam outras áreas da Amazônia. As rochas que sustentam estes planaltos condicionam a existência de diversos minerais com expressivo valor econômico, a exemplo do ferro, ouro, manganês, níquel, cobre, cassiterita, caulim e bauxita. Na década de 1930, teve início a exploração de diamantes no vale do rio Araguaia, contudo, foi a partir da descoberta das jazidas de Carajás que o imenso potencial mineral do Sudeste Paraense foi revelado. Para se ter uma idéia, somente as reservas de ferro devem ser exploradas por mais quatrocentos anos. O mapa 2, a seguir, mostra a infra-estrutura dos transportes no estado do Pará, com destaque para a ferrovia Carajás-Itaqui e o entroncamento rodoferroviário em Marabá. A distribuição geográfica das rodovias, associada aos caminhos naturais materializados pelos grandes rios da região, empresta uma configuração singular para a ocupação espacial do estado. Assemelha-se à letra H, sendo uma haste formada pelo conjunto BR-010 (Belém-Brasília), PA-150 e o sistema Araguaia-Tocantins (e mais recentemente a ferrovia Norte Sul que se integrará à ferrovia Carajás Itaqui na parte oriental); a outra haste formada pela BR-163 e rio Tapajós, e por fim, o traço horizontal do H, representado pela BR-230 (Transamazônica) e, mais distalmente, pelo próprio rio Amazonas.

24 BR-010, PA-150 Sist. Araguaia- Tocantins, Ferrovia Norte-Sul, Ferrovia Carajás-Itaqui BR 230 (Rodovia Transamazônica) Entroncamento Rodoferroviário Ferrovia Carajás - Itaqui BR -158 - (Continuação da PA-150) Mapa 2 Infra-estrutura de transportes no estado do Pará.

25 O município de Marabá constitui-se no maior centro urbano da região, o mais bem equipado, além de funcionar como entroncamento rodoferroviário. Sua influência se faz sentir por toda a região, estendendo-se às áreas vizinhas do estado. Paragominas, devido a sua posição geográfica, tem relacionamento direto com outras áreas do Pará e do Maranhão, alcançando uma certa independência em relação à subordinação que os demais centros urbanos têm à estrutura organizacional do Sudeste Paraense. A tabela 2 abaixo apresenta dados demonstrando a grande movimentação que há no terminal rodoviário de Marabá oriundo do fluxo de passageiros que utilizam vias federais e estaduais transitando pelo município com interesses diversos, ilustrando a sua dinâmica. 2002-2004. Tabela 2 - Fluxo de passageiros interestaduais no terminal rodoviário de Marabá- Itinerário (vias principais) 2002 2003 2004 Federal Estadual Embarque Desembarque Embarque Desembarque Embarque Desembarque BR-310/010/222 PA-745/150 9.872 8.235 8.963 15.103 31.292 3.943 Fonte: FTERPA / SINART-NORTE Pela Estrada de Ferro Carajás, conforme tabela abaixo, verifica-se igualmente a dinâmica na movimentação de cargas e passageiros, com incremento crescente no transporte de cargas, principalmente de minérios, com fluxo de movimentação intermunicipal e interestadual, sendo a ferrovia de fundamental importância para o desenvolvimento econômico da região. Ano Tabela 3 - Ferrovia-sentido, extensão e quantidade de carga transportada (1999-2005). Ferro Quantidade Transportada Cargas (ton / ano) Manganês Cargas Gerais* Estrada de Ferro Carajás Passageiros (Mil) Cargas e Minérios Parauapebas-Carajás Terminal / Sentido Extensão (Km) Passageiros Parauapebas-São Luís 1999 45.531.690 828.651 3.170.443 459 892 861 2000 49.569.011 1.280.302 4.019.102 475 892 861 2001 54.535.724 1.387.075 4.547.645 431 892 861 2002 55.689.881 1.218.685 4.758.652 449 892 861 2003 59.358.816 1.417.785 4.659.041 442 892 861 2004 68.552.327 1.973.889 1.565.897 250 892 861 2005 75.385.307 1.770.354 1.927.522 243 892 861 Fonte: CVRD / MRN Nota: * Cargas gerais: madeira, cimento, bebidas, veículos, fertilizantes, combustíveis, produtos siderúrgicos e produtos agrícolas com destaque para soja, milho e arroz.

26 Conforme os dados das tabelas 4 e 5 abaixo, constatamos a movimentação de passageiros e cargas por via aérea na mesorregião, com destaque para o aeroporto de Marabá, contudo, o fluxo de passageiros e cargas, nos anos observados, é instável, com crescimento e declínio, muito em função da deficiência da estrutura dos aeroportos locais que necessitam de novos investimentos para adequarem-se as reais necessidades que a região apresenta e a sua grande pujança econômica no cenário regional. Tabela 4 - Movimento de passageiros nos principais aeroportos da mesorregião embarque / desembarque. Nome / Localização Carajás (Parauapebas) Marabá Tipo Movimentação de Passageiros Embarque/Desembarque 2006 2007 2008 2009 2010* Internacional 28 16 86 0 0 Doméstico 33.907 24.063 32.695 39.609 52.539 Total 33.935 24.079 32.781 39.609 52.539 Internacional 23 10 42 2 0 Doméstico 90.210 188.261 251.029 243.092 216.114 Total 90.233 188.271 251.071 243.094 216.114 Fonte: INFRAERO * Informações até outubro de 2010. Tabela 5 - Movimentação de cargas nos principais aeroportos da mesorregião embarque / desembarque. Nome / Localização Carajás (Parauapebas) Marabá Tipo Movimentação de Carga Aérea Embarque/Desembarque 2006 2007 2008 2009 2010* Internacional 0 0 0 0 0 Doméstico 112.162 98.964 105.432 108.167 65.259 Total 112.162 98.964 105.432 108.167 65.259 Internacional 190 205 1.690 0 0 Doméstico 1.302.954 1.642.913 2.213.804 1.911.844 1.580.255 Total 1.303.144 1.643.118 2.215.494 1.911.844 1.580.255 Fonte: INFRAERO * Informações até outubro de 2010

27 2.4. ASPECTOS SOCIAIS 2.4.1. Índice de Desenvolvimento Humano IDH O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa de riqueza alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros fatores para os diversos M, o índice de desenvolvimento humano municipal. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população. O índice varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) até 1 (desenvolvimento humano total), sendo os países classificados deste modo: Quando o IDH de um país está entre 0 e 0,499, é considerado baixo. Quando o IDH de um país está entre 0,500 e 0,799, é considerado médio. Quando o IDH de um país está entre 0,800 e 1, é considerado alto. O Brasil tem IDH de 0,669 (2010); o estado do Pará, 0,755 (2008). Por sua vez, a média dos municípios da mesorregião sudeste paraense tem IDH de 0,694 (2000). Esse índice informa a precariedade das condições de existência da população dos municípios em referência e reforça a necessidade de uma intervenção governamental no sentido de viabilizar uma profunda transformação nas estruturas socioeconômicas da região. Indubitavelmente, uma profunda transformação num ambiente historicamente marcado por altos índices de analfabetismo e de baixo nível de desenvolvimento (humano e econômico), como os que caracterizam os municípios em tela, necessariamente passa por investimentos em educação, da básica à superior. A tabela 6 e o mapa 3 dão a dimensão dos desafios a serem superados até que se atinja padrões razoáveis de bem-estar às populações da mesorregião do Sudeste Paraense e demais municípios da área de influência da UNIFESSPA: Tabela 6 - Índice de Desenvolvimento Humano - Municipal, 1991 e 2000. Municípios da mesorregião do Sudeste Paraense. Município IDH M 1991 IDHM 2000 países do mundo. A média aritmética simples desse conjunto de indicadores resulta no IDH- IDHM- Renda 1991 IDHM- Renda 2000 IDHM- Longevidad e 1991 IDHM- Longevida de 2000 IDHM- Educaçã o 1991 IDHM- Educaçã o 2000 Abel Figueiredo 0,593 0,704 0,563 0,653 0,637 0,709 0,579 0,749 Água Azul do Norte 0,513 0,665 0,532 0,593 0,554 0,679 0,454 0,722 Bannach 0,657 0,700 0,669 0,624 0,727 0,742 0,574 0,733 Bom Jesus do Tocantins 0,551 0,618 0,539 0,554 0,569 0,664 0,546 0,637

28 Município IDH M 1991 IDHM 2000 IDHM- Renda 1991 IDHM- Renda 2000 IDHM- Longevidad e 1991 IDHM- Longevida de 2000 IDHM- Educaçã o 1991 IDHM- Educaçã o 2000 Brejo Grande do Araguaia 0,540 0,680 0,441 0,563 0,613 0,716 0,566 0,761 Breu Branco 0,561 0,665 0,539 0,588 0,604 0,684 0,540 0,724 Canaã dos Carajás 0,552 0,700 0,511 0,628 0,544 0,679 0,601 0,792 Conceição do Araguaia 0,630 0,718 0,561 0,612 0,639 0,758 0,689 0,785 Cumaru do Norte 0,585 0,666 0,612 0,567 0,623 0,726 0,520 0,706 Curionópolis 0,594 0,682 0,604 0,555 0,598 0,721 0,579 0,770 Dom Eliseu 0,547 0,665 0,578 0,604 0,569 0,664 0,493 0,726 Eldorado dos Carajás 0,542 0,663 0,556 0,551 0,598 0,712 0,472 0,725 Floresta do Araguaia 0,549 0,673 0,476 0,530 0,639 0,738 0,531 0,750 Goianésia do Pará 0,518 0,665 0,543 0,602 0,548 0,696 0,464 0,696 Itupiranga 0,526 0,619 0,467 0,516 0,604 0,669 0,506 0,671 Jacundá 0,627 0,691 0,600 0,635 0,664 0,714 0,617 0,723 Marabá 0,639 0,714 0,588 0,647 0,613 0,668 0,717 0,826 Nova Ipixuna 0,520 0,664 0,495 0,582 0,587 0,718 0,477 0,692 Novo Repartimento 0,512 0,626 0,469 0,527 0,571 0,669 0,497 0,682 Ourilândia do Norte 0,631 0,699 0,668 0,614 0,623 0,726 0,601 0,756 Palestina do Pará 0,537 0,652 0,448 0,552 0,613 0,716 0,55 0,687 Paragominas 0,574 0,690 0,587 0,626 0,569 0,679 0,566 0,766 Parauapebas 0,657 0,741 0,661 0,674 0,598 0,704 0,712 0,844 Pau d'arco 0,563 0,664 0,505 0,543 0,632 0,714 0,551 0,735 Piçarra 0,502 0,662 0,448 0,571 0,632 0,724 0,426 0,691 Redenção 0,663 0,744 0,603 0,658 0,693 0,738 0,692 0,836 Rio Maria 0,603 0,718 0,567 0,653 0,632 0,724 0,609 0,778 Rondon do Pará 0,614 0,685 0,596 0,617 0,637 0,696 0,608 0,743 Santa Maria das Barreiras 0,604 0,653 0,598 0,562 0,639 0,728 0,574 0,668 Santana do Araguaia 0,597 0,690 0,542 0,573 0,639 0,747 0,610 0,751 Sapucaia 0,626 0,730 0,581 0,647 0,693 0,738 0,605 0,806 São Caetano de Odivelas 0,638 0,700 0,499 0,533 0,673 0,741 0,741 0,826 São Domingos do Araguaia 0,546 0,671 0,485 0,563 0,634 0,732 0,520 0,718 São Félix do Xingu 0,605 0,709 0,587 0,693 0,609 0,741 0,620 0,692 São Geraldo do Araguaia 0,546 0,691 0,480 0,593 0,632 0,748 0,525 0,732 São João do Araguaia 0,500 0,582 0,495 0,476 0,547 0,598 0,458 0,671 Tucumã 0,606 0,747 0,604 0,695 0,609 0,742 0,604 0,804 Tucuruí 0,679 0,755 0,588 0,641 0,664 0,758 0,784 0,867 Ulianópolis 0,561 0,688 0,613 0,679 0,569 0,676 0,500 0,709 Xinguara 0,668 0,739 0,651 0,677 0,693 0,738 0,661 0,801 Fonte: PNUD/Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil/2001

29 Água Azul do Norte Breu Branco Tucuruí Novo Repartimento Itupiranga São Felix do Xingu Ourilândia do Norte Eldorado dos Carajás Marabá Curionópolis Parauapeba Tucumã s Cumaru do Norte Paragominas Ulianópolis Goianésia do Pará Dom Elizeu Rondon do Pará Jacundá Nova Ipixuna Abel Figueiredo Bom Jesus do Tocantins São João do Araguaia São Dom. Araguaia Brejo Grande do Araguaia Palestina do Pará São Geraldo do Araguaia Piçarra Canaã dos Carajás Xinguara Sapucaia Rio Maria Floresta do Araguaia Pau Dárco Bannach Conceição do Araguaia Santa Maria das Barreiras Santana do Araguaia Mapa 3 - Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios da área de influência da UNIFESSPA.

30 2.4.2. Educação Básica O Pará tem um sistema educacional deficiente, reflexo de um passivo histórico de dificuldades, cujas origens remontam à época colonial e que atinge, indistintamente, a todas as unidades regionais do estado. Focalizando especificamente a situação das redes de ensino estadual e municipal - as quais são responsáveis por 94 % das matrículas na educação básica (MEC/INEP, 2005) - observa-se que muito há de ser feito para atender a demanda de docentes da educação básica com formação superior em todas as mesorregiões do estado. 18557 16459 7708 6893 4625 3476 150 218 1108 132 311 9272 7423 6937 3879 202 1644 234 Baixo Amazonas Marajó Metropolitana Nordeste Sudoeste Sudeste Fundamental Completo Médio Completo Superior Completo Gráfico 3 - Formação dos docentes da educação básica nas mesorregiões paraenses. Fonte: Projeção da PROPLAN/UFPA com base em informações do MEC/INEP, 2005. O gráfico acima mostra um expressivo número de docentes com formação incompleta para o exercício do magistério (50.083) 2, situação que contribui fortemente para o comprometimento da qualidade da educação no cenário regional, fato esse que alimenta um ciclo vicioso tão caro à sociedade e ao desenvolvimento da região. Verifica-se, portanto, a necessidade de se garantir a formação superior aos docentes da educação básica como forma de viabilizar a ascensão a um melhor patamar de qualidade nesse nível de ensino. Por outro lado, os sinais de esgotamento do sistema da educação básica no Pará se mostram mais fortes quando contabilizada a demanda por vagas em cursos de formação superior. Conforme ocorre o desenvolvimento dos grandes projetos na mesorregião, maior é a procura de jovens e adultos por ensino, visando uma melhor qualificação para aumentar sua empregabilidade e ascensão profissional nas instituições e empresas locais, sendo que o mercado cada vez mais requer conhecimentos sobre novas tecnologias e gestão 2 O total de docentes com formação incompleta é de 50.083, somando-se os professores que possuem o ensino fundamental e médio completos.