AVALIAÇÃO DE CONTAMINAÇÃO POR Escherichia coli EM AMOSTRAS DE ÁGUA DE LAGOA



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Transcrição:

AVALIAÇÃO DE CONTAMINAÇÃO POR Escherichia coli EM AMOSTRAS DE ÁGUA DE LAGOA Vitor Irineu Oliveira (1) Estudante de Graduação do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental da Universidade Federal de Viçosa- Campus Giovanna Ruiz Martins (2) Estudante de Graduação do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental da Universidade Federal de Viçosa- Campus Sibele Augusta Ferreira Leite (3) Mestre em Engenharia Química. Professora e Coordenadora do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental da Universidade Federal de Viçosa- Campus Florestal Brenno Santos Leite (4) Mestre em Engenharia Química. Professor do Curso de Química da Universidade Federal de Viçosa- Campus Endereço (1) : Universidade Federal de Viçosa Campus Florestal, Rodovia LMG 818, km 06, Florestal/MG, CEP 35.690-000. Fone: (31) 3536-3300. e-mail: vitor.irineu@ufv.br RESUMO A contaminação da água pode acontecer pela presença de substâncias químicas ou de microorganismos patogênicos. Entre os microorganismos, destacam-se as bactérias do grupo coliforme, que normalmente estão presentes em grandes quantidades no trato intestinal de seres humanos e outros animais. A principal representante desse grupo é a bactéria Escherichia. coli. A presença destas bactérias associada à má disposição dos Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) pode acarretar o desenvolvimento de colônias resistentes a agentes antimicrobianos Desta forma, este trabalho avaliou as condições de duas lagoas próximas ao aterro controlado de Florestal, onde são dispostos os RSS, mediante análises físico-químicas e microbiológicas. As análises foram direcionadas para determinar a existência de E. coli e, em seguida, realizar os testes de resistência desta bactéria a agentes antimicrobianos. A partir da verificação in loco e das análises, observou-se que as lagoas possuem características propícias ao desenvolvimento de bactérias e que, embora os resultados de coliformes totais tenham sido positivos, não foi detectada a presença de E. coli. Devido ao resultado negativo, não foi possível realizar os testes de avaliação de resistência desta bactéria aos agentes antimicrobianos. PALAVRAS-CHAVE: Escherichia coli, Antimicrobianos, RSS, Risco Ambiental. INTRODUÇÃO A água é uma fonte comum potencial de doenças infecciosas, podendo ser também uma fonte de intoxicações induzidas por compostos químicos. A água com aparência transparente e limpa é suscetível a contaminação por microrganismos patogênicos, representando, assim, uma série de ameaças à saúde pública e ao meio ambiente. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% das doenças relatadas em países em desenvolvimento tem como veículo de transmissão a água de má qualidade (SILVA, 2007). A contaminação das águas superficiais e subterrâneas por substâncias oriundas de depósitos de resíduos é um dos maiores problemas enfrentados, quando avaliada a questão, podendo comprometer a potabilidade destas fontes por longo período (tempo). Quando vegetais são irrigados com água contaminada por chorume ou despejo de resíduos também poderão causar problemas de saúde ao homem, assim como, a exposição humana ocorre por ingestão direta de água ou consumo de animais e vegetais aquáticos originados de corpo d água superficiais contaminados Esta contaminação pode acontecer por substâncias químicas ou presença de microorganismos. Entre os microorganismos, destacam-se as bactérias do grupo coliforme, que normalmente estão presentes em grandes IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 1

quantidades no trato intestinal de seres humanos e outros animais, sendo detectado, é um indicativo da contaminação fecal. Os coliformes são definidos como bactérias bacilares, Gram-negativas, aeróbias facultativas e não formadoras de esporos, que fermentam a lactose produzindo gás, no decorrer de um período de 48 horas, a 36 ºC. Essa definição operacional do grupo dos coliformes inclui microrganismos não relacionados (MADIGAM, et al., 2010). O principal representante desse grupo de bactérias é denominado Escherichia coli, também conhecida popularmente como E. coli. Por ser uma bactéria de fácil isolamento e identificação em água e por ter seu período de sobrevivência semelhante ao dos agentes patógenos mais comuns na flora intestinal, ela é considerada um excelente indicador de contaminação fecal. A presença destas bactérias associada à má disposição dos Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) pode acarretar o desenvolvimento de colônias de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos. Segundo Michael et. al (1997), as bactérias resistentes são capazes de produzir quantidades suficientes de uma enzima que destrói ou modifica a estrutura de antimicrobianos e, também, podem possuir outros tipos de enzimas, ribossomos ou outros componentes celulares que elevam sua resistência aos efeitos dos medicamentos. Com isso, as bactérias sobrevivem e proliferam, desta forma, torna-se interessante avaliar o impacto ambiental causado pela má disposição do RSS, em especial, os medicamentos fora do prazo de validade (vencidos), mediante a análise microbiológica da presença de contaminação de bactérias do grupo coliforme, resistentes a agentes antimicrobianos. Diante do exposto, o presente trabalho objetiva avaliar a presença de contaminação por bactérias do grupo coliforme presentes em amostras de água retiradas de lagoas localizadas próximas ao aterro controlado da cidade de Florestal/MG, para em seguida, investigar a presença de E. coli e avaliar a resistência desta bactéria a agentes antimicrobianos. A escolha das lagoas deve-se à topografia da região onde está localizado o aterro controlado. A localização do aterro é em um nível altimétrico mais elevado em relação às duas lagoas e propicia o escoamento superficial da água contaminada. Portanto, a lagoa pode estar contaminada por resíduos sólidos e líquidos provenientes desse aterro. Vale ressaltar que no aterro da cidade não existe coleta de chorume e a disposição final dos RSS é incorreta, o que pode potencializar os danos ao meio ambiente e à sociedade. METODOLOGIA O trabalho foi dividido em quatro principais etapas, conforme sequência representada na Figura 1. Estas etapas serão descritas a seguir: Etapa 1: Identificação das características locais Figura 1: Etapas para o desenvolvimento do trabalho. Consistiu na realização de visitas técnicas na região do aterro controlado e entrevistas com os responsáveis pelo aterro. Etapa 2: Testes preliminares: parâmetros físico-químicos e coliformes Amostragem O plano de amostragem foi realizado conforme o Guia de Coleta e Preservação de Amostras de Água da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). De acordo com o plano, para efetuar a coleta, o amostrador deve utilizar equipamentos de proteção individual como jaleco, luvas de borracha e botas PVC. A coleta deve ser realizada com frascos de vidro devidamente esterilizados e, posteriormente, acondicionados em caixas térmicas, que proporcionam refrigeração a 4ºC. As amostragens foram realizadas durante o mês de setembro de 2011 e foram destinadas para análises físico-químicas e microbiológicas. 2 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Análises físico-químicas e microbiológicas As análises físico-químicas foram realizadas para determinar a qualidade da água, sendo avaliados três parâmetros distintos: ph, turbidez e condutividade elétrica. As análises microbiológicas visando à determinação de coliformes totais foram realizadas seguindo o método de Número Mais Provável (NMP), em Caldo Lactose-Bile Verde Brilhante (Himedia) com incubação em estufa, por 24 horas, em temperatura de 36 ºC. Os testes para coliformes totais foram realizados em três baterias e cada amostra analisada em triplicata, com as seguintes diluições: 10,0; 1,0 e 0,1mL. A confirmação do teste presuntivo indica a presença de coliformes, o que possibilita a posterior análise de presença de bactérias E.coli (MACÊDO, 2003). A Figura 2 apresenta um esquema representativo da análise de coliformes totais, conforme o método de NMP. 10 ml 0,1 ml Figura 2: Representação do teste para determinação de coliformes totais conforme o método de Número Mais Provável (NMP). Etapa 3: Análise para determinar a presença de E.coli O procedimento para identificação de E. coli foi realizado pelo Método de Membrana Filtrante (MF), devido a sua maior precisão em relação a outros métodos convencionais. Os testes foram realizados utilizando Caldo m-endo (Himedia), incubação em estufa a 44,5 ± 0,2 ºC por 24 horas (MACÊDO, 2003). Etapa 4: Resistência a um antimicrobiano Segundo a norma global consensual do NCCLS (2003), em conjunto com a ANVISA e a Organização Pan-Americana de Saúde, a metodologia de determinação de resistência a um antimicrobiano, consiste na realização de um antibiograma, cujas etapas são: escolher o antimicrobiano mais apropriado para o tratamento da E. coli; avaliar a resistência da bactéria ao antimicrobiano escolhido, em função de uma concentração mínima inibitória, e comparar os resultados a uma amostra controle. RESULTADOS E DISCUSSÃO Identificação das características locais O aterro controlado de Florestal/MG, está localizado em um nível altimétrico mais elevado em relação às duas lagoas, o que facilita o escoamento superficial da água contaminada proveniente do aterro (Figura 3). Com base nessa informação, foram definidos os pontos de amostragem. O primeiro ponto (Lagoa 1), uma lagoa pequena que recebe o escoamento direto do aterro e o segundo ponto (Lagoa 2), uma lagoa maior que recebe, escoamento direto e indireto, proveniente da Lagoa 1. Na Figura 4, é observada a presença de animais de sangue quente, próximos as lagoas, os quais podem eliminar fezes contaminadas com bactérias patogênicas e, consequentemente, contaminar o meio aquático. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 3

Figura 3: Escoamento de chorume do aterro. Figura 4: Animais de sangue quente próximos às lagoas. Testes preliminares: parâmetros físico-químicos e coliformes A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos mediante as análises físico-químicas. Tabela 1: Comparação dos resultados obtidos por análises físico-químicas com os padrões da CONAMA 357/05. Amostra 1 Amostra 2 Parâmetros CONAMA 357/05 (Lagoa 1) (Lagoa 2) FQ. (Classe 2) A B A B ph 6,0 a 9,0 7,12 7,08 8,03 8,0 Turbidez (UT) < 100 106 104 23,0 18,0 Condutividade Elétrica (µs/cm) Não Aplicável 728,9 730,7 66,0 64,9 A partir dos dados obtidos comparados ao disposto pela Resolução CONAMA Nº 357, de 17 de março de 2005, verificou-se que os valores de ph, das duas amostras, estão dentro da faixa aceitável para padrões das águas doces de Classe 2. Os valores de ph próximos da neutralidade favorecem o crescimento de bactérias coliformes. A Amostra 1 apresentou elevadas concentrações de turbidez e condutividade elétrica. A elevada turbidez indica uma maior concentração de matéria orgânica suspensa ou dissolvida, facilitando o crescimento de microrganismos. A condutividade elétrica é um indicativo de substâncias iônicas dissolvidas na água, como nutrientes e cátions metálicos. Em adicional, foi realizada a análise sensorial das amostras, observando que a Amostra 1 apresentou coloração esverdeada, desenvolvimento de espuma e odor desagradável, já a Amostra 2 apresentou coloração amarelo pálido sem odor desagradável, desta forma, indicando um maior grau de poluição da Amostra 1. O resultado do teste presuntivo, de coliformes totais, foi positivo, pois ocorreu a geração de gás em todos os tubos de Durhan. A determinação de coliformes totais, nos limites de confiança de 95%, foi de 2400 NMP/100mL, nas Amostra1 e Amostra 2. O resultado positivo possibilitou a execução da próxima etapa, que consistiu na determinação da presença de E.coli, conforme ilustrado na Figura 2. Etapa 3: Análise para determinar a presença de E.coli Na determinação de E. coli pelo Método de Membrana Filtrante (MF), não foi observado o desenvolvimento considerável de colônias de E. coli nas Placas de Petri. Para confirmação do resultado, o teste foi novamente realizado, o qual persistiu o resultado negativo. Alguns dos possíveis fatores que influenciaram no resultado, podem ser: as coletas realizadas às margens das lagoas e a dificuldade de acesso a pontos interiores das mesmas; o curto espaço de tempo entre as amostragens, não sendo possível avaliar a influência do regime hidrológico no resultado; o longo período de estiagem que pode ter contribuído para a diminuição da concentração de microrganismos, devido ao menor escoamento superficial da água contaminada por resíduos e fezes de animais de sangue quente. Como o resultado do teste MF para determinação de E. coli foi negativo, não foi possível realizar os testes de avaliação de resistência de E. coli aos agentes antimicrobianos. 4 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

CONCLUSÃO Ainda que não tenha sido possível a identificação da bactéria nas amostras de água, é de grande relevância avaliar a relação da incorreta disposição dos RSS com a promoção de bactérias resistentes a antimicrobianos, já que tal resistência pode acarretar grandes riscos à saúde pública. Embora, esta relação não tenha sido detectada, o correto gerenciamento dos RSS deve ser executado seguindo as legislações vigentes. A legislação proposta pela ANVISA, por exemplo, em sua Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº 306, de 7 de Dezembro de 2004, aplica medidas corretivas referente ao gerenciamento dos RSS. Com isso, o setor público garantirá melhoria na qualidade de vida da população, evitando transtornos com fiscalizações e possíveis multas, além de proteger o solo e a água de contaminação proveniente da disposição incorreta deste tipo de resíduo. O trabalho exposto possibilita continuidade da pesquisa, focando na realização de amostragens em mais pontos durante um período maior de coleta, para detectar a ocorrência de E. coli (resistente) ou a utilização de outras metodologias para a análise direta da ocorrência de substâncias químicas provenientes de medicamentos mal dispostos, responsáveis pela contaminação da água. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. MACÊDO, J. A. B. Métodos Laboratoriais de Análises Físico-químicas e Microbiológicas. 2. ed. Belo Horizonte. 2003. 2. Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Resolução n. 357, 17 de março de 2005. Estabelece normas e padrões para qualidade das águas, lançamentos de efluentes nos corpos receptores e dá outras providências. 3. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução n. 306, 7 de Dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. 4. NCCLS, Padronização dos Testes de Sensibilidade a Antimicrobianos por Disco-difusão: Norma Aprovada - 8 ed, 2003. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 5