AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0059820-91.2013.8.19.0000 SEXTA CÂMARA CÍVEL



Documentos relacionados
AGRAVO DE INSTRUMENTO N SEXTA CÂMARA CÍVEL RELATORA: DES. INÊS DA TRINDADE CHAVES DE MELO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL DECISÃO DO RELATOR

DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR

Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Vigésima Primeira Câmara Cível

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Gabinete da Desembargadora Marilia de Castro Neves Vieira

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro 23ª CÂMARA CÍVEL

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ CONSULTA DE PROCESSOS DO 1º GRAU - INTERNET

CURSO DE FORMAÇÃO DE MOTOCICLISTA/2015

CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. AGRAVO DESPROVIDO. DECISÃO MONOCRÁTICA RELATÓRIO

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro 23ª CÂMARA CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 24ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

05/02/2013 SEGUNDA TURMA : MIN. GILMAR MENDES

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL 2ª Vara Federal da 15ª Subseção Judiciária São Carlos

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de São José dos Campos, em que é

Foram apresentadas contrarrazões tempestivamente. É o relatório.

ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DESEMBARGADOR CARLOS ALBERTO MENDES FORTE

VIGÉSIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL

EXCELENTÍSSIMO (A). SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE TERESINA-PI.

TRT-RO

Superior Tribunal de Justiça

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL

Supremo Tribunal Federal

RELATÓRIO. O Sr. Des. Fed. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO (Relator Convocado):

CONSELHO DA MAGISTRATURA PROCESSO Nº RELATOR: DES. RICARDO COUTO DE CASTRO A C Ó R D Ã O

PROCESSO: RO

A. C. nº

APELO DESPROVIDO. Nº COMARCA DE CAXIAS DO SUL RIO GRANDE ENERGIA S A A C Ó R D Ã O

Superior Tribunal de Justiça

Décima Sexta Câmara Cível Gabinete do Desembargador Marco Aurélio Bezerra De Melo

Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Gabinete da Desembargadora Denise Levy Tredler

TRIBUNAL DE JUSTIÇA CONSELHO DA MAGISTRATURA

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO NONA CÂMARA CÍVEL

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO

Rio de Janeiro, 15 DE MAIO de JDS MÁRCIA CUNHA SILVA ARAÚJO DE CARVALHO Relatora

Provimento do recurso. A C Ó R D Ã O

Nº /001 <CABBCAADDABACCBACDBABCAADBCABCDDAAAAADDADAAAD>

Superior Tribunal de Justiça

24/06/2014 SEGUNDA TURMA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº: MAURO PEREIRA MARTINS APELAÇÃO.

Supremo Tribunal Federal

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVIL

: RENATA COSTA BOMFIM E OUTRO(A/S)

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Supremo Tribunal Federal

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO VIGÉSIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º

DECISÃO. (Fundamentação legal: artigo 557, caput, do CPC)

Gabinete do Desembargador Fausto Moreira Diniz 6ª Câmara Cível

Hoje os tweets serão do Professor Fabio e tratará de TUTELA ANTECIPADA, DANO MORAL e CONTRATO DE TRABALHO.

Agravo de Instrumento n Relator: Desembargador Joel Figueira Júnior

DECISÃO. (Fundamentação legal: artigo 557, caput, do CPC)

VIGÉSIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL / CONSUMIDOR AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº AGRAVANTE: BAYER S

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Décima Oitava Câmara Cível

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Agravo de Instrumento N C

Advogados : Wanuza Cazelotto Dias dos Santos Barbieri (OAB/RO 2.326), Celso Ceccato (OAB/RO 111) e outros

Nº /2015 ASJCIV/SAJ/PGR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

<CABBCCDAABBCAADCCBBAAADDACABADAACBDAA DDADAAAD> A C Ó R D Ã O

ACÓRDÃO. 42k +h. ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho

SUMÁRIO CAPÍTULO I CONSIDERAÇÕES INICIAIS...

: MIN. TEORI ZAVASCKI

MONIQUE ANDRADE DE OLIVEIRA. MERCADO BARRABELLA LTDA. EPP (sucessora de Mini Market Barrabella Ltda.)2. Giselle Bondim Lopes Ribeiro

PROCURADORIA A GERAL DO ESTA T DO DE SÃO PA P ULO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

AGRAVO DE PETIÇÃO TRT/AP RTOrd A C Ó R D Ã O 4ª Turma

'..i. TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL ACÓRDÃO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO N CLASSE 37 SÃO PAULO - SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS EMENTA: CAUTELAR. EMPRÉSTIMO BANCÁRIO. PARCELAS. DESCONTO. CONTA CORRENTE. RAZOABILIDADE.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO LIMINAR. DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO PACTUADO CONTRATUALMENTE. CONTRATO BANCÁRIO. LIMITE DE 30%.

RELATÓRIO. 3. Foi atribuído o efeito suspensivo ao presente recurso. 4. Foram apresentadas contrarrazões. 5. É o que havia de relevante para relatar.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL

Cezar Augusto Rodrigues Costa Desembargador Relator

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 7ª CÂMARA CRIMINAL

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO Gabinete do Conselheiro Robson Marinho

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DESEMBARGADOR(A) FEDERAL RELATOR(A) DA QUINTA TURMA DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO

Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

Peça 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA... REGIÃO

OITAVA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL PROCESSO Nº APELANTE: UNIMED RIO COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DO RIO DE JANEIRO LTDA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores ERICKSON GAVAZZA MARQUES (Presidente), J.L. MÔNACO DA SILVA E MOREIRA VIEGAS.

DECISÃO (Fundamentação legal: artigo 557, caput, do CPC)

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA, NOS TERMOS DO ART. 557, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. DESPROVIMENTO DO RECURSO DE AGRAVO INTERNO. feps

A C Ó R D Ã O. Agravo de Instrumento nº

PROCESSO Nº: APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO APELANTE: FAZENDA NACIONAL APELADO: EDIFICIO BARCELONA

Jtíf *L PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO GABINETE DO DES. SAULO HENRIQUES DE SÁ E BENEVIDES

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

Acorda a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, por unanimidade, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE AULA 10 PROFª KILMA GALINDO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

COMUNICADO nº 11/2013, da SUBPROCURADORIA GERAL DO ESTADO DA ÁREA DO CONTENCIOSO GERAL

Transcrição:

AGRAVANTE: INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE INEA AGRAVADA: IRIS MENDONÇA PEREIRA RELATORA: DES. INÊS DA TRINDADE CHAVES DE MELO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO. DETERMINAÇÃO DE DEMOLIÇÃO DE QUIOSQUE. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA CONCEDIDA PARA SUSTAR EFEITOS DA NOTIFICAÇÃO DA AUTORIDADE, QUANTO A ORDEM DE DEMOLIÇÃO, MANTENDO O AUTOR NA POSSE E DOMÍNIO DO IMÓVEL, SEM TURBAÇÃO, SOB PENA DE MULTA. MANUTENÇÃO DA DECISÃO, QUE SE ENCONTRA BEM FUNDAMENTADA, NA PRESENÇA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES DA MEDIDA. ARTIGO 273 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES E FUNDADO RECEIO DE DANO DE DIFÍCIL REPARAÇÃO. A PROVA CARREADA DEMONSTRA QUE A DETERMINAÇÃO DE DEMOLIÇÃO DO QUIOSQUE FORA TOMADA SEM A OBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA, O QUE NÃO RESTOU AFASTADO PELO AGRAVANTE. ALÉM DISSO, O CUMPRIMENTO IMEDIATO DA DETERMINAÇÃO DO INEA ACARRETARÁ A PARALISAÇÃO DAS ATIVIDADES DO AGRAVADO, QUE EXPLORA O COMÉRCIO NO LOCAL POR MAIS DE DEZ ANOS. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 59 DO TJ/RJ. DECISÃO QUE NÃO SE MOSTRA TERATOLÓGIA OU CONTRÁRIA A PROVA DOS AUTOS. RECURSO DESPROVIDO. Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo de Instrumento Nº. 0059820-91.2013.8.19.0000, em que é Agravante INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE - INEA e Agravado IRIS MENDONÇA PEREIRA, ACORDAM os Desembargadores da Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO, nos termos do voto da Desembargadora Relatora. - 1 -

VOTO Trata-se de Agravo de Instrumento interposto pelo INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE INEA, ora Agravante, contra decisão do Juízo da 2ª Vara Cível de Araruama, que concedeu a liminar pleiteada pela Autora IRIS MENDONÇA PEREIRA, ora Agravada. No presente Agravo de Instrumento o Réu, INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE INEA, no qual sustenta que não estão presentes os para concessão da medida, já que legítima sua atuação, diante da irregularidade na construção da Agravante. É o Relatório. O recurso é tempestivo e estão presentes os requisitos de admissibilidade. Trata-se de Ação Anulatória de ato administrativo que explora um quiosque denominado Doce Vampiro na Praia de Iguabinha, desde 2005, quando adquiriu o ponto da Senhora Maria José Moreira, que lá já desenvolvia atividade desde 1990. Relato o Autor, ora Agravado, na inicial que, em 2010, buscou a regularização de sua atividade, já que a licença para funcionamento fora fornecida pela Prefeitura à antiga proprietária, em 1994. Narra que não obstante, fora surpreendido com notificação expedida pelo Réu, INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE INEA, por suposta ocupação irregular, determinando a demolição da construção, no prazo de 15 dias, sob pena de multa. Aduz, ainda, na inicial, que o processo administrativo que culminou com a determinação da demolição é nulo por não lhe ter propiciado ampla defesa e contraditório. Assim, pleiteou a concessão de tutela antecipada para suspender da determinação de demolição da construção, sob pena de multa diária. - 2 -

A decisão interlocutória de fl. 105 dos autos principais o MM.Juízo a quo deferiu tutela de urgência, com os seguintes fundamentos, in verbis: 1. Defiro GJ ao autor. 2. Em sede de cognição sumária, os documentos acostados aos autos conferem verossimilhança às alegações do autor, no sentido de que não foi observado o contraditório e a ampla defesa, essenciais para o regular procedimento administrativo que ensejou a notificação para demolição do seu quiosque. Nesse passo, entendo que está presente o fumus boni iuris, assim como o periculum in mora, representado pelo risco de paralisação brusca de atividade profissional do autor, em desconformidade com os ditames constitucionais. Isto posto, defiro a antecipação de tutela para: (2.1) sustar os efeitos da notificação nº SUPLAJNOT/01002946 (doc. fls.51), oriunda do processo administrativo nº E-07/508596/2011 do INEA (réu nesta ação), e a consequente ordem de demolição do quiosque objeto deste processo, até a decisão final deste processo ou eventual revogação dessa liminar; (2.2) manter o autor na posse e domínio do quiosque descrito na inicial, sem qualquer tipo de turbação por parte do Réu, sob pena de multa no valor R% 10.000,00 para cada ato contrário a esta decisão, devidamente comprovado, a contrar a intimação do réu. Intime-se pessoalmente. Contra essa decisão se insurge o Réu, ora Agravante sustentando que não estão presentes os para concessão da medida, já que legítima sua atuação, diante da irregularidade na construção da Agravante. Dispõe o art. 273 do Código de Processo Civil, in verbis: Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. 1 o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento. - 3 -

2 o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. Como se observa a decisão agravada, acima transcrita, encontra-se bem fundamentada, demonstrando a presença dos requisitos autorizadores da medida, quais sejam a verossimilhança das alegações e o dano difícil reparação. Isso porque, como delineado na decisão agravada, a prova carreada, ao menos em sede de juízo de cognição sumária, demonstra que no processo administrativo, no qual determinou-se a demolição da construção, não fora observado o contraditório e ampla defesa, cumprido o requisito da verossimilhança. Tal questão não fora afastado pelo Agravante, que confirma a imposição da medida sem o prévio procedimento administrativo, sustentando que se trata de medida de polícia que não necessita de prévio contraditório ou abertura de processo administrativo, diferindo por isso da sanção administrativa. Não obstante, tal alegação do Agravante é matéria de mérito a ser enfrentada pelo Juízo de primeiro grau e por isso demanda maior análise probatória sobre as circunstâncias da aplicação da medida no caso concreto. De outro lado, resta igualmente bem definido o dano de difícil reparação, consistente na paralisação da atividade do Autor, ora Agravado, que no local explora o comércio por mais de 10 anos. E, por fim, não demonstrou o Agravante a ocorrência de risco de irreversibilidade do provimento, uma vez que a depender do resultado final da demanda, com o julgamento meritório eventualmente favorável, não haverá óbices para cumprimento da determinação. Com efeito, sobressai da própria decisão, em juízo de cognição não exauriente, apenas com os documentos trazidos pelas partes a presença dos requisitos ensejadores da medida antecipatória pretendida. Ademais, sabe-se que a decisão de antecipação de tutela tem natureza provisória e, segundo a melhor doutrina, está sujeita à cláusula rebus sic stantibus, de modo que o juiz está autorizado, a qualquer tempo, a - 4 -

modificá-la ou revogá-la, caso os elementos dos autos venham a direcionar neste sentido. Vale transcrever a ementa de julgado, a seguir exemplificado, extraída do Código de Processo Civil comentado, de Theotonio Negrão, 41ª edição, Ed. Saraiva, pág. 421: Só a existência de prova inequívoca, que convença da verossimilhança das alegações do autor, é que autoriza o provimento antecipatório da tutela jurisdicional em processo de conhecimento. (RJTJERGS 179/251) Além disso, está sedimentado o entendimento segundo o qual, em regra, a Corte não está autorizada a interferir na formação da cognição do juiz, sobretudo quando se trata de decisão liminar. Ademais, aplicável, no caso, o que disposto no Enunciado nº 58 da Súmula de Jurisprudência Predominante, cujo teor é o seguinte: "Somente se reforma a concessão ou indeferimento de liminar, se teratológica, contrária à Lei ou à evidente prova dos autos." Justiça: É nesse sentido inclusive, a jurisprudência deste Tribunal de AGRAVO DE INSTRUMENTO. OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA JURISDICIONAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO ADMINISTRATIVO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. TRANSPORTE DO AUTOR DE CASA AO HOSPITAL PARA TRATAMENTO MÉDICO. FIXAÇÃO DE MULTA. Verificada a presença dos requisitos autorizadores à concessão da tutela antecipada, deve o pedido ser deferido. Parte autora que demonstrou necessitar do transporte até o hospital onde realiza tratamento quimioterápico, sem o qual sua vida fica em risco. Autor portador de câncer na coluna vertebral e rim, impossibilitado de se locomover através de transporte público. Dever constitucional do recorrente em fornecer o tratamento médico necessário à preservação da saúde e vida da recorrida, o que inclui o transporte ao local onde o tratamento é realizado. Competência comum da União, dos Estados e dos Municípios para o trato público da saúde, na esteira da jurisprudência dominante deste sodalício. Inteligência do verbete nº 65 da Súmula do TJRJ. Decisão não teratológica. Incidência do verbete nº 59, da Súmula do TJ/RJ. Multa por descumprimento corretamente fixada. Precedentes do TJ/RJ. Decisão mantida. Recurso a que se nega seguimento, na forma do art. 557, caput, do CPC. 0012250-75.2014.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO - DES. TERESA CASTRO NEVES - Julgamento: 28/03/2014 - SEXTA CAMARA CIVEL - 5 -

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. DEFERIMENTO DA MEDIDA ANTECIPATÓRIA. REGULARIZAÇÃO DO FORNECIMENTO DO SERVIÇO DE ÁGUA NO DOMICÍLIO DA AUTORA. SERVIÇO ESSENCIAL. PRESENTES OS REQUISITOS PREVISTOS NO ART. 273 CPC. DECISÃO SUJEITA À CLÁUSULA REBUS SIC STANTIBUS, DE MODO QUE O JUIZ ESTÁ AUTORIZADO, A QUALQUER TEMPO, A MODIFICÁ-LA OU REVOGÁ-LA, CASO OS ELEMENTOS DOS AUTOS VENHAM A DIRECIONAR NESTE SENTIDO, CONFORME ART. 273, 4º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. DECISÃO QUE NÃO SE MOSTRA TERATOLÓGICA, CONTRÁRIA A LEI OU A PROVA DOS AUTOS. MANUTENÇÃO. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 59 DESTE EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. MANTIDA A MULTA ARBITRADA EM R$500,00, POR DIA DE DESCUMPRIMENTO, QUE FOI FIXADA EM ATENÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO, NA FORMA DO ART. 557, DO CPC. 0037875-48.2013.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO - DES. INES DA TRINDADE - Julgamento: 14/08/2013 - SEXTA CAMARA CIVEL LIMINAR. INDEFERIMENTO. DECISÃO NÃO TERATOLÓGICA. SÚMULA Nº 58 DO TJERJ. Agravo de instrumento da decisão que revogou a liminar de reintegração de posse. Se o magistrado, revendo anterior decisão e diante dos fatos novos trazidos aos autos, não vislumbrou os requisitos para a concessão da liminar, e em não havendo teratologia na decisão, então, não há motivo para reformá-la neste momento, até porque a decisão poderá ser revista após a maturidade do processo. Súmula nº 58 do TJERJ. Recurso manifestamente improcedente, a que se nega seguimento, nos termos da decisão do desembargador relator. 0014732-93.2014.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO - DES. RICARDO RODRIGUES CARDOZO - Julgamento: 22/05/2014 - DECIMA QUINTA CAMARA CIVEL Logo, deve ser mantida a decisão, já que não foi contrária à lei, teratológica ou à prova dos autos. Por tais fundamentos, VOTO PELO DESPROVIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO, mantendo-se a decisão agravada, por seus próprios fundamentos. Rio de Janeiro, 23 de julho de 2014. DES. INÊS DA TRINDADE CHAVES DE MELO Relatora - 6 -