SILAGENS DE CAPIM, CANA-DE-AÇÚCAR E SORGO COMO OPÇÕES À SILAGEM DE MILHO



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Transcrição:

SILAGENS DE CAPIM, CANA-DE-AÇÚCAR E SORGO COMO OPÇÕES À SILAGEM DE MILHO Solidete de Fátima Paziani Zoot., Dr.,PqC do Polo Regional Centro Norte/APTA solidete@apta.sp.gov.br Célio Luiz Justo Zoot., PqC do Polo Regional Centro Norte/APTA celiojusto@apta.sp.gov.br Roberto Molinari Peres Eng. Agr., Ms., PqC do Polo Regional Centro Norte/APTA molinari@apta.sp.gov.br Wignez Henrique Eng. Agr., Dr., PqC do Polo Regional Centro Norte/APTA wignez@apta.sp.gov.br Todas as regiões do Brasil, de modo geral, passam por algum período crítico em relação à disponibilidade de forragem durante o ano devido aos efeitos climáticos. Na época mais seca e fria do ano as pastagens param de crescer e podem até sofrer perdas pela ação de geadas. Para este período é imprescindível ter outras fontes de alimento volumoso para os rebanhos e dentre estas se destaca a silagem, uma forma de armazenar forragem da época de maior produção para épocas de escassez. A silagem de milho é tida como a cultura padrão para a ensilagem, sendo inegável o seu valor nutritivo, potencial de produção e amplo conhecimento de seu processo produtivo. Mas para obter elevada produtividade e qualidade é necessário investimento em tecnologias, incluindo semente de boa qualidade, calagem e adubação da área, com base

nos requerimentos indicados pela análise de solo, equipamentos eficientes e operadores treinados em todas as etapas operacionais. Porém, com a instabilidade do mercado em relação ao preço de insumos e de produtos agropecuários, como carne e leite, além de intempéries climáticas, sempre se busca novas alternativas ao milho, ou mesmo como forma de aproveitamento de culturas locais, como é o caso de capineiras ou pastagens com elevada produtividade nas águas. Todavia é preciso esclarecer que, independentemente da cultura, a ensilagem não melhora a forragem ensilada a menos que a ela seja adicionado algum ingrediente (fubá de milho, polpa cítrica e farelos) e as perdas de qualidade são inevitáveis (gases e efluente) durante a fermentação, o que pode ser agravado se o processo for ineficiente em alguma etapa. A ensilagem de gramíneas forrageiras de pastagens ou capineiras, como braquiárias, panicuns e capim Elefante, só se justifica se forem ensiladas antes do florescimento, ou seja, não é recomendado ensilar o capim passado, maduro, sementeado que sobrou das águas. A melhor estratégia é prever com antecedência o que irá sobrar no período das águas e ensilar a gramínea em estágio vegetativo apropriado, quando possui bom valor nutritivo, o que normalmente ocorre a 45-90 dias de rebrota, podendo variar de acordo com as condições climáticas do local e tipo de capim. Gramíneas no ponto de ensilagem possuem baixo teor de matéria seca (18 a 25% MS), o que estimula as fermentações indesejáveis, elevando as perdas pelo excesso de umidade, associado ao seu baixo teor de carboidratos solúveis. Para obter teor de matéria seca por volta de 28-30%, pode ser feito o emurchecimento ao sol. Porém o emurchecimento além de requerer uma operação mecanizada extra, também apresenta o risco de perda por chuvas. Há então a opção de adição de material absorvente (fubás, polpa cítrica e farelos): se a gramínea estiver com teor de matéria seca de 20%, para chegar a 30% é preciso colocar 17 kg de fubá ou polpa para cada 100 kg de capim, misturando-o na ensilagem. Outra forma de favorecer a fermentação é adicionar inoculante bacteriano que promovem a rápida queda do ph pela produção de ácido lático, estabilizando a massa e preservando os nutrientes da silagem (Paziani et al., 2006). A ensilagem de gramíneas de pastagens ou capineiras é uma ferramenta de manejo para retirar da área o excesso de capim e ocorre esporadicamente. Devido a ausência de grãos,

seu valor nutritivo é inferior ao da silagem de milho, com menor digestibilidade, requerendo inclusão de maior quantidade de concentrado na ração para equiparar-se à ração balanceada com silagem de milho. A ensilagem de uma área de pastagem excedente só se justifica se a produtividade for elevada e houver elevado rendimento da máquina colhedora, além do próprio custo da máquina colhedora, uma vez que não sendo utilizada regularmente, sua aquisição pode não ser viável, recomendando-se a terceirização. Enfatizando que a adição de ingrediente concentrado visando a elevação no teor de MS na ensilagem encarece o produto final, mas por outro lado a ração exigirá menos concentrado no momento de formulação. A ensilagem da cana-de-açúcar é recomendada em caso de incêndio de canaviais reservados para a alimentação do rebanho na época seca do ano, visando sua ensilagem imediata após a queima, evitando sua perda total, como forma de salvar a lavoura, ou mesmo em caso de geada. Outra situação que justifica a ensilagem da cana está na facilidade operacional na propriedade, eliminando a necessidade de corte, picagem e transporte diário de cana fresca. Muitas pesquisas têm sido feitas com ensilagem de cana-de-açúcar, não só no desenvolvimento de aditivos, mas também na formulação de dietas economicamente viáveis, mesmo para rebanhos de elevado potencial produtivo (Schmidt et al., 2007; Siqueira et al., 2011). Independentemente da razão da ensilagem da cana, devido ao seu elevado teor de açúcar, a massa a ser ensilada requer a adição de inoculante bacteriano heterolático que produza, além do ácido lático, responsável pela queda rápida do ph também o ácido acético, com ação fungistática, para evitar a ação de leveduras que convertem este açúcar em álcool, elevando as perdas e reduzindo a ingestão pelo animal (Schmidt et al., 2007). O sorgo apresenta-se como segunda opção em relação ao milho, com desempenhos inferiores ao milho, em muitos casos, onde a cultura não recebeu cuidados necessários, apesar de elevado potencial produtivo e qualitativo. Atraso na época ideal para semear o milho para silagem, baixo investimento ou mesmo a perda da cultura do milho por veranicos são fortes motivos que levam os produtores a optarem pelo sorgo para ensilagem.

Mas como qualquer outra cultura o sorgo merece atenção, desde a escolha da cultivar, adubação e calagem, época de semeadura, ponto de colheita, etc. O fato do sorgo ser mais rústico do que o milho não significa abandoná-lo à sorte, mesmo porque, os custos fixos em relação à massa produzida serão mais elevados quanto menor a produtividade da cultura. Na escolha por culturas forrageiras opcionais ao milho para ensilagem é preciso considerar que cada uma apresenta seus próprios benefícios, mas também suas próprias exigências e limitações e cuidados devem ser tomados em todas as etapas, por isso a comparação entre as diferentes silagens através da qualidade final e perdas não deve ser resultado de descuidos durante o processo e sim das características próprias de cada cultura. Quando se fala nas limitações de cada cultura deve ser enfatizado que cada cultura tem características diferentes. O termo ensilabilidade é a aptidão que uma planta forrageira apresenta para ser ensilada, incluindo neste conceito o teor de carboidratos solúveis, capacidade tampão (resistência na queda do ph) e teor de matéria seca, assim quanto maior o teor de carboidratos solúveis, menor a capacidade tampão e maior o teor de matéria seca (ideal de 27 a 42% MS) maior será a ensilabilidade da cultura. Numa escala de aptidão o milho tem ótima ensilabilidade, o sorgo teria boa ensilabilidade, os capins com média e as leguminosas com baixa ensilabilidade. À medida que algum destes fatores piora a ensilabilidade é necessário utilizar alguma estratégia para minimizar esta limitação se quiser obter silagem que compense o custo do processamento. A opção e a viabilidade de uma cultura para ensilagem vai depender da estrutura da propriedade, de cada situação, das exigências nutricionais do rebanho, da quantidade requerida, dos equipamentos/maquinários disponíveis, das opções de ingredientes para formular o concentrado e a relação custo/benefício da dieta final. Apesar da elevada produtividade e da qualidade das silagens obtidas do milho serem excelentes e indiscutíveis, a opção por outra fonte forrageira para ensilagem pode ser a decisão mais acertada em situações de risco para a cultura do milho, que pode não trazer um retorno esperado, como condições climáticas desfavoráveis ou atraso no plantio.

Referências PAZIANI, S.F., NUSSIO, L.G., LOURES, D.R.S., IGARASI, M.S., PEDROSO, A.F., MARI, L.J. Influência do teor de matéria seca e do inoculante bacteriano nas características físicas e químicas da silagem de capim Tanzânia. Acta Scientiarum, v. 28, n. 03, p. 265-271, 2006. PAZIANI, S.F., DUARTE, A.P., NUSSIO, L.G., GALLO, P.B., BITTAR, C.M.M., ZOPOLLATTO, M., RECO, P.C. Características agronômicas e bromatológicas de híbridos de milho para produção de silagem. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.3, p.411-417, 2009. PAZIANI, S.F., NUSSIO, L.G., DUARTE, A.P., FREITAS, R.S., MATEUS, G.P., STRADA, W.L. Potencial de produção de forragem de sorgo e milho no Estado de São Paulo. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 48ª, Belém/PA, 2011. Anais..., 2011, p.1-3. SCHMIDT, P., MARI, L.J., NUSSIO, L.G., PEDROSO, A.F., PAZIANI, S.F., WECHSLER, F.S. Aditivos químicos e biológicos na ensilagem da cana-de-açúcar: 1. Composição química das silagens, ingestão, digestibilidade e comportamento ingestivo. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, n. 5, p. 1666-1675, 2007. Site zea mays. http://www.zeamays.com.br/avaliacao_de_cultivares/. Produtividade e qualidade da forragem de milho e sorgo para ensilagem - Dados da safra 1998/1999 a 2010/2011.