PUBLICAÇÃO DA DECISÃO DO ACÓRDÃO No D.O. 24 / 06 / 2015 Fls.: 05 SERVIÇO PÚBLICO ESTADUAL Sessão de 20 de maio de 2015 CONSELHO PLENO RECURSO Nº 39.843 ACÓRDÃO Nº 7.676 INSCRIÇÃO ESTADUAL Nº 81.624.704 AUTO DE INFRAÇÃO Nº 03.248223-4 RECORRENTE RECORRIDA RELATOR SOL GRÁFICA LTDA FAZENDA ESTADUAL CONSELHEIRO LUIZ CHOR Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Chor, Charley Francisconi Velloso dos Santos, Gustavo Kelly Alencar, Paulo Eduardo de Nazareth Mesquita, Ronaldo Redenschi, Fábia Trope de Alcântara, Antonio Silva Duarte, Gustavo Mendes Moura Pimentel, Luciana Dornelles Do Espírito Santo, João da Silva de Figueiredo, Graciliano José Abreu dos Santos, Antonio Soares da Silva, Roberto Lippi Rodrigues, Marcello Tournillon Ramos, Rubens Nora Chammas e Marcos dos Santos Ferreira. ICMS - SERVIÇOS GRÁFICOS FINALIDADE. Em virtude de seu caráter mercantil, estão sujeitos á incidência do ICMS os impressos personalizados destinados à propaganda e publicidade, o material de embalagem e os produtos suscetíveis de destinação específica como agendas e calendários. Inteligência do art. 40, inciso XV, da Lei nº 2657/96. Recurso desprovido. Decisão unânime. RELATÓRIO Adoto o relatório da douta Representação da Fazenda de fls. 531/532, que reproduzo a seguir: O Contribuinte foi autuado por não submeter à tributação de mercadorias (material gráfico personalizado) com incidência de ICMS. Incorreu, neste sentido, a violação à legislação tributária, nos moldes do artigo 2º, inciso I, artigo 3º, inciso I e artigo 33, 1, Lei n 2.657/ 96. A penalidade aplicada pelo
CONSELHO PLENO Acórdão nº 7.676 - fls. 2/5 Autuante foi a prevista pelo artigo 59, incisos VII, da Lei nº 2.657/96, com redação da Lei 3.040/98. Apresentou, tempestivamente, impugnação (fls. 403/422), tendo a JRF julgado procedente o auto de infração, que ficou assim ementado: 5 DÉBITO DE ICMS 5.1. NÃO RECOLHIDO 5.1.2 APURADO ATRAVÉS DE EXAME DE LIVROS E DOCUMENTOS FISCAIS São legítimas a exigência do ICMS e a aplicação da penalidade ao contribuinte que deixa de recolher o ICMS incidente na saída de mercadorias tributadas. Auto de Infração Procedente Inconformado, o Contribuinte interpôs Recurso Voluntário contra a decisão proferida pela Junta de Revisão Fiscal, reiterando sua tese anterior (fls. 443/461). Em seguida, a Representação da Fazenda emitiu parecer opinando pelo conhecimento do Recurso Voluntário para lhe negar provimento (fls. 472). Ato contínuo, a Colenda Quarta Câmara acordou pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário da Autuada (fls. 480/490) com a ementa abaixo: ICMS. SERVIÇOS GRÁFICOS Os impressos personalizados destinados à propaganda e publicidade, o material de embalagem e os produtos suscetíveis de destinação específica com agendas e calendários sofrem a incidência do ICMS. Excluídas da exigência fiscal as operações referentes à elaboração de manual por consumidor final a impressão de convites e de livro. Ex-vi do artigo 40, inciso XV, da Lei nº 2657/96, c/c Parecer Normativo nº 01/86, c/c Convênio ICMS nº 11/82. Provimento parcial do recurso.
CONSELHO PLENO Acórdão nº 7.676 - fls. 3/5 Por último, a Contribuinte apresentou recurso ao Conselho Pleno (fls. 499/516). Embora o seu recurso possa ter conhecimento em virtude da decisão não unânime da instância anterior, sua irresignação não prospera como se demonstrará no tópico seguinte. É o relatório. VOTO DO RELATOR Considerando que a decisão recorrida foi proferida pelo voto de qualidade, tendo sido dado provimento parcial ao recurso, o conhecimento do recurso especial não se encontra condicionado à comprovação de divergência relativa ao direito em tese, existente entre o acórdão recorrido e outros já proferidos no âmbito desse. Desta forma, verifica-se que o presente recurso encontra-se em consonância com a disposição legal do art. 266, inciso I, do CTE 1. Pelo provimento parcial enunciado na decisão recorrida, entendese que a controvérsia do intento recursal encontra-se centrada na incidência do ICMS em operações referentes à circulação de material gráfico destinado à publicidade e propaganda. Antes de adentrar ao cerne do mérito, cumpre afastar a premissa de que a solução de consulta proferida nos autos do processo administrativo nº E- 04/593.880/95 constitui supedâneo à não incidência do ICMS sobre todas as operações posteriores realizadas pela Recorrente a partir daquela data. Afinal, o objeto da aludida consulta corresponde a não incidência do ICMS sobre as operações de importação de equipamentos utilizados na prestação dos serviços gráficos, matéria afetada pela imunidade contida no art. 150, inciso VI, da CRFB/88. 1 Art. 266. Das decisões do Conselho cabe recurso: I - para o Conselho Pleno, quando a decisão de Câmara não for unânime ou divergir de decisão proferida por outra Câmara ou pelo Conselho Pleno, relativamente ao direito em tese
CONSELHO PLENO Acórdão nº 7.676 - fls. 4/5 Neste sentido, é importante frisar que o alcance da consulta administrativa está restrito às circunstâncias inerentes à hipótese fática submetida à apreciação da Administração Tributária, nos termos do art. 275 do Decreto-Lei nº 05/75. Art. 275. A consulta deverá focalizar somente dúvidas ou circunstâncias atinentes à situação do consulente e será formulada objetiva e claramente, formalizando, de modo preciso, a matéria cuja elucidação se fizer necessária e indicará: I - o fato objeto da consulta; II - se versa sobre hipóteses em relação à qual já ocorreu o fato gerador da obrigação tributária e, em caso positivo, a sua data; e III - as razões supostamente aplicáveis à hipótese, inclusive a interpretação dada pelo consulente. Além das matérias não guardarem identidade, não se pode admitir, para fins de julgamento do presente recurso, que uma solução de consulta relativa a fatos geradores anteriores à edição da Lei nº 2.657/96 produza efeitos para infrações cometidas em 2009, eis que à época as operações de importação estavam sob a égide da Lei nº 1.423/89. Elucidada esta premissa, passa-se à análise objetiva do mérito. Como bem demonstra o histórico apresentado pela decisão recorrida, o ISS incide sobre a prestação de serviços gráficos destinados ao uso exclusivo da pessoa jurídica tomadora; essa lógica se baseia na consumação da finalidade do serviço em uma única etapa que se exauriu na modalidade monofásica. Por outro lado, quando o material gráfico se destina à publicidade e à propaganda, a prestação de serviço assume um papel preliminar na cadeia de circulação de mercadorias, neste caso, visando o incentivo ao consumo. Isso porque, a operação passa a ter uma finalidade mercantil e o fornecimento de material gráfico de propaganda passa a ser uma das primeiras etapas da cadeia de circulação de mercadorias da qual participa aquele tomador do serviço.
CONSELHO PLENO Acórdão nº 7.676 - fls. 5/5 Por este motivo, a Lei nº 2.657/96, em seu art. 40, incisos I e XV, 1º e 4º, destacou como exceção a incidência do tributo estadual nos casos de circulação de material gráfico para fins de publicidade e propaganda. Portanto, considerando a análise detalhada das mercadorias realizada na decisão recorrida bem como as exclusões dela decorrentes, concluise que não há reparos a serem promovidos em seu conteúdo. Isto posto, nego provimento ao recurso, mantendo-se a decisão recorrida. É como voto. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos em que é Recorrente SOL GRÁFICA LTDA e Recorrida FAZENDA ESTADUAL. Acorda o CONSELHO PLENO do do Estado do Rio de Janeiro, à unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Conselheiro Relator. CONSELHO PLENO do do Estado do Rio de Janeiro, em 20 de maio de 2015. LUIZ CHOR RELATOR ASO MARCOS DOS SANTOS FERREIRA PRESIDENTE