A anatomia da crise da Previdência *



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Transcrição:

John Eatwell A anatomia da crise da Previdência * John Eatwell ** Os problemas ocasionados pelas dificuldades que enfrentam os sistemas públicos de previdência são generalizados e não estão restritos ao setor público. Essas dificuldades podem ser explicitadas através de um modelo simples. Esse modelo demonstra que as variáveis-chave na crise das aposentadorias são a taxa de crescimento da população aposentada, a taxa de crescimento da força de trabalho, a taxa de crescimento da produtividade, a taxa de crescimento do valor real da aposentadoria média e uma média ponderada das taxas de crescimento dos impostos e da taxa de poupança. A maneira pela qual as aposentadorias são financiadas é importante apenas na medida em que influencia os valores destas variáveis. Portanto, as mesmas questões fundamentais surgirão qualquer que seja a forma de financiamento das aposentadorias. Palavras-chave Crise da previdência. Regime de repartição. Regime de capitalização. 177 The difficulties confronting state pension systems are not confined to the public sector, as is often believed. They are quite general. These difficulties can be highlighted by means of a simple model This model demonstrates that the key variables in the pensions crisis are the rate of growth of the pensioner population, the rate of growth of the workforce, the rate of growth of productivity, the rate of increase in the real value of the average pension, and a weighted average of the rates of growth of taxes and of the savings rate. The manner in which pensions are financed is important only in so far as it influences the values of these variables. Accordingly, the same fundamental issues will arise however pensions are financed. Keywords Pensions crisis. Public sector pensions system. Fully funded pension schemes. * Traduzido do inglês por Carlos Pinkusfeld Bastos e Viviane Luporini. ** Lord John Eatwell é presidente da Universidade de Cambridge. E-mail: j.eatwell@cerf.cam.ac.uk

Anatomia da crise da Previdência 178 O padrão de vida de um indivíduo é sustentado por um fluxo de bens e serviços, incluindo os serviços de capitais investidos, como casas. Há duas formas de garantir tal fluxo após a aposentadoria. A primeira é efetivamente armazenar bens e serviços, como um esquilo escondendo suas nozes. O jovem poderia reservar bens e, quando possível, investir em bens de capital que iriam proporcionar os serviços necessários, consumindo-os na velhice. Essa é uma estratégia muito ineficiente, uma vez que é impraticável para muitos bens e serviços. Descontados os custos excessivos de estocagem (especialmente de bens perecíveis), com o correr do tempo muitas mercadorias se tornam ultrapassadas ou mesmo imprestáveis, e muitos serviços, como serviços médicos, simplesmente não podem ser estocados. Logo, a segunda forma predomina. Padrões de vida são assegurados na aposentadoria pela aquisição de direitos monetários que podem ser usados para comprar parte do fluxo de bens e serviços contemporâneo, produzido pela força de trabalho corrente. O problema da previdência é como garantir que os aposentados tenham um número suficiente de direitos monetários para comprar os bens e serviços de que necessitam, e como assegurar a concordância (tácita ou implícita) da força de trabalho em abrir mão de bens e serviços que produziu. Sob quaisquer circunstâncias, garantir que os idosos possuam direitos monetários suficientes para lhes assegurar um padrão de vida decente é um componente, dos mais importantes, da política econômica. Grandes transferências intergeracionais, inevitavelmente, suscitam temas sociais e econômicos complexos. E as autoridades têm um interesse direto em garantir adequadamente tal provisão. Seja tal transferência feita pelo setor público ou através das instituições financeiras do setor privado, caso os aposentados não possuam o suficiente para viver, o Estado terá de providenciar algum tipo de proteção social alternativa. O problema de como a transferência intergeracional é feita se torna significativamente mais difícil quando a população está envelhecendo, isto é, quando a proporção da população que se aposentou está crescendo devido à queda da taxa de natalidade e aumento da longevidade. É o envelhecimento da população em muitos países nas próximas décadas que está por trás da presente crise da previdência. Como será demonstrado abai-

John Eatwell xo, essa crise é um fenômeno geral, independente de como as pensões são financiadas. Entretanto, ela tem sido usualmente descrita como a crise do sistema público de pensões, como é o caso da Tabela 1. Tabela 1 Efeitos demográficos sobre a proporção do sistema público de previdência no GDP, e a carga financeira, 1984-2040 Países 1984 2000 2020 2040 Alemanha Pensões como %PIB 13,7 16,4 21,6 31,1 Carga (1980=100) 106 124 154 Japão Pensões como %PIB 6,0 9,4 14,0 15,7 Carga (1980=100) 115 142 154 Holanda Pensões como %PIB 12,1 13,4 19,6 28,5 Carga (1980=100) 100 114 139 Reino Unido Pensões como %PIB 7,7 7,5 8,6 11,2 Carga (1980=100) 93 101 111 EUA Pensões como %PIB 8,1 8,2 11,3 14,6 Carga (1980=100) 96 117 131 Nota: Carga é definida como o valor real das pensões per capita da população com idade entre 15-64. Os números da Alemanha são apara a Alemanha Ocidental. Fonte: OECD Ageing Populations: The Social Policy Implications. Paris, 1998. 179 Na Tabela 1, a primeira linha para cada país representa a proporção do PIB que será absorvida pelas pensões públicas desde que estas sejam pagas aos valores planejados correntemente, em outras palavras, desde que os Estados não faltem com seus compromissos. Em todos os países apresentados, é projetado um aumento expressivo entre 1984 e 2004. Daí em diante, a proporção deve declinar, dado que a população alcança uma estabilidade associada com uma taxa mais baixa de natalidade. A segunda linha para cada país é um índice do valor real das pensões públicas por trabalhador da população ativa. Na Alemanha, por exemplo, espera-se que a carga sobre um membro da população em idade ativa se eleve em 54% entre 1980 e 2040. Um aumento semelhante de carga ocorrerá no Japão. Haverá um aumento muito grande na Holanda e um grande aumento nos Estados Unidos. O único país a não sofrer expressiva elevação é o Reino Unido. Isso porque nas duas últimas décadas o governo Britânico reduziu a taxa de crescimento do valor real das pensões públicas (na realidade o Estado deu calote no valor real das pensões que os atuais aposentados do sistema

Anatomia da crise da Previdência 180 público esperavam receber quando fizeram planos para aposentadoria há trinta ou quarenta anos atrás). Ainda assim, mesmo no Reino Unido, o envelhecimento da população gera um crescimento na carga sobre a população ocupada. Os problemas levantados pelas dificuldades que enfrentam os sistemas públicos de previdência não estão restritos ao setor público, eles são generalizados. Essas dificuldades podem ser explicitadas através de um modelo simples. Nesse modelo, os aposentados serão tratados como o único grupo dependente da população, não se considerando os jovens e os doentes. Alguma atenção será dada à proporção da população em idade ativa que não está na força de trabalho (aqueles indivíduos realizando trabalho doméstico não pago, os desempregados etc.). Entretanto, predominantemente, os aposentados serão o único grupo dependente a ser levado em consideração. Será suposto que todas as poupanças e impostos são direcionados para a provisão do fluxo de bens e serviços para os aposentados. Outros usos das poupanças e impostos serão ignorados, embora, claramente, possa haver um redirecionamento das poupanças e impostos para cobrir as necessidades dos aposentados. Considere a seguinte relação: PN = (S+T)YW (1) onde P é a aposentadoria média per capita ao ano e N é o número de aposentados. Assim, PN é o total das aposentadorias pagas a cada ano. Essas aposentadorias são um fluxo de poder de compra que será usado para adquirir os bens e serviços que foram produzidos pela população ocupada. No lado direito da equação, W é a população ocupada, Y é o valor do produto per capita, ou produtividade, da população ocupada. Assim WY é o valor total do fluxo de bens e serviços. S é a propensão média a poupar e T é a alíquota média de impostos. Essas poupanças e impostos são os meios de extrair da população ocupada os bens e serviços que os aposentados necessitam a proporção do produto não consumida pela população ocupada. Assim, no lado esquerdo está o total de bens e serviços que vai para os aposentados e do lado direito, o total de bens e serviços produzidos e não apropriados pela população ocupada. Essa transferência intergeracional é a relação central em qualquer cálculo sobre aposentadoria.

John Eatwell Rearranjando a equação (1) temos: N/W = RY/P (2) a razão entre a população aposentada e a força de trabalho que é igual à razão entre a renda não consumida e a aposentadoria média, (R = S+ T). As equações (3) e (4) expressam a mesma relação fundamental em termos de taxas de crescimento: n w = r + y p (3) r = sa + t(1-a) (4) onde as letras minúsculas indicam taxas de crescimento. Assim, n é a taxa de crescimento da população aposentada, w é a taxa de crescimento da força de trabalho, y é a taxa de crescimento da produtividade, p é a taxa de crescimento do valor real da aposentadoria média, e r é uma média ponderada das taxas de crescimento dos impostos, t, e da poupança, s, definida na equação (4), a = S/(S+T). A fonte da crise da previdência é que n é maior que w, ou seja, a população de aposentados está crescendo mais rapidamente que a força de trabalho. Logo, o lado esquerdo da equação (3) é positivo e o lado direito tem de ser, também, positivo. Isso pode ser alcançado pela elevação do valor de r, da poupança ou impostos, ou por uma maior taxa de crescimento da produtividade y, ou por um menor valor (ou mesmo um valor negativo) para p, isto é, uma redução na taxa de crescimento do valor real da aposentadoria média. Um aumento de r poderia também ser alcançado por uma mudança em a, isto é, uma mudança na relação entre poupança e tributos. Uma vez que a taxa de poupança é, em geral, significativamente inferior à carga tributária, isso sugeriria um crescimento dos impostos como uma forma de redução do consumo da força de trabalho. Um fator suplementar que deve ser levado em consideração é a possibilidade de crescimento de w, a taxa de crescimento da força de trabalho. Isso pode ser alcançado tanto pela redução da taxa de desemprego, quanto pelo crescimento da taxa de participação de todos aqueles em idade ativa. Ou isso pode se dar pela elevação da idade da aposentadoria, aumentando assim a população com idade ativa. Isso terá um efeito tanto de elevar w, quanto de reduzir n. Isso pode ser particularmente importante nas economias em transição da Europa Central e Oriental, onde as idades para aposentadoria são relativamente baixas. Num nível mais hipotético, w 181

Anatomia da crise da Previdência 182 poderia ser elevado pela redução da idade que os jovens entram na força de trabalho. É claro que algumas dessas elevações são de uma vez por todas, e não resultarão num reequilíbrio permanente da equação (3). A solução para a crise, dessa forma, reside na determinação de que valores de w, r, y, ou p devem ser alterados. Dado o crescimento do valor de n, uma combinação apropriada das outras variáveis deve, necessariamente, ser mudada, seja por mudança de política econômica ou calote. Quando se discute a crise da previdência, muito atenção tem sido dada à relação entre a forma como as aposentadorias são financiadas e a equação (3). Deve-se notar, entretanto, que essas mesmas questões surgirão qualquer que seja a forma de financiamento das aposentadorias. O debate sobre a forma de financiamento deve ser conduzido à luz do impacto dos diferentes arranjos financeiros sobre w, r, y ou p. Financiando as aposentadorias O crescimento da razão entre população aposentada e força de trabalho deu início ao debate sobre como as aposentadorias são financiadas. Na sua forma mais crua, esse tem sido um debate entre, por um lado, Regime de Repartição (RR) e, por outro, o Regime de Capitalização (RC). Um esquema do tipo RR é um esquema público no qual impostos são cobrados com o objetivo de prover a transferência de poder de compra para os aposentados. O direito de receber aposentadoria é essencialmente um direito político, cujos termos são garantidos pelo Estado o que não significa dizer que o Estado não pode subseqüentemente alterar os termos sob os quais essas aposentadorias são providas. A transferência de bens e serviços da força de trabalho para os aposentados é bem transparente. Um arranjo do tipo RC para aposentadorias pode ser gerido pelo setor público, embora esses sejam tipicamente esquemas do setor privado. Sob um Regime de Capitalização o indivíduo poupa durante sua vida adquirindo, assim, um estoque de ativos financeiros que podem ser usados no futuro para comprar bens e serviços, seja realizando os ativos, seja comprando uma apólice de uma empresa de previdência privada. O direito de receber uma aposentadoria é um direito financeiro, possuído pelo indivíduo embora o valor desse direito dependa de uma variedade de circunstâncias econômicas, como as condições do mercado de ativos financeiros, taxas de juros e taxas de inflação.

John Eatwell Um ponto importante, preliminar, a ser levantado, e que é fundamental para todo o debate sobre aposentadorias, é que em termos macroeconômicos não há diferença entre esses dois regimes no que se refere ao total de transferências, isto é, quanto ao impacto em r. Para dados valores de n, w, y e p, o valor de r tem que ser o mesmo qualquer que seja o esquema de financiamento. No caso do RR, os impostos correntes são usados para pagar as aposentadorias correntes. No caso do RC, são as poupanças correntes que são usadas para pagar as aposentadorias correntes. A poupança de hoje está financiando as aposentadorias de hoje. Dessa forma, a carga sobre a força de trabalho, definida como os bens e serviços que são extraídos da renda da força de trabalho, é exatamente a mesma, seja o sistema previdenciário do país RC ou RR. Uma outra similaridade é que da mesma forma que a força de trabalho pode resistir a um aumento dos impostos, ela também pode resistir à tentativa de reduzir seu consumo via um sistema do tipo RC. Suponha que os Estados Unidos e a Alemanha financiassem suas aposentadorias em um RC ao invés de as financiarem por meio do RR. Uma maior carga associada com o envelhecimento da população seria criada por maiores direitos monetários agregados acumulados pelo número crescente de aposentados. Esses direitos necessitariam ser cobertos por uma maior poupança. Os aposentados usariam seus direitos monetários para extrair recursos da força de trabalho. Se a força de trabalho não desejasse levar a cabo tal redução em seu consumo real pelo aumento de sua poupança, haveria então um aumento dos preços. A aceleração da taxa de inflação continuaria até que ou o valor das aposentadorias se reduzisse a um nível aceitável pela força de trabalho, ou a força de trabalho elevasse sua taxa de poupança com o objetivo de garantir o valor real do estoque de direitos financeiros que estariam acumulando. Se a força de trabalho se recusar a reduzir seu consumo, seja negando-se a pagar impostos mais elevados, seja recusando-se a poupar mais, então as aposentadorias deverão ser cortadas (p deve ser reduzido). No caso do RC, o processo é menos transparente do que sob o RR. Porém, em termos macroeconômicos, o resultado é exatamente o mesmo. A comparação entre RR e RC para aposentadorias deve ser feita, então, em termos de características outras que seu impacto macroeconômico. 183

Anatomia da crise da Previdência Algumas das maiores vantagens e desvantagens do RR são apresentadas na Quadro 1. Quadro 1 Vantagens e desvantagens do sistema de repartição (RR) para aposentadorias Vantagens: Desvantagens: Simplicidade e transparência Pressão sobre o orçamento Custos administrativos baixos Falta de escolha Redistribuição progressiva Forte compromisso com um Cobertura ampla nível de aposentadoria específico Não inibe a mobilidade da força de trabalho Resistência ao financiamento tri- Baixo risco butário 184 A simplicidade e transparência do RR são evidentes. O dinheiro levantado através dos impostos é transferido aos aposentados. Esse procedimento simples tem custos administrativos extremamente baixos quando comparados com os do RC. Grandes sistemas públicos de previdência têm custos administrativos em torno de 3% a 4%, enquanto fundos de pensão privados têm custos de administração, usualmente, em torno de 20%. O RR tende a ser, também, relativamente igualitário. Enquanto o RC tende a, no melhor dos casos, reproduzir na aposentadoria a distribuição de renda da força de trabalho, o RR tende a apresentar uma distribuição menos concentrada. Um dos maiores problemas do sistema de aposentadorias de capitalização é que pessoas pobres não têm capacidade de poupar, e, por essa razão, tenderiam a não possuir nenhum tipo de aposentadoria; neste caso, o Estado teria que providenciar alguma forma de previdência pública financiada por impostos. O RR possui também uma cobertura muito ampla, geralmente toda a população. Também não há nenhuma inibição à flexibilidade no mercado de trabalho, porque o RR não está relacionado com a permanência em nenhum emprego em particular. O risco é relativamente baixo no sistema de repartição, embora exista a possibilidade de o governo não honrar seus compromissos.

John Eatwell A maior desvantagem do RR é a percepção da pressão sobre o orçamento, e a resistência em elevar os fundos necessários via impostos. Um problema associado é que pode haver um compromisso muito rígido com algum nível específico de aposentadorias. Se a taxa de crescimento da economia é inferior à esperada (y é menor que o esperado no período em que o sistema de aposentadorias é estabelecido), então pode ser necessário reduzir p, a taxa de crescimento das aposentadorias. Isso pode criar sérias dificuldades políticas. Um outro problema com o sistema público de repartição é que os seus contribuintes podem se ressentir da falta de liberdade de escolha para optar pelo programa de aposentadoria mais adequado às suas necessidades. As maiores vantagens e desvantagens associadas ao RC são apresentadas no Quadro 3. Quadro 3 Vantagens e desvantagens do sistema de capitalização (RC) para aposentadorias Vantagens: Desvantagens: Maior retorno proporcionado Impacto regressivo sobre a pela administração profissional distribuição de renda. das aplicações em ações. O poupador tem independência Altos custos administrativos e escolha Elevação da poupança e do Cobertura limitada crescimento. Promove o desenvolvimento dos Retorno incerto (alto risco) mercados financeiros e a governança corporativa efetiva Necessidade de uma rede de [effective corporate governance] proteção social. Reajusta automaticamente o Em alguns casos limita a nível das aposentadorias aos mobilidade do trabalhador rendimentos disponíveis. (aposentadorias por ocupação) 185

Anatomia da crise da Previdência 186 Regimes de capitalização, particularmente os privados, são tidos como capazes de prover retornos financeiros elevados através de investimentos financeiros feitos por profissionais, argumento freqüentemente evocado diante das taxas de crescimento dos preços no mercado acionário. O que isso sugere é que, para detentores de pensões pelo regime de capitalização, p será mais alto do que o esperado. Como pode ser visto na equação (3), outras variáveis precisarão se ajustar, isto é, r ou y deve aumentar. Ou ainda, pode ser que alguns aposentados possam obter aposentadorias mais altas enquanto outros não, mantendo-se o valor médio de p inalterado. Com os regimes de capitalização, o poupador tem independência e escolha e pode vir a ter a sensação de ser proprietário de seu próprio fundo de pensão (embora isso não garanta uma aposentadoria maior se comparada com outros regimes). Afirma-se, também, que os regimes de capitalização incrementam a poupança interna, aumentam o crescimento econômico e promovem o desenvolvimento dos mercados financeiros. Talvez a maior vantagem desse regimes seja o fato de haver um ajustamento automático do nível das aposentadorias à disponibilidade de recursos: se os recursos disponíveis são menores que o esperado, o retorno também será menor ou terá seu valor real reduzido pela inflação. Ambos os processos operam automaticamente. Os aposentados podem ficar desapontados com o valor real de suas aposentadorias, mas não percebem nenhuma decisão política deliberada na redução de suas aposentadorias, seja pela inflação, seja por um baixo retorno nos mercados financeiros. As maiores desvantagens dos regimes de capitalização são seus impactos regressivos sobre a distribuição de renda dos aposentados e seus altos custos administrativos. Além disso, esses regimes em geral não cobrem toda a população, tendo retorno incerto no sentido de que dependem dos resultados dos mercados de ações e do nível das taxas de juros no período de aposentadoria (o que determina o retorno da compra de qualquer anuidade). Há, ainda, a necessidade da existência de uma rede de proteção social, para cobrir aqueles aposentados cujas aposentadorias acabam por ficar abaixo de um determinado valor mínimo e aqueles que não teriam aposentadoria alguma. No caso dos fundos previdenciários por categoria profissional, há uma limitação sobre a flexibilidade do mercado de trabalho.

John Eatwell Poupança e crescimento, e a promoção do desenvolvimento dos mercados financeiros e da governança corporativa efetiva Em que pesem as importantes desvantagens do sistema de capitalização, é importante que se considerem as supostas vantagens de tal sistema, particularmente no que tange ao impacto de sua forma de financiamento sobre o desempenho real da economia, isto é, sobre y na equação (3). O desempenho macroeconômico é um determinante fundamental do valor real das aposentadorias. Se de fato os regimes de capitalização resultam em maiores taxas de poupança e crescimento quando comparados aos regimes de repartição, então o impacto geral deve ser certamente benéfico, ao menos para o aposentado médio. O que interessa para o nível geral das aposentadorias no futuro é o fato de a economia exibir ou não um crescimento acelerado, e não se algum segmento particular da sociedade é beneficiado. Há uma notável controvérsia acerca do impacto dos diferentes regimes de aposentadoria sobre a taxa real de investimento e, portanto, sobre o fluxo de renda futuro da economia, controvérsia que está longe de ser resolvida. FELDSTEIN (1974) argumenta que os regimes de repartição podem reduzir a poupança e o investimento agregados. No entanto, o trabalho de Feldstein foi duramente criticado do ponto de vista estatístico (LEIMER E LESNOY, 1982) e nenhuma conclusão clara pode ser inferida. Por vezes argumenta-se que os fundos dos regimes de capitalização possuem uma maior probabilidade de serem investidos em ativos estrangeiros e promoverem crescimento futuro da renda nacional. Esse argumento é incorreto, já que o investimento estrangeiro líquido é igual à poupança doméstica líquida (pública e privada). Se r é de um determinado valor relativamente ao investimento doméstico, então o valor do investimento estrangeiro líquido será o mesmo, seja o regime de aposentadoria de capitalização ou de repartição. Não é tampouco claro que o desenvolvimento da infra-estrutura financeira associada aos regimes de capitalização resulta em melhoria na alocação da poupança ou no fluxo de recursos para a indústria (ROSA, 1982; WORLD BANK, 1994; SINGH, 1995). Praticamente todo o recurso financeiro requerido para o financiamento do investimento corporativo advém de lucros retidos e não de novas poupanças. Em 1998, 187

Anatomia da crise da Previdência 188 por exemplo, as companhias americanas financiaram mais de 100% de seus investimentos através de lucros retidos, não obtendo nenhum recurso líquido no mercado financeiro. A cifra ultrapassa os 100% devido à prevalência de esquemas de recompra de ações das próprias empresas. Resultados semelhantes podem ser obtidos para o Reino Unido. A relação entre as estruturas de governança corporativa, o desenvolvimento do mercado de ações e o desempenho da economia também é fonte de controvérsia. Com base na evidência disponível, não é possível argumentar de forma definitiva pela superioridade da estrutura de governança corporativa baseada no mercado de ações versus aquela baseada no sistema bancário (MAYER, 1990), ou pela eficiência dos mecanismos de tomada de controle (take-overs) promovidos pelo mercado de ações (HUGHES E SINGH, 1987; JENSEN, 1988; WARSHWASKY, 1987; SINGH, 1992). Nem tampouco é possível argumentar que o desenvolvimento dos mercados financeiros internacionais, nos quais os investidores institucionais inclusive os fundos de pensão têm papel preponderante, tenha levado inequivocamente a melhorias de desempenho econômico (EATWELL, 1997). Então, em que pese ser possível argumentar que a existência de regimes de capitalização promove o desenvolvimento dos mercados financeiros, não há uma relação clara entre o crescimento desses mercados e a poupança agregada, o crescimento ou a eficiência econômica. A crise dos sistemas de previdência Dada a incerteza envolvendo o impacto dos diferentes regimes de aposentadoria sobre o desempenho da economia, o debate reduz-se à questão da eficiência relativa do sistema de repartição e do sistema de capitalização como formas de transferências intergeracionais, dado o desempenho da economia real. A crise dos sistemas de aposentadoria é normalmente associada ao regime público de repartição simples, sendo que a reação típica é propor a conversão para alguma versão do sistema de capitalização. Um importante estudo da OCDE argumenta: É claro que se o atual sistema público de pagamento de aposentadorias não for alterado, em diversos países esse regime acabará impondo custos significativos à sociedade no decorrer do próximo século, seja atra-

John Eatwell vés de impostos crescentes ou cortes de gastos, seja através de déficits primários crescentes acompanhados de uma dinâmica de endividamento explosiva (LEIBFRITZ, ROSEVEARE, FORE E WURZEL, 1995, parág. 50). Convém notar que, enquanto o nível de recursos destinados às aposentadorias permanecer constante, esse argumento aplica-se também aos regimes de capitalização. Ainda que em muitas instâncias os regimes de capitalização sejam significativamente menos eficientes que os regimes de repartição, eles têm a virtude política de reduzir o valor real das aposentadorias, adequando-os aos recursos disponíveis de forma automática, isto é, sem que haja a necessidade de uma decisão política explícita. Diante das crises dos sistemas de aposentadorias, os regimes de capitalização se apresentam como um instrumento para a redução na taxa de crescimento das aposentadorias per capita médias. Mas a equação (3) sugere que outras medidas podem ser tomadas no sentido de limitar a necessidade de se cortar o valor das aposentadorias. Assumindo que n seja dado, o lado esquerdo da equação (3) pode ser reduzido mediante um aumento na taxa de crescimento da população economicamente ativa, uma extensão do número de anos de contribuição, encorajando-se uma maior taxa de participação no mercado de trabalho, talvez possibilitando a entrada de um maior número de mulheres no mercado de trabalho, ou ainda importando mão-de-obra de locais onde esta é excedente. É importante também perseguir políticas que assegurem uma taxa de desemprego o mais baixa possível. No que diz respeito ao lado direito da equação (3), uma variedade de medidas poderia ser implementada para elevar r introduzindo-se incentivos à poupança ou associando-se impostos diretamente a futuros benefícios previdenciários. Passos também podem ser dados no sentido de aumentar a produtividade, y, incrementando-se a taxa de investimento ou melhorando-se a qualidade da mão-de-obra através de investimentos em educação e treinamento. Sem essas medidas, a única possibilidade que resta é um corte em p. Qualquer que seja o sistema de provisão de aposentadorias utilizado, sempre permanecerá a necessidade de se transferir um determinado montante de recursos reais da população economicamente ativa para os aposentados. Se o sistema previdenciário é regido pelo regime de capitali- 189

Anatomia da crise da Previdência 190 zação ou se esse está para ser implementado, medidas devem ser tomadas para reduzir os altos custos administrativos, a iniqüidade e os elevados riscos. Há também a necessidade de se implementar uma rede de seguridade social para os idosos carentes. A conversão para o regime de capitalização não pode ser usada como um instrumento para cortes velados das aposentadorias dos menos desfavorecidos. Se o sistema previdenciário é regido pelo regime de repartição, medidas devem ser adotadas para conscientizar a sociedade acerca da relação entre a cobrança de impostos e o pagamento de benefícios previdenciários, além de se providenciar um maior número de alternativas dentro do próprio sistema. Qualquer que seja o sistema, ou combinação de sistemas, adotado, suas características devem ser avaliadas à partir dos parâmetros definidos na equação (3). Referências bibliográficas BARR, N. The Economics of the Welfare State. 2. ed.. Oxford: Oxford University Press, 1993a.. Retirement pensions. In: Barr, N.; Whynes, D. (eds.) Current Issues in the Economics of Welfare. London: Macmillan, 1993b. EATWELL, J. International financial liberalisation: the impact on world development. New York: ODS Discussion Paper Series, n.12, UNDP, 1996. Also published (in English) in Estudios de Economía, 1997. FELDSTEIN, M. Social security, induced retirement and aggregate capital formation. Journal of Political Economy, 1974. HUGHES, A.; SINGH, A.. Takeovers and the stock market. Contributions to Political Economy, v.6, 1987. JENSEN, M.C. Takeovers: their causes and consequences. Journal of Economic Perspectives, 1988. LEIMER, D.R.; LESNOY, S.D. Social security and private saving: new time series evidence, Journal of Political Economy, 1982. LIEBFRITZ, W.; ROSEVEARE, D.; FORE, D.; WURZEL, E. Ageing Populations, Pension Schemes and Government Budgets: How do they affect saving? Paris: OECD Working Papers, v. III, n.68, 1995.

John Eatwell ROSA, J-J. (ed.) The World Crisis in Social Security. San Francisco: Institute for Contemporary Studies, 1982. SINGH, A. Corporate takeovers. In: NEWMAN, P.; MILGATE, M.; EATWELL, J. (eds.) The New Palgrave Dictionary of Money and Finance. London: Macmillan, 1992.. Pension reform, the stock market, capital formation and economic growth: a critical commentary on the World Bank s proposals. Cambridge: mimeo, 1995. WARSHAWSKY, M.J. Determinants of corporate merger activity: a review of the literature. Staff Study n.152. Washington, DC: Board of Governors of the Federal Reserve System, 1987. WORLD BANK. Averting the Old Age Crisis: Policies to Protect the Old and Promote Growth. New York: Oxford University Press, 1994. 191

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