VARA DO TRABALHO DE IMBITUBA SC TERMO DE AUDIÊNCIA



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Transcrição:

VARA DO TRABALHO DE IMBITUBA SC TERMO DE AUDIÊNCIA Autos nº 0000967-09.2010.5.12.0043 AUTOS Nº 0000967-09.2010.5.12.0043 AUTOR: SEVERINO FERNANDES DE OLIVEIRA RÉ: CASA DAS BATERIAS PEÇAS E SERVIÇOS PARA AUTOMÓVEIS LTDA. EPP O Meritíssimo Juiz do Trabalho, Dr. LUCIANO PASCHOETO, vistos os autos, proferiu a seguinte SENTENÇA. RELATÓRIO SEVERINO FERNANDES DE OLIVEIRA, já qualificado à fl. 02 dos autos da Ação Trabalhista ajuizada em face de CASA DAS BATERIAS PEÇAS E SERVIÇOS PARA AUTOMÓVEIS LTDA. EPP (consoante retificação), também qualificada à fl. 02, com base nos fundamentos de fato e de direito expostos na peça inicial, formulou as pretensões dispostas no petitório das fls. 02-19, dando à causa o valor de R$ 21.000,00 e juntando documentos (fls. 20-60 e 64-83). À fl. 61, foi postergada a apreciação do pedido de antecipação dos efeitos da tutela para momento posterior ao da instauração do contraditório. Em audiência INICIAL, determinada a retificação da autuação, restando a primeira proposta conciliatória sem êxito. Foi juntada defesa na qual suscitada a preliminar de litispendência, bem como requerida a improcedência das pretensões elencadas na inicial, assim como condenação do autor às sanções próprias à litigância de má-fé. Juntados documentos (fls. 129-99 e 201-41). Indeferido o requerimento de reunião destes autos aos de nº 0000413-74.2010.5.12.0043, sob protestos de ambos os procuradores. Indeferido, ainda, o requerimento de aditamento da petição inicial, sob protestos apenas do procurador do autor. Manifestação do autor aos documentos oferecidos com a contestação, bem como no que tange à preliminar arguida (fls. 247-59). Juntada de laudo pericial às fls. 276-294, com manifestação do autor (fls. 297-298) e da ré (fls. 301-3), a qual também apresentou os documentos das fls. 304-88, sobre os quais o autor ofertou suas razões à fl. 391. Complementação ao laudo pericial carreada às fls. 392-3, sobre a qual apenas o autor se pronunciou (fl. 395). 1

Em audiência de instrução em prosseguimento, foi homologada a desistência do autor quanto ao pedido de indenização por danos morais em virtude da limitação do direito de ir ao banheiro (letra m, referente ao item 9 da fundamentação), com extinção do feito sem resolução do mérito no particular (fl. 398). Colhida a prova oral, sem produção de outras provas. Razões finais remissivas pelas partes, com acréscimos oralmente. Proposta final conciliatória rejeitada. Vieram conclusos para prolação de sentença sine die. Sem mais. É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO MEDIDAS SANEADORAS RETIFICAÇÃO DA AUTUAÇÃO: à vista dos documentos que acompanham a petição inicial, retifique-se a autuação do polo ativo fazendo constar como reclamante: SEVERINO FERNANDES GUERRA DE OLIVEIRA. PROTESTOS REUNIÃO DESTES E DOS AUTOS Nº 0000413-74.2010.5.12.0043 ADITAMENTO DA PETIÇÃO INICIAL: mantenho o indeferimento, mormente por não renovados os protestos quando das razões finais, segundo o art. 795, caput, da CLT. INTEMPESTIVIDADE DA MANIFESTAÇÃO DA RÉ ÀS FLS. 301-303 DOCUMENTOS DAS FLS. 304-88: deixo de conhecer da impugnação ao laudo pericial oferecida, haja vista que o prazo para apresentá-la findou em 09.maio.2011, ao passo que a ré somente a protocolou em 27.maio.2011, após intimada para devolução dos autos em 24 horas. Relativamente aos documentos às fls. 304-88, trazidos com a aludida impugnação, deles igualmente não conheço, pois apresentados após o momento processual adequado, que seria com a defesa, em audiência, uma vez que não são documentos novos nem se referem à fato superveniente (art. 847 da CLT; e arts. 396 e 397 do CPC). PRELIMINARMENTE LITISPENDÊNCIA: afasto a preliminar em tela, tendo em vista que ausente identidade de causa de pedir em relação aos pedidos de danos morais, materiais e de pensionamento formulados nos autos nº 0000413-74.2010.5.12.0043. Isso porque nos autos nº 0000413-74.2010.5.12.0043, de acordo com observação feita pela colega Dra. Maria Aparecida Ferreira Jerônimo, quando da realização da primeira audiência, o pedido decorre de acidente de trabalho típico e diverso da situação fática delineada nesta ação, não se amoldando, portanto, à previsão do art. 301, 2º, do CPC, aplicável 2

supletivamente por força do art. 769 da CLT. MÉRITO RETIFICAÇÃO DA CTPS PROJEÇÃO DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO E DIFERENÇAS DE VERBAS TRABALHISTAS DO PERÍODO - AVISO PRÉVIO INDENIZADO: por certo, o aviso prévio indenizado deve integrar o tempo de serviço para todos os efeitos legais. Contudo, data vênia do entendimento consagrado na orientação jurisprudencial do Colendo Tribunal Superior do Trabalho, o qual não possui efeito vinculante, a referida projeção não autoriza a anotação da CTPS neste particular. Entendo que deve constar da CTPS tão somente o período efetivamente laborado. Rejeito a pretensão. No que respeita à condenação ao pagamento das verbas respectivas, o TRCT da fl. 24 demonstra o pagamento do aviso prévio indenizado no valor de R$ 924,69, não tendo o autor apontado as diferenças em repouso semanal remunerado, inclusive aos sábados, domingos e feriados, e ambos em 13º salários, horas extras, férias com 1/3 e FGTS com o adicional de 40% (fl. 19). Rejeito. RECONHECIMENTO DE SALÁRIO-UTILIDADE DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA ALTERAÇÃO CONTRATUAL DE COMODATO PARA LOCAÇÃO: a ré alega que o imóvel de sua propriedade era alugado sob valores módicos ao autor, sendo incabível seu reconhecimento como salário-utilidade. Com base na ausência de impugnação específica da ré no que se refere ao fato de que o autor residia no imóvel em exame, inicialmente, sem nenhum ônus (art. 302 do CPC), conquanto pactuado contrato de locação posterior, presumo a natureza jurídica salarial da parcela, tendo em vista o que dispõe o art. 458, caput, da CLT, o qual inclui a habitação fornecida habitualmente ao empregado, por força do contrato ou do costume, como salário in natura. Quanto ao valor correspondente ao salário-utilidade, amparado pelo princípio da proporcionalidade, arbitro-o no total de R$ 200,00 por mês. Por conseguinte, a supressão/tentativa de alteração da natureza jurídica da parcela importa modificação contratual lesiva, a teor do art. 468 da CLT, cuja declaração de nulidade se impõe, a fim de que se reconheça o caráter salarial do salário-utilidade fixado em R$ 200,00. 3

Condeno a ré, ainda, ao pagamento dos reflexos em gratificações natalinas, abono pecuniário de férias, aviso prévio indenizado e, com estes, em FGTS com indenização compensatória de 40%. Rejeito, contudo, o pedido de reflexos em DSRs e férias acrescidas do terço constitucional, visto que, nos aludidos períodos, o trabalhador já usufruía do imóvel. COMISSÃO PELA MÃO DE OBRA: a ré nega a existência de contrato de pagamento de comissão no percentual de 50% sobre o valor da mão de obra, sustentado que os importes a título de comissões foram pagos em conformidade com os relatórios por ela colacionados, os quais foram impugnados pelo autor, consoante fl. 250, sob a alegação de que não retratavam com fidedignidade o trabalho/venda efetuada. Diante da prova oral colhida, especialmente o depoimento da testemunha Osmar, não fiquei convencido de que havia sido acordado o pagamento de comissão no percentual de 50% sobre o valor da mão de obra. Friso que a resposta registrada pela testemunha em questão no item 7, em que pese a justificativa constante do item 11, causa estranheza em virtude da exatidão com que a testemunha, que cujo último ano de trabalho na ré foi em 2010, respondeu sobre o percentual e base de cálculo das supostas comissões sonegadas. Por fim, registro que, na ausência de prova, com fundamento no critério de distribuição estática do ônus da prova (art. 818 da CLT; e art. 333, I, do CPC), não compete à ré comprovar as diferenças em comento, mas ao autor, de cujo encargo não se desincumbiu a contento. Rejeito. INDENIZAÇÃO PARA LANCHE EXAME ABAIXO: por oportuno, destaco que, não obstante a possível integração da indenização para lanche (pedido da letra r à fl. 19) no salário-base do obreiro, acaso acolhido o pedido, protraio o momento de exame da parcela para após o pedido de horas extras, visto que diretamente relacionados. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE: não impugnado tempestivamente o laudo pericial, conforme já ressaltado em tópico antecedente, acolho a conclusão, como razões de decidir, no que pertine à execução do trabalho pelo autor em condições insalubres (fl. 293), a fim de condenar a ré ao pagamento de adicional de insalubridade no percentual de 40% sobre o salário mínimo 1. 1 Súmula Vinculante 4 do STF. Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial. 4

Acolho, ainda, o pedido de reflexos em repousos semanais remunerados e, com esses, em gratificações natalinas, férias acrescidas do terço constitucional, horas extras, adicional noturno, abono pecuniário de férias, aviso prévio indenizado e, com estes, em FGTS com a indenização compensatória de 40%. JORNADA DE TRABALHO: a ré defende-se aduzindo que o autor cumpria jornada de trabalho normal, consoante cartões de ponto trazidos com a contestação, e que eventuais horas extras laboradas foram adimplidas na integralidade. O autor, por seu turno, impugna os referidos cartões, ratificando que trabalhava das 7h45min às 20h30min/21h, com uma hora de intervalo, sem precisar em quais dias da semana, apesar de afirmar labor também aos sábados, das 7h45min às 15h/16h, sem intervalo para almoço, além de atender o guincho 24 horas e participar de reuniões, ambos não computados nos registros. Inicialmente, destaco que, ao contrário da tese advogada na contestação, os cartões de ponto podem ser desconsiderados como meio de prova, com fundamento no princípio da primazia da realidade, que autoriza a desconstituição de documentos confeccionados com o fito de mascarar a realidade do contrato de trabalho. Dito isso, da análise do depoimento testemunhal (testemunhas Osmar e Giovani), tenho por comprovado o início da jornada às 7h45min. Em relação à testemunha Josinei, ressalto que, após ter dito que iniciava a jornada, de segunda a sexta-feira, às 7h45min (item 2, jornada essa que era similar à do autor, de acordo com o item 6 ), mudou seu depoimento (fl. 399). No que toca ao término às 20h30min/21h, a prova é dividida quanto à veracidade da anotações nos controles de ponto. Logo, à míngua de outros elementos, concluo que devem ser observados os cartões de ponto no particular, não desconstituídos. Especificamente no que tange aos sábados, também considero comprovado o início às 7h45min, igualmente confirmado pelas testemunhas Osmar e Giovani. No que tange ao fim da jornada, nos sábados, às 15h/16h, nenhuma das testemunhas ouvidas corroborou a tese da petição inicial, já que: a primeira disse terminar às 13h/14h; a segunda, às 12h; e a terceira, às 12h30min. Assim, também determino sejam considerados os horários de saída anotados nos cartões de ponto no que se refere aos sábados. Relativamente ao trabalho no guincho 24 horas, negado pela ré, não 5

houve prova que favorecesse o autor, uma vez que dois dos depoentes negaram o fato, o qual foi confirmado somente por uma das testemunhas, o que torna a prova frágil se comparada com o conjunto probatório como um todo. Por fim, no que respeita às reuniões realizadas sem anotação do horário respectivo como tempo à disposição do empregador, o autor alega que eram duas por mês, e que, por tal motivo, tinha de comparecer às 6h e que, Ao bater o cartão ponto no final das reuniões, o registro marcava poucos minutos após às 18:00 horas (fl. 02-verso). Não impugnada especificamente na contestação, além de provada pelo depoimento de todas as testemunhas, embora com variações, deve ser computada na jornada mensal do autor uma hora relativa ao tempo expendido em reuniões. Logo, além das diferenças apontadas às fls. 255-9, tenho que o autor cumpria a seguinte jornada: das 7h45min até o horário registrado nos cartões de ponto, de segunda-feira a sábado, com uma hora de intervalo, exceto aos sábados, além de uma hora de reunião por mês, que fixo como sendo no primeiro sábado de cada mês. Assim, fixada a jornada de trabalho do autor, passo a examinar os pedidos que com ela guardem relação de pertinência. Senão vejamos. Reuniões 1. Horas extras pela extrapolação da 8ª diária e da 40ª semanal. Acolho parcialmente o pedido, para condenar a ré ao pagamento de diferenças das horas excedentes da 8ª diária e da 44ª semanal, de acordo com a jornada acima e os cartões de ponto coligidos aos autos (esse só quanto ao horário de saída). Parâmetros: a) evolução salarial do autor; b) base de cálculo: parcelas da Súmula 264 do TST, com integração do adicional noturno para cálculo das horas extras prestadas no período, se efetivamente percebido (OJ 97 da SDI-1 do TST), bem como apuração na forma da OJ 397 da SDI-1 do TST 2, por tratar-se de comissionista misto; c) divisor 220; d) adicional convencional, se mais benéfico, observada a vigência e a amplitude da eficácia subjetiva das Convenções Coletivas de Trabalho juntadas, ou 2 OJ 397 da SDI-1 do TST. Comissionista misto. Horas extras. Base de cálculo. Aplicação da súmula 340 do TST. O empregado que recebe remuneração mista, ou seja, uma parte fixa e outra variável, tem direito a horas extras pelo trabalho em sobrejornada. Em relação à parte fixa, são devidas as horas simples acrescidas do adicional de horas extras. Em relação à parte variável, é devido somente o adicional de horas extras, aplicando-se à hipótese o disposto na Súmula 340 do TST. 6

constitucional; e e) aplicação da Súmula 85 do TST. Por habituais, condeno a ré ao pagamento das projeções do total das horas extras (pagas e não pagas) em DSRs e, com estes, em, férias acrescidas do terço constitucional, gratificações natalinas, aviso prévio indenizado, e, com estes, em FGTS com indenização compensatória de 40%. Acolho, de igual forma, o pedido de uma hora mensal referente ao tempo gasto em reuniões, o qual deve ser remunerado como hora extra quando excedente da jornada diária de 8 horas e semanal de 44 horas, com os mesmos reflexos. 2. Adicional noturno, sobreaviso e intervalo interjornada Rejeito o pedido da letra b à fl. 17-verso, por não comprovado o labor em guincho 24 horas, de acordo com fundamentação supra. De igual forma, não houve prova de que o autor tinha seu direito de ir e vir limitado, fundamento necessário à aplicação analógica do art. 244, 2º, da CLT, uma vez que nenhuma das testemunhas ouvidas foi esclarecedora nesse sentido. No que concerne ao intervalo interjornada, igualmente rejeito o pedido, porquanto não veio aos autos prova de que o autor se ativava no trabalho de guincho 24 horas. 3. Intervalo intrajornada Quanto ao intervalo intrajornada aos sábados, entendo que o desrespeito ao art. 71 da CLT não dá azo ao pagamento de horas extras, conforme pleiteado, mas, sim, a uma indenização específica. A interpretação lógico-sistemática do art. 71 da CLT e seus parágrafos, somada à aplicação do princípio in dubio pro misero no processo do trabalho, são fatores que autorizam o entendimento segundo o qual a não concessão do intervalo para refeição obriga a ré ao pagamento do período correspondente acrescido do adicional de 50%, observada a dedução do período parcial eventualmente concedido. Isso ocorre em virtude de que o intervalo para refeição e descanso não é computado na duração do trabalho art. 71, 2º, da CLT, razão pela qual se conclui que os valores já pagos pelo empregador remuneram tão somente os efetivos horários trabalhados, jamais o período correspondente ao intervalo não concedido. O intervalo para refeição e descanso não é computado na duração do trabalho art. 71, 2º, da CLT, pelo que entendo que a verba em análise não é 7

salário-hora, mas, sim, mera indenização pela não concessão de um direito, a qual decorre da conversão de uma obrigação de fazer em uma obrigação de pagar. No presente caso, não era concedido nenhum intervalo, de acordo com a prova testemunhal colhida, não restando comprovada a tese da contestação de que a assertiva de labor aos sábados sem intervalo era inverídica, nem que eventual supressão foi paga, considerando a inexistência de verba a este título discriminada nos recibos de pagamento salarial acostados. Consequentemente, condeno a ré a indenizar o intervalo de refeição e descanso não concedido, devendo ser considerado o período de 15 minutos (se a jornada diária for superior a quatro horas e não ultrapassar seis horas de duração) ou de 1 hora (caso a duração diária de trabalho exceder de seis horas), a depender da jornada total apurada pelos cartões de ponto (início da jornada às 7h45min acima arbitrado e, em relação ao término, observem-se as anotações nos cartões de ponto), acrescido de 50%. Por se tratar de indenização, já que o intervalo para refeição e descanso não é computado na duração do trabalho art. 71, 2º, da CLT, não podendo, portanto, ser comparado ao salário-hora, rejeito as projeções. 4. Intervalo para lanche Em que pese a ausência de impugnação específica na contestação, já que remete ao intervalo intrajornada no ponto em análise, nem sequer apontadas as CCTs que supostamente embasam o direito ao intervalo postulado, rejeito o pedido. INDENIZAÇÃO PARA LANCHE NATUREZA REMUNERATÓRIA: registro, em primeiro lugar, que a cláusula 4 da CCT 2008/2009 (fl. 64) não menciona o requisito de que o trabalho em sobrejornada seja habitual, como alega a ré (fl. 125). Assim, com amparo na sobredita cláusula, acolho o pedido para condenar a ré ao pagamento do valor de R$ 7,00 nos dias em que verificada a prorrogação da jornada de trabalho do autor, no período de vigência da norma coletiva (01-10-2008 a 30-03-2009, fl. 65). trabalho. Indevidas projeções por se tratar de verba para o trabalho e não pelo DANOS MORAIS E MATERIAS, INCLUSIVE PENSIONAMENTO VITALÍCIO PERDA AUDITIVA: o auxiliar do Juízo concluiu pela ausência de nexo de causalidade entre a perda auditiva do autor com a prestação de serviços à ré. Quanto à utilização do EPI mencionada na impugnação ao laudo pericial à fl. 297, o perito confirmou o emprego de protetor auditivo às fls. 280 e 393. 8

No mais, as afirmações de que o trabalho não atuou como concausa na deficiência auditiva do autor não foram desconstituídas pela manifestação à fl. 297, porquanto desacompanhada de substrato técnico. Por consequência, acolho como razões de decidir as conclusões do laudo pericial (fls. 291 e 294), para rejeitar o pedido de danos morais, materiais e de pensionamento vitalícios. DANOS MORAIS, ESTÉTICOS E MATERIAIS, INCLUSIVE PENSIONAMENTO VITALÍCIO BRAÇO/OMBRO DIREITO: não houve a contestação de doença ocupacional e perda da capacidade laboral pelo expert. No que concerne à alegação de que o perito não levou em consideração o tempo de trabalho da empresa, por ter-se baseado apenas pelo período anotado na CTPS do Autor (fl. 298), não merece acolhida, tendo em vista o subitem 4.1 do laudo pericial, o qual faz remissão ao período anotado na CTPS do autor, de acordo com a fl. 23. Assim é que, igualmente desprovidas de substrato técnico por médico ou profissional competente que pudesse corroborar as assertivas feitas à fl. 298 no que tange à diminuição de capacidade do autor para o trabalho, rejeito os pedidos de danos morais, danos estéticos e danos materiais, inclusive de pensionamento vitalício. DESPEJO INDEVIDO ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA DANOS MORAIS E MATERIAIS (LETRAS J E M, VICULADO AO SUBITEM 7.3 ): relativamente ao tópico em questão, rejeito os pedidos formulados, visto que o autor foi compelido a deixar o imóvel em cumprimento à decisão judicial, o que não gera dano indenizável nessa esfera jurisdicional. Ainda que se reconheça a ilicitude da alteração contratual e a natureza de salário in natura da habitação desfrutada pelo autor, como ocorreu acima, não há fundamento jurídico que obrigue o ex-empregador a continuar fornecendo a parcela após findo o contrato de emprego entre as partes. Por corolário lógico, após cognição exauriente, indefiro o requerimento de antecipação dos efeitos da tutela, para devolução da posse da casa ao autor (letra h às fls. 18, frente e verso). Pedidos rejeitados. DANOS MORAIS ASSÉDIO MORAL XINGAMENTOS: da análise da prova testemunhal, percebo que houve divisão quanto ao tema, sendo que as testemunhas Josinei e Giovani afirmaram que o falecido proprietário da ré tinha fama de brincalhão e que suas brincadeiras não ofendiam os empregados, ao passo 9

que a testemunha Osmar asseverou que quando o serviço não dava certo o Sr. João era 'meio estúpido' com os funcionários, inclusive com uso de palavrões como por exemplo 'burro', 'zero a esquerda', tendo presenciado ofensas para com o autor também (item 5 à fl 398). Tendo em vista a prova dividida, presumo não ser razoável que exista este tipo de procedimento em contratos tão longos como o mantido entre os litigantes. Entendo não comprovado o ato ilícito ventilado na inicial. Rejeito. HONORÁRIOS PERICIAIS INSALUBRIDADE E MÉDICA: tendo em vista a natureza e a importância da causa, o grau de zelo profissional do expert, o local da realização das perícias de insalubridade e médica, bem como o tempo exigido para a sua conclusão, arbitro os honorários periciais em R$ 600,00 para cada uma das perícias. Assim, com base no art. 790-B da CLT, tenho que: a) os honorários periciais relativos à perícia de insalubridade devem ser suportados pela ré (R$ 600,00); e b) os atinentes à perícia médica são de responsabilidade do autor (R$ 600,00). No que se refere aos honorários periciais atribuídos ao autor, presentes os requisitos do art. 4ª da Portaria GP nº 116/2011 do e. Tribunal, o encargo deve ser repassado à União. Expeça-se requisição neste particular. VIOLAÇÃO A CLÁUSULAS NORMATIVAS: pelo descumprimento das cláusulas 3 e 4 (intervalo de uma hora e fornecimento gratuito de refeição nos dias de prorrogação da jornada de trabalho) da CCT outubro/2008 a agosto/2009, condeno a ré ao pagamento de multa de 15% sobre o salário normativo da categoria. Ressalto que o deferimento foi de apenas 50% de 30% do salário normativo (ou seja, 15% no total), tendo em vista que parte da multa deve reverter ao sindicato, o qual não é parte nos autos. APLICAÇÃO DO ART. 467 DA CLT: observando a redação dada ao artigo 467 da CLT pela lei 10.272, de 05 de setembro de 2001, somente o não pagamento das verbas rescisórias incontroversas à data do comparecimento à Justiça do Trabalho dá azo à aplicação da penalidade prevista no referido artigo. Logo, tendo em vista a controvérsia existente quanto às verbas rescisórias devidas, 10

entendo não ser aplicável a regra prevista no artigo 467 da CLT no presente caso. Rejeito a pretensão. DESCONTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS PARTE DO PEDIDO DA LETRA Z : com base no que dispõem os provimentos 01/96, 01 e 02/93 da Corregedoria Geral do colendo Tribunal Superior do Trabalho, as Leis 8.212/91, 8.260/93 e 8.541/92; em atenção ao disposto no art. 114, 3 o, da Constituição Federal/1988 (introduzido pela Emenda Constitucional 20, de 15.dezembro.1998), e no art. 832, 3 o, da CLT, determino sejam descontados, junto às importâncias a serem pagas ao autor, os valores devidos a título de imposto de renda e de previdência social, observando-se os seguintes parâmetros: descontos previdenciários: a) o desconto será feito com base no critério estabelecido no art. 276, 4 o do Decreto 3.048/99, ou seja, mediante cálculo mês a mês, observado o limite máximo do salário de contribuição; b) em caso de execução, serão executadas perante a Justiça do Trabalho somente as contribuições previstas no art. 195, inciso I, a, e II, da Constituição Federal/1988, haja vista o critério restritivo adotado pelo 3 o do art. 114 da Carta Magna; c) a ré será facultada a retenção da parcela de contribuição do empregado, observado o limite máximo do salário de contribuição, mês a mês; d) a dívida previdenciária, para efeitos de incidência de juros e multa (art. 34 e 35 da Lei 8.212/91), tem como fato gerador o pagamento ou crédito da dívida trabalhista, conforme disposição do art. 195, I, a, da Constituição Federal/1988, cuja apuração se fará mediante os critérios próprios estabelecidos na legislação previdenciária (art. 879, 4 o da CLT, com redação dada pela Lei 10.035/00); e) em caso de reconhecimento de vínculo empregatício, deverá a parte empregadora efetuar o recolhimento previdenciário do período reconhecido; f) os juros de mora sobre os débitos trabalhistas, os quais possuem natureza indenizatória, não integram a base de cálculo do débito previdenciário; g) compete à parte empregadora comprovar nos autos, o recolhimento das referidas quantias, até o dia 02 do mês seguinte ao efetivo pagamento dos créditos trabalhistas (art. 30, I, b, da Lei 8.212/91); e h) juros e multa são de exclusiva responsabilidade da parte empregadora, único responsável pelo não recolhimento na época devida; descontos fiscais: a) apuração do imposto de renda pelo regime de caixa, conforme critérios estabelecidos no art. 44 da Lei 12.350/10 e Instruções Normativas nºs 1.127/11, 1.145/11 e 1.170/11 da Receita Federal do Brasil. b) não haverá cobrança de multa, pois os fatos geradores do imposto de renda, embora já existissem, eram controvertidos ao tempo da prestação de serviços; c) qualquer valor devido a título de juros de mora pelo atraso no recolhimento do imposto de renda ficará a cargo da ré, efetiva responsável pelo atraso; 11

d) compete à parte empregadora comprovar nos autos o recolhimento das referidas quantias, no prazo de dez dias após o efetivo pagamento dos créditos trabalhistas; e e) os juros de mora integram a base de cálculo para a incidência do imposto de renda. Rejeito, logo, o pedido da letra z, no que se refere à transferência à ré dos ônus da retenção fiscal e das contribuições sociais. PENA DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ: não visualizo nenhuma das hipóteses elencadas no Código de Processo Civil neste particular, levando-se em conta que o autor apenas exerceu o direito constitucional de ação, consagrado no art. 5º, XXXV, da CRFB, mormente em razão dos inúmeros direitos que lhe estão sendo concedidos por ocasião da prolação desta sentença. JUSTIÇA GRATUITA: diante da declaração acostada à fl. 21, com fundamento no art. 790, 3º, da CLT, defiro os benefícios da justiça gratuita ao autor, isentando-o das custas processuais. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA HONORÁRIOS ASSISTENCIAIS: na Justiça do Trabalho, a concessão da assistência judiciária está regrada na Lei 5.584/70. O art. 14 de referida lei prevê os requisitos necessários para a concessão da assistência judiciária gratuita, quais sejam: ser beneficiário da justiça gratuita e estar assistido por sindicato (OJ 305 da SDI-1 do TST). Na hipótese vertente, não veio aos autos credencial sindical, de molde que rejeito o pedido de condenação ao pagamento de honorários advocatícios (letra x à fl. 19). APURAÇÃO DE CRIME DE FALSO TESTEMUNHO (FL. 400) EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO AO MPT (FL. 19-VERSO): no tocante à expedição de ofício ao MPT para apuração de crime de falso testemunho, indefiro o requerimento formulado à fl. 400, não havendo falar em comunicação ao órgão ministerial federal com atribuição de investigação do crime tipificado no art. 342 do CP, tendo em vista que o depoente Osmar (fls. 398-399) não afirmou que o autor não recebia EPIs, mas que utilizava somente a máscara para realizar a solda, o que são coisas distintas. Ademais, nada impede que a comunicação em tela seja feita pelo próprio requerente. Indefiro. No que tange à expedição de ofício ao MPT requerida à fl. 19-verso, igualmente indefiro o pedido, considerando a desistência (e não comprovação) de que era limitado o uso do banheiro, bem como em virtude de que o perito, quando da apresentação dos esclarecimentos suplementares, confirmou a utilização de diversos EPIs. Além disso, nada impede que o requerente comunique os fatos que 12

entendem causar lesão a um grupo homogêneo de trabalhadores diretamente no sítio: <http://portal.mpt.gov.br/wps/portal/portal_do_mpt/servicos/denuncia/! ut/p/c5/04_sb8k8xllm9msszpy8xbz9cp0os_iauan3syddrwolmc8na89qzzan C1dzQ_NAQ6B8JJK8u6uns4Gnq7OhT5BvkLGBgRkB3eEg-_CoMECTx2I- SN4AB3A00PfzyM9N1S_IjTDIDEhXBAAlgIKb/dl3/d3/L2dBISEvZ0FBIS9nQSEh/>. DISPOSITIVO Requerimentos indeferidos. Ante ao exposto, nos termos da fundamentação que passa a integrar este dispositivo para todos os efeitos legais, o Meritíssimo Juiz do Trabalho, Dr. LUCIANO PASCHOETO, decido AFASTAR a preliminar de litispendência; e, no mérito, RECONHECER a natureza jurídica salarial do salário-utilidade na forma de habitação, na quantia mensal de R$ 200,00; julgar PARCIALMENTE PROCEDENTES as pretensões dispostas na Ação Trabalhista ajuizada por SEVERINO FERNANDES DE OLIVEIRA em face de CASA DAS BATERIAS PEÇAS E SERVIÇOS PARA AUTOMÓVEIS LTDA. EPP para declarar o fim do vínculo empregatício em 18.fevereiro.2010, bem como condená-la ao pagamento, no prazo de oito dias, das seguintes verbas: (01) reflexos do salário-utilidade de R$ 200,00 em gratificações natalinas, abono pecuniário de férias, aviso prévio indenizado e, com estes, em FGTS com indenização compensatória de 40%; (02) vale para lanche, no montante de R$ 7,00 nos dias em que verificada a prorrogação da jornada de trabalho do autor, no período de vigência da norma coletiva, e reflexos; (03) adicional de insalubridade no percentual de 40% sobre o salário mínimo e reflexos; (04) diferenças das horas excedentes da 8ª diária e da 44ª semanal e reflexos; (05) uma hora mensal referente ao tempo gasto em reuniões, o qual deve ser remunerado como extra se excedente da 8ª diária e 44ª semanal, e reflexos; (06) indenização pela não concessão do intervalo intrajornada, no total de 15 minutos ou de 1 hora, a depender da jornada integral apurada pelos cartões de ponto, acrescida de 50%; (07) indenização por danos morais no importe de R$ 3.000,00; e (08) multa de 15% sobre o salário normativo da categoria. Determino à ré, ainda, que proceda à retificação da data de saída na CTPS do autor, qual seja: 18.fevereiro.2010, no prazo de 48 horas após intimada para tanto, sob pena de serem feitas pela Secretaria desta Vara da Justiça do Trabalho. Indevida qualquer pena cominatória, pois a anotação pode ser realizada pela secretaria da Unidade Judiciária. Decido, ainda, rejeitar as demais pretensões. Liquidação por cálculos. Juros de mora (Súmula 200 do TST) e correção monetária na forma da 13

lei, esta última contada a partir do mês subsequente ao da prestação de serviços. Confirmado o decisum, deverá a parte ré comprovar nos autos o recolhimento da cota previdenciária sobre as parcelas deferidas, nos termos da Lei 8.620/93. Segundo o disposto no art. 832, 4º, da CLT, com as alterações determinadas pela Lei 11.457/07, intime-se a União. A ré deverá comprovar a retenção dos eventuais valores devidos a título de imposto de renda. Honorários periciais relativos às perícias de insalubridade e médica, na forma da fundamentação (R$ 1.200,00). Expeça-se requisição neste particular, em relação à parte atribuída ao autor e repassada à União (R$ 600,00). Custas pela ré no importe de R$340,00, calculadas sobre o valor da condenação, provisoriamente arbitrada em R$17.000,00, sujeitas à complementação ao final. Publique-se em audiência. Retifique-se a autuação. Intimem-se as partes. Nada mais. LUCIANO PASCHOETO Juiz do Trabalho 14