Acórdão. Processo ri. 048.2009.000.257-6/001



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Transcrição:

Processo ri. 048.2009.000.257-6/001 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque Acórdão Apelação Chiei - no. 048.2009.000.257-6/001 Relator: Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque. Apelante: Marlene Mendes dos Santos - Adv. Cláudio Galdino da Cunha. Apelado: Município de Cuitegi - Adv. Carlos Alberto Silva Melo. EMENTA: PREJUDICIAL DE MÉRITO. PRESCRIÇÃO TRIENAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. ILEGALIDADE ACOBERTADA POR COISA JULGADA. INDISCUTIBILIDADE. ATO DE DEMISSÃO ILEGAL VIOLA A HONRA E A.VIDA PRIVADA. RECONHECIMENTO DO DANO MORAL. PROVIMENTO DO APELO. - O prazo prescricional a ser aplicado nas ações de indenizatárias contra a Fazenda Pública é o quinquenal, por este ser previsto em legislação especial (Lei no. 9.494, de 10 de setembro de 1997, art. 1 0 -C: "Prescreverá em cinco anos o direito. de obter indenização dos danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos"). - A ilicitude da demissão já foi devidamente reconhecida e julgada pela Justiça do Trabalho, em duas instâncias, onde foi determinada a reintegração da servidora. Inegável, ante o trânsito em julgado dessa ação, que o ato de demissão da servidora apelante é tido por ilícito. - Inegável que a demissão ilegal trouxe transtornos e preocupações à servidora recorrente que fogem da seara de mero dissabor. Entende-se Desl' mba f _adrarcos Cavalcanti de Albuquerque 1

Processo no. 048.2009.000.257-6/001 que o dano moral está comprovado, em razão da violação do direito personalíssimo à honra e à vida privada. Provimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos acima identificados. Acorda a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por unanimidade, em REJEITAR a prejudicial. No mérito, por igual votação, DAR PROVIMENTO AO APELO, nos termos do voto do relator. RELATÓRIO Trata-se de APELAÇÃO CÍVEL interposta por MARLENE MENDES DOS SANTOS, hostilizando sentença oriunda da Comarca de Pilões e prolatada nos autos de Ação de Reparação de Danos Morais, movida em face do MUNICÍPIO DE CUITEGI, ora apelado. A apelante pretende a compensação por danos morais, em razão de demissão indevida do serviço público, fato que teria ocasionado "angústia e constrangimentos" na recorrente. Sentenciando o feito, o Magistrado Singular julga improcedente a demanda por entender que o ato de demissão estava respaldado em parecer do Tribunal de Constas do Estado, não havendo ato ilícito por parte do Município apelado. Inconformada, a servidora recorrente interpôs a presente Apelação Cível, aduzindo que o afastamento da recorrente foi ilegal por inexistência de processo administrativo, porque houve reconsideração do TCE-PB, reconhecendo a legalidade da sua nomeação e que houve o reconhecimento da ilegalidade por decisão judicial, havendo coisa julgada sobre essa discussão. Requer a reforma da decisão, para que o Município apelado seja condenado a pagar indenização por danos morais. Desemb éíci r ard6rj'avalcanti de Albuquerque 2

Processo d. 048.2009.000.257-6/001 Intimado, o Município recorrido oferta contrarrazões às fls. 215/220, alegando preliminarmente a prescrição trienal com base no art. 206, 3 0, inc. V, do Código Civil. No mérito, sustenta que "o presidente da Câmara de Vereadores, quando do afastamento dos funcionários da Edilidade agiu em estrito cumprimento do dever legal", haja vista posicionamento do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba. Pugnando pela manutenção da sentença. Em parecer às fls. 227/232, o membro da Procuradoria de Justiça opina pelo desprovimento do apelo. É o relatório. VOTO Embora tenha chamado de preliminar, a prescrição, em verdade, configura-se uma prejudicial de mérito. Defende a Fazenda Municipal que, no caso em apreço, a prescrição contra a fazenda pública deve ser trienal, em uma interpretação conjugada dos arts. 10 do Decreto no. 20.910/1932 e 206, 2 0 do Código Civil. Contudo, analisando mais detidamente o art. 10 do aludido Decreto ("O disposto nos artigos anteriores não altera as prescrições de menor prazo, constantes, das leis e regulamentos, as quais ficam subordinadas as mesmas regras"), não se trata de regra de preferência em favor da Fazenda Pública, mas sim de regra de especialidade. Forma de consagrar o Princípio da Especialidade, informando que aquele novo prazo, por ser especial à Fazenda Pública, não revoga ou modifica as prescrições de menor prazo. Ressalte-se que o citado Decreto é anterior à Lei de Introdução ao Código Civil, que renova a especialidade no 2 0 do art. 2 0, nestes termos: "lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior". Desembargador Marcos eavalcanti de Albuquerque 3

Processo n. 048.2009.000.257-6/001 Assim, o prazo prescricional a ser aplicado nas ações de indenizatórias contra a Fazenda Pública é o quinquenal, por este ser previsto em legislação especial (Lei no. 9.494, de 10 de setembro de 1997, art. 1 0-C: "Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização dos danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos"). Ademais, tem-se que reconhecer que o ato supostamente ilegal teria sido interrompido pelo "despacho do juiz" trabalhista, quando do conhecimento da Reclamação (ex vi art. 202, inc.- 1, do Código Civil), no ano de 2005. Já essa reparação de danos foi ingressada em 29 de abril de 2009, portanto dentro do prazo quinquenal. mérito. Ante o exposto, rejeita-se esta prejudicial de Quanto ao cerne da questão, registre-se a impossibilidade de discussão acerca da licitude ou ilicitude do ato de afastamento da servidora recorrente pelo então Presidente da Câmara Municipal, haja vista que sobre essa questão pesa a incidência da coisa julgada. É necessário se registrar que a ilicitude da demissão já foi devidamente reconhecida e julgada pela Justiça do Trabalho, em duas instâncias, onde foi determinada a reintegração da servidora. Assim, inegável, ante o trânsito em julgado dessa ação, que o ato de demissão da servidora apelante é tido por ilícito. Estando configurado ato ilícito, cumpre analisar a existência de dano suscetível à condenação indenizatória e se há a incidência do art. 186 e 927 do Código Civil: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar' dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Desemb dor -IV:sCavalcanti de Albuquerque 4

Processo n. 048.2009.000.257-6/001 Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Entende-se que o dano moral está comprovado, em razão da violação do direito personalíssimo à honra e à vida privada. É sabido que a honra pode ser aferida em duas acepções, a honra objetiva, aquela vislumbrada no âmbito das relações pessoais do indivíduo, sua imagem perante seus pares, e também a honra subjetiva, que é o autorreconhecimento do indivíduo, sua valorização pessoal intrínseca. Por vida privada, entende-se a liberdade que o indivíduo tem de optar por seus afazeres cotidianos e quais os meios utilizará para tanto, relacionando-se com as escolhas que assume no dia dia, perfazendo em sua rotina, seu modo de vida, seus compromissos, interesses e prazeres no dia-a-dia. Inegável que a demissão ilegal trouxe transtornos e preocupações à servidora recorrente que fogem da seara de mero dissabor. Irrefutável que foi atingida a honra objetiva ante a repercussão perante seus pares do ato demissional, bem como a honra subjetiva, pelo constrangimento psíquico do ato. A demissão importa numa desestruturação na condução de suas atividades e na gestão de seus interesses, o que também ultrapassa o mero dessabor, configurando violação à vida privada, haja vista que atingiu seu cotidiano, alterando sua rotina diária, seu orgulho pessoal por seu labor e os prazeres que os rendimentos deste lhe proporcionava. Caracterizada a violação a honra e a vida privada, é devida a indenização por danos morais, vejamos o que diz a este respeito a Constituição Federal: Desembar a ar s Cav i de Albuquerque 5

Processo rf. 048.2009.000.257-6/001 Art. 5 0 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de - sua violação; imputada responsabilidade civil. Assim, não restam dúvidas que houve dano moral a ser Quanto ao montante arbitrado a título de danos extrapatrimoniais, sabe-se que cabe ao juiz, pois, em cada caso, valendose dos poderes que lhe confere o estatuto processual vigente (arts. 125 e seguintes), dos parâmetros traçados em algumas leis e pela jurisprudência, bem como das regras da experiência, analisar as diversas circunstâncias fáticas e fixar a indenização adequada aos valores em causa. Por isso, justifica-se o valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais). Isto posto, REJEITO A PREJUDICIAL DE MÉRITO DE PRESCRIÇÃO E DOU PROVIMENTO AO RECURSO, reformando a sentença, no sentido de condenar o Município de Cuitegi ao pagamento de R$ 7.000,00 (sete mil reais) a título de condenação por danos morais, correção monetária e juros, incidentes a partir do ato ilegal, pelos "índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança", na forma do art. 1 0-F da Lei no. 9.494, de 10 de setembro de 1997. Bem como às custas processuais e os honorários advocatícios, aos quais arbitro, com fulcro no art. 20, 4 0, do CPC, em R$ 1.000,00 (um mil reais), atualizáveis a partir deste arbitramento. É como voto. Desem arcos Cavalcanti de Albuquerque 6

Processo d. 048.2009.000.257-6/001 Presidiu a sessão o Excelentíssimo Senhor Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Marcos Cavalcanti de Albuquerque Relator, Vanda Elizabeth Marinho (Juíza convocada, com jurisdição limitada, para substituir a Desembargadora Maria das Neves do Egito A D Ferreira) e Ricardo Vital de Almeida (Juiz convocado para substituir a Desembargadora Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti). Presente ao julgamento a Excelentíssima Senhora Doutora Lúcia de Fátima Maia de Farias, Procuradora de Justiça. Sala de Sessões da Segunda Câmare17do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pesso., e3/6e4ezembro de 2012. Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque Relator 51 Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque 7

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