O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUA ESCRITA: FUNDAMENTADO EM EMILIA FERREIRO E ANA TEBEROSKY.



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Transcrição:

O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUA ESCRITA: FUNDAMENTADO EM EMILIA FERREIRO E ANA TEBEROSKY. Silvana da Silva Nogueira (FECLESC/UECE) Priscila Cavalcante Silva (FECLESC/UECE) Resumo O processo de aquisição da língua escrita pelas crianças tem sido bastante discutido pela educação. O objetivo desse estudo foi descrever o processo de aquisição da linguagem escrita a partir dos estudos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky. No aspecto metodológico optamos por uma pesquisa bibliográfica realizada por intermédio de uma revisão da literatura. Ferreiro e Teberosky definiram em quatro níveis de aprendizagem, são eles: pré-silábico; silábico; silábico alfabético; alfabético até o alcance no nível ortográfico. A partir de uma pesquisa desenvolvida no decorrer de dois anos e de um trabalho experimental com crianças entre quatro e seis anos de idade. Na proposta da psicogênese da língua escrita as autoras afirmam que a aquisição da língua escrita é um processo que se desenvolve ao longo da vida escolar da criança, e que este é continuo. A partir das leituras realizadas conclui-se que o processo de apropriação da escrita não acontece em um único momento, mas de forma gradativa, pois o individuo adquire concepções, constrói e reconstrói hipóteses, ou seja, passa por várias etapas até chegar à escrita. Palavras chaves Escrita, Crianças, Língua. Introdução Como diria Emília Ferreiro e Ana Teberosky, a escrita é uma forma de representar aquilo que é funcionalmente significativo, estabelecendo um sistema de regras próprias. Para se aprender a escrever o indivíduo necessita conhecer o sistema de regras da escrita e esse conhecimento acontece de forma gradual, e exige do sujeito uma reflexão a respeito das características gerais da escrita.

Emilia Ferreiro nasceu na Argentina em 1936. Doutorou-se na Universidade de Genebra, sob orientação do biólogo Jean Piaget, cujo trabalho de epistemologia genética (uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança) ela continuou estudando um campo que o mestre não havia explorado: a escrita. A partir de 1974, Emilia desenvolveu na Universidade de Buenos Aires uma série de experimentos com crianças que deu origem às conclusões apresentadas em seu livro, Psicogênese da Língua Escrita, assinado em parceria com a pedagoga espanhola Ana Teberosky e publicado em 1979. Emilia é hoje professora titular do Centro de Investigação e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional, da Cidade do México, onde mora. Além da atividade de professora - que exerce também viajando pelo mundo, incluindo frequentes visitas ao Brasil, Emilia Ferreiro se tornou uma espécie de referência para o ensino brasileiro e seu nome passou a ser ligado ao construtivismo, campo de estudo inaugurado pelas descobertas a que chegou o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) na investigação dos processos de aquisição e elaboração de conhecimento pela criança - ou seja, o modo que ela aprende. As pesquisas de Emilia Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos mecanismos cognitivos relacionados à leitura e à escrita. Ana Teberosky é uma das pesquisadoras mais respeitadas quando o tema é alfabetização. A Psicogênese da Língua Escrita, estudo desenvolvido por ela e por Emilia Ferreiro no final dos anos 1970, trouxe novos elementos para esclarecer o processo vivido pelo aluno que está aprendendo a ler e a escrever. A pesquisa tirou a alfabetização do âmbito exclusivo da pedagogia e a levou para a psicologia. "Mostramos que a aquisição das habilidades de leitura e escrita depende muito menos dos métodos utilizados do que da relação que a criança tem desde pequena com a cultura escrita", afirma. Para ela, os recursos tecnológicos da informática estão proporcionando novos aprendizados para quem inicia a escolarização, mas as práticas sociais, cada vez mais individualistas, não ajudam a formar uma comunidade alfabetizadora. Doutora em psicologia e docente do Departamento de Psicologia Evolutiva e da

Educação da Universidade de Barcelona, ela também atua no Instituto Municipal de Educação dessa cidade, desenvolvendo trabalhos em escolas públicas. A análise das duas autoras tem como desígnio explanar como acontece o procedimento através do qual a escrita se compõe em objeto de conhecimento para a criança, criando suas próprias regras. As investigações procuram evidenciar o papel que tem cada sujeito dentro do processo da elaboração individual da escrita, aonde a criança vai criando e testando as hipóteses de como se escreve as palavras. Níveis da escrita Através dos resultados obtidos por meio da pesquisa realizada por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky foram definidos cinco níveis de desenvolvimento da escrita a partir do momento em que o individuo compreende para que serve a escrita, ou seja, que ela tem uma utilidade. Só se sabe e consegue escrever quando possuímos o conhecimento sobre a função da escrita e quando percebemos que desenho não é a mesma coisa de escrita, porém é um avanço significativo, mas que existe uma diferença entre eles, embora em alguns momentos eles estejam acompanhados. A escrita é uma representação gráfica com significados. Os cinco níveis de escrita segundo a psicogênese da língua escrita são os seguintes: nível pré-silábico, silábico, silábico-alfabético, alfabético e ortográfico. Nível pré-silábico Neste nível a criança não estabelece relação entre a escrita e a fala (pronuncia), ela exerce sua escrita por meio de desenhos, rabiscos e letras utilizando-as aleatoriamente. As principais hipóteses desse nível são: já percebe a função social da escrita (diferenciando-a de desenhos), usa critério quantitativo. São necessárias muitas letras para escrever o nome de um objeto grande, e poucas letras para escrever o nome de um objeto ou coisa pequena, critério qualitativo (não se pode repetir letras), acreditase que só escrevem nomes de coisas, usam letras do próprio nome, cada palavra deve ter

três letras se não para ele não é nome são apenas letras, só eles sabem o que quiseram escrever. Nível Silábico A criança já começa a ter consciência de que existe uma relação entre fala e escrita, entre os aspectos gráficos e sonoros das palavras, tentam dar valor sonoro a letras e sinais para representar as palavras, para cada sílaba pronunciada o individuo escreve uma letra (uma letra para cada sílaba), ou para cada palavra numa frase dita. E nesse nível a criança ainda utiliza o critério quantitativo e qualitativo, apresentados no nível pré-silábico. Nível silábico-alfabético: Esse nível é uma transição do silábico para o alfabético. É uma escrita quase alfabética, onde a criança começa a escrever alfabeticamente algumas sílabas e para outras permanece silábico. Percebe primeiramente que a sílaba tem duas letras e posteriormente que existem sílabas com mais de duas letras, tem dificuldades em separar palavras quando escreve frase ou texto. É nesse nível em que alguns adultos usam o termo em que a criança estaria engolindo letras. Nível alfabético O aluno nesse nível já domina a relação existente entre letra- sílaba-som e as regularidades da língua. Faz relação sonora das palavras, escreve do jeito que fala, oculta letras quando mistura a hipótese alfabética e silábica, apresenta dificuldades e problemas ortográficos. Nível ortográfico Esse é um nível em que permanecemos em continua construção, aonde vamos adquirindo e dominando as irregularidades da língua no decorrer da vida. O que o aluno precisa saber em cada nível.

Para que o aluno passe de um nível a outro é necessário que o mesmo adquira algumas noções a partir de suas hipóteses. Nível pré-silábico: neste a criança precisa entender que a escrita é a representação da fala, escrever é diferente de desenhar, a escrita não é uma representação direta do objeto, o texto é construído por letras, uma mesma letra pode ser usada duas ou mais vezes em uma mesma palavra, não existe número mínimo ou máximo de letras para formar uma palavra, cada letra tem um valor sonoro, letra é diferente de número. Nesse nível as intervenções que o alfabetizador pode executar são as seguintes: realizar escrita espontânea, socialização das produções escritas, trabalhar o próprio nome e o dos colegas, jogos em que eles se deparem com figuras e palavras, análise do som das palavras, contato direto com variado material escrito, mostrar a função social da escrita por meio de situações reais de comunicação, explorar o que foi escrito pelos alunos, trabalhar com textos memorizados com leitura apontada e trabalhar a dificuldade de cada aluno. Nível silábico: a criança necessita e tem que perceber que a letra é a menor unidade da palavra, entender a vinculação sonora das palavras, fazer a relação entre fonema (som) e grafema (escrita), palavras diferentes se escrevem de maneira diferente, superar o critério usado de variedade de letras e numero mínimo de letras e de que uma letra pode se repetir numa palavra. Para isso o professor pode trabalhar a analise da constituição das palavras, reconhecimento dos sons das letras isoladas e posteriormente juntando para formar um todo, utilização de letras móveis, trabalhar com rimas para que eles entendam que existem sons iguais em palavras diferentes, estimular a observação da escrita dos próprios alunos onde eles mesmos confrontam suas escritas com a forma correta identificando seus acertos e erros leitura de textos mesmo que não saibam ler apoiando-se de inicio em memorização e na ilustração. Nível silábico-alfabético: o aluno necessita saber a relação de fonema x grafema, perceber que a silaba pode possuir duas, três ou mais letras, saber separar as palavras

quando escreve um texto e deve ter a preocupação ortográfica na escrita. O trabalho do educador pode ser de forma a propiciar a evolução do aluno oferecendo conflitos que o dirigirão ao nível seguinte, fazendo uso de jogos, cruzadinhas, remontarem textos através de tiras, leitura de textos e produções diversas, contar o numero de palavras de cada frase, montar textos a partir de palavras e montar palavras com letras móveis. Nível alfabético: a criança precisa perceber que a escrita é uma representação da fala, porem algumas palavras não podem ser escritas palavras da maneira que as pronunciamos,necessita que os mesmos leiam seus próprios escritos confrontando-os com a escrita convencional, e aperfeiçoem a grafia das palavras. Nesse nível o alfabetizador pode proporcionar que os alunos observem as normas convencionais da língua, propor situações em que os alunos ponham em jogo, para aprender o que ainda não sabem, e incentivar a leitura por parte dos alunos para que assim possam conhecer as regularidades e irregularidades da língua. Nível ortográfico: o aluno precisa entender que a língua possui suas irregularidades e que continuamente necessitamos de estar em busca de dominar cada vez mais essas irregularidades. O que o professor pode fazer é propor analises de textos literários, afim de que os alunos observem as normas da língua e criar assim situações que os desafiem a conhecerem as normas como, por exemplo, onde se usa letra maiúscula, minúscula, acentos, sinais de pontuação, que palavras escrevem com x e com ch, coesão e coerência de texto. Ficou explícito que o processo de apropriação da língua escrita formal se dar a partir da convivência da criança com o mundo letrado, mesmo que esse processo aconteça,a esse respeito Emilia Ferreiro afirma que: (...) as histórias ouvidas e contadas pelas crianças (devem ser escritas pelo professor), bem como as tentativas de escrever seus nomes ou bilhetes. Essas atividades assumem grande importância no processo, pois são geradoras de espaço para descoberta dos usos sociais da linguagem- a escrita. É importante colocar a criança em situações de aprendizagem, em que ela possa utilizar suas próprias elaborações sobre a linguagem, sem que se exija dela ainda o domínio das técnicas e convenções da norma culta. (BOCK, 2008, p/140)

Considerações finais Concluímos a partir desse estudo feito por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, que o processo para apropriação da escrita não acontece em um único passo, mas é de forma gradativa, onde o individuo vai adquirindo concepções, regras, normas, constrói e reconstrói hipóteses, ou seja, ele passa por várias reflexões ate chegar à complexidade da escrita. A partir disto, Emilia afirma que: A construção do conhecimento da leitura e da escrita tem uma lógica individual, embora aberta a interação social, na escola ou fora dela. No processo, a criança passa por etapas, com avanços e recuos, até se apossar do código lingüístico e dominá-lo. O tempo necessário para o aluno transpor cada uma das etapas é muito variável. Duas das conseqüências mais importantes do construtivismo para a prática de sala de aula são respeitar a evolução de cada criança e compreender que um desempenho mais vagaroso não significa que ela seja menos inteligente ou dedicada do que as demais. (REVISTA NOVA ESCOLA,p.77) Fica perceptível que toda e qualquer criança passa por esses cinco níveis até alcançar essa complexidade da escrita, e cada uma tem o seu próprio ritmo de transição de um nível a outro, o que deve ser atentado pelos alfabetizadores, pois um grande erro presente na educação é a falta de conhecimento por parte dos docentes, em que desconhecem que cada criança possui as suas próprias necessidades e dificuldades, e que deve ser levado em conta, já que nem todas aprendem com a mesma facilidade. É necessário conhecer para que assim se possa intervir pedagogicamente e da melhor forma possível á resolver o problema. E para intervir e ajudar faz-se necessário saber em que nível a criança se encontra, um dos métodos mais utilizados é o teste das quatro palavras e uma frase. Que consiste na escolha de quatro palavras do mesmo grupo semântico exemplo: brinquedos, alimento, animais, (apontador,borracha,lápis,giz) em seguida organize em ordem crescente de sílabas, logo após elabore uma frase simples com uma das palavras escolhidas; faça o teste de forma

individual, e peça que a criança escreva seu nome apenas ao final do teste, com crianças que estão no nível pré-silábico para que não repitam apenas as letras de seu nome dite as palavras sem induzir o som por exemplo : a-pon-ta-dor, apenas diga apontador e se a criança pedir pra repetir a palavra dite da mesma maneira. Tenha calma e procure manter a criança como se ela estivesse fazendo uma atividade qualquer, quando ela terminar de escrever peça para que leia a palavra indicando-a com o dedo aquilo que está lendo; quando a criança entregar o teste faça suas anotações no próprio teste assinalando e verificando cada atitude da mesma, isto facilitará o diagnostico. Assim o educador poderá saber como agir para que a alfabetização se torne menos complicada. Como diria Paulo Freire Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendemos nem ensinamos. Bibliografia: Ana Teberosky: Debater e opinar estimulam a leitura e a escrita; http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/debateropinar-estimulam-leitura-escrita-423497.shtml acesso em 24/05/2013; Educar para crescer. Emilia Ferreiro http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/emilia-ferreiro-306969.shtml acesso em 25/05/2013; Psicogênese da língua escrita, de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. http://letracao.wordpress.com/2009/12/25/psicogenese-da-lingua-escrita-de-emiliaferreiro-e-ana-teberosky/ acesso em 25/05/2013;

FERREIRO, Emília e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Art Med, 2008; BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 14ª edição. São Paulo: Saraiva 2008. Revista Nova escola. Grandes pensadores, edição especial.