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Transcrição:

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 2ª Câmara de Julgamento Número do Processo: 44232.224108/2014-41 Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL RIO DE JANEIRO-PRESIDENTE VARGAS Benefício: 31/607.336.032-4 Espécie: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Recorrido: DIEGO DA FONSECA COURE - Titular Capaz Assunto: INDEFERIMENTO Relator: ALEXANDRA ALVARES DE ALCANTARA Relatório Vêm os autos para apreciação do recurso especial interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, contra o Acórdão n 192/2015 (fls. 33/35)[1], proferido pela Egrégia 10ª JRPS que, por unanimidade, deu provimento ao pedido de Auxílio-Doença Previdenciário, formulado por DIEGO DA FONSECA COURE. Decidiu a instância a quo que o interessado comprova incapacidade laborativa embasado no atestado emitido pelo assistente médico do segurado, tendo fixado a DID Data de Início da Doença em 31.07.2014 (data do afastamento laboral na empresa CENTRO DE FORMAÇÃO DE CONDUTORES AUTO ESCOLA IRANI LTDA -ME), a DII - Data de Início da Incapacidade em 03.10.2014 (data do parecer médico da assistente médica do segurado) e a DCB Data de Cessação do Benefício em 31.01.2015. No recurso ordinário, o interessado alegou que não se encontra em condições de exercer as suas atividades laborativas, pois se encontra com comportamento alterado agressividade, intenso nervosismo, depressão e confusão mental fl. 04. O pedido foi indeferido por inexistência de incapacidade laborativa Foram apensado ao presente: Documentos pessoais fls. 06/07; Laudo médico da assistente médica, com receituário, atestado e exames médicos fls. 10/14. O Parecer Técnico Fundamentado em Perícia Médica (fls. 26/27), aponta: EXAME DE RECURSO REALIZADO NO MODULO DE REVISÃO ANALITICA NA PRESENÇA DO SEGURADO Segurado de 27 anos, instrutor pratico de autoescola há cerca de 4 anos, destro, 2º grau completo, DAT em 30,07,2014 HISTORICO"PACIENTE PORTADOR DE TRANSTOTNO OBCESSIVO COMPULSIVO ( F42 ) ACOMPANHADO DE RETARDO MENTAL ( F71 ) DE ORIGEM GENETICA, O QUE O IMPOSSIBILITA AO TRABALHO QUE EXERCE. PRESCRIÇÃO SEM DATA DE CARBAMAZEPINA 200 MG 1 CP/ NOITE E DE DONAREN 50 MGF 1 CP/ NOITE. LMA DE 050914 DRA CLAUDIA CECÍLIA DA S. REGO, QUE SERÁ ACAUTELADO PARA AVERIGUAÇÃO - EXAME DA TIPOLOGIA DE LETRA. EM ANEXO, FOTOCOPIA DE PEDIDO DE RM CRANIO DA MESMA MA, PORÉM COM TIPOLOGIA DE LETRA CONTÍNUA DIFERENTE. CAPACIDADE CIVIL PLENA."

NO MOMENTO: Informa nervosismo Apresenta laudo emitido por Dr Claudia Cecília Rego CRM:52495304, datado de 03.10.2014, informando tratamento neurológico por motivo de agressividade, ansiedade e depressão, informa que fez EEG que evidencia atividade sugestiva de especificidade e RNM no normal, em uso de Donaren 50 mg/noite e tegretol CR 200 mg1x. Apresenta laudo emitido por Mirtes de Lima CRP:10447, datado de 04.10.2014, informando cuidados profissionais LAUDO EEG sem assinatura no documento informado original, aspecto de "carbonado", informando EEG digital, analise quantitativa e mapeamento da atividade elétrica cerebral de vigilia anormal generalizada, moderados sinais de disfunção de estruturas subcorticais de sugestiva especifidade de projeção difusa ativadas pela hiperventilação pulmonar AO EXAME: Lucido, orientado, auto e alopsiquicamente, curso, forma e conteúdo do pensamento sem alterações Informa que é casado, reside em realengo e que não tem filhos, informa adequadamente e de pronto o endereço cadastrado no sistema SABI. Linguagem sem alterações, algo infantilizada, porém responde com agilidade o que lhe é perguntado. Asseado, vestes limpas, bom estado geral, uso de pulseira, relogio e aliança Normobúlico, eutímico Juízo critico preservado. Segurado de 27 anos, vínculos empregatícios prévios indicados no sistema SABI, sem relato de internações, EEG sem assinatura por médico ou carimbo, com rubrica "carbonada" Sem sinais de atividade de doença psiquiátrica no momento AO EXAME: Lucido, orientado, auto e alopsiquicamente, curso, forma e conteúdo do pensamento sem alterações Informa que é casado, reside em realengo e que não tem filhos, informa adequadamente e de pronto o endereço cadastrado no sistema SABI. Não apresenta documentos referentes a acautelamento de CNH ou documentos referentes a internações. Ciência da decisão da JRPS em 07.01.2015 (fl. 36) e interposto recurso na data de 19.01.2015 (fl. 45). Na manifestação do SST Serviço de Saúde do Trabalhador (fl. 44), indica: Requerente de 27 anos de idade, destro, com Ensino Médio completo, casado, sem filhos. Vinculado desde 03/01/2013 na função de Instrutor de Auto- Escola. Sem histórico de recebimento de benefícios previdenciários. Contribuições curtas e irregulares ao RGPS. Informou sintomas de nervosismo. As decisões periciais, unânimes, da não existência de incapacidade laborativa, estavam devidamente amparadas por elementos objetivos, pela história e pelos dados semiológicos das ocasiões das perícias. Comprovou regularidade em tratamento clínico ambulatorial com Neurologista para Transtorno Obsessivo Compulsivo e uso de doses submáximas de medicamentos próprios. Não comprovou internações por causas neurológicas, psiquiátricas ou psicossomáticas, não comprovou entradas intermitentes em serviços de emergências médicas por descompensação neuropsiquiátrica, não comprovou agravos ou agudizações neuropsiquiátricas. Não comprovou mudança terapêutica clínica, sugerindo quadro estabilizado. Assim concluímos, pela história natural da doença, histórico pessoal, histórico social, histórico médico, elementos apresentados, tipo de tratamento instituído, idade, escolaridade e experiência profissional, que não há subsídio técnico para retificar a unanimidade das decisões médicos periciais e mantemos o indeferimento do pleito do interessado. Nas razões de recurso, o INSS pleiteia a reforma da decisão da JRPS, aduzindo que os antecedentes médicos periciais não permitem concluir que houve incapacidade laborativa para ser concedido o Benefício fls. 47/48. Em contrarrazões, o interessado requer que seja mantida a decisão da JRPS por se encontrar realmente doente, impossibilitado de exercer sua atividade de trabalho, conforme laudos médicos, acompanhado de elementos médicos fls. 61/67. Foram acostados cópias da Ação Judicial nº 0170406-94.2014.4.02.5101, em trâmite perante a 25ª Vara Federal do Rio de Janeiro fls. 72/75. É o relatório. [1] Citação de folhas de acordo com o processo completo visualizador adobe PDF.

Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 24/07/2015 para sessão nº 0372/2015, de 04/08/2015. Voto Recurso tempestivo. EMENTA: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO. INGRESSO DE AÇÃO JUDICIAL COM OBJETO IDÊNTICO AO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 36 DA PORTARIA MINISTERIAL 548/2011. RECURSO DO INSS NÃO CONHECIDO O apelo do INSS não passa pelo crivo de admissibilidade, eis que o recorrido ingressou com Ação Judicial buscando o, possuindo o mesmo objeto do processo administrativo, configurada a renúncia tácita. A situação está expressamente prevista na Lei nº 8.213/91, no Decreto nº 3.048/99 e na Portaria Ministerial nº 548/2011: Lei 8.213/91 Art. 126. Das decisões do Instituto Nacional do Seguro Social-INSS nos processos de interesse dos beneficiários e dos contribuintes da Seguridade Social caberá recurso para o Conselho de Recursos da Previdência Social, conforme dispuser o Regulamento.... 3º A propositura, pelo beneficiário ou contribuinte, de ação que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual versa o processo administrativo importa renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto. Decreto 3048/99 Art. 307. A propositura pelo beneficiário de ação judicial que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual versa o processo administrativo importa renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto. Portaria Ministerial nº 548/2011 Art. 36. A propositura, pelo interessado, de ação judicial que tenha objeto idêntico ao pedido sobre o qual versa o processo administrativo importa em renúncia tácita ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto. Desse modo, o recorrido elegeu a via judicial para a discussão do pedido de Auxílio-Doença Previdenciário. Com o ingresso de ação judicial automaticamente está configurada a renúncia ao processo administrativo, posto que a decisão soberana e superior do Poder Judiciário é que determinará a concessão ou não do benefício requerido, assim, necessariamente se sobrepõe àquela proferida pelo Poder Executivo (Administrativa). Nesse contexto, para não coexistir duas decisões até mesmo antagônicas e reconhecendo a soberania e superioridade da decisão judicial, é legal a aplicação da Renúncia Tácita nos processos administrativos na hipótese de ingresso de ação judicial com o mesmo pedido. Assim, a renúncia tácita / perda do objeto administrativa não afronta o controle jurisdicional previsto no artigo 5º, XXXV da Carta Magna, ao contrário, reforça o princípio da inafastabilidade da apreciação, pelo Judiciário, de lesão ou ameaça a direito, o qual constitui um dos pilares do princípio da legalidade que norteia o Estado Democrático de Direito e assegura aos cidadãos o direito de verem suas pretensões submetidas ao crivo da autoridade judiciária, como medida garantidora da eficácia das leis e, consequentemente, da plena efetividade da ordem jurídica. Em consulta ao endereço eletrônico da Justiça Federal consta sentença judicial com o seguinte teor: Vistos etc.

Trata-se de ação de rito ordinário proposta por DIEGO DA FONSECA COURE, em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, objetivando, em síntese, a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença, a partir da data do requerimento administrativo (14/08/2014), com o pagamento dos valores atrasados devidamente corrigidos desde a referida data, bem como a condenação do Réu ao pagamento da importância de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), a título de indenização por danos morais. Alega o autor, em resumo, que encontra-se incapacitado para o exercício de sua atividade laborativa habitual, de Instrutor de AUTOESCOLA. ( ) No mérito, a improcedência se impõe. Mister analisar o contorno do benefício ora pugnado e que vem tratado no artigo 59 da Lei nº 8.213/91, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. O auxílio-doença consiste em uma renda mensal correspondente a 91% (noventa e um por cento) do salário de benefício e é devido ao segurado que ficar incapacitado para o trabalho ou para sua atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos. É devido ao segurado empregado a partir do décimo sexto dia do afastamento da atividade e aos demais segurados a contar do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. O benefício em tela cessa, portanto, quando a incapacidade cessar, quando o segurado for dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou quando, em sendo considerado não-recuperável, for aposentado por invalidez. Por meio do Laudo Pericial de fls. 35/38 e de sua complementação de fls. 100/101, o Perito atesta que o autor é portador de Transtorno Depressivo. Afirma o Perito que pela avaliação da história clínica do autor e da documentação médica analisada, em 14/08/2014 (data do requerimento administrativo do benefício de auxílio-doença), o mesmo não apresentava incapacidade para o trabalho em sua profissão. À fl. 100, o expert sustenta que os Laudos Médicos Neurológicos acrescentados aos autos (fls. 65 e 74), bem como o Laudo Psicológico constante à fl. 64, não trazem fatos novos ou de relevância clínica que objetem a conclusão pericial previamente exarada. O Perito é categórico ao afirmar que não vê situação que caracterize impedimento laborativo atual ou pregresso do autor. Verifico, portanto, da análise dos referidos laudos, submetido ao crivo do contraditório, que o autor não apresenta incapacidade laborativa. Assim sendo, não há suporte jurídico para a concessão do benefício de auxílio doença. ( ) Destarte, os pedidos da parte autora devem ser julgados improcedentes. DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS DO AUTOR, com fulcro no artigo 269, I, do Código de Processo Civil. Portanto, o recurso especial não é admitido face a perda do objeto. Conclusão: Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente, NÃO CONHECER DO RECURSO POR PERDA DO OBJETO, anulando-se o Acórdão nº 192/2015, proferido pela Egrégia 10ª JRPS.

ALEXANDRA ALVARES DE ALCANTARA Relator(a) Declaração de Voto Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). LORAINE PAGIOLI FALEIROS BECHARA Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores Declaração de Voto Presidente concorda com voto do relator(a). LIVIA VALERIA LINO GOMES Presidente Decisório Nº Acórdão: 2224 / 2015 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 2ª Câmara de Julgamento do CRPS, em ANULAR O ACÓRDÃO DA JUNTA DE RECURSOS E NÃO CONHECER DO RECURSO DO INSS, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) LORAINE PAGIOLI FALEIROS BECHARA. ALEXANDRA ALVARES DE ALCANTARA Relator(a) LIVIA VALERIA LINO GOMES Presidente