*),4 "Pegazinito tip ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO GABINETE DO DES. NILO LUIS RAMALHO VIEIRA ACÓRDÃO NOTÍCIA CRIME N 999.2007.000045-31001 NOTICIANTE: Ministério Público Estadual NOTICIADO: Ramalho Alves Bezerra, Prefeito Constitucional do Município de São Sebastião de Lagoa de Roça ADVOGADO: João Gonçalves Aguiar NOTÍCIA CRIME Crimes capitulados nos arts. 1, incisos II, XI e XIV (três vezes) do Decreto-Lei 201/67, c/c art. 90 e 97 da Lei n 8.666/93 e combinado com o art. 69 (concurso material) do CPB Prefeito Municipal Indícios suficientes de autoria e materialidade Denúncia apta Recebimento Manutenção do Prefeito Municipal no exercício do cargo Ausência de prejuízo ao andamento da atividade Municipal. Na fase de recebimento da denúncia, há que se verificar se a peça inicial apresenta os elementos constantes do art. 41 do CPP, permitindo-se, assim, que a parte adversa possa exercer seu direito à ampla defesa e ao contraditório. Estando a denúncia embasada em documentos que indicam a suposta prática de crimes de responsabilidade e estelionato, e descrevendo os fatos de forma clara que permite o exercício amplo do direito de defesa, e ainda, não contendo vícios que a inviabilize (CPP, art. 43), deve ser ela recebida nos termos do art. 41 do Código de Processo Penal. É de se manter o acusado no exercício do cargo de Prefeito Municipal, durante a instrução criminal, quando não se vislumbra (6 _ ) -
e qualquer influência negativa ou prejuízo ao andamento regular da atividade municipal. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Notícia crime, acima identificado: Acorda o Tribunal Pleno, à unanimidade, em receber a denúncia, sem o afastamento do prefeito, por unanimidade, nos termos do voto do Relator. Relatório 411 A Douta Procuradoria de Justiça denunciou Ramalho Alves Bezerra, Prefeito Municipal de São Sebastião de Lagoa de Roça, pela suposta prática dos crimes capitulados nos arts. 1, incisos II, XI e XIV (três vezes) do Decreto-Lei 201/67, c/c art. 90 e 97 da Lei n 8.666/93 e combinado com o art. 69 (concurso material) do CPB, quando de sua gestão no exercício financeiro de 2002, em virtude dos seguintes fatos: a) Celebração de três Contratos Administrativos tendo por objeto a realização de obras, sendo o primeiro no valor de R$ 87.232, 86 (oitenta e sete mil, duzentos e trinta e dois reais e oitenta e seis centavos, tendo como integrante no pólo passivo da relação contratual a Construtora Esplanada, que não está inscrita no cadastro d contribuintes do ICMS, posto que seu CNPJ era de outra firma já cancelada, e de outra atividade econômica, estando, dessa maneira, em situação irregular com o fisco Estadual; o segundo contrato administrativo, por seu turno, foi ajustado no valor de R$ 76.005,54 (setenta e seis mil, cinco reais e cinqüenta e quatro centavos), tendo como contratada a Construtora Concreto, que também encontra-se em situação irregular com Fisco Estadual e cujo endereço é ficto; o terceiro contrato, por sua vez, foi celebrado com a HBM Construções Ltda, tendo sido encontradas as mesmas falhas dos dois primeiros, sendo que o total das despesas com estas contratações chegaram ao valor de R$ 169.338,40 (cento e sessenta e nove mil, trezentos e trinta e oito reais e quarenta centavos); b) Não comprovação de despesas realizadas no valor de R$ 75.132,00 (setenta e cinco mil e cento e trinta e dois reais), referente ao aluguel carros, junto a vários credores, tendo sido constatado, em consulta ao DETRAN, que os veículos locados à Prefeitura são de propriedade de pessoa estranha a que consta na nota de empenho, tendo ainda sido verificado que alguns CPF's informados nas notas de empenho, estão incorretos ou cancelados, não sendo possível verificar a regularidade de tais pessoas junto à Receita Federal;
c) irregularidades no tocante a despesas não comprovadas de aluguel de carros, no valor de R$ 40.416,00 (quarenta mil e quatrocentos e dezesseis reais); d) Não realização de licitações públicas, em cerca de 4,68% da despesa total e 15,86% da licitável, no montante de R$ 184.920,65 (cento e oitenta e quatro mil, novecentos e vinte reais e sessenta e cinco centavos); e) Realização de despesas com pavimentação de ruas, totalizando R$ 304.276,58 (trezentos e quatro mil, duzentos e setenta e seis reais e cinqüenta e oito centavos), utilizando-se inadequadamente, de quatro processos de licitação na modalidade convite, quando, na hipótese, caberia a modalidade tomada de preços; f) Realização de despesa com pessoal do Poder Executivo correspondente a 64,77% da Receita Corrente Líquida. 111 g) Aplicação de apenas 8,84% das receitas de impostos e transferências em ações e serviços públicos de saúde; h) Realização de despesas empenhadas/pagas a título das Obrigações patronais no valor total de R$ 98.135,79 (noventa e oito mil, cento e trinta e cinco reais e setenta e nove centavos), correspondente a 10,31% do total das despesas com folha de pessoal que foram empenhadas e pagas no exercício, no montante de R$ 1.922.479,04 (um milhão, novecentos e vinte e dois mil, quatrocentos e setenta e nove reais e quatro centavos), estando abaixo do valor devido, que deveria ser de 21% sobre a folha de pagamento, conforme a Lei 8.213/91. Consta ainda na denúncia que em virtude das condutas injurídicas acima citadas foi aplicada multa pessoal no valor de R$ 2.534,15 (dois mil, quinhentos e trinta e quatro reais e quinze centavos), nos 0110 termos do artigo 56, inciso II da LOTCE, em decorrência de grave infração a preceitos e disposições constitucionais e legais. Na defesa preambular, o noticiado inicialmente ressalta que a peça vestibular de acusação pautou-se no primitivo relatório da Auditoria do Pretório do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, antes da apresentação da defesa e/ou justificativas a respeito das pretensas irregularidades, em seguida rebate cada item da acusação ministerial. Ao final, pede o não recebimento da denúncia, ante a inexistência de crime (fls. 147/170). 178/185). Houve impugnação à defesa preambular (fls. É o relatório. Decido.
., Voto Des. Nilo Luis Ramalho Vieira. Na fase de recebimento da denúncia, há que se verificar se a peça inicial apresenta os elementos constantes do art. 41 do CPP, permitindo-se, assim, que a parte adversa possa exercer seu direito à ampla defesa e ao contraditório. Os presentes autos noticiam a suposta prática de crimes praticados pelo noticiado, no exercício financeiro de 2002, à frente do Poder Executivo do município de São Sebastião de Lagoa de Roça. Os fatos imputados ao noticiado são claros, e os documentos que os noticiam contêm indícios consistentes da prática dos crimes capitulados na Denúncia. Nessa fase processual, prevalece sempre o in dubio pro societate, deixando-se ao Ministério Público oportunidade de robustecer suas provas até o julgamento definitivo. Não se permite, também, exame aprofundado, crítico ou comparativo, de prova produzida, sob riscos de prejulgamento. Desta forma, estando a denúncia embasada em documentos que indicam a suposta prática dos delitos capitulados nos arts. 1, incisos II, XI e XIV (três vezes) do Decreto-Lei 201/67, c/c art. 90 e 97 da Lei n 8.666/93 e combinado com o art. 69 (concurso material) do CPB, e descrevendo os fatos de forma clara que permite o exercício amplo do direito de defesa, não contendo vícios que a inviabilize (CPP, art. 43), e considerando ainda, que o notificado não conseguiu, em sua defesa preambular demonstrar, prima facie, a improcedência das acusações que lhe são atribuídas, é de receber a exordial, nos termos do art. 41 do Código de Processo Penal, com a conseqüente instauração da ação penal. Pelo que, recebo a denúncia. Mantenho o acusado no exercício do cargo de Prefeito Municipal, durante a instrução criminal, posto que entendo que não haverá nenhuma influência negativa ou prejuízo ao andamento regular da atividade municipal, bem como do processo, sendo, desta forma, desnecessário o decreto de prisão preventiva do acusado. Atendendo à requerimento da Procuradoria Geral de Justiça constante na Denúncia, determino a remessa de cópias dos presentes autos à Promotoria de Justiça que exerce suas atribuições junto à Comarca em que é Termo Judiciário o Município de São Sebastião de Lagoa de Roça, para, no exercício de sua competência e reputando pertinente e relevante, proceder à análise dos indícios de cometimento de atos de improbidade administrativa estatuídos na Lei n 8.429, bem como à Procuradoria da República na Paraíba, para a análise das questões
atinentes ao não recolhimento ao INSS das obrigações previdenciárias de empregados e empregador, identificado no julgamento das contas públicas. É como voto. Decisão. Recebeu-se a denúncia, sem o afastamento do prefeito, por unanimidade, nos termos do voto do Relator. Impedido o Ds. Márcio Murilo da Cunha Ramos. Fez uso da palavra, em nome do Ministério Público Estadual, o Exmo. Sr. Dr. Paulo Barbosa de Almeida. Fez sustentação oral, na defesa do denunciado, o Bel. João Gonçalves de Aguiar. Presidiu o julgamento o Excelentíssimo Senhor Desembargador Genésio Gomes Pereira Filho, Vice-Presidente, na eventual ausência do Excelentíssimo Senhor Desembargador Antônio de Pádua Lima Montenegro, Presidente. Relator: Excelentíssimo Senhor Desembargador Nilo Luis Ramalho Vieira. Participaram ainda do julgamento os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Leôncio Teixeira Câmara, Eslu Eloy Filho (Juiz convocado até o preenchimento da vaga de Desembargador), José Martinho Lisboa, Maria das Neves do Egito Araújo Duda Ferreira (Juíza convocada para integrar a Corte, tendo em vista o afastamento do Des. Marcos Antônio Souto Maior), Francisco Francinaldo Tavares (Juiz convocado para substituir o Des. Luiz Silvio Ramalho Júnior), Abraham Lincoln da Cunha Ramos, Jorge Ribeiro da Nábrega, Júlio Paulo Neto (Corregedor Geral de Justiça), Manoel Soares Monteiro, Carlos Neves da Franca Neto (Juiz convocado para substituir o Exmo. Sr. Des. Manoel Paulino da Luz), Saulo Henriques de Sá e Benevides e Marcos Cavalcanti de Albuquerque. Impedido o Exmo. Sr. Márcio Murilo da Cunha Ramos. Averbou suspeição a Exma. Sra. Desa. Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti. Ausentes, justificadamente, os Exmos. Srs. Desembargadores Antônio Carlos Coelho da Franca e Miguel de Britto Lyra Filho (Juiz convocado para substituir o Exmo. Sr. Des. José Di Lorenzo Serpa). Presente à sessão o Excelentíssimo Sr. Dr. Paulo Barbosa de Almeida, Procurador Geral de Justiça em exercício. Tribunal Pleno, Sala das Sessões "Des. Manoel Fonsêca Xavier de Andrade" do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa, 20 de junho de 2007 (data do julgamento). João Pessoa, 22 de junho de 2007.. 1,, Desembagador Relator
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