01/06/2014 SEMINÁRIO: Mais Médicos: da formação, do provimento e fixação, qual é o papel do município? Coordenador: Marcelo Dalla Coordenação CONASEMS Palestrantes: Alexandre Medeiros de Figueiredo DEGES/SGTES/MS Laura Camargo Macruz Feuerwerker Rede Unida Débora Bertussi Secretária Municipal de Saúde São Bernardo do Campo Alexandre destaca os desafios para o SUS, ressaltando a fragmentação do cuidado na rede de atenção. Segundo o mesmo, a rede de custo depende da organização da rede de serviços, que determinará o financiamento. Delimita vários programas destinados a reorientar a formação dos profissionais de saúde, a fim de definir o perfil dos profissionais de saúde. Os quais devem ter formação generalista, humanista, crítica e reflexiva. Quanto à situação do sistema de saúde anterior à lei 12.871, verifica-se vagas de graduação insuficientes e com distribuição geradora de iniquidades de acesso. Sendo que a abertura de vagas de graduação e residência médica está dissociada das necessidades regionais. As medidas de reorientação não foram suficientes para garantir mudanças no perfil dos egressos. Em pesquisa com os profissionais do PROVAB, os mesmos em sua maioria relataram que deveriam conhecer mais sobre os princípios do SUS, como também não sabem lidar com a tristeza e ansiedade, o que reflete na medicalização da atenção. O Programa Mais Médicos tem como finalidades: Diminuir a carência de médicos, a fim de reduzir as desigualdades regionais; Fortalecer a prestação de serviços de Atenção Básica (AB); Aprimorar a formação médica no país; Ampliar a inserção do médico em formação nas unidades de atendimento do SUS;
Fortalecer a política de educação permanente com a integração ensinoserviço; Promover a troca de conhecimento e experiências e outras. A lei 12.871, traz consigo dimensões de atuação para a mudança e o novo modelo de autorização de curso de medicina. O qual é pautado pela relevância e necessidade social da oferta do curso de graduação, na análise da estrutura da rede de saúde do município e sua região de saúde, além de outras prerrogativas. Referente às mudanças na formação médica com a lei 12.871, são baseadas no funcionamento dos cursos baseados nas novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). As novas DCN estão pautadas no processo de formação voltado para questões como: respeito à diversidade humana; princípios, diretrizes e políticas do SUS; necessidades individuais e coletivas de saúde; integralidade, humanização e gestão do cuidado. Até 2012 havia 125 escolas de medicina, em 2013 o número passou para 136 e a previsão para 2014 a 2015 é de 208 cursos de graduação em medicina. As perspectivas são de aumento da resolutividade e reorganização do processo de trabalho na AB, fortalecimento das regiões de saúde, nova pactuação entre Instituições de Ensino e as esferas da gestão municipal, estadual e federal e fortalecimento e maior capilaridade das ações de educação permanente. Laura inicialmente relatou a satisfação dos gestores e usuários com o programa e traz algumas reflexões quanto a importância da qualificação profissional. Relata que apenas levar os estudantes para a AB não foi suficiente para alterar o perfil profissional, além de outras estratégias, o que requer o planejamento de ações que rompam com a fragmentação da atenção. Com a Lei 12.871, os municípios estão sendo chamados para terem uma maior atuação na formação dos profissionais de saúde. Traz em destaque que apenas os médicos cubanos não podem promover mudanças no processo de trabalho da equipe. Destaca a dificuldade dos médicos recém-formados possuem dificuldades em formular um pensamento clínico, o que gera o aumento dos encaminhamentos para especialistas sem necessidade. Caracterizado pela falta de articulação da atenção especializada com a AB. As ESF tem se concentrado em locais de alta vulnerabilidade social, onde se encontrar diversas situações complexas, que muitas vezes não provem de uma
condição clínica, mas de natureza social, requerendo outras habilidades dos profissionais, que muitas vezes não conseguem atender as necessidades individuais dos usuários. Os municípios tem a oportunidade de terem maior papel na formação em saúde, que auxiliados pelos outros entes federados propiciam maior qualificação. E necessário maior articulação que juntos possamos construir essa experiência junto com os municípios. Débora coloca em destaque as dificuldades da rede de serviços nesse papel formador. A formação dos graduandos é marcada pela falta de vinculo dos mesmos com os profissionais dos serviços. Em parceira com uma Universidade o município conseguiu aprovar 5 cursos de Proposta de residência em rede, requerendo preceptores em cada nível de atenção. Os municípios não podem ser apenas cenários de prática, devem dar sustentabilidade aos cursos. Que as mudanças nos programas de residências também ocorram nos cursos de graduação. São 35 médicos do programa Mais Médicos no município de São Bernardo do Campo. Ressalta que a avaliação do MS para os cursos de residência deve ser repensada. Destaca a convivência dos graduandos com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), o qual irá auxiliar o estudante no conhecimento do território, na análise da situação de saúde da população sob responsabilidade da equipe. O coordenador, Marcelo, convocou os palestrantes para recompor a mesa e vez um breve comentário sobre as falas dos convidados, em seguida foi aberto espaço para debate. Zeca monteiro, Santana/Amanpá, destaca que todo o estado do Amapá possui um médico do programa Mais Médicos. O estado possui atualmente 180 médicos, e necessita pelo menos de mais 200 médicos. Coloca a dificuldade de ter um médico brasileiro no interior do estado e anseia maior viabilidade dos cursos de medicina. Sandra, Viamão/RS, cumprimenta o município de São Bernado do Campo, ao romper paradigma de sair do espaço de queixa e assume o espaço de provimento na formação em saúde. Ressalta o nó que a atenção secundária e terciária possui, devido o excesso de encaminhamento para a atenção especializada. Pinheiro, Ibicaraí/BA, destaca que na fala dos entrevistados não ficou clara a formação dos profissionais para a AB direcionado para as ações preventivas.
Bete, Ministério Saúde, reflete se o programa poderia se chamar Mais Médicos, já que envolve várias outras questões que vão além do número de profissionais médicos, como melhoria na infraestrutura das unidades e outros pontos. É preciso se pensar nos demais profissionais, para que se consiga mudar o modelo de atenção. Maria Angélica, OPAS, parabeniza a mesa e resgata que o grande projeto contra-hegemônico é a lei 12.871, e coloca como grande desafio a implantação da mesma. Jorge Harada, a questão da pós-graduação e educação permanente são processos indissociáveis. Não é apenas a gestão municipal disponibilizar cenários de práticas, vai muito além. Coloca em questão a posição das organizações médicas que estão baseadas em uma lógica de mercado e não na lógica da necessidade. É preciso um processo de formação polissêmica. Laura, coloca que é uma oportunidade de ouro, visto que é um meio do sistema de saúde ser protagonista na formação dos profissionais. Não é suficiente para o MEC ordenar a formação, daí surge à necessidade da articulação entre a Educação e a Saúde. Os aspectos biológicos e sociais interferem, porém, não determinam a vida de cada individuo. Destaca-se a importância do resgate da singularidade. Débora destaca a forma de organização do sistema de saúde, no qual apesar de chamar a AB como tudo, seu âmbito de atuação consiste apenas em ações programáticas. É preciso se repensar nas ferramentas que estão sendo utilizadas, a fim de reorganizar as estratégias de trabalho, já que as executadas não estão sendo suficientes. Alexandre, a organização do processo de trabalho só pode ocorrer quando houver uma harmonia entre gestores e trabalhadores. O trabalho em equipe deve se fazer presente no processo de formação profissional. Destaca aumento do número de vagas de Mestrado, a fim fixar o docente. É preciso reestruturar a rede de AB, para oferecer aos profissionais condições adequadas de desenvolvimento de seu trabalho. Marcelo, convoca os ouvintes a participarem dos demais períodos do seminário. Márcia, CONASEMS, relata que o SUS deverá construir junto com as escolas, de forma protagonista, uma nova escola que forme os profissionais com o perfil que o sistema de saúde requer. Gloria, Vila Velha/ES, gostaria que o Alexandre falasse um pouco sobre Contrato organizativo.
Jocimar, Guaratinga/BA, coloca a Saúde como desafio e não como problema, considera que o médico brasileiro não criou vínculo com a comunidade e que o PSF perdeu um pouco de credibilidade frente à população. Cice, Santa Catarina, qualquer questão precisa de uma decisão política e além de uma decisão política, requer mudança de mentalidade. Reitera que os professores deveriam ter a mentalidade de um cubano. Sonia, Belém/PA, coloca como desafio o processo de formação, relata uma caminhada de acadêmicos de medicina por mudanças na formação, especialmente a falta de campos de práticas. E destaca a visão dos graduandos em relação aos programas como algo ruim. Jorge Harada, ressalta a necessidade de modificação das instituições de ensino em relação a pesquisa, ensino e extensão. Laura, o MS cumpre um papel importante, porém a participação dos estados e municípios é decisiva. Acredita que a educação permanente é inseparável dessa produção que quer se fazer na formação. As equipes aprendem muito pouco quando se oferece a elas. Débora, acredita que deveria discutir o papel das Secretarias de Saúde. Destaca uma dupla tarefa, enquanto em lugares estão abrindo novos cursos de medicina, em outros existem os cursos antigos, o que requer se pensar em ambos. Alexandre, coloca a previsão de abertura de um novo edital para atender os demais municípios. A abertura de novos cursos de medicina está vinculada a abertura de cursos de residência, a fim de alcançar maior fixação do profissional. Quanto ao contrato organizativo, compreende uma perspectiva de construção de um diálogo entre os municípios e as instituições. Almeja um processo não normativo, mas contínuo, visando maior segurança.