Gerência Tribunais Superiores BJ 130200634637 EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO SP



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Transcrição:

fls. 297 Gerência Tribunais Superiores BJ 130200634637 EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO SP Apelação nº 1051468-26.2013.8.26.0100/50000 BANCO ITAUCARD, já qualificado nos autos da ação interposta por KAREN CRISTINA MARCOLONGO, com fulcro nos artigos 105, inciso III, alíneas a e c, da Constituição Federal e 541 e seguintes do Código de Processo Civil, vem interpor RECURSO ESPECIAL pelas razões anexas, requerendo, uma vez recebidas, sejam remetidas ao Superior Tribunal de Justiça. Requer, por oportuno, a juntada da guia devidamente recolhida, referente ao porte de remessa e retorno do Recurso Especial. São Paulo, 07 de abril de 2015 SUELI ALEXANDRINA DA SILVA OAB/SP 279865

fls. 298 quebrapagina RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL Recorrente: BANCO ITAUCARD Recorrido: KAREN CRISTINA MARCOLONGO Apelação nº: 1051468-26.2013.8.26.0100/50000 Colenda Corte, Trata-se de recurso especial interposto com fulcro no art. 105, inciso III, alíneas a e c, da Constituição Federal, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado SP, que em agravo interno manteve os fundamentos exarados pela decisão monocrática do relator: Decisão Monocrática AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS INÉPCIA DESCABIMENTO PETIÇAO INICIAL QUE PREENCHE OS REQUISITOS DOS ARTIGOS 282 E 283 DO CPC AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR DESCABIMENTO Acórdão Agravo Interno AGRAVO REGIMENTAL INTERPOSIÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO, COM FUNDAMENTO NO ART. 557, 1º, DO CPC PRETENSÃO DO AGRAVANTE DE QUE SEU RECURSO SEJA APRECIADO PELO ÓRGÃO COLEGIADO E SEJA REFORMADA A DECIÃO AGRAVADA NÃO ACOLHIMENTO DECISÃO MANTIDA RECURSO IMPROVIDO. O acórdão supra ainda foi integrado pelo seguinte julgamento dos embargos de declaração:

fls. 299 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - INOCORRÊNCIA DE QUALQUER DAS HIPÓTESES PREVISTAS EM LEI (ART. 535 DO CPC) A JUSTIFICAR A INTERPOSIÇÃO DO RECURSO CARÁTER INFRINGENTE E DE PREQUESTIONAMENTO NÃO ADMITIDOS - EMBARGOS REJEITADOS DA TEMPESTIVIDADE Considerando que a publicação do acórdão recorrido ocorreu em 23/05/2015 o prazo para interposição do Recurso Especial se encerrará em 08/04/2015. Tempestivo, portanto, o protocolo deste recurso na presente data. DO CABIMENTO O presente recurso insurge-se contra o acórdão recorrido pela alínea a, do art. 105, inciso III, CF, por entender que violou aos seguintes dispositivos de lei federal: Art. 282, III e IV e Art. 333, I, do CPC, por ter o recorrido formulado pedido genérico que não é hábil a demonstrar o fato constitutivo de seu direito; Art. 914, do CPC, vez que no contrato de mútuo derivado de um contrato originário de cartão de crédito, a instituição financeira não faz gestão de patrimônio alheio; O recurso também se insurge em face do acórdão recorrido com fulcro na alínea c, do art. 105, inciso III, CF, por divergência em face da jurisprudência veiculada no(s) seguinte(s) precedente(s) paradigmático(s): REsp 1.231.027/PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, que delimitou requisitos mínimos a serem apresentados pelo autor, em ação de prestação de contas, rechaçando a formulação de pedido genérico;

fls. 300 AgRg no AREsp 468.908/MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, que entendeu não ser cabível a prestação de contas de cartão de crédito; INÉPCIA DA INICIAL. ALEGAÇÕES GENÉRICAS DE SUPOSTOS LANÇAMENTOS IRREGULARES EM PRESTAÇÃO DE CONTAS. VIOLAÇÃO DE LEGISLAÇÃO FEDERAL E DISSENSO JURISPRUDENCIAL O acórdão recorrido afastou a preliminar de inépcia da inicial a despeito de a parte autora ter requerido, genericamente, a prestação de contas de todos os lançamentos de sua conta corrente, sem delimitar o período, sem especificar ou sequer exemplificar, de forma concreta, os lançamentos que reputou duvidosos. Ao assim decidir, entretanto, o Tribunal a quo negou vigência aos seguintes dispositivos de legislação federal: a) art. 282, III e IV do CPC, pois a petição inicial genérica, padronizada, sem a identificação de exemplos concretos dos lançamentos supostamente não autorizados ou de origem desconhecida não satisfaz os requisitos de admissibilidade postos pela lei processual civil; e b) art. 333, I, do CPC, pois incumbe ao autor provar o fato constitutivo de seu direito o que, com efeito, não restou observado na petição inicial genérica feita pelo recorrido. Além das violações dos dispositivos legais acima listados, o acórdão recorrido dissentiu da jurisprudência consolidada desse C. STJ, notadamente do julgamento do REsp 1.231.027/PR (Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 12/12/2012), que deu nova interpretação à Súmula 259 STJ ao assentar que a despeito de ser legítimo ao autor/correntista pleitear em juízo prestação de contas de lançamentos, não afasta do correntista o ônus: (i) de demonstração de provas mínimas da existência de sua conta bancária; (ii) de delimitação do período do extrato questionado a que pretende rever e (iii) a indicação de exemplos concretos de lançamentos não autorizados ou de origem desconhecida, não sendo suficiente a mera alegação genérica como se observou no presente caso. Como se vê do quadro abaixo, o acórdão paradigma é apto a demonstrar o dissenso jurisprudencial que autoriza o conhecimento deste recurso especial também pela alínea c, do

fls. 301 art. 105, III da CF, na medida em que retratam a mesma hipótese fática: Acórdão recorrido Acórdão paradigma REsp 1.231.027/PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti Segunda Seção*. Base fática: Base fática: ação de prestação de contas em Trata-se de ação de prestação de contas na face do Banco Banestado S.A. exigindo a qual a autora busca esclarecimentos sobre demonstração mercantil da movimentação os débitos cobrados em decorrência do financeira do contrato de abertura de crédito cartão de crédito nº 5526.XXXX.XXXX.9241 e das cédulas de crédito bancário nº em conta-corrente 025157-8, da agência 0019. 001045544210000 e nº 32590168-4, firmadas com a finalidade de renegociar saldo devedor. Conteúdo decisório: Conteúdo decisório: (...) Em síntese, embora Não há que se falar em inépcia, pois a cabível a ação de prestação de contas pelo petição inicial é clara quanto à causa de titular da conta-corrente (Súmula 259), pedir e pedidos, bem como preenche os independentemente do fornecimento requisitos previstos nos artigos 282 e 283, do Código de Processo Civil. extrajudicial de extratos detalhados, tal (...) instrumento processual não se destina à Ressalta-se que não cabe ser exigida da revisão de cláusulas contratuais e não autora a indicação pormenorizada das prescinde da indicação, na inicial, ao menos de irregularidades cometidas pelo banco para período determinado em relação ao qual busca se admitir a ação de prestação de contas. (...) esclarecimentos o correntista, com a Na hipótese dos autos, a autora bem exposição de motivos consistentes, comprovou a relação jurídica entre as ocorrências duvidosas em sua contacorrente, que justificam a provocação do partes, indicou o cartão de crédito e os contratos que pretende ter as contas Poder Judiciário mediante ação de prestadas prestação de contas. Em face do exposto, nego provimento ao recurso especial. * O acórdão paradigma foi publicado no DJe no dia 18/12/2012. Trata-se de documento autêntico (declarado autêntico pelo patrono da parte recorrente), que se encontra anexado ao recurso especial no seu inteiro teor, obtido, vale dizer, via internet pelo site http://www.stj.jus.br/. O acórdão recorrido afastou a preliminar de inépcia sob o argumento de que a inicial preencheu os requisitos do art. 282, CPC ao indicar o número da conta corrente assim como informar que a prestação deveria abranger todo o período de relação contratual.

fls. 302 O acórdão paradigma, entretanto, considera ser ônus do autor a demonstração de provas mínimas da existência de sua conta bancária, a delimitação do período a que pretende questionar e a indicação de exemplos concretos dos lançamentos duvidosos, não sendo suficiente a mera alegação genérica como se observou no presente caso. Comprovadas a violação de lei federal e a divergência jurisprudencial, requer-se o conhecimento e o provimento deste recurso pelas alíneas a e c do art. 105, III, da CF/88, para reconhecer a inépcia da inicial em razão das formulações de alegações genéricas e padronizadas dos supostos lançamentos irregulares acerca dos quais buscou a revisão. FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL IMPOSSIBILIDADE DE PRESTAÇÃO DE CONTAS EM CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO O acórdão recorrido afastou a preliminar de falta de interesse de agir, conquanto o recorrido tenha formulado pedido de prestação de contas em contrato de mútuo derivado de um contrato originário de cartão de crédito, a partir do momento em que optou pelo parcelamento das faturas. Ao assim decidir, a decisão guerreada violou o art. 914, do CPC, uma vez que no contrato de cartão de crédito a instituição financeira não faz gestão de patrimônio alheio, de modo que a prestação de contas não é a medida judicial pertinente para debater encargos ou lançamentos decorrentes dessa relação jurídica. Na relação estabelecida entre as partes em contrato de cartão de crédito a instituição financeira efetua os pagamentos dos fornecedores dos produtos comprados pelo cliente, com recursos próprios, até determinado limite convencionado entre as partes. Ao final do período estipulado para o vencimento da fatura o cliente tem a opção de quitar integralmente os valores adiantados pelo Banco naquele período aos fornecedores ou parcelar o pagamento deste valor nas próximas faturas. Nesta hipótese, converte-se a relação em mútuo, cabendo ao financiado restituir o montante agora acrescido dos encargos previstos no contrato. Note que nas duas situações, quitação a vista ou parcelada, a instituição financeira não faz gestão do patrimônio alheio, tampouco atua por força de cláusula mandato. Muito ao contrário, é o recorrido quem tem o controle dos valores e escolhe onde e quando usar o cartão. Como se vê do quadro abaixo, o acórdão paradigma é apto a demonstrar o dissenso jurisprudencial que autoriza o conhecimento deste recurso especial também pela alínea c, do art. 105, III da CF, na medida em que retratam a mesma hipótese fática:

fls. 303 Acórdão recorrido Acórdão paradigma AgRg no AREsp 468.908/MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti Quarta Turma*. Base fática: Base fática: prestação de contas de cartão de Trata-se de ação de prestação de contas na crédito. qual a autora busca esclarecimentos sobre os débitos cobrados em decorrência do cartão de crédito nº 5526.XXXX.XXXX.9241 e das cédulas de crédito bancário nº 001045544210000 e nº 32590168-4, firmadas com a finalidade de renegociar saldo devedor. Conteúdo decisório: Conteúdo decisório: AGRAVO Também não se verifica a falta de REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO interesse de agir da autora, na medida em ESPECIAL. CONTRATO DE que a ação de prestação de contas mostrase necessária e adequada à obtenção das FINANCIAMENTO (CARTÃO DE CRÉDITO). informações solicitadas na inicial, AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. notadamente em razão da falta de SÚMULA 259 DO STJ. INADEQUAÇÃO DA atendimento à notificação extrajudicial de VIA ELEITA. INTERESSE DE AGIR. fls. 25/27. CARÊNCIA DE AÇÃO. REVISÃO DE Importante ressaltar que a autora não CLÁUSULAS CONTRATUAIS. pretende discutir a legalidade das cobranças, até porque não admitida na IMPOSSIBILIDADE. medida manejada (STJ-4ªT., Ag. 276.180- (...) AGRg, Min. Aldir Passarinho Jr., j. 3. Na hipótese de contrato de financiamento, 21.6.01, DJU 5.11.01), mas sim aferir ou como no caso dos autos, de cartão de quais os encargos que incidira sobre o crédito, não há entrega de recursos saldo devedor e como foram obtidos os valores cobrados, tanto em relação à conta financeiros do correntista à instituição corrente, cujo saldo f i renegociado com a financeira ou à administradora (depósitos), contratação das cédulas de crédito para que os administrem ou efetuem bancário, quanto ao cartão de crédito. pagamentos, mediante débitos em contacorrente. A instituição financeira ou (...) Na hipótese dos autos, a autora bem comprovou a relação jurídica entre as administradora promove o pagamento aos partes, indicou o cartão de crédito e os fornecedores dos produtos ou serviços contratos que pretende ter as contas adquiridos pelo usuário, perdendo a prestadas e não se verifica o caráter disponibilidade dos valores correspondentes revisional apontado pelo banco réu. até o limite convencionado, os quais acaso não quitados no prazo estipulado convertem-se em modalidade de empréstimo, cabendo ao financiado restituir o valor emprestado, com os

fls. 304 encargos e na forma pactuados. Não há, portanto, interesse de agir para pedir prestação de contas, de forma mercantil (CPC, art. 917), a fim de apurar os encargos dos financiamentos necessários à quitação dos débitos ao longo da relação contratual. 4. Se o usuário não possui os documentos necessários para a compreensão dos encargos contratados, assiste-lhe o direito de ajuizar ação de exibição de documentos. 5. A pretensão deduzida na inicial, voltada, na realidade, a aferir a legalidade dos encargos cobrados (taxas de juros, tarifas etc.), deveria ter sido veiculada por meio de ação ordinária de revisão de contrato, cumulada com repetição de eventual indébito, no curso da qual poderia ser requerida exibição de documentos, caso não postulada esta em medida cautelar preparatória. 6. Na espécie de contrato em exame, não há abusividade na estipulação da cláusulamandato porque inerente ao funcionamento do sistema, não incidindo o óbice do enunciado 60 da Súmula do STJ (3ª Turma, AgRg no REsp 796.466/RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 2.2.2011; 4ª Turma, REsp 296.678/RS, Rel. p/ acórdão Min. Fernando Gonçalves, DJe 1º.12.2008). 7. Não se alega, no caso presente, o pagamento indevido, pela instituição financeira ou administradora, a fornecedores de produtos ou serviços adquiridos pelo usuário. Não foi alegado, específica e concretamente, pagamento efetuado em nome do usuário e por este contestado, hipótese em que, em tese, caberia a prestação de contas dos valores desembolsados em nome do cliente. 8. A jurisprudência de ambas as Turmas que

fls. 305 compõem a Segunda Seção do STJ reconhece a impossibilidade de revisão de cláusulas contratuais em sede de ação de prestação de contas, em razão da diversidade e incompatibilidade de ritos. 9. Agravo regimental a que se nega provimento." * O acórdão paradigma foi publicado no DJe no dia 18/06/2014. Trata-se de documento autêntico (declarado autêntico pelo patrono da parte recorrente), que se encontra anexado ao recurso especial no seu inteiro teor, obtido, vale dizer, via internet pelo site http://www.stj.jus.br/. O acórdão recorrido afastou a preliminar de falta de interesse processual por não entender prejudicial a via da prestação de contas para contratos de cartão de crédito. O acórdão paradigma, entretanto, considerando que a instituição financeira não faz gestão de patrimônio alheio nos contratos de cartão de crédito, acolheu a preliminar por falta de interesse de agir da parte. Além disso, vale ressaltar que a decisão recorrida dissentiu do mais recente posicionamento da Ministra Maria Isabel Gallotti, especificamente no julgamento do REsp 1.250.126/RS (Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 04/04/2013). Comprovadas a violação de lei federal e a divergência jurisprudencial, requer-se o conhecimento e o provimento deste recurso pelas alíneas a e c do art. 105, III, da CF/88 para reconhecer a falta de interesse de agir do recorrido em razão da impossibilidade de se formular pedido de prestação de contas em contrato de cartão de crédito. CONCLUSÃO Ante o todo exposto, requer-se seja conhecido e provido o presente recurso especial nos termos acima apresentados, para: Reconhecer a inépcia da inicial em razão das alegações genéricas e padronizadas dos supostos lançamentos irregulares; Reconhecer a falta de interesse de agir do recorrido em razão da impossibilidade de se formular pedido de prestação de contas em contrato de cartão de crédito;

fls. 306 São Paulo, 07 de abril de 2015 SUELI ALEXANDRINA DA SILVA OAB/SP 279865