Rio de Janeiro, 15 DE MAIO de 2014. JDS MÁRCIA CUNHA SILVA ARAÚJO DE CARVALHO Relatora



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Transcrição:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Autos nº 0011714-64.2014.8.19.0000 AÇÃO CAUTELAR INOMINADA Embargante:FACEBOOK SERVIÇOS ON LINE DO BRASIL LTDA Embargados:BEIT EL SHAMAH JUDAISMO DA UNIDADE - ASSO- CIAÇÃO PEDRAS VIVAS E OUTROS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRA- VO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CAUTE- LAR INOMINADA. ALEGAÇÃO DE OMIS- SÕES E OBSCURIDADE QUE INEXIS- TEM. QUESTÕES RESOLVIDAS EX- PRESSAMENTE NO ACÓRDÃO RECOR- RIDO. CONHECIDO O RECURSO E NE- GADO PROVIMENTO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos dos Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento 0011714-64.2014.8.19.0000, em que figura como embargante FACEBOOK SERVIÇOS ON LINE DO BRASIL LTDA, sendo embargados, BEIT EL SHAMAH JUDAISMO DA UNIDADE - ASSOCIAÇÃO PEDRAS VIVAS E OUTROS. Acordam, por unanimidade de votos, os Desembargadores que compõem a Vigésima Sexta Câmara Cível/Consumidor do Tribunal do Estado do Rio de Janeiro, em REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, nos termos do voto da Relatora. Rio de Janeiro, 15 DE MAIO de 2014. JDS MÁRCIA CUNHA SILVA ARAÚJO DE CARVALHO Relatora 1

Relatório e voto Trata-se de embargos de declaração interposto contra acórdão que concedeu parcial provimento ao recurso de agravo para o fim de excluir a multa diária fixada na decisão recorrida. Em suas razões, o embargado afirma que o acórdão restou omisso porque deixou de reconhecer que foram fornecidos dados suficientes e precisos para identificar os responsáveis pelas contas onde teriam sido veiculadas as alegadas ofensas aos embargados, bem como também houve omissão quanto ao argumento do embargante de que, até a publicação da Lei do Marco Civil da Internet, em 24/04/2014, inexistia lei no Brasil que determinasse o arquivamento dos dados de usuários por provedores de internet, o que torna impossível o fornecimento de dados de uma das contas em questão, cuja URL fora definitivamente excluída da plataforma do embargante. Também há obscuridade no acórdão, ao impor ao embargante responsabilidade de terceiro, uma vez que não tinha o dever legal de armazenar por período determinado, todos os dados de usuários. Não existem as omissões alegadas, nem também a contradição arguida. Em manifestações primeiro lugar, o acórdão reconheceu, expressamente, que o provedor de conteúdo tem o dever de armazenar dados suficientes para a identificação de seus usuários, por força do disposto no art. 5º, IV, da CRF, conforme se lê nos trechos abaixo: Como provedor de conteúdo, não restam dúvidas sobre o dever do agravante de armazenar dados suficientes para a 2

identificação de seus usuários, uma vez que, por meio do veículo de comunicação que administra, são veiculadas de pensamento, cujo anonimato é vedado pelo art. 5º, IV, da CRF....O dever do agravante decorre da disposição constitucional que veda o anonimato nas manifestações de opinião... Em segundo lugar, o acórdão reconheceu que o prazo de armazenamento dos dados de identificação do responsável pela conta onde foi veiculada manifestação de pensamento é o prazo de prescrição da ação de responsabilização civil e penal, nos termos abaixo:...tem o dever de identificar seus usuários e fornecer dados suficientes para a identificação, até que prescreva o direito de ação de responsabilização civil e criminal. Em terceiro lugar, não houve omissão quanto a ter deixado de reconhecer que foram fornecidos dados suficientes e precisos para identificar os responsáveis pelas contas onde teriam sido veiculadas as alegadas ofensas aos embargados. O acórdão, expressamente, negou que o fornecimento apenas do endereço de IP fosse suficiente para a identificação de usuários, com abaixo transcrito: Também não lhe assiste razão ao dizer que a jurisprudência é pacífica ao estabelecer que basta o fornecimento do endereço de IP para a identificação de usuários de Internet. O Superior Tribunal de Justiça nos Resp 1.193.764/SP, 1.316.921/RS e 1.398.985/MG, decidiu no sentido de que o dever do provedor de conteúdo é de obter e armazenar dados que sejam necessários para a identifica- 3

ção e localização do usuário, o que apenas o endereço de IP não satisfaz. Em quarto lugar, não há obscuridade no acórdão, ao impor ao embargante responsabilidade de terceiro, uma vez que não tinha o dever legal de armazenar por período determinado, todos os dados de usuários. Primeiro porque o acórdão não impõe responsabilidade de terceiro ao embargante. O acórdão impõe responsabilidade própria do embargante, que é o dever de obter e armazenar dados suficientes para a identificação de sues usuários, como acima exaustivamente exposto e, indica a sanção cabível caso haja o descumprimento desse dever, que não é a aplicação de multa como ficou estabelecido na decisão agravada, mas sim responder pelos danos que o usuário de seu veículo de comunicação vier a causar a terceiros por meio das manifestações de pensamento ali veiculadas. Pode-se ler no acórdão embargado: Assim, ou o agravante apresenta meios de identificar o usuário que ali se expressou, ou responde pelos danos que este vier a causar a terceiro em razão das opiniões exposta pela mídia por ele administrada. Desse modo, o descumprimento do dever jurídico de obter e armazenar dados de identificação de seus usuários tem como sanção específica responder como se fosse o autor das ofensas perpetradas pela manifestação de opinião veiculada na respectiva rede social. Por tais fundamentos, direciono meu voto no sentido de CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 4

Rio de Janeiro, 06 de maio de 2014. Marcia C.S.A.de Carvalho JDS 5