TRANSCRIÇÃO PROF. MIRACY Somos um programa da faculdade de direito da UFMG. minha fala talvez, vai ser por isso um pouco diferenciada das demais abordarei não direito do trabalho em si e ou as suas transformações positivas ou negativas como já feito. Vou lhes falar sobre as responsabilidades das faculdades de direito quando se tratar da formação dos futuros operadores do direito ou atores do direito nos vários campos e inclusiva e principalmente nos campos do trabalho ou do não trabalho. Falo-lhes sobre a extensão, o ensino e a pesquisa das faculdades de direito como elas podem formar operadores jurídicos com um novo perfil para que essas, isso que o professor Mauricio Godine levantou, os problemas do direito e a Margarida; possam Ter atores que com um novo perfil que saibam responder a esses impactos a esses efeitos pernósticos do capitalismo, da mundialização, e dos planos governamentais que trazem permanentemente novas exclusões. Nos estamos trabalhando permanentemente com a questão da exclusão, emancipação. Vou lhes falar primordialmente sobre o programa Pólos Reprodutores de Cidadania e suas parcerias nas localidades e sua responsabilidade frente a cidade e as suas periferias e as suas respostas aos problemas do judiciário. Mas, vou expor-lhe também primordialmente, sobre os fundamentos teóricos e estratégias concretas desse programa. Somos um programa do núcleo interdisciplinar para a integração do ensino pesquisa, extensão, o cenex da Faculdade de Direito que trabalha nas periferias de BH e cidades do interior e são múltiplas as nossas parcerias. Nos temos 5 projetos primordiais nesse programa ou frentes. Todos eles direto e indiretamente operam com as questões do trabalho, da exclusão social e da relação do direito com essas questões. Nós somos uma pesquisa ação, ao mesmo tempo que estamos pesquisando a pesquisa nas faculdades de direito é uma novidade não é o que ocorre nas demais unidades das Universidades, mas as faculdades de direito em geral isso é uma novidade então é uma pesquisa ação. A pesquisa que fazemos ao mesmo tempo investigamos e atuamos essa metodologia essa técnica é muito importante para nós. Nós trabalhamos com 3 marcos teóricos: Boaventura de Souza Santos, Jungüem Habermas e Michael Foucalt. Com texto constitucional, os princípios (des) constitucional e de legislações especiais é claro. Quais são as nossas frentes, nós trabalhamos com a frente: vilas e favelas. Nós estamos no aglomerado Santa
Lúcia, na região norte, já estivemos na região nordeste de BH e agora estamos indo para o aglomerado da serra. Quais as parcerias nesses locais? Nós temos uma parceria com a prefeitura de BH com a Proex, com a secretaria de justiça, mas primordialmente com a associação de magistrados do trabalho. A AMATRA Associação de magistrados do trabalho, nos acompanha em nossos programas de rádio comunitária levando o conhecimento do direito para o trabalhador que mora nas periferias de BH. Ou seja, não nos interessa somente o atendimento em nossos núcleos, nos através dos nossos núcleos sócio jurídicos nós atuamos com equipes interdisciplinares que atendem resolvendo conflitos extra judicialmente através do processo de mediação. Vejam, 80%, + ou - não é uma coisa muito correta, 80% dos casos que atendemos não vão para o judiciário. Nós resolvemos lá mesmo nas comunidades, com a comunidade, com as suas organizações. Então, os parceiros mais importantes e que tem mais força conosco, são justamente as associações e movimentos comunitários, incluindo conselhos de escolas, conselhos de postos de saúde, etc.. a Segunda grande frente que temos, é a frente população de rua. Na frente população de rua, trabalhamos com, em parceria com a pastoral, com a prefeitura, pastoral de rua, a prefeitura de BH, a associação de catadores de material reciclável, a ASMARE, as prefeituras do interior, associações e cooperativas de catadores e muito especialmente a comunidade amigos da rua, aqui de BH. O outro projeto que temos é o de saúde mental. Nós realizamos uma pesquisa e o acompanhamento de medidas de segurança queremos saber onde é que está esse pessoal, que está em medida de segurança e trabalhamos também com a cidadania do portador do sofrimento mental. As nossas parcerias são fórum de saúde mental, tribunal de justiça, coordenadoria de direitos humanos, cesans etc. eu to querendo somente fazer uma rápida apresentação do programa para vocês. Trabalhamos com violência e ambientalismo em quase todos os programas, temos uma incubadora de cooperativas populares dentro do programa Pólos, que hoje em dia por mais que inacreditável que seja, estamos trabalhando em conjunto com o ICB, o Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, com o Centro Tecnológico de Minas Gerais o CETEC, a ASMARE, pastoral, etc. a incubadora de cooperativas tem realizado em cidades do interior, associações de catadores de papel, disseminação do conhecimento do direito cooperativo e das relações de trabalho. E temos também dentro do programa Pólos, um grupo teatral, que é um grupo a torto e a direito que são os animadores da ação. Ou seja,
eles levam uma linguagem diferenciada para as comunidades onde trabalhamos. bem, eu gostaria de ler para vocês, uma frase do Santiago Dantas de 1955, com relação às faculdades de direito. Ele disse, nada falseia mais o espírito jurídico do que a convicção de que a vida social deve ajustar se aos conhecimentos jurídicos. As faculdades assim, seriam museus de princípios e praxes, museus de princípios e praxes, mas não seriam centros de estudo. É pena que a maioria das nossas faculdades ainda continue como museus, e para não continuarmos como museus resolvemos retirar nossos alunos da salas de aula para irem para as periferias para se relacionarem com o direito efetivo, com as demandas efetivas com relação ao direito e ai encontramos muito especialmente o direito do trabalho; as questões relacionadas ao direito do trabalho. Bem, eu vou me levantar, sou muito mais professora do que conferencista dá para se ver logo, bem, vejamos aí, nós entendemos que, o direito pertence à área de ciências sociais aplicadas, não somos só nos que entendemos, tradicionalmente se entendeu que o direito era uma ciência normativa pura e simplesmente. O mundo inteiro classifica os conselhos de pesquisa as associações etc. classificam o direito como integrante das ciências sociais aplicadas e como integrante das ciências sociais aplicadas ele tem que formar um profissional com um novo perfil, um perfil mais contemporâneo, um perfil que responda aos problemas que Margarida e Mauricio falaram a pouco. Vejam aqui por isso nos temos um débito, o primeiro: não nos restringimos a interpretação formal da normatividade. A interpretação formal da normatividade, uma hermenêutica antiga, atrasada, ela não soluciona os problemas que tem surgido para o direito hoje em dia muito especialmente a questão da exclusão. O segundo débito que temos com a sociedade é explicar a realidade de forma compreensiva e crítica, por isso precisamos da interdisciplinariedade, por isso precisamos nos conectar com a psicologia, com a assistência social, com a sociologia, e todos os demais campos de conhecimento para que o direito não fique com uma fala isolada uma teoria pura do direito. E evitar juízos que não considerem a complexidade social. Eu não vou falar da complexidade social porque os oradores que me antecederam falaram muito sobre ela. Agora, é pena que as pessoas pensem que essa complexidade social esta somente no nível da mundialização, não digo que Margarida pense assim, sei que não pensa assim, e nem no nível nacional, mas essa complexidade nos a enfrentamos nas localidades nos problemas das comunidades no problema da população de rua, no problema das pessoas que vivem em
vilas e favelas em profunda exclusão vivendo uma sociedade que é hoje em dia absolutamente complexa. Bem, desse débito nos entendemos que o que esta por detrás disso é justamente a questão da superação da exclusão, ou seja, essa exclusão social entre nos, os dados que o Mauricio colocou, já deixa obvia essa exclusão social. Então com relação a exclusão, o professor Boaventura nos diz o seguinte: é preciso no mínimo, um desconforto porque o que devemos ter mesmo é o incoformismo e uma completa indignação com relação a tudo que nos cerca não só aqui no Brasil mas em todo 3 o mundo. Mas nos estamos falando de periferias, não estamos falando de periferias de países eu estou falando de periferias de BH, estou falando de exclusão aqui em Minas Gerais, em BH e nas cidades do interior. Bem, pensando nessa questão e nessa indignação, nos entendemos que os grupos e as pessoas devem Ter uma responsabilidade pessoal, e social em relação a essa exclusão. Esses grupos com os quais nos trabalhamos nas periferias nas ruas, na cooperativa, nas associações, nas cidades do interior nos precisamos constituir em nossos alunos em nos profissionais que trabalham conosco em nossos parceiros da comunidades a questão da autonomia, ou seja, o pressuposto dessa responsabilidade pessoal e social é que esses grupamentos deveram ter no mínimo autonomia de ação e no máximo autonomia critica. Essa autonomia de ação todos conhecem, todos sabem, a autonomia critica é aquela que as organizações são capazes de julgar seu ambiente e de julgar o direito posto, ou seja, o direito que esta ai e as formas que estão ai e para soluciona-lo e para interpreta-lo ou desinterpreta-lo as vezes. Continuando, essa autonomia, esse ser autônomo, quando eu falo ser autônomo, não é indivíduo, to falando do grupo também, o grupo autônomo, o movimento autônomo, as associações autônomas, elas tem que ter capacidade de escolha e decisão, primeiro, segundo, habilidade de formular objetivos pessoais e grupais habilidade de definir estratégias de ação, e capacidade de julgar. Aí chegamos a autonomia crítica. Ou seja, onde nos estivermos, com núcleos sócio- jurídicos nos teremos sempre o núcleo que atende e um grupo de expansão. Esse grupo de expansão, vai trabalhar n disseminação do conhecimento do direito, não nos interessa sermos os únicos interpretes do direito, em nossos núcleos sócio jurídicos trabalhamos com equipes interdisciplinares com procedimento de mediação essa mediação nos incorporamos pessoas da comunidade para nos ajudarem, e temos tido ótimos resultados. Tanto que as parcerias hoje se multiplicam. Então, temos tido ótimo resultados no sentido de na levarmos para o judiciário
maiores problemas porque os tradicionais encaminhamentos das faculdades de direito. O que acontecia, os núcleos de atendimento jurídicos das faculdades, a única coisa era encaminhar para o judiciário, nos sabemos que nosso judiciário tem pilhas de processos, eles não suportam mais a quantidade, o acumulo de ações que entram no judiciário. Quando nos poderíamos trabalhar, nos locais mais afetados, mais excluídos, para evitar esse encaminhamento, ou seja, a solução poderia ser nas periferias. Não só através da mediação mas também, através da arbitragem dos núcleos arbitrais. Bem, então essa autonomia, esse grupo de expansão ele não só dissemina direitos fundamentais, direitos humanos, direito do trabalho, direito civil, etc. quanto trabalha na organização, nos entendemos que cidadania só existe com uma população organizada, se essa população não estiver organizada, na existe cidadania. Porque a organização da população que constitui, que constrói a cidadania desse país. Sem isso nos não acreditamos que haja efetividade constitucional, efetividade as legislações etc.. Bem, e nós trabalhamos primordialmente com a emancipação, formando redes de organizações nas comunidades junto com os nossos núcleos sócio jurídicos, nós trabalhamos com a emancipação, não só emancipação do estudante de direito que ele vai lá e também se emancipa, ele tem um novo conhecimento, ele te uma nova crítica uma capacidade critica o direito, como também, com relação a todos os nossos parceiros comunitários. Então essa emancipação, é justamente essa efetividade da autonomia crítica, a interação pelo diálogo, ou seja, não estamos jamais a frente dessas organizações ou a frente daqueles que nos procuram com problemas e com litígios em nossos núcleos, nós trabalhamos sempre com a questão do dialogo, e da discursividade, trabalhamos com a argumentação e convencimento, jamais com a persuasão para nós o argumento deve se sustentar na validade e não na eficácia então para nos a validade da argumentação é convencimento e a transformação, trabalhamos com a transformação de onde estamos, uma transformação da consciência do direito, da mentalidade do que se deve Ter, de uma nova possibilidade de normatividades, e da constituição de novas normatividades locais, nós entendemos que existem, existe um pluralismo jurídico, e que esse direito já existe nas comunidades periféricas e o encontramos com muita facilidade até mesmo entre, até mesmo não, e primordialmente na população de rua com a qual trabalhamos. bem, eu estou terminando, eu gostaria de dizer para vocês que essa transformação, ela se sustenta a partir de uma realidade com espírito crítico de comprometer-se com essa realidade e de capacitar
o aluno atuar nessa transformação. Uma transformação que tem uma nova lógica, não a lógica da racionalidade, mas a lógica da razoabilidade, quem trabalha com mediação, com arbitragem e etc. só pode trabalhar com essa lógica da razoabilidade, a questão de pensar por problemas, é pensando por problemas que atuamos nessas comunidades, nos tentamos resolver os problemas de forma coletiva, através do conhecimento disseminado do direito e através de uma discursividade que dá maior efetividade ao conhecimento do direito. Bem, era isso que eu tinha para lhes falar, eu tenho impressão que estou chegando ao final da minha exposição, eu lhes agradeço muito pela audiência. Obrigada.