S E N T E N Ç A JOSÉ. 3ª Vara do Trabalho de São José RTOrd Sentença - p. 1

Transcrição

1 3ª VARA DO TRABALHO DE SÃO JOSÉ - SC TERMO DE AUDIÊNCIA RTOrd Aos 17 dias do mês de abril do ano de dois mil e doze, às 17h57min, na sala de audiências da, por ordem da Exma. Juíza Miriam Maria D Agostini, foram colocados para julgamento os autos do processo entre Alexandre Cordeiro de Andrade, Autor, e Luplast Indústria e Comércio de Plástico Ltda., Ré. Ausentes as partes. Submetido o presente feito à apreciação, foi proferida a seguinte: S E N T E N Ç A 1 RELATÓRIO Trata-se de Ação Trabalhista ajuizada por Alexandre Cordeiro de Andrade em face de Luplast Indústria e Comércio de Plástico Ltda., pelos fatos e fundamentos alegados na petição inicial para pleitear os títulos lá enumerados. Atribuiu à causa o valor de R$ ,00 e anexou instrumento de mandato e documentos. Postulando o Autor a antecipação dos efeitos da tutela, foi designada audiência de justificação prévia para averiguação dos fatos. Na referida audiência, compareceram ambas as partes, sendo, na oportunidade, tomado o depoimento do preposto da Ré. Ao final do ato, ficou designada audiência inicial, considerando-se a Ré já citada para tanto. Voltando os autos conclusos, foi proferida decisão antecipando os efeitos da tutela decretando a rescisão indireta do contrato de trabalho do Autor. Na audiência inicial, a Ré não compareceu, sendo a ela aplicados os efeitos processuais da confissão ficta. Na audiência de encerramento, foi retificada a data da rescisão contratual para (data da audiência de justificação prévia). Razões finais, remissivas pelas partes, acrescidas pela Ré. Conciliação final rejeitada. É o breve relatório. 2 PRELIMINARMENTE Com fulcro no art. 267, VI, CPC, extingo o processo sem resolução do mérito no que tange especificamente ao pedido de condenação da Ré na penalidade do art. 553, a, CLT, porquanto somente o Delegado do Ministério do Trabalho tem legitimidade para aplicá-la e, pois, exigi-la, na forma do art. 557, a, CLT. RTOrd Sentença - p. 1

2 3 MÉRITO Mesmo aplicados os efeitos da confissão ficta à Ré, o preposto da empresa ouvido na audiência de justificação corroborou o fato alegado pelo Autor: o de que lhe estava sendo negado trabalho pela Ré. Conforme já destacado quando da decisão de antecipação dos efeitos da tutela, a Ré está mantendo o Autor afastado do trabalho desde agosto de 2011 por ter entrado no banco de horas, mas, de forma estranha, também não se encontra compensando horas extras. Diante disso, reputo que a Ré não está cumprindo com uma das suas principais obrigações no contrato, qual seja, o de dar trabalho ao empregado. O que caracteriza situação autorizadora da rescisão indireta do contrato de emprego. Com base nisso, reputo que a atitude da Ré configura assédio moral, razão pela qual a condeno no pagamento de R$ 2.000,00 a título de indenização pelos danos morais suportados. Friso que sobre indenização decorrente de danos morais não incide o imposto de renda, conforme entendimento unificado no STJ no Resp RS, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª Turma, Dje A correção monetária sobre o valor da indenização por danos morais é contada da data da publicação da presente sentença (Súmula 362, STJ). Já os juros seguem a regra prevista no art. 883, CLT. Com relação ao pedido rescisão indireta do contrato de trabalho, mantenho a decisão que antecipou os efeitos da tutela. As guias TRCT e do seguro-desemprego já foram entregues ao Autor, bem como já foi anotada a data de saída na sua CTPS. Entregue-se ao autor as guias do TRCT, nas quais deverão ser colhidas sua assinatura e devolvida uma via à ré. Entregue-se ao autor, também, as guias relativas ao seguro-desemprego e sua CTPS. Transitada em julgado, liberem-se os valores depositados em Juízo pela Ré ao Autor. Observe a Secretaria. A liberação dos valores depositados antes do trânsito em julgado poderá ser realizada mediante apresentação de caução. Em face da decretação da rescisão indireta do contrato de trabalho do Autor, condeno a Ré no pagamento das seguintes verbas rescisórias: a) aviso-prévio indenizado; b) 3/12 de décimo terceiro salário proporcional, considerada a projeção do aviso-prévio indenizado; c) 11/12 de férias proporcionais acrescidas de um terço e considerada a projeção do aviso-prévio indenizado (foi considerado o dia como início de novo período aquisitivo); e d) saldo de 27 dias de salário do mês de fevereiro de 2012; Também condeno a Ré no pagamento dos salários, décimo terceiro salário proporcional e férias proporcionais que seriam devidos ao Autor no período de RTOrd Sentença - p. 2

3 2012 a , a título de indenização pelo período em que o Autor se encontrava em garantia de emprego. Determino que dos valores apurados a título de rescisórias e indenização da estabilidade, deve ser deduzido o valor depositado pela Ré por meio de depósito judicial. Também deve ser deduzido do valor das férias proporcionais o valor de 20 dias de férias já gozados pelo Autor, conforme ele mesmo confirma na petição inicial, juntando documento nesse sentido com a exordial. Deixo de condenar a Ré no pagamento da multa de 40% sobre os depósitos do FGTS da contratualidade, porquanto ela comprovou que efetuou o recolhimento, tendo, inclusive, depositado em juízo a chave de conectividade para que o Autor pudesse sacar o valor depositado. Julgo improcedente o pedido de condenação da Ré no pagamento da multa do art. 467, CLT, porquanto a rescisão indireta foi decretada pelo Juízo, estando o Autor com o contrato em vigência até a audiência de justificação prévia. Sob os mesmos fundamentos, julgo improcedente o pedido de condenação da Ré no pagamento da multa do 8º do art. 477 da CLT, tendo a Ré cumprido as determinações do Juízo no prazo estabelecido. Nessa mesma senda, também julgo improcedente o pedido de condenação da Ré no pagamento da multa prevista na cláusula 5ª da CCT 2011/2012. Com supedâneo nas disposições contidas no art. 1º da Lei nº 1.060/50 c/c art. 1º da Lei nº 7.115/83 e art. 790, 3º, CLT, e diante da declaração de hipossuficiência juntada aos autos, concedo os benefícios da justiça gratuita ao Autor. Presentes os pressupostos de sua admissibilidade nesta Justiça, ao teor do art. 14 da Lei n /70 e da Súmula 219, I, TST, condeno a Ré no pagamento de honorários assistenciais, ora arbitrados em 10% (art. 14, caput, Lei Federal n /70 c/c art. 11, 1º, Lei Federal n /50) sobre o valor líquido da condenação (OJ 348, SDI-1. TST), em favor do Sindicato assistente. 4 DISPOSITIVO Ante o expendido, extingo o processo sem resolução do mérito no que tange especificamente ao pedido de condenação da Ré na penalidade do art. 553, a, CLT, na forma do item 2. No mérito, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados por ALEXANDRE CORDEIRO DE ANDRADE em face de LUPLAST INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PLÁSTICO LTDA. na Ação Trabalhista RTOrd , para: 1) manter a decisão que decretou a rescisão indireta do contrato de trabalho do Autor e determinou as obrigações de fazer e pagar à Ré; RTOrd Sentença - p. 3

4 2) condenar a Ré no pagamento: a) de R$ 2.000,00 a título de reparação pelos danos morais, nos termos da fundamentação; b) das verbas rescisórias, devendo ser observadas as deduções autorizadas, nos termos da fundamentação; c) dos salários, décimo terceiro salário proporcional e férias proporcionais que seriam devidos ao Autor no período de a , a título de indenização pelo período em que o Autor se encontrava em garantia de emprego, observada as dedução autorizadas, nos termos da fundamentação; d) de honorários assistenciais, ora arbitrados em 10% sobre o valor líquido da condenação, nos termos da fundamentação; 3) conceder os benefícios da justiça gratuita ao Autor; e 4) julgar improcedentes os demais pedidos analisados na fundamentação. Entregue-se ao autor as guias do TRCT, nas quais deverão ser colhidas sua assinatura e devolvida uma via à ré. Entregue-se ao autor, também, as guias relativas ao segurodesemprego e sua CTPS. Transitada em julgado, liberem-se os valores depositados em Juízo pela Ré ao Autor. Observe a Secretaria. A liberação dos valores depositados antes do trânsito em julgado poderá ser realizada mediante apresentação de caução. Observe a Secretaria. Todas as verbas da condenação têm natureza salarial, com exceção da indenização do período de estabilidade, férias proporcionais e indenização por danos morais. Os valores devidos serão apurados em regular liquidação de sentença. Correção monetária (Súmula 381, TST), descontos do IRPF (Art. 12-A, Lei n /88, regulamentado pela IN RFB 1.127/2011, não devendo incidir sobre os juros, conforme OJ 400, SDI-1, TST) e contribuições previdenciárias (Súmula 368, TST, OJ 363, SDI-1, TST, devendo ser observado para efeito de fato gerador e aplicação de juros e multa, o disposto no art. 43, 2º e 3º da Lei 8.212/91, ficando excluídas dos cálculos as contribuições sociais devidas a terceiros, as quais não abrangem as do SAT, na forma da OJ 414 da SDI-1, TST) tudo na forma da lei. Os juros são os moratórios, contados da data do ajuizamento da ação (apenas RTOrd Sentença - p. 4

5 sobre o crédito trabalhista e não sobre as contribuições previdenciárias e a retenção do imposto sobre a renda), no importe de 1% ao mês, pro rata die (Súmula 200, TST e art. 883 da CLT). Valor provisório arbitrado à condenação: R$ 2.000,00. Custas de R$ 40,00, ao encargo da Ré. Intimem-se as partes. Intime-se a União. Nada mais. MIRIAM MARIA D AGOSTINI Juíza do Trabalho RTOrd Sentença - p. 5