(Eixo Temático: Formação de tradutores/intérpretes de língua de sinais)



Documentos relacionados
POLÍTICA NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E O PAPEL DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAPÁ. Prof. Klenilmar Lopes Dias

ENADE: OS RESULTADOS INFLUENCIAM NA GESTÃO ACADÊMICA E NA QUALIDADE DOS CURSOS

ATUAÇÃO DO TRADUTOR INTÉRPRETE DE LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS E LÍNGUA PORTUGUESA NO CONTEXTO EDUCACIONAL

MAPEAMENTO DA SITUAÇÃO EDUCACIONAL DOS SURDOS NA REGIÃO DE ABRANGÊNCIA DO NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DE IRATI/PR

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão - SECADI

RESOLUÇÃO Nº 153/2010/CONEPE

LIBRAS: CONHECER A CULTURA SURDA

LEI DA LIBRAS E O ENSINO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES.

COMPREENSÃO DE LICENCIANDOS EM BIOLOGIA SOBRE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A PERCEPÇÃO DE FUTUROS PROFESSORES ACERCA DA LIBRAS NA EDUCAÇÃO DE SURDOS 1

Núcleo de Apoio as Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais NAPNE.

RESOLUÇÃO CONSEPE/UFERSA Nº 007/2010, de 19 de agosto de 2010.

Relatório de Autoavaliação Institucional. Ano letivo 2017 EaD GOIÂNIA, 2018.

CONTRIBUIÇÕES DAS SALAS DE COORDENAÇÃO DO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM MOODLE PARA O PROCESSO DE RECONHECIMENTO DE CURSOS À DISTÂNCIA PELO INEP

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS

INCLUSÃO SOCIAL DO DEFICIENTE POR MEIO DO AMPARO JURÍDICO

Horário Atividade Local

RESOLUÇÃO N 41/11-CEPE RESOLVE:

LIBRAS LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS LIBRAS LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

GEOMETRIA ESPACIAL: UM OLHAR DIFERENTE NO ENSINO DOS SÓLIDOS GEOMÉTRICOS

DELIBERAÇÃO CONSEP Nº 297/2014

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

ÍNDICE GERAL 5 - LEGISLAÇÃO POR ASSUNTO - RESOL CONSUP

Diretoria de Educação Básica Presencial.

PROJETO PROLICEN INFORMÁTICA NA ESCOLA : A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA E O ENSINO MÉDIO PÚBLICO

publicado no DOE de 09/05/2013 PARECER CEE/PE Nº 06/2013 -CES APROVADO PELO PLENÁRIO EM 18/02/2013

Nº 63 - Brasília - DF, quarta-feira, 02 de abril de 2008 Pág: 13 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO GABINETE DO MINISTRO

ESTADO DO MARANHÃO PREFEITURA MUNICIPAL DE IMPERATRIZ SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Edital n 04/2013

Regulamento das provas especialmente adequadas destinadas a avaliar a capacidade para a frequência do Curso de Licenciatura em Enfermagem da ESEL dos

Pós-Graduação Lato Sensu a Distância. 1º semestre 2012

ÍNDICE 1 - REGIMENTOS E LEGISLAÇÃO DE ENSINO

Reunião geral de alunos 10/03/2015

TRADUÇÃO DOS INFORMATIVOS DO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE PARA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS RESUMO

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO RESOLUÇÃO N , DE 28 DE ABRIL DE 2015

EDITAL DO PROCESSO SELETIVO 1 SEMESTRE DE 2016 FACULDADE ÚNICA DE CONTAGEM

UFV Catálogo de Graduação PEDAGOGIA. COORDENADORA Cristiane Aparecida Baquim

O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PARFOR NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA RESUMO

CENÁRIO DA FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NO ESTADO DA PARAÍBA

Faculdade Monteiro Lobato

ANÁLISE DO PERFIL DO INGRESSO 2015 FACULDADES INTEGRADAS DO VALE DO RIBEIRA FVR

POLÍTICAS DE VALORIZAÇÃO DOCENTE: AVANÇOS NA MELHORIA DA QUALIDADE EDUCACIONAL

A ESCRITA DE CARTAS EM AULAS DE ESTATÍSTICA: A EXPERIÊNCIA DE UMA PRÁTICA NO ENSINO SUPERIOR

PLANO DE TRABALHO DO PROFESSOR

DESCRIÇÃO DO TRABALHO DESENVOLIDO

CAPÍTULO I DA CARACTERIZAÇÃO DAS PRÁTICAS CURRICULARES

Aos quatorze dias do mês de janeiro do ano de dois mil e treze, às dezessete horas e trinta minutos, na sala de reuniões das dependências da Reitoria

Processo Seletivo 2º semestre/2016 Graduação Presencial Regulamento de Bolsas de Estudos e Campanhas

Curso: PEDAGOGIA Curriculo: 0004-L DISCIPLINAS EM OFERTA 2º Semestre de NOT

RECURSOS HUMANOS: INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS/REGIONAL JATAÍ

Faculdade de Itapecerica da Serra

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

REGULAMENTO DAS ATIVIDADES COMPLEMENTARES

HORÁRIOS PROVISÓRIOS 2016 ENSINO FUNDAMENTAL 2 6º ANO MANHÃ HORÁRIO AULA SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA 7:20 ÀS 8:10

CALENDÁRIO ACADÊMICO CEO Atividades acadêmicas segundo Resolução nº 042/ CONSEPE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA SELEÇÃO DE TUTOR A DISTÂNCIA EDITAL N. 04/2016

Inovações e Acessibilidade na Graduação da Unesp

Prefeitura Municipal de Cacoal Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito TEMA: FAIXA DE PEDESTRE, EU RESPEITO E USO. E VOCÊ?

Universidade Federal de Mato Grosso. Instituto de Linguagens. Curso de Graduação letras-libras, licenciatura

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

ESCOLA BILÍNGUE (LIBRAS/PORTUGUÊS): RESPEITO À CONSTITUIÇÃO E AO CIDADÃO SURDO. Cleide da Luz Andrade 1 Lucas Santos Campos 2 INTRODUÇÃO

IMPLANTAÇÃO DE UNIVERSIDADES A DISTÂNCIA

REGULAMENTO DE AVALIAÇÃO DOS DOCENTES DA FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DA UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA. Artigo 1.º Âmbito de aplicação

DISSERTAÇÃO DEFENDIDA EM FEVEREIRO DE MAIS EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE MESQUITA - RJ

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO ASSESSORIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS - REITORIA POLÍTICA DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA UFMT.

Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas

CATÁLOGO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

E D I T A L SELEÇÃO PARA O CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM DIVERSIDADE E INCLUSÃO CMPDI TURMA 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE EDUCAÇÃO CEDUC CURSO DE PEDAGOGIA UNIVERSIDADE VIRTUAL DE RORAIMA (RELATÓRIO DE PESQUISA)

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAIS

REGULAMENTO DOS REGIMES DE REINGRESSO E DE MUDANÇA DE PAR INSTITUIÇÃO/CURSO

EDITAL DE LANÇAMENTO E SELEÇÃO DE ALUNOS PESQUISADORES PARA O PROJETO DE PESQUISA

Despacho n.º /2015. Regulamento Académico dos Cursos de Pós-Graduação não Conferentes de Grau Académico do Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria)

Marisa Luciana Schvabe de Morais, Msc.

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

AVALIAÇÃO NAS IFES. Diretoria de Avaliação da Educação Superior DAES/INEP

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓCIO: Carga Horária Semestral: 40 h Semestre do Curso: 3º

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO CONSELHO SUPERIOR

RESOLUÇÃO CONEPE Nº 008/2015

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS FACULDADE DE MATEMÁTICA

AVALIAÇÃO NAS IFES. Diretoria de Avaliação da Educação Superior DAES/INEP

Movimento Nossa São Paulo Outra Cidade 1º Encontro Educação para uma outra São Paulo Temática: Educação Profissional

LIBRAS: A INCLUSÃO DE SURDOS NA ESCOLA REGULAR

CURRÍCULO DO CURSO. Mínimo: 6 semestres. Profª Drª Leandra Cristina de Oliveira

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PRÓ- REITORIA DE GRADUAÇÃO

POLÍTICAS DE ACESSO E PERMANÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA ANÁLISE DO PROGRAMA INCLUIR EM MATO GROSSO DO SUL Cleudimara Sanches Sartori Silva UCDB

A CONFLUÊNCIA ENTRE A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E O CURRÍCULO: A INCLUSÃO EDUCACIONAL DO ALUNO SURDO.

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA - PIBID

CONCURSO DE BOLSAS DE ESTUDO GRADUAÇÃO UNICASTELO 2016/2 EDITAL

REGULAMENTO DE PRÁTICA EDUCACIONAL / PROJETOS INTERDISCIPLINARES Curso de Letras Português e Inglês Licenciatura Currículo: LPI00001

Faculdade de Tecnologia SENAI Belo Horizonte

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO CONSELHO UNIVERSITÁRIO. RESOLUÇÃO Nº 08/08 Conselho de Administração. RESOLUÇÃO Nº 08/08 Conselho Universitário

PREFEITURA MUNICIPAL DE SOLEDADE SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO. Especialização em Políticas e Gestão da Educação

PIBID NA FACULDADES EST: ANTECIPAÇÃO DA DOCÊNCIA INTEGRANDO TEORIA E PRÁTICA

RESOLUÇÃO Nº 44 DO CONSELHO SUPERIOR, DE 11 DE DEZEMBRO DE 2017.

ESTADO DO AMAZONAS PREFEITURA MUNICIPAL DE MANAUS CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. INTERESSADO: Secretaria Municipal de Educação SEMED

AULA 08 Profª Matilde Flório Concurso PMSP Reflexões Gerais para as dissertativas (recorte...) PARTE 02

COORDENAÇÃO DO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS PORTARIA NORMATIVA Nº. 01, 23 DE AGOSTO DE 2013.

A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EAD DE UMA UNIVERSIDADE MINEIRA: UM RETRATO HISTÓRICO DOS LICENCIANDOS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

REGULAMENTO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA CAPITULO I - DA NATUREZA E DOS OBJETIVOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO DIRETORIA DE ENSINO COORDENAÇÃO DE ENSINO

Transcrição:

ANTES E DEPOIS DO LETRAS-LIBRAS: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A SITUAÇÃO PROFISSIONAL DOS ALUNOS DO BACHARELADO DO IFRN NO PRIMEIRO E ÚLTIMO SEMESTRE DO CURSO (Eixo Temático: Formação de tradutores/intérpretes de língua de sinais) Kelly da Silva Sarmento -IFRN - kelly.sarmento@ifrn.edu.br Margareth Míria R. Olinto Amaral -IFRN - margareth.amaral@ifrn.edu.br RESUMO O curso de Bacharelado em Letras/LIBRAS visa formar intérpretes e tradutores da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), considerada a língua natural dos surdos e reconhecida como a 2ª língua oficial do país. Esse curso teve início no segundo semestre do ano de 2008 como fruto do projeto de Expansão desenvolvido numa parceria entre o Ministério da Educação (MEC) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Várias outras Instituições participam da concretização desse Projeto, dentre elas o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). Logo, este estudo tem como objetivo relatar de forma comparativa a situação profissional dos formandos no último semestre desse curso no IFRN, em 2012, em relação a sua situação profissional por ocasião do início das atividades acadêmicas. Trata-se de pesquisa exploratória de cunho descritivo, com a utilização de um questionário e uma entrevista semiestruturada para coleta de dados, aplicados a todos os 16 alunos concluintes do curso de Bacharelado em Letras-Libras do referido Instituto. Os resultados demostram que nos dados coletados sobre no primeiro semestre do curso constatamos que 75% são membros ou participam de entidades ou associações de surdos. 0% demonstrava intenção de formação de associação de intérpretes e tradutores, porém 18,75% já participavam de associações desses profissionais em outros Estados. Quanto à atuação como intérpretes, 68,75 % afirmam praticá-la já no início do curso, 25% tem a interpretação como fonte principal de renda; 62,50 (atuam como intérpretes e professores de libras, 18,75 atuam como docentes de Língua de Sinais sendo esta sua principal atividade profissional. E, quanto às informações do último semestre observamos: 100% são membros ou participam de entidades ou associações de surdos. 25% são membros fundadores da APILS-RN. Quanto à atuação como intérpretes, 93,75 afirmam praticá-la mesmo que eventualmente, 37,50 tem a interpretação como fonte principal de renda; 75% atuam como intérpretes e professores de

Libras, 43,75 atuam como docentes de Língua de Sinais sendo esta sua principal atividade profissional. 62,25% apontam aumento de renda; 37,5% renda semelhante ao início, ou nenhuma redução de renda. Podemos inferir que a interpretação é a principal atividade dos alunos que, mesmo que vez por outra, estão envolvidos nesta atividade. Os resultados constatados apresentados com a pesquisa realizada constatam que o tempo dedicado ao curso de Letras/LIBRAS pelo discente possibilitou, além do aprofundamento na área, a inserção de todos no mercado de trabalho e, consequentemente, um aumento na renda familiar. Outro dado relevante identificado foi à criação da Associação dos Profissionais Tradutores e Intérpretes de Libras do Rio Grande do Norte (APILSRN). Além do mais, Pudemos, ainda, inferir que hoje, para o grupo, a interpretação educacional é a principal atividade desenvolvida, principalmente em Instituições de Ensino Superior (IES) para esse grupo. Palavras-chave: Bacharelado em Letras-Libras Intérpretes de Libras - Situação Profissional INTRODUÇÃO: Vivemos uma época de contestação do modelo de desenvolvimento socioeconômico dirigido pelos detentores do capital em detrimento às necessidades básicas de vida, tais como as necessidades dos grupos menos favorecidos e minorias. Diante desse fato, movimentos sociais, como os movimentos surdos buscam um enfoque renovado, que contribuam para a construção de uma sociedade democrática, fundamentada nos direitos e que respeitem as diferenças existentes na sociedade (FRIGOTTO; HOBSBAWN, 2001). Muitas reivindicações foram se concretizando ao longo do tempo, como exemplo: a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) entra nessa luta pela educação dos surdos com estudos e pesquisas na área. Em 2002 inicia, na mesma Universidade, a oferta de uma disciplina sobre Libras no curso de pedagogia. Em 2005, o Instituto Nacional de Educação do Surdos (INES) cria o curso Bilíngue (LIBRAS Português); em 2006, a UFSC implanta o primeiro curso de Licenciatura em Letras/Libras na modalidade à distância; em 2008, a UFSC faz um novo projeto, tanto para a expansão da Licenciatura em Letras/Libras quanto para a implementação do curso de Bacharelado em Letras/Libras nas mesmas cidades em que a Licenciatura fosse ofertada. O curso de Licenciatura visa formar professores de Letras/LIBRAS para atender a demanda existente e o Bacharelado visa formar intérpretes e tradutores da Língua Brasileira de Sinais. A Libras é usada pela comunidade surda no Brasil e foi oficializada pela Lei 10.436 de 24 de abril de 2002. Em seu Artigo 1º prescreve que É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão

a ela associados. O parágrafo único desse mesmo no referido Artigo define: Entende-se como Língua Brasileira de Sinais Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. (BRASIL, 2002, p.1). O Curso Letras-Libras foi criado em 2006, fruto de um momento favorável para o campo de profissionais na área de Libras, período esse de concretização de reivindicações dos movimentos surdos. Dentre essas conquistas destacamos, no campo da legislação nacional, as seguintes Leis e Decretos específicos da área em questão. A Lei da Libras (Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002), que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais Libras e dá outras Providências. O Decreto 5626/2004 que regulamenta a Lei já citada (Lei nº 10436/2002) e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000 Lei que trata da acessibilidade. E a Lei de tradutor de Libras (Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010) que regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. Essas leis trazem o reconhecimento e a regulamentação dos profissionais tradutores e intérpretes de Libras. Na história brasileira, vemos que a grande maioria dos intérpretes de Libras iniciaram suas atividades em campos assistenciais como igrejas e relações pessoais (familiares e de amizade). Atuar nesses campos contribui para a aproximação à cultura e necessidades dos surdos, porém, também pode trazer a confusão de que o papel do intérprete se limita em ser apenas um ajudante do surdo, sem remuneração e profissionalização, mantendo-o na informalidade (MASSUTI; SANTOS, 2008). Nesse contexto, o curso de Bacharelado em Letras/LIBRAS foi criado com o objetivo de formar intérpretes e tradutores da Língua Brasileira de Sinais LIBRAS, atualmente, considerada a língua natural dos surdos e reconhecida como a 2ª língua oficial do Brasil. Esse curso teve início no segundo semestre do ano de 2008 como fruto do projeto de Expansão desenvolvido numa parceria entre o Ministério da Educação (MEC) e a UFSC, em várias outras Instituições de Ensino Superior espalhados no país que participam da concretização desse Projeto, dentre elas o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). MÉTODO: Esta pesquisa trata-se de uma investigação científica de caráter exploratória e descritiva que visa comparar a situação profissional dos formandos no último semestre do curso, em 2012, em relação a sua situação por ocasião do início das atividades acadêmicas. Para a coleta de dados foram utilizados 2 (dois) instrumentos: 1 (um) questionário e 1 (uma) entrevista semiestruturada, aplicados a todos os 16 (dezesseis) alunos concluintes do curso de Bacharelado em Letras-Libras no referido Pólo. RESULTADO: Nos dados coletados sobre No primeiro semestre do curso constatamos que 75% (12 alunos) são membros ou participam

de entidades ou associações de surdos. 0% (nenhum) demonstrava intenção de formação de associação de intérpretes e tradutores, porém 18,75% (3 alunos) já participavam de associações desses profissionais em outros estados. Quanto à atuação como intérpretes, 68,75 (11 deles) afirmam praticá-la já no início do curso, 25% (4 alunos) tem a interpretação como fonte principal de renda; 62,50 (10 alunos) atuam como intérpretes e professores de libras, 18,75 (3 deles) atuam como docentes de Língua de Sinais sendo esta sua principal atividade profissional. E, quanto às informações do último semestre observamos: 100% (16 alunos) são membros ou participam de entidades ou associações de surdos. 25% (4 alunos) são membros fundadores da APILS-RN. Quanto à atuação como intérpretes, 93,75 (15 alunos) afirmam praticá-la mesmo que eventualmente, 37,50 (6 alunos) tem a interpretação como fonte principal de renda; 75% (12 alunos) atuam como intérpretes e professores de Libras, 43,75 (7 alunos) atuam como docentes de Língua de Sinais sendo esta sua principal atividade profissional. 62,25% (10 alunos) apontam aumento de renda; 37,5% (6 alunos) renda semelhante ao início, ou nenhuma redução de renda. Os dados coletados evidenciam que a interpretação é hoje a principal atividade dos alunos que, mesmo que vez por outra, estão envolvidos nesta atividade. DISCUSSÃO Os resultados demonstram que o tempo dedicado ao curso de Letras/LIBRAS pelo discente possibilitou, além do aprofundamento na área, a inserção de todos no mercado de trabalho e, consequentemente, um aumento na renda familiar. Pudemos, ainda, inferir que hoje, para o grupo, a interpretação educacional é a principal atividade desenvolvida, principalmente em Instituições de Ensino Superior. Encontramos que: 68,75 afirmam que praticavam a interpretação no início do curso, porém, apenas 25% deles obtinham deste trabalho a fonte principal de renda. E, ao final, no último período do curso, essa configuração foi alterada: 75% atuam como intérpretes e professores de Libras, 43,75 atuam como docentes de Língua de Sinais sendo esta sua principal atividade profissional. Também, no último semestre do curso, 50% dos estudantes do bacharelado em Letras-Libras foram aprovados em concursos públicos na área de Libras. Outro dado relevante é que, dentre os alunos e equipe do curso letras-libras no IFRN, muitos fundaram ou são membros da Associação de Tradutores e intérprete de Libras do Rio Grande do Norte (APILRN), em 2011, consequência da maturidade profissional do grupo, percebendo, assim a necessidade de lutar pelos mesmos interesses profissionais. A APILRN é hoje uma referência no estado do Rio Grande do Norte de profissionais Tradutores e Intérpretes de Libras.

REFERÊNCIAS BRASIL. Casa Civil. Presidência da República. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Brasília, 2000.... Decreto n. 5626/2004, de 2 de dezembro de 2005. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Líbras. Brasília, 2002.... Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Brasília, 2002. FRIGOTTO, G. Educação e Trabalho: Bases para debater a Educação Profissional Emancipatória. In: Perspectivas, Florianópolis, v. 19, n.1, p.71-87, jan/jun. 2001 MASSUTTI, M. L. & SANTOS, S. A. Intérpretes de Língua de sinais: uma política em construção. In: Estudos Surdos III, cap. 7, p. 150 169, 1ªed. Petrópolis: Arara-Azul, 2008.