CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL I

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Transcrição:

CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL I SOBRE DISLEXIA. Juliana Jeronymo Fernandes Rosimar Bortolini Poker Faculdade de Filosofia e Ciências, Unesp, Marília Eixo Temático:5- Formação de professores na perspectiva inclusiva. Palavras chave: Educação. Educação inclusiva. Formação de professores. Dislexia. 1.Introdução Atualmente a inclusão vem sendo muito divulgada e retratada na mídia. Nesta direção, o tema educação inclusiva tem sido demasiadamente utilizado. Tanto no meio acadêmico como no senso comum, o paradigma da inclusão tem tomado forma cada vez mais concreta tendo como base documentos internacionais e legislações nacionais que orientam a organização do sistema educacional vigente. Apesar de o Brasil assumir uma política educacional inclusiva, o fracasso escolar ainda se constitui em um dos grandes problemas da atualidade. Existem dois fatores que comumente explicam as altas taxa de fracasso escolar nas escolas brasileiras. Fonseca (1995) se debruça na etiologia das dificuldades de aprendizagem que podem ser classificadas de duas formas: exógenas (de origem social) e endógenas (de origem biológica). Sobre estas última destaca-se a situação dos alunos com dislexia, alvo do presente estudo. Massi (2007), quase que nessa mesma perspectiva, apresenta a existência de três grandes abordagens que explicam a questão da dislexia e, para ela, cada abordagem, seja ela Organicista; Cognitivista ou Instrumental; ou Psicoafetiva, revela um posicionamento diferente. Considerando, conforme afirma Demo (2007) que a escola deve, necessariamente, se apoiar na perspectiva educacional inclusiva, o que significa que precisa estar preparada para proporcionar condições de aprendizagem para toda a diversidade de alunos, a presente pesquisa preocupou-se em tratar da questão da escolarização do aluno com dislexia entendendo que é um tema relevante e atual que precisa ser enfrentado.

2. Objetivos Os objetivos dessa pesquisa são:identificar, compreender e analisar a concepção dos professores das series iniciais do fundamental l (3º, 4º e 5º anos) de uma escola pública de um município do estado de São Paulo, a respeito do tema dislexia; Identificar o tipo de formação que os professores tiveram e, se nesta formação, foi tratado do tema dislexia;verificar os procedimentos que os professores adotam quando suspeitam que o aluno tem dislexia. 3. Métodos A pesquisa se deu inicialmente através de uma revisão bibliográfica e documental realizadas em sites, periódicos, revistas especializadas, livros sobre educação inclusiva e sobre o tema dislexia. Também foi realizada pesquisa em sites institucionais sobre a legislação que subsidia o atendimento ao aluno com necessidades educacionais especiais e, em especial, ao aluno com dislexia. A partir desse estudo bibliográfico e documental, foi desenvolvida uma pesquisa de campo em uma escola publica do interior do estado de São Paulo, com todos os professores dos 3º, 4º e 5º anos, totalizando 8 professores. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um questionário contendo 42 questões, sendo 30 fechadas e 12 abertas. Foi feita análise qualiquantitativa dos dados a partir dos seguintes eixos: Identificação do professor; Formação do professor para atender alunos com dificuldade de aprendizagem (inicial e continuada); Concepção sobre dislexia; Atitudes do professor frente ao aluno, e Serviços e apoios existentes na rede para o aluno e para o professor. 4. Resultados e discussão Identificação: Participaram da pesquisa todos os professores do terceiro ano ao quinto ano do Ensino Fudamental I da única escola escola pública municipal de uma cidade de pequeno porte do interior do Estado de São Paulo, totalizando 8 sujeitos. O tempo de experiência docente dos professores respondentes variou de 2 a 10 anos. Dos 8 professores que fizeram parte desta pesquisa, 7 possuíam graduação em Pedagogia e 1 possuía formação em nível de Magistério. Formação sobre dislexia: Dos oito professores participantes, 7 afirmaram que o tema dislexia tinha sido tratado em sua formação. Destes, 4 afirmaram que tal tema tinha sido tratado na formação inicial e 3 em situações de formação continuada. Em relação às circunstâncias em que o tema dislexia foi tratado, apenas 2 professores responderam que o

referido assunto foi desenvolvido na disciplina da graduação, os outros apontaram que tinham tido contato com esse tema em palestras que participaram durante a graduação. Outro aspecto relevante é que todos os professores participantes afirmaram que não se sentem preparados para identificar e, também, para atuar pedagogicamente com os alunos com dislexia. Modalidade de formação: 7 respostas dosprofessores sugeriram que a melhor forma de se preparar para atender o aluno com dislexia seria fazendo cursos ou participando de eventos e palestras. Já 4 professores apontaram que caberia a eles buscar orientação com outros profissionais. Presença do tema dislexia na formação:7dos 8 professores respondentesafirmaram que em sua formação foi tratada a questão da dislexia. Entretanto, estranhamente, quando perguntado se os professores tinham algum conhecimento sobre o conceito de dislexia, apenas 3 professores responderam que sim e 5 afirmaram que tinham apenas alguma ideia sobre esse tema. Concepção dos professores sobre dislexia: Analisando as respostas dos professores sobre a concepção de dislexia foi possível classificá-las em três tipos: Dislexia entendida como dificuldade de aprendizagem; Dislexia entendida como distúrbio e Dislexia entendida como uma questão de funcionamento peculiar do sujeito.no quesito referente às dificuldades e características próprias do aluno com dislexia, ficou claro que os professores apresentam uma indefinição conceitual. Demonstraram confusão no uso das abordagens e nas visões apresentadas. A maioria dos respondentes, 7 sujeitos, tende a seguir a visão organicista. Nenhum professor apontou características da visão Cognitivista ou Instrumental e, apenas um, apontou em suas respostas uma ênfase na abordagem Psicoafetiva. A confusão conceitual e a manifestação de uma gama diferenciada de abordagens em uma mesma resposta, também pode ser constatada quando os professores apontaram os problemas considerados típicos de alunos com dislexia. Quanto a causa da dislexia, é possivel perceber que a maioria das respostas dos professores aponta para elementos intrínsecos ao sujeito, corroborando com o que Massi (2007) verificou em outras pequisas e publicações. Apenas uma resposta aponta para fatores exógenos ao aluno, como a falta de estímulo do meio. Esta resposta pode ser vinculada a abordagem Psicoafetiva.Em relação aos sintomas que poderiam estar relacionados a dislexia e o momento em que tais sintomas se manifestariam, 7 professores afirmaram que tais sintomas existem e que poderiam ser observados na educação infantil e nos primeiros anos do ensino fundamental.

Diagnóstico da dislexia:todos os professoresapontam que são vários os profissionais responsáveis pelo diagnóstico da dislexia. Partem da ideia de que uma equipe multidisciplinar deveria ser responsável pelo diagnóstico. Tal afirmação coaduna com o que a literatura aponta quando trata dessa questão, ou seja, da importância da realização da avaliação interdisciplinar. Espaço de escolarização do aluno com dislexia: Quanto ao direito do aluno com dislexia de frequentar a sala regular de ensino, a pesquisa demonstrou que a maioria dos professores está de acordo coma legislação vigente. Dos 8 professores que fizeram parte da pesquisa, 6 responderam que tais alunos devem frequentar a classe comum. Interessante é que 2 professores apontaram que estes alunos teriam esse direito em parte, ou seja, dependeria das condições do aluno. Além disso,3 professores apontaram que a escolarização do aluno com dislexia deva ocorrer exclusivamente na sala regular e 4 entendem que a escolarização deva ocorrer na sala regular,mas com o apoio do Atendimento Educacional Especializado.Um único professor afirmou que o processo de escolarização do aluno com dislexia deveria ocorrer somente na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM). Mais curioso ainda é que todos os professores afirmaram que o aluno com dislexia têm direito de frequentar a sala de AEE. Atitude do professor frente ao aluno com dislexia:a atitude que foi relatada com maior frequência entre os professores foi a de buscar auxílio de uma equipe multidisciplinar. Em seguida, os professores relataram que chamam a família para conversar; encaminham o aluno para avaliação e, ainda, pedem orientação para outro profissional. Nenhuma resposta apontou para o uso,em sala de aula, de estratégias ou metodologias de ensino diferenciadas. As respostas demonstraram que o professor, frente a alguma dificuldade para ensinar, logo procura ajuda de outros profissionais. Essas respostas demonstram certa incoerência, pelo menos para 3 professores que apontaram que sabiam da necessidade do uso de estratégias diferenciadas mais adequadas para ensinar os alunos com dislexia, como uso de jogos, brincadeiras e atividades diferenciadas. Estes dois professores apontaram que seria fundamental utilizar procedimentos pedagógicos adequados para proporcionar o desenvolvimento escolar, a evolução, do aluno. Serviço especializado para o aluno com dislexia:quando perguntado aos professores se no município existia algum tipo de serviço e/ou acompanhamento para o aluno com dislexia, dos 8 professores, 5 afirmaram que existe e que este serviço é oferecido pela Secretaria da Saúde mas não sabiam dizer que tipo de serviço era prestado. Um professor disse que não havia qualquer serviço no município e 2 deixaram essa resposta em branco. Mesmo sendo um

município pequeno, parece que os professores não conhecem, de fato, quais os serviços de apoio existentes e, de que forma poderiam acessá-los. Apoio ao professor: Sobre esta questão, ou seja, se os professores recebem alguma orientação pedagógica ou formação continuada para atuar com alunos com dislexia,5 professores responderam que não há nenhum tipo de apoio, 2 não responderam, e um professor disse que existe. Já, em relação a existência de materiais didáticos na escola para ser usado com os alunos com dislexia, 5 professores disseram que com esses alunos é possível usar todo e qualquer material, 1 professor disse que não sabia da existência desses materiais na escola; 1 afirmou que acha importante usar tais materiais mas não especificou se os utiliza ou não e, 1 professor afirmou apenas que na rede municipal existem jogos e brinquedos pedagógicos, mas também não apontou se ele utiliza tais materiais com os alunos com dislexia. 5. Conclusões Constatou-se então que não falta aos professores o conhecimento sobre o tema, mas sim o seu aprofundamento, ou seja, é preciso tratar sobre o papel do AEE, sobre metodologias e estratégias de ensino,sobre o uso de recursos pedagógicos, sobre o trabalho colaborativo com a equipe escolar, o papel da família e da equipe interdisciplinar e mesmo como sobre como o sistema educacional está estruturado para atender, com qualidade, o aluno com dislexia.em um contexto de escola inclusiva, seria fundamental que existisse um trabalho interdisciplinar em que a avaliação levasse a elaboração de um plano pedagógico diferenciado, com o objetivo de oferecer as melhores condições de aprendizagem para este aluno. Assim, torna-se imprescindível investir na formação inicial e continuada do professor e, também e principalmente, na organização dos sistemas educacionais de forma a garantir uma educação de qualidade para todos. Referências FONSECA, V. Introdução ás Dificuldades de Aprendizagem. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 1995. DEMO, P. Aposta no Professor. Porto Alegre: Mediação, 2007. MASSI, G. A. A dislexia em questão. 3ª ed. São Paulo: Plexus, 2007.