CIMENTO *Fernando Antônio da Costa Roberto



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Transcrição:

*Fernando Antônio da Costa Roberto A palavra CIMENTO é originada do latim CAEMENTU, que designava na velha Roma, espécie de pedra natural de rochedos e não esquadrejada. A origem do cimento remonta a cerca de 4.500 anos. Os imponentes monumentos do Egito antigo já utilizavam uma liga constituída por uma mistura de gesso calcinado. As grandes obras gregas e romanas, como o Panteão e o Coliseu, foram construídas com o uso de terras de origem vulcânica da ilha grega de Santorino ou da cidade italiana de Pozzuoli, que possuem propriedades de endurecimento sob a ação da água. O grande passo seguinte no desenvolvimento do cimento foi dado, em 1756, pelo inglês John Smeaton, que consegue um produto de alta resistência por meio de calcinação de calcários moles e argilosos. Em 1818, o francês Vicat obtém resultados semelhantes aos de Smeaton, pela mistura de componentes argilosos e calcários. Ele é considerado o inventor do cimento artificial. Em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin queimou juntamente pedras calcárias e argila, transformando-as num pó fino. Percebeu que obtinha uma mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto as pedras empregadas nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento portland, que recebe esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland. No Brasil, a primeira tentativa de fabricação do cimento portland aconteceu em 1888, quando o comendador Antônio Proost Rodovalho instalou em sua fazenda na cidade de Santo Antônio, interior de São Paulo, uma pequena indústria. A Usina Rodovalho, operou de 1888 a 1904 e foi extinta definitivamente em 1918. O cimento é um aglomerante hidráulico resultante da mistura de calcário e argila, calcinada em fornos. As matérias primas utilizadas na fabricação de cimento devem conter Cálcio (Ca), Silício (Si), Alumínio (Al) e Ferro (Fe), pois são estes os elementos químicos que, combinados, vão produzir compostos hidráulicos ativos. Os materiais corretivos mais empregados na indústria do cimento são areia, bauxita e minério de ferro. A areia é utilizada quando ocorre deficiência em SiO 2 ; a mistura de óxidos de alumínio hidratados é utilizada quando ocorre deficiência em alumínio nas matérias primas; e o minério de ferro (geralmente hematita) é utilizada quando corre deficiência em ferro. Atualmente são fabricados no Brasil, cinco tipos de cimento portland : Portland Comum, Portland Composto, Portland de Alto Forno, Portland Pozolânico e Portland de Alta Resistência Inicial. O cimento Portland é o aglomerante hidráulico obtido pela pulverização do clinker portland, resultante da calcinação até fusão incipiente (20 a 30% de fase líquida) de uma mistura dosada de materiais calcários e argilosos sem adição posteriores de outras substâncias a não ser gipsita (sulfato de cálcio). A adição de gipsita, feita após a clinquerização (4% em média), tem a finalidade de regular o tempo de início da pega. A mistura para a fabricação deste clinker tem uma composição aproximada de 76% de calcário e 24% de rochas argilosas (argilas, xistos, ardósias, escórias de alto forno). Assim, chega-se a uma especificação média para os calcários destinados à fabricação de cimento. Eles devem ter mais de 75% de CaCO 3, menos de 3% de MgO e menos de 0,5% de P 2 O 5. Balanço Mineral Brasileiro 2001 1

O cimento aluminoso é o aluminato de cálcio resultante da fusão de uma mistura de calcário, coque e bauxita. Os cimentos aluminosos são mais resistentes à ação da água do mar. São tidos como especiais e sua composição é CaO (35 a 42%), Al 2 O 3 (38 a 40%), SiO 2 (3 a 11%) e Fe 2 O 3 (2 a 15%). O cimento pozolânico provém das pozolanas, que são substâncias que, mesmo quando são cimentosas, possuem constituintes que combinam com a cal hidratada, em temperatura normal e em presença de unidade para formar compostas insolúveis de poder cimentoso. As pozolanas podem ser naturais (tufos, cinzas vulcânicas, terras diatomáceas) ou artificiais (escórias de alto forno, argilas calcinadas, tijolos e telhas moídas). Estas, quando misturadas com cal hidratada ou com cimento portland são muito utilizadas em construções pois são resistentes ao calor e a agentes químicos. 1. RESERVAS As rochas calcárias ocorrem em todos os estados brasileiros e aparecem amplamente distribuídas através de toda a coluna geológica, sendo mais abundantes no Fanerozóico. De acordo com os dados do Anuário Mineral Brasileiro, edição 2000, as reservas em 1999 totalizavam 103,328 bilhões de toneladas, das quais 52,843 bilhões de toneladas representam as reservas medidas. As reservas medidas e indicadas representam 76,15% do total das reservas. As reservas estão distribuídas principalmente nos Estados do Mato Grosso do Sul (28,45%), Minas Gerais (15,32%), Espírito Santo (14,67%), Rio Grande do Norte (5,75%), São Paulo (5,43%), Ceará (5,18%), Paraná (4,76%), Mato Grosso (3,94%), Goiás (3,67%) e Bahia (3,41%). Os demais estados detêm apenas 9,42% das reservas. Somente nos Estados do Acre, Amapá e Roraima não se tem registro oficial de ocorrência de calcário. A taxa líquida de crescimento das reservas medidas, no período 1988 1999, foi de 2,39%; enquanto que a taxa real de crescimento das reservas no período foi de 3,34%. Os cinco principais grupos produtores de cimento (Votorantim, João Santos, Holdercim, Camargo Correia, Cimpor e Lafarge) detêm 47,92% do total das reservas medidas (25,32 bilhões de toneladas), 45,09% das reservas indicadas (11,654 bilhões de toneladas) e 37,79% das reservas inferidas (9,311 bilhões de toneladas). Isso representa 44,79% do total das reservas de calcário (46,285 bilhões de toneladas). Balanço Mineral Brasileiro 2001 2

Tabela 01 ANOS Evolução das Reservas de Calcário - 1988 1999 RESERVAS MEDIDA INDICADA INFERIDA TOTAL 1988 40.768 25.698 19.773 86.239 1989 41.344 24.814 18.640 84.798 1990 39.773 23.554 18.068 81.395 1991 39.596 23.770 17.673 81.039 1992 48.035 25.762 21.655 95.452 1993 48.957 26.765 21.931 97.653 1994 49.293 27.713 22.574 99.580 1995 49.299 27.681 22.351 99.331 1996 48.874 27.394 21.646 97.914 1997 49.673 26.680 21.423 97.776 1998 46.475 26.414 19.103 91.992 1999 52.843 25.843 24.641 103.327 Unidade: 10 6 x t Fonte: DNPM/DIRIN Gráfico 1 - Evolução das Reservas de Calcário - 1989-1999 120.000 100.000 Em Milhões de toneladas 80.000 60.000 40.000 20.000 0 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Fonte: DNPM/DIRIN MEDIDA MEDIDA + INDICADA TOTAL (MEDIDA + INDICADA + INFERIDA) Balanço Mineral Brasileiro 2001 3

2. PRODUÇÃO O Brasil ocupa a sexta posição na produção mundial de cimento, ficando atrás da China (33,49%), Estados Unidos (5,62%), Índia (5,60%), Japão (5,13%) e Coréia do Sul (3,54%). A região Sudeste concentra 54% da produção, seguida pelas regiões Nordeste (19%), Sul (15%), Centro-Oeste (9%) e Norte (3%). A produção na região Sudeste, em 2000, apresentou uma queda de 3% em relação a 1999, enquanto a produção no Nordeste cresceu 5%. O Brasil passou de 12º produtor mundial de cimento em 1970 (9.002.431 toneladas) para o 6º produtor mundial em 2000 (39.208.213 toneladas). Dispõe de um parque industrial de última geração e alto grau de desenvolvimento, comparável aos principais produtores mundiais. O cimento é produzido em 21 Unidades da Federação, destacando-se o Estado de Minas Gerais como o maior produtor nacional com 22,8%, seguido de São Paulo (19,7%), Paraná (9,7%), Rio de Janeiro (7,4%), Distrito federal (4,8%), Sergipe (4,8%), Rio Grande do Sul (4,5%) e os demais Estados com 39,21%. A produção de cimento, em 2000, foi de 39.208.213 toneladas, o que representa uma redução de 2,55% em relação ao ano de 1999. Os principais grupos responsáveis pela produção de cimento no Brasil são: Votorantim (41,87%), João Santos (11,42%), Cimpor (9,03%), Holdercim (8,93%), Camargo Correia (8,07%), seguidos pelos grupos Tupi (3,66%), Soeicom (2,96%), Itambé (2,21%), Ciplan (1,76%), Ribeirão Grande (1,70%) e Cibrex (0,05%). A indústria de cimento no Brasil apresenta um total de 69 plantas cimenteiras, sendo 52 fábricas em operação, 10 unidades de moagem e 07 fábricas paralisadas. Encontram-se em fase de implantação ou ampliação um total de 10 fábricas: Bahia (01), Pará (01), Minas Gerais (01), Piauí (01) e São Paulo (06). Existem 03 projetos em fase de viabilidade, sendo um na Bahia e dois em Santa Catarina. No Brasil existem duas fábricas para produção de cimento branco (Grupos Votoratim e Camargo Correia) que disputam um mercado de 60 mil toneladas anuais. No Brasil existem duas fábricas para produção de cimento branco (Grupos Votoratim e Camargo Correia) que disputam um mercado de 60 mil toneladas anuais. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento SNIC, cerca de 95% das instalações de uma fábrica de cimento são produzidas em território nacional por filiais dos grandes grupos industriais líderes desse setor. A capacidade instalada do País é de 50 milhões de toneladas, podendo chegar aos 60 milhões de toneladas caso se confirmarem investimentos em programas de expansão de instalações e construção de novas unidades. A previsão da indústria de cimento é de um investimento global de US$ 1,5 bilhão em novos projetos. O custo médio dos investimentos para implantação de fábricas de cimento situa-se entre US$ 150 e US$ 250 por tonelada de cimento. Balanço Mineral Brasileiro 2001 4

Tabela 02 ANOS Evolução da Produção de Cimento - 1988 2000 CIMENTO 1988 25.328.769 1989 25.920.012 1990 25.848.359 1991 27.490.090 1992 23.902.730 1993 24.842.915 1994 25.229.609 1995 28.256.304 1996 34.597.049 1997 38.096.043 1998 39.941.916 1990 40.233.915 2000 39.208.213 Unidade: t Fonte: DNPM/DIRIN; SNIC 3. COMÉRCIO EXTERIOR No período de 1988 2000, as exportações de cimento cresceram 276,7 %, passando de 49.314 toneladas para 185.754 toneladas, representando apenas 0,47% da produção nacional. Neste ano, as exportações se destinaram à Argentina (43,3%), Paraguai (40,2%), Venezuela (7,0 %), Bolívia (5,9%), Peru (2,3%) e Colômbia (1,3%). O Brasil importou uma quantidade relativamente baixa de cimento, no ano 2000, atingindo 157.296 toneladas, sendo 99,2% correspondeu a cimentos Portland comuns e 0,80% cimentos Portland brancos. As importações de cimentos Portland comuns procederam da Venezuela (99,2%) e México (0,80%). Os cimentos Portland brancos são provenientes do México (43,9%), Colômbia (20,9%), França 15,2%), Bélgica (10,4%), Dinamarca (9,4%) e Estados Unidos (0,2%). Embora o País possua capacidade instalada suficiente para atender a demanda interna, o produto importado apresentou vantagem competitiva face ao seu preço atrativo para os consumidores situados próximos a facilidades portuárias. Balanço Mineral Brasileiro 2001 5

Tabela 03 Comércio Exterior de Cimento - 1988-2000 ANOS EXPORTAÇÃO (A) Cimento (t) Valor IMPORTAÇÃO (B) Cimento (t) Valor Cimento (t) SALDO (A - B) Valor 1988 49.314 4.417.000 45.627 4.125.000 3.687 292.000 1989 64.899 6.307.000 64.270 5.179.000 619 1.128.000 1990 54.897 6.535.000 64.363 4.906.000 9.472 1.629.000 1991 50.148 5.658.000 12.334 2.646.000 37.814 3.012.000 1992 58.283 6.791.000 115.417 7.596.000 57.134 (805.000) 1993 124.144 8.386.000 113.717 7.486.000 10.427 900.000 1994 122.377 6.196.000 245.832 15.672.000 (123.455) (9.476.000) 1995 133.399 7.241.000 436.821 24.345.000 (303.422) (17.104.000) 1996 166.222 9.560.000 412.852 23.638.000 (246.630) (14.078.000) 1997 214.468 11.918.000 508.965 28.270.000 (294.497) (16.352.000) 1998 254.051 13.243.000 642.154 29.415.000 (388.103) (16.172.000) 1999 227.450 10.294.000 234.936 12.535.000 (7.486) (2.241.000) 2000 185.754 157.296 28.458 Fonte: DNPM/DIRIN; SNIC Gráfico 02 - Importação de Cimento Segundo Países - 2000 85% 0% 3% 1% 2% 2% 7% Venezuela México Colômbia França Bélgica Dinamarca Estados Unidos Fonte: DNPM/DIRIN; SNIC Balanço Mineral Brasileiro 2001 6

60 Gráfico 03 - Exportações de Cimento Segundo Países (%) - 1996-2000 50 40 30 20 10 0 1996 1997 1998 1999 2000 Fonte: DNPM/DIRIN; SNIC Argentina Paraguai Bolívia Venezuela Colômbia Peru 4. CONSUMO APARENTE A partir de 1994, o consumo aparente de cimento no Brasil apresentou um crescimento contínuo, passando de 25.046.375 toneladas (1994) para 39.179.754 toneladas (2000), representando um crescimento de 56,4 %, ou seja, 9,4% ao ano. Esse crescimento pode ser explicado pela demanda reprimida e pelo efeito distributivo da estabilidade econômica a partir de 1994, que permitiu ampliar a demanda principalmente na faixa da população de menor poder aquisitivo (construção e reformas de residências). O consumo aparente de cimento em 2000, registrou um decréscimo de 2,5% em relação ao ano anterior, passando de 40.199.698 toneladas para 39.179.754 toneladas. O período 1988 1994 teve um crescimento moderado com média de 2,5% ao ano, com exceção no ano de 1991, que apresentou uma queda de 11,8%. O período 1995 1997, teve um crescimento acentuado (12,6% em 1995, 22,5% em 1996 e 10,1% em 1997). No período 1998-1999, o consumo esteve estagnado e, em 2000, apresentou uma queda de 2,5%. A crise na construção civil foi a principal responsável pela queda de consumo em 1991. O consumo per capita no Brasil está na faixa de 267 kg / habitante, bem abaixo da Espanha (681 kg / hab.), Japão (626 kg / hab.), Itália (586 kg / hab.), Alemanha 9.419 kg / hab.), China (404 kg / hab.) e Estados Unidos (359 / hab.). O consumo setorial de cimento no Brasil privilegia o pequeno consumidor, também conhecido como mercado formiga. O consumo está distribuído entre revendedores (76,5%), concreteiras (11%), fibrocimento, pré moldados e artefatos (7,8%), construtores(4,5%) e outros (0,1%). O Gráfico 03 apresenta o perfil dos principais consumidores de cimento no Brasil e Estados Unidos. Observamos nos Estados Unidos a categoria revendedores é responsável por apenas 4% do consumo de cimento, enquanto as concreteiras são responsáveis por 70% do consumo. Balanço Mineral Brasileiro 2001 7

Tabela 04 ANOS Evolução do Consumo Aparente de Cimento - 1988 2000 CIMENTO Unidade: t Fonte: DNPM/DIRIN; SNIC 1988 25.327.328 1989 25.832.801 1990 25.980.057 1991 27.342.886 1992 24.103.135 1993 24.923.819 1994 25.319.644 1995 28.513.913 1996 34.924.715 1997 38.438.096 1998 40.142.306 1999 40.199.698 2000 39.179.754 Gráfico 04 - Consumo Setorial de Cimento - 2000 BRASIL EUA 76% 70% 0,1% 5% 8% 11% 4% 3% 11% 12% Revendedores Concreteiras Fibrocimento, pré-moldados, artefatos Construtores Outros Revendedores Concreteiras Fibrocimento, pré-moldados, artefatos Construtores Outros Fonte: DNPM/DIRIN; SNIC Balanço Mineral Brasileiro 2001 8

5. PREÇOS O preço do cimento nacional situa-se acima da média mundial. O preço médio por tonelada de cimento, em 2000, ficou em torno de US$ 103,79. Nos Estados Unidos o preço médio por tonelada de cimento situa-se em torno de US$ 77,50. A estrutura oligopolista formada pelas indústrias de cimento determina os altos preços praticados no mercado nacional, geralmente superiores aos praticados no exterior. Os insumos estratégicos para o setor de construção, fabricados por setores oligopolizados, tais como o cimento, tiveram altas acima da variação de 20,1 % do IGP- M. O preço do cimento, no ano 2000, teve um acréscimo de 33% em relação ao ano anterior. A explicação dada pelo setor é de que os preços permaneceram estabilizados durante um grande período do Plano Real e agora estão se recuperando. Por ser commodity, os custos de transporte atuam na definição do preço do cimento. O preço nas regiões importadoras de cimento é, portanto, mais elevado, situando-se acima do praticado nas regiões que dispõem de oferta adequada à sua demanda. Tabela 05 Evolução dos Preços do Cimento 1989-2000 ANO Corrente BRASIL Constantes* USA Constantes* 1988 38,61 56,83-1989 49,86 69,98-1990 51,84 69,05-1991 52,47 67,07 55,54 1992 79,99 99,05 54,61 1993 74,99 90,31 56,36 1994 111,01 130,28 61,88 1995 76,16 87,00 67,87 1996 60,97 67,62 71,19 1997 65,82 71,34 73,49 1998 77,56 82,32 76,46 1999 78,03 80,69 78,27 2000 103,79 103,79 77,50 Unidades Monetárias: US$ / t Fontes: Elaborado por DNPM/DIRIN * Valores deflacionados com base no IGP-DI USA (ano base 2000 = 100) Balanço Mineral Brasileiro 2001 9

Gráfico 05 - Evolução dos Preços Constantes de Cimento - 1988-2000 140 120 100 80 60 40 20 0 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Fonte: Elaborado por DNPM/DIRIN BRASIL EUA 6. BALANÇO PRODUÇÃO-CONSUMO Considerando que o comércio exterior é bastante insignificante, podemos afirmar que a produção nacional de cimento é toda consumida internamente, havendo, em 2000, um superávit de 28.459 toneladas. O consumo aparente de cimento, para o ano de 2010, foi projetado em 53,9 milhões de toneladas que, comparado com aquele verificado em 2000, de 39,18 milhões de toneladas, indica a necessidade de suprimento adicional de 14,72 milhões de toneladas para atender o aumento esperado do consumo. A produção de cimento, para 2010, foi projetada em 54,28 milhões de toneladas que, comparada com aquela verificada em 2000, de 39,21 milhões de toneladas, indica um crescimento de 15,07 milhões de toneladas, suficientes para atender o aumento esperado do consumo, em 2010. As reservas de calcário são abundantes, cerca de 103,29 bilhões de toneladas (52,84 bilhões medidas, 25,84 bilhões indicadas e 24,64 bilhões inferidas), não constituindo problema para atender à expansão projetada do consumo e também não justifica investimentos em pesquisa mineral. Considerando a produção, em 2010, de 54,28 milhões de toneladas, as reservas medidas (1999) serão suficientes para 974 anos. Sendo o consumo de energia elétrica muito grande na fabricação de cimento, a crise atual deverá interferir de sobremaneira para a consecução das metas indicadas. Tendo em vista a capacidade instalada atual em torno de 50 milhões de toneladas, serão necessários investimentos estimados em 1,25 bilhão de dólares para atender o consumo interno, em 2010, considerando que o custo médio dos investimentos para implantação de fábricas de cimento situa-se entre US$ 150 e US$ 250 por tonelada de cimento. O próprio sistema oligopolista da indústria do cimento deverá se tornar importante obstáculo na consecução das metas previstas. Balanço Mineral Brasileiro 2001 10

Gráfico 06 - Balanço Produção-Consumo de Cimento - 1988-2010 60.000 50.000 40.000 Em Mil toneladas 30.000 20.000 10.000 0-10.000 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: DNPM/DIRIN PRODUÇÃO CONSUMO SALDO Tabela 06 ANOS Balanço Produção Consumo de Cimento 1988-2010 Produção (A) Consumo (B) SALDO (A B) HISTÓRICO 1988 25.328.769 25.281.699 (47.070) 1989 25.920.012 25.768.469 (151.543) 1990 25.848.359 25.915.684 67.325 1991 27.490.090 27.334.649 (155.441) 1992 23.902.730 23.993.239 90.509 1993 24.842.915 24.810.611 (32.304) 1994 25.229.609 25.046.375 (183.234) 1995 28.256.304 28.062.593 (193.711) 1996 34.597.049 34.504.734 (92.315) 1997 38.096.043 37.920.746 (175.297) 1998 39.941.916 39.704.964 (236.952) 1999 40.233.915 40.044.780 (189.135) 2000 39.208.213 39.179.754 (28.459) PROJEÇÃO 2005 46.877.117 46.585.260 (291.857) 2010 54.237.352 53.899.670 (337.682) Unidade: t Fonte: ANEPAC Balanço Mineral Brasileiro 2001 11

7. APÊNDICE 7.1. BIBLIOGRAFIA AMBRÓSIO, Aluísio. Perfil analítico do cimento. B. DNPM, Rio de Janeiro, (30) : 170, 1974. Il. ANUÁRIO MINERAL BRASILEIRO. Brasília : Departamento Nacional de Produção Mineral, 1989 2000. AYRES, Mary Lessa Avim; DAEMON, Ilka Gonçalves; FERNANDES, Paulo Cesar Siruffo. A indústria do cimento. BNDES Setorial; Rio de Janeiro, (10) : 335 348, set., 1999. BALANÇO MINERAL BRASILEIRO. Brasília : Departamento Nacional de Produção Mineral, 1988. P. 82 86. BRASIL DEPARTAMENTO NACIONAL DA PRODUÇÃO MINERAL. Plano plurianual para o desenvolvimento do setor mineral. Coordenação geral de Elmer Prata Salomão, Luciano Freitas Borges, Marcos Antônio Cordeiro Maron e Paulo Ribeiro de Santana. Brasília : 1994. 146 p. BRASIL. MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Secretaria de Minas e Metalurgia. Atualização da base de dados e das projeções da demanda mineral e dos investimentos do Plano Plurianual de Desenvolvimento do Setor Mineral. In : Mineração no Brasil : previsão de demanda e necessidade de investimentos. Brasília : DNPM, 2000 (apresentação para o Seminário de Treinamento do Balanço Mineral do Departamento nacional de Produção Mineral DNPM). ECONOMIA mineral do Brasil. Coordenação : Frederico Lopes Meira Barboza e Alfredo C. Gurmendi. Brasília : DNPM, 1995. X, 280 p. il., mapas (DNPM. Estudos de Política e Economia Mineral, 8). INDÚSTRIA prepara-se para demanda de 55 milhões (Cimento I); previsão de investimento global de US$ 1,5 bilhão em novos projetos; Minérios & Minerales; São Paulo, (225) : 17 18. LAFARGE conquista a liderança mundial (Cimento II); estratégia de crescimento no Brasil pela atualização tecnológica permanente e o corpo a corpo no varejo. Minérios & Minerales; São Paulo (255), jan. / fev., 2001. SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DO CIMENTO. Relatório anual. Rio de Janeiro : 1999. 57 p. il. Tab. SUMÁRIO MINERAL. Brasília : Departamento Nacional de Produção Mineral, 1989 2000. UMA história concreta (cimento); Brasil vira o ano 2000 como sexto maior produtor mundial. Minérios & Minerales; São paulo, (242) : 14 19, set., 1999. Balanço Mineral Brasileiro 2001 12

7.2. METODOLOGIA DAS PROJEÇÕES As projeções foram feitas de acordo com informações colhidas de representantes das indústrias de cimento, órgãos governamentais ligados à construção civil e obras viárias (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, BNDES, etc.). *Geólogo do 10º Distrito do DNPM-CE Tel.: (85) 252-3806, Fax.: (85) 252-3289 E-mail: dnpmce@fortalnet.com.br Balanço Mineral Brasileiro 2001 13