PARCERIA COLABORATIVA ENTRE TERAPEUTA OCUPACIONAL E PROFESSOR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Juliana Pereira da Matta Pavan Viviane Nunes Silva Veronez Centro Escola de Atendimento Educacional Especi CEMAEE- Marilia/SP Eixo Temático: Comunicação Alternativa Palavras-chave: consultoria colaborativa, comunicaç ão alternativa, inclusão. 1. Introdução A Educação Especial no Brasil vem passando por um p rocesso de mudanças e reestruturações nos últimos tempos, em consequência, essa temática tem sido foco dos pesquisadores da área devido às transformações ocor ridas e sua influência nos aspectos sociais, políticos e educacionais do país. Rocha, Castiglioni e Vieira (2001) refletem sobre o processo de transformação da proposta de inclusão relatando que a participação s ocial das pessoas deficientes deve ser construída por toda a sociedade e que a necessidade das minorias tem que ser contemplada no todo, com isso, a escola precisa se apresentar como um contexto inclusivo, ou seja, estar preparada para receber todos os alunos. Considerando o novo paradigma social e educacional, no qual a inclusão está sendo assumida, percebe-se a atuação, no âmbito escolar, de equipes multidisciplinares, composta por diversos profissionais, dentre eles os terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogas, psicopedagogos e profess ores. Com isso, observa-se a necessidade da divulgação de ações inclusivas que mostrem a int erface entre os profissionais da saúde e educação, de forma colaborativa, almejando a plena participação do aluno. Vemos que algumas produções científicas abordam o t rabalho colaborativo como base teórica e metodológica para estudos em educação, su rgindo como uma alternativa para apoiar o ensino de crianças com necessidades educacionais especiais em classe comum.
Thomas J. Kampwirth (2003) em seu capitulo de livro, faz um estudo aprofundado sobre o tema consultoria colaborativa no qual entende-se este como um processo no qual o consultor, trabalhando em uma relação não hierárquica mas sim igualitária, com o educador, oferece assistência àquela pessoa em seus esforços para tomar decisões e na implementação dos melhores planos dentro do interesse educacional dos alunos. Castanharo e Oliveira (2008), terapeutas ocupacionais, mostram que por meio de consultorias em escolas há a possibilidade da intervenção proporcionando ações voltadas para o cotidiano escolar, facilitando inclusive a relaçã o escola-aluno-familia. O Centro Escola Municipal de Atendimento Educacional Especializado (CEMAEE), é uma instituição municipal com o objetivo de proporcionar recursos e serviços, educacionais e terapêuticos, numa perspectiva inclusiva, organizado institucionalmente a fim de apoiar, complementar e suplementar o ensino regular, favorecendo não apenas o acesso, mas também a permanência do aluno centrando a atenção nas capacidades, habilidades e potencialidades das crianças público alvo desta instituição. Cabe a este estudo apresentar a parceria entre terapeuta ocupacional do CEMAEE e professora do ensino regular do município de Marília no que diz respeito a ações interdisciplinares entre os profissionais da área da saúde junto aos educadores de seus alunos incluídos. 2. Objetivo O objetivo deste trabalho é divulgar, através de umrelato de experiência, a ação colaborativa entre um profissional da saúde e um educador da Rede Municipal de Ensino da cidade de Marilia, ocorrida no segundo semestre de 2015. 3. Método Participou do estudo uma professora do ensino regular de uma criança com diagnóstico de Encefalopatia Crônica não Progressiva, matricula da regularmente no 3º ano do ensino fundamental de uma EMEF da cidade de Marília e atendida semanalmente, no CEMAEE, na área de Terapia Ocupacional. A parceria colaborativa foi realizada no segundo semestre de 2015, na Unidade Escolar em que a professora ministrava aula ao referido aluno. Primeiramente, os encontros foram semanais e nos meses seguintes espaçados quinzenalm ente ou uma vez ao mês, conforme a necessidade, para possibilitar verificação do uso d os materiais em sala de aula.
Ao final do trabalho foi utilizado um questionário com a professora para que a mesma relatasse alguns aspectos sobre a experiência vivida. 4. Resultados No primeiro contato entre terapeuta ocupacional e professora foi discutido qual a necessidade emergencial da criança para uma melhor participação da mesma no âmbito escolar. Ficou definido a necessidade de confecção de materi ais relacionados à Comunicação Suplementar Alternativa. Para Manzini e Deliberato: Em educação espec ial, a expressão comunicação alternativa e/ ou supl ementar vem sendo utilizada para designar um conjunto de procedimentos técnicos e metodológicos direcionado a pessoas acometidas por alguma doença, deficiência, ou alguma outra situação momentânea que impede a comunicação com as demais pessoas por meio dos recursos usualmente utilizados, mais especificamente a fala. (2004, p.04). Os encontros foram realizados nas seguintes data: Agosto (07, 14, 21 e 28); setembro (04, 11 e 25); em outubro não realizamos encontros devido à organização e realização da semana da criança, além de feriados. Em novembro o encontro foi realizado no dia 06 e finalizamos os encontros dia 11 de dezembro. A parceria foi realizada às sextas-feiras no períod o da tarde, momento no qual foram confeccionados os seguintes materiais: Imagens para organização da rotina semanal das ativ idades escolares; Imagens contendo fotografia da professora, cuidadora e terapeutas do referido ano; Prancha contendo imagens com palavras de uso frequente da criança; Prancha com velcro para ser utilizada em sala de aula;
Pasta organizadora (catálogo de imagens) com todas asfiguras de C.A. confeccionadas até o momento; Imagens ampliadas para ser utilizada com todas as crianças durante o decorrer das atividades; Os materiais foram confeccionados conforme necessidade da criança, currículo e dinâmica escolar, permaneceram em sala de aula para serem utilizados pela professora com a criança e envolvimento dos demais alunos em sala de aula. 5. Conclusão O trabalho em conjunto entre professores e terapeutas é fundamental para a melhor participação da criança, proporcionando um estímulo que ultrapassa o espaço terapêutico, alcançando o contexto escolar onde o desempenho da criança, com os recursos necessários, torna-se funcional e contextualizado. A professora relata que ações interdisciplinares en tre professor e profissionais da saúde ão esforços e objetivos comuns de uma equipe de pro fissionais abrangendo um campo amplo de atuação a fim de promover a inclusão em todos os seus aspectos. E neste sentido observa-se a necessidade constante de se pensar e renovar as formas de intervenção, no sentido de trazer novos olhares para a pessoa com deficiência.
Complementa que há dificuldades encontradas para realizar o seu trabalho, como por exemplo o número excessivo de alunos em sala de aula e a falta de recursos específicos para alunos com habilidades motoras reduzidas. Observa-se, contudo, a necessidades de mais ações d e parcerias entre saúde e educação para que os mesmos promovam novos olhares e possibilidades como indicadores importantes de um processo inclusivo direcionado a todos com o devido entendimento de sua totalidade. Referência KAMPWIRTH, THOMAS J. Collaborative consultation in the schools: effective pratices for students with learning and behavior problems. Chapter 1: Overview of School Based Consultation, pp: 01-39. New Jersey: Merril Prentice Hall, 2003. MANZINI, E. J.; DELIBERATO, D. Portal de ajudas técnicas para a educação: equipamento e material pedagógico para educação, capacitação e re creação da pessoa com deficiência física recursos para a comunicação alternativa. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2004. ROCHA, E.F.; CASTIGLIONI, M.C.; VIEIRA, R.C. A inclusão da criança com deficiência na escola comum: reflexões sobre o papel da Terapia Oc upacional. Ver. Ter. Ocup. Univ. São Paulo. V12, n.1/3, p.8-14, jan/dez, 2001. OLIVEIRA, C.; CASTANHARO, R.C.T. O terapeuta ocupacional como facilitador do processo educacional de crianças com dificuldades d e aprendizagem. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar; São Carlos, jul-dez 2008, v. 16, n.2, p. 91-99.