TEORIA GERAL DOS SISTEMAS



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Transcrição:

TEORIA GERAL DOS SISTEMAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS Existe uma relação entre todos os elementos e constituintes da sociedade. Os fatores essenciais dos problemas públicos, das questões e programas a adotar devem sempre ser considerados e avaliados como componentes interdependentes de um sistema total. De uma maneira ou de outra, somos forçados a tratar com complexos, com totalidades ou sistemas em todos os campos de conhecimento. Isto implica uma fundamental reorientação do pensamento científico. Nos últimos anos, o triunfo da biologia molecular, o fracionamento do código genético, as consecutivas realizações na genética, na evolução, na medicina, fisiologia celular e muitos outros campos tornaram-se conhecimento comum. Não há como negar que existe uma relação entre as diversas áreas do conhecimento. A Teoria Geral dos Sistemas foi elaborada, em 1937, por Ludwig Von Bertalanffy, para preencher uma lacuna na pesquisa e na teoria da Biologia. Os seus primeiros enunciados são de 1925 e ela é amplamente reconhecida na administração da década de 60. Na teoria geral dos sistemas a ênfase é dada à inter-relação e interpendência entre os componentes que formam um sistema que é visto como uma totalidade integrada, sendo impossível estudar seus elementos isoladamente. É disso que trata os conceitos de transação e globalidade, o primeiro se refere à interação simultânea e interdependente entre os componentes de um sistema e o segundo diz que um sistema constitui um todo técnico, dessa forma, qualquer mudança em uma das partes afetará todo o conjunto. Buscava-se uma teoria que fosse comum a todos os ramos da ciência e se pesquisavam os denominadores comuns para o estudo e abordagem dos sistemas vivos. Esta foi uma percepção de diversos cientistas, que entenderam que certos princípios e conclusões eram válidos e aplicáveis a diferentes setores do conhecimento humano. CONCEITO Sistema é um todo organizado ou complexo, um conjunto ou combinação de coisas ou partes formando um todo complexo ou unitário. Um sistema é um conjunto de objetos unidos por alguma forma de interação ou interdependência. Qualquer conjunto de partes unidas entre si pode ser considerado um sistema, desde que a relação entre as partes e o comportamento de todo seja o foco da atenção. Define-se SISTEMA como um conjunto de partes diferenciadas em inter-relação umas com as outras, formando um todo organizado que possui uma finalidade, um objetivo constante. Um sistema é uma totalidade integrada, o que implica que a compreensão da sua natureza e de seu funcionamento não pode ser alcançada pela simples análise das partes que o compõem (as propriedades sistêmicas são destruídas quando um sistema é dissecado física ou teoricamente em elementos isolados). Portanto, a abordagem sistêmica enfatiza princípios básicos de organização ao invés de se concentrar nos elementos ou substâncias básicas. Portanto, um conjunto de partículas que se atraem mutuamente (como o sistema solar), um grupo de pessoas em uma organização, uma rede industrial, circuito elétrico, um computador ou um ser vivo podem ser visualizados como sistemas. Realmente, é difícil dizer onde começa e onde termina determinado sistema. Os limites (fronteiras) entre o sistema e seu ambiente admitem certa arbitrariedade. O próprio universo parece estar formado de múltiplos sistemas que se interpretam. É possível passar de um sistema para outro que o abrange, como também passar para uma versão menor e nele contida.

Da definição de Bertalanffy, segundo a qual o sistema é um conjunto de unidades reciprocamente relacionadas, decorrem dois conceitos: o de propósito (ou objeto) e o de globalismo (ou totalidade). Esses dois conceitos retratam duas características básicas em um sistema. Um sistema é: Um conjunto de elementos Dinamicamente relacionados Formando uma atividade Para atingir um objetivo Operando sobre dados / energia / matéria Para fornecer informação / energia / matéria CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS a) Sistema determinístico simples: é aquele que possui poucos componentes e interrelações e que revelam comportamento dinâmico completamente previsível. É o caso de jogo de bilhar que, quando adequadamente definido, é u sistema de geometria dinâmica muito simples (enquanto abstrato). Quando real, o jogo de bilhar torna-se probabilístico; b) Sistema determinístico complexo: é o caso do computador eletrônico. Se o seu comportamento não for totalmente previsível, ele estará funcionando mal. c) Sistema determinístico excessivamente complexo: esta categoria está vazia, pois não existe nenhum sistema que possa enquadrar-se nela; d) Sistema probabilístico simples: é um sistema simples, mas imprevisível, como jogar-se uma moeda. O controle estatístico de qualidade é um sistema probabilístico simples; e) Sistema probabilístico complexo: é um sistema probabilístico que, embora complexo, pode ser descrito. O estoque é um exemplo. O conceito de lucratividade na indústria é outro. f) Sistema probabilístico excessivamente complexo: é um sistema tão complicado que não pode ser totalmente descrito. É o caso do cérebro humano ou da economia nacional. O melhor exemplo de um sistema industrial dessa categoria é a própria empresa. HIERARQUIA DOS SISTEMAS Diferenciação e Complexibilidade Uma organização burocrática dará uma resposta uniforme a qualquer perturbação organizacional. A qualquer acontecimento que perturbe o fluxo de informação entre o sistema e o meio ambiente, ela responderá através de um feedback negativo. Para proteger seu equilíbrio diante dos protestos dos usuários, por exemplo, produzirá uma nova regulamentação. Uma outra organização tratará a perturbação organizacional e criará uma diferenciação: um serviço especial para tratar dos problemas de reclamações, o

sistema reagirá então através de uma diferenciação de suas respostas e pela criação de variedade em seu seio. Quanto mais complexo um sistema se tornar, maior número admitirá de subsistemas que podem ser autônomos ou hierarquizados, mas a finalidade global e a coerência permanecem as mesmas. A identidade do sistema permanece a mesma. Por exemplo, uma sociedade pode diferenciar-se pela maior difusão de cultura, das informações, mas as relações dentro do sistema continuarão a ser idênticas. Há criação de diferenciação e complexibilidade, mas conexões entre os diversos subgrupos correspondem à lógica inicial do sistema. A partir dessas noções gerais sobre os sistemas, é possível, como fez a escola de Pato Alto, pensar nas relações dentro de um grupo, segundo as regras dos sistemas. Assim, numa família, o comportamento de cada um dos membros está ligado ao comportamento de todos os outros. Todo comportamento se dá em comunicação. Influencia os outros e é por eles influenciado. O grupo familiar pode, então, ser assimilado a um conjunto que funcione como uma tonalidade e no qual as particularidades dos membros não bastam para explicar o comportamento do conjunto familiar. Nesse sentido, Jackson mostra a importância da complementaridade dos comportamentos no grupo familiar: por exemplo, o estado de um membro da família considerado doente não pode destacar-se do contexto familiar. Qualquer agravação ou qualquer melhora no seu estado acarreta reações na saúde dos outros membros da família. Se um terapeuta trouxer um alívio para os males explicitamente formulados por esse doente, os outros membros reagirão através de uma crise: a criança recupera o seu equilíbrio, mas na mãe aparecem perturbações psicológicas. Se a mulher recobra a saúde, é o marido que apresentará perturbações. Aqui é o sintoma que desempenha um papel de equilíbrio na estrutura do grupo familiar. Qualquer intervenção externa nada mais pode fazer além de alimentar o sintoma, pois o grupo familiar filtra as informações para confortar-se na doença e preservar seu equilíbrio. Existe aí uma regulação homeostática. Um feedback negativo produz uma reação do grupo. Há uma recusa de qualquer informação que ponha em jogo o equilíbrio do sistema. O grupo familiar assemelha-se a um sistema fechado no qual as relações tendem a uma uniformização e à repetição dos comportamentos patológicos. Todos os membros do grupo recusam-se a evoluir e se mantém num estado patológico, que corresponde a uma certa ordem no que se refere ao conjunto familiar. É assim que as famílias perturbadas se mostram particularmente refratárias à mudança. Somente uma compreensão do equilíbrio familiar e de sua finalidade pode trazer modificações. A psicoterapia individual, a ação sobre um dos membros é insuficiente, pois um sintoma desempenha um papel equilibrador no conjunto do grupo familiar. Uma família funciona como um sistema aberto quando aceita trocas com o exterior, quando os papéis dentro do grupo são diferenciados, quando ela admite uma diversidade de repostas ao meio ambiente. Apresenta então regulações homeostáticas (feedback negativo) mas também é capaz de aprendizagem: reintroduzindo desvios, os feedbacks positivos levam à busca (por ensaio-e-erro) de novos equilíbrios. Assim, as mudanças internas (envelhecimento, maturidade dos filhos) e as mudanças externas (modificações do meio ambiente) não introduzem um reforço de sintomas (infantilização, superproteção dos filhos), mas são integradas num novo equilíbrio no qual os elementos do sistema conservam sua autonomia e suas relações com o conjunto. Seria possível repetir essas análises para outros grupos sociais e mostrar assim que as comunicações são regidas pelas propriedades dos sistemas gerais: inter-relações dos elementos do sistema, finalidade do sistema, equilíbrio e organização, regulação (feedback positivo ou negativo), diferenciação e complexibilidade. Todas essas noções podem ajudar

a compreender os grandes princípios de organização e a analisá-los segundo modelos que são permanentes no mundo vivo. Os sistemas são hierárquicos ou piramidais, isto é, são constituídos de sistemas ou de subsistemas relacionados entre si por um processo ou padrão de interação. O próprio universo é um sistema constituído por uma infinidade de sistema se subsistemas intimamente relacionados entre si. Kenneth Boulding propõe uma hierarquia de sistemas, de acordo com sua complexidade, em nove diferentes níveis de sistemas: 1. Nível dos sistemas estáticos (frameworks), compostos de estruturas e armações. É o nível mais estudado e o que tem maior número de descrições. Ex.: o universo, o sistema solar; 2. Nível dos sistemas dinâmicos simples (clock-works), compostos de movimentos predeterminados e variáveis como os mecanismos de relojoaria, as alavancas, roldanas etc. São os sistemas preditíveis por natureza, próprios das ciências naturais clássicas como a Física, a Química etc.; 3. Nível dos sistemas cibernéticos simples ou mecanismos de controle. É o caso do termostato, no qual o sistema mantém o seu equilíbrio por auto regulação, dentro dos limites estabelecidos. Este nível recebeu muita atenção ultimamente, porém carece ainda de modelos teóricos adequados; 4. Nível dos sistemas abertos, de existência autônoma e auto-regulável. Neste nível começa a diferenciação entre a vida e a não-vida, entre o orgânico e o não-orgânico. É o nível da célula, dos sistemas de circuito aberto com estruturas autônomas e capacidade de reprodução. Rios e chama de fogo são sistemas abertos extremamente simples; 5. Nível genético-societário, da vida vegetal e que integra o mundo da botânica. Aqui ocorre uma divisão de trabalho entre as células formadoras das sociedades de raízes, folhas, sementes, etc. Seu protótipo é a planta; 6. Nível do sistema animal, que se caracteriza pelo aumento da mobilidade e comportamento teleológico. Os órgãos sensoriais captam informações através de receptores (olhos, ouvidos, etc.) e desenvolve-se o sistema nervoso, permitindo ao cérebro organizar as informações tendo em vista a mobilidade e o comportamento; 7. Nível humano, ou seja, a criatura humana, considerada como um sistema que possui consciência de si mesma e capacidade de utilizar linguagem e simbolismo na sua comunicação. O homem possui a qualidade auto-reflexiva, inteligência, memória altamente desenvolvida, capacidade de falar, de absorver e interpretar símbolos e de armazenar conhecimentos; 8. Nível do sistema social, isto é, o sistema da organização humana. A unidade, neste caso, não é o indivíduo, mas o papel por ele desempenhado: aquela parte do indivíduo relacionada com a organização ou com a situação em questão. As organizações sociais são conjuntos de papéis enfeixados em sistema pelos seus respectivos canais de comunicação; 9. Nível dos sistemas transcendentais: que completa a classificação dos níveis de sistemas. São os sistemas superiores, absolutos, inevitáveis, mas ignorados ou conhecidos apenas parcialmente em face da sua excessiva complexidade, e que também obedecem a uma estrutura sistemática lógica. PREMISSAS BÁSICAS

A TGS fundamenta-se em três premissas básicas, a saber: a) Os sistemas existem dentro de sistemas. As moléculas existem dentro das células, as células dentro dos tecidos, os tecidos dentro dos órgãos, os órgãos dentro dos organismos, os organismos dentro de colônias, as colônias dentro de culturas nutrientes, as culturas nutrientes dentro de conjuntos maiores de culturas, e assim por diante. b) Os sistemas são abertos. É uma decorrência da premissa anterior. Cada sistema que se examine, exceto o menor ou o maior, recebe e descarregam algo aos outros sistemas, geralmente aqueles que lhe são contíguos. Os sistemas abertos são caracterizados por um processo de intercâmbio infinito com seu ambiente, que são os outros sistemas. Apesar das modificações que sofre em função dessas trocas, um sistema aberto mantém sua identidade e coerência (seus componentes podem mudar ou ser substituídos, mas a estrutura global do sistema permanece idêntica). É graças a essas trocas que um sistema aberto permanece vivo, em um equilíbrio dinâmico. Quando o intercâmbio cessa, o sistema se desintegra, isto é, perde suas fontes de energia. c) As funções de um sistema dependem de sua estrutura. Para os sistemas biológicos e mecânicos esta afirmação é intuitiva. Os tecidos musculares, por exemplo, se contraem porque são constituídos de uma estrutura celular que permite contrações. CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS Há uma grande variedade de sistemas e uma ampla gama de tipologias para classificá-los, de acordo com certas características básicas: a) Quanto à sua constituição, os sistemas podem ser físicos ou abstratos: Sistemas físicos ou concretos, quando compostos de equipamentos, de maquinaria e de objetos e coisas reais. São denominados hardware. Podem ser descritos em termos quantitativos de desempenho; Sistemas abstratos ou conceituais, quando compostos de conceitos, planos, hipóteses e idéias. Aqui, os símbolos representam atributos e objetos, que muitas vezes só existem no pensamento das pessoas. São denominados software. Na realidade, há uma complementaridade entre sistemas físicos e abstratos: os sistemas físicos (como as máquinas, por exemplo) precisam de um sistema abstrato (programação) para poderem funcionar e desempenhar suas funções. A recíproca também é verdadeira: os sistemas abstratos somente se realizam quando aplicados a algum sistema físico. Hardware e software se completam. Quase sempre sistema físico (hardware) opera em concordância com o sistema abstrato (software). É o exemplo de uma escola com suas salas de aulas, carteiras, lousas, iluminação etc. (sistema físico) para desenvolver um programa de educação (sistema abstrato); ou um centro de processamentos de dados, onde o equipamento e os circuitos processam programas de instruções ao computador. b) Quanto à sua natureza, os sistemas podem ser fechados ou abertos: As observações científicas mostram que os sistemas recebem do meio ambiente fluxo de matéria, de energia e de informações. Mostram ainda que os elementos que compõem um Sistema mudam constantemente, mas que a estrutura permanece idêntica. Pode-se afirmar que um Sistema continua em equilíbrio com o meio ambiente, mesmo sendo atravessado constantemente por diversos fluxos.

Sistemas fechados: são os sistemas que não apresentam intercâmbio com o meio ambiente que os circunda, pois são herméticos a qualquer influência ambiental. Sendo assim, os sistemas fechados não recebem nenhuma influência do ambiente e, por outro lado, também não o influenciam. Não recebem nenhum recurso externo e nada produzem que seja enviado para fora. A rigor, não existem sistemas fechados, na acepção exata do termo. Os autores têm dado o nome de sistemas fechados àqueles sistemas cujo comportamento é totalmente determinístico e programado e que operam com pouquíssimo intercâmbio de matéria e energia com o meio ambiente. O termo também é utilizado para os sistemas completamente estruturados, onde os elementos e relações combinam-se de uma maneira peculiar e rígida produzindo uma saída invariável. São os chamados sistemas mecânicos, como as máquinas. Sistemas abertos: são os sistemas que apresentam relações de intercâmbio com o ambiente, através de entradas e saídas. Os sistemas abertos trocam matéria e energia regularmente com o meio ambiente. São eminentemente adaptativos, isto é, para sobreviverem devem reajustar-se constantemente às condições do meio. Mantêm um jogo recíproco com as forças do ambiente e a qualidade de sua estrutura é otimizada quando o conjunto de elementos do sistema se organiza, aproximando-se de uma operação adaptativa. A adaptabilidade é um contínuo processo de aprendizagem e de autoorganização. Os sistemas abertos não podem viver em isolamento. Os sistemas fechados isto é, os sistemas que estão isolados de seu meio ambiente cumprem o segundo princípio da termodinâmica que diz que uma certa quantidade, chamada entropia, tende a aumentar a um máximo. A conclusão é que existe uma tendência geral dos eventos na natureza física em direção a um estado de máxima desordem. Porém, um sistema aberto mantém a si próprio, em um contínuo fluxo de entrada e saída, uma manutenção e sustentação dos componentes, nunca estando ao longo de sua vida em um estado de equilíbrio químico e termodinâmico, obtido através de um estado firme, chamado homeostasia. Para tanto, os sistemas abertos podem utilizar como forma de REGULAÇÃO dois mecanismos: feedback negativo e feedback positivo. Por meio do FEEDBACK NEGATIVO, o sistema tende a anular as variações do meio ambiente, recusando qualquer informação que ponha em jogo seu equilíbrio a fim de mantê-lo invariante. Por outro lado, o FEEDBACK POSITIVO tende a amplificar o fluxo vindo do meio ambiente, levando o sistema a um novo estado de equilíbrio, o que caracteriza a capacidade de mudança e de adaptação de um organismo. Os sistemas abertos, portanto, evitam o aumento da entropia e podem desenvolver se em direção a um estado de crescente ordem e organização (entropia negativa). Através da interação ambiental, os sistemas abertos restauram a própria energia e reparam perdas em sua própria organização. BIBLIOGRAFIA BERTALANFFY, Ludwig von. - Teoria Geral dos Sistemas, Vozes, Petrópolis, 1972