Os Tempos da Fotografia



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Transcrição:

Os Tempos da Fotografia No dia 13 de junho será o lançamento de um novo livro de Boris Kossoy intitulado Os tempos da fotografia: o efêmero e o perpétuo. O evento será na cidade de São Paulo e a obra é uma edicão de Ateliê Editorial. Pode haver relações entre fotografia e educação? Perguntamos nós. Boris Kossoy é professor da Universidade de São Paulo e coordenador de Iconografia do PROIN Projeto Integrado Arquivo Público do Estado de São Paulo / USP. A contribuição desse pesquisador foi pioneira quando, no ano de 1989, lançou o livro Fotografia e História (Editora Ática). A partir daí, junto com Maria Luiza Tucci Carneiro, diversas obras vêm a público, como O olhar europeu: o negro na iconografia brasileira do século XIX, pela Editora EDUSP, e o livro A imprensa confiscada pelo DEOPS: 1924-1954, pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. Afinal, pode haver relações entre Fotografia e Educação, este é o nosso interesse principal. No livro didático Santa Catarina de todas as gentes: história e cultura de Neide Almeida Fiori e Ivone Regina Lunardon (Base Editora), destinado aos

alunos do Ensino Fundamental, o Manual do Professor salienta a importância da imagem fotográfica para as atividades relacionadas com a educação. A seguir texto desse livro (p. 29-32), em trecho que incorporou contribuições do pensamento de Boris Kossoy. A obra foi aprovada pelo MEC e faz parte do Programa Nacional do Livro Didático/2007. A imagem fotográfica Do artesanato à tecnologia A Revolução Industrial, como se sabe, surge no bojo de grandes transformações sociais, econômicas e culturais que ocorreram na Inglaterra entre os anos 1760-1860 e que, como numa relação de causa e efeito, estavam intimamente ligadas ao desenvolvimento das ciências. Ambos, mudanças sociais e avanço científico, prepararam o advento da sociedade industrial que, para além do berço onde surgiu, logo se espalhou por outros países. No decorrer desse tempo as nações transformam-se em Estados; daí a importância da meta de ampliar a homogeneidade cultural, para que melhor ocorresse o domínio político da ordem estatal. Os sistemas educacionais dos países mais desenvolvidos muito se ampliaram nesse tempo e todos os níveis de ensino foram chamados a colaborar com essa tarefa. Mas o maior avanço ocorreu nas escolas primárias, cujo objetivo era não apenas transmitir rudimentos da língua ou aritmética mas, talvez mais do que isso, impor os valores da sociedade (moral, patriotismo) aos seus alunos (Hobsbawm, 1979, p.114). Também ocorreram modificações de outra ordem. No contexto da Revolução Industrial, surgiram muitas invenções que foram incorporadas à história da humanidade. Uma delas foi a fotografia, possibilitando que, sob determinadas condições de luz, a imagem de objetos pudesse ser gravada diretamente sobre uma superfície preparada quimicamente de forma adequada. A reprodução fotográfica teve início de forma artesanal e, com o decorrer do tempo, sua tecnologia foi se desenvolvendo. Em nossos dias, as imagens

fotográficas podem percorrer o mundo em tempo real, transmitidas pelos caminhos de redes virtuais. A fotografia como fonte de conhecimento A fotografia, porém, não se relaciona apenas com questões de ordem tecnológica, mas também pode constituir-se em uma importante fonte de estudos no âmbito das Ciências Humanas. Atualmente, as fotografias fazem parte do mundo da história e da cultura dos grupos sociais e, por esta razão, figuram no presente livro. Muitas dessas imagens, especialmente aquelas que aparecem na seção Retrato em Branco e Preto [um dos ícones do livro didático] foram produzidas a partir de originais com mais de meio século de existência; nelas podem ser observados os resultados de ações de conservação e de recuperação. A maioria dessas imagens possivelmente se ajusta às palavras de Boris Kossoy em sua conhecida obra Fotografia e História: É a fotografia um intrigante documento visual cujo conteúdo é a um só tempo revelador de informações e detonador de emoções. Segunda vida perene e imóvel preservando a miniatura de seu referente: reflexos de vida congelados pelo ato fotográfico. Conteúdos que despertam sentimentos profundos de afeto, ódio ou nostalgia para uns, ou exclusivamente meios de conhecimento e informação para outros que os observam livres de paixões, estejam eles próximos ou afastados do lugar e da época em que aquelas imagens tiveram origem. Desaparecidos os cenários, personagens e monumentos, sobrevivem, por vezes, os documentos escritos e também fotográficos. (Kossoy, 1989, p.16) Será que uma imagem vale mil palavras? Seguindo o pensamento de Miriam Moreira Leite, a imagem, ao contrário da comunicação verbal, seria um conjunto de informações de transmissão direta, com uma mediação a ser decodificada. Mas fica ainda uma questão: existiria uma leitura da imagem fotográfica capaz de substituir ou equivaler a documentos escritos ou depoimentos verbais? (1993, p.23). Para esta pergunta há respostas diferentes. Por um lado, uma tendência historiográfica entende que o documento fala: a eloqüência da imagem fotográfica chega a transmitir informações claras e de forma direta. Por outro lado, para outra forma de pensar, tanto o documento escrito quanto as imagens iconográficas ou

fotográficas são representações que não falam por si mas que aguardam um leitor que as decifre. (Leite, 1993, p.23) Uma fotografia é um objeto que pode ser analisado de forma multifacetada: A fotografia tem um destino duplo... Ela é a filha do mundo do aparente, do instante vivido, e como tal guardará sempre algo de documento histórico ou científico sobre ele; mas ela é também filha do retângulo, um produto das belas-artes, o qual requer o preenchimento agradável ou harmonioso do espaço com sinais em preto e branco ou em cores. Nesse sentido, a fotografia terá sempre um pé no campo das artes gráficas e nunca será suscetível de escapar desse fato. (Brassai citado por Kossoy, 1989, p.32) Ao nos defrontarmos com fotografias, podemos percebê-las sob variadas perspectivas, como as referentes à arte e à política. Sabe-se que, durante o governo de Getúlio Vargas, o Estado criou uma verdadeira rede de veneração dirigida ao presidente. Suas palavras eram divulgadas no âmbito das escolas e seu aniversário, no dia 19 de abril, era anualmente um evento cívico nacional. Uma das formas de culto político era através da imagem fotográfica de Getúlio Vargas, tanto em festas cívicas realizadas como grandes eventos públicos quanto no âmbito das escolas primárias de então. Festa Cívica Grupo Escolar São Virgílio Nova Trento (sem data) A cena apresenta o Altar da Pátria, comum no decorrer das homenagens ao aniversário de Getúlio Vargas (Fonte: Arquivo Público do Estado de Santa Catarina)

Festa Cívica passeata unindo empresários, trabalhadores e estudantes Joinville, 10 de novembro de 1938. (Fonte: Arquivo Público do Estado de Santa Catarina) As imagens fotográficas também podem ser percebidas na perspectiva das belas-artes. Penetra-se no mundo do subjetivo e da estética no campo do belo, do harmonioso. Na fotografia que apresenta uma aula de educação física do professor Erwin Teichmann, em Pomerode, há alguma coisa de esvoaçante ginástica rítmica ou situações que lembram um balé no meio do campo?

Aula de Educação Física ministrada pelo professor Erwin Teichmann Pomerode, ano 1940. (Fonte: Acervo N. Cordova) Enfim, na perspectiva das belas artes podem ser vistas telas, esculturas e imagens fotográficas; até mesmo mapas antigos que revelam muito da imaginação de quem os desenhou; ou seja, apresentam um cunho mais artístico do que propriamente científico.