Financiamento do Desporto Para abordar o tema do financiamento do desporto no momento actual e suas prospectivas é conveniente recordarmos as Opções do Plano e o Programa do Governo. De igual modo, consubstanciando o tema na perspectiva da Estrutura Associativa recordar que : A dimensão moderna do desporto, o seu enquadramento sócioeconómico e as exigências crescentes do seu financiamento obrigam a uma reafirmação permanente dos valores da ética, da equidade e da solidariedade, assumidas pelo Estado e seus parceiros. Ora é justamente na coexistência, parceria e colaboração entre o Estado e o movimento associativo que assenta a realidade do desporto em Portugal, de que as escolas e os clubes devem ser a base. Em síntese e equacionando algumas situações e apreciações de responsabilidade subjectiva, mas seguramente concordantes com muitos dos que desejam um desporto mais sadio na multiplicidade das suas valências e enquadramento opinamos: Sintonia 1. Sintonia entre os clubes, associações e federações que levem a que estas possam dialogar com a Administração Central numa perspectiva mais abrangente. Os problemas de toda a estrutura em todas as suas componentes incluindo projectos e ambições, devem ter os clubes como
parceiros activos. Isto é, não basta a estes cumprir calendário. Esta referência justifica-se porque aos clubes, e neste processo, chega pouco apoio financeiro para permitir qualquer mudança, condenando-os a uma certa rotina que é desmotivadora. 2. No desporto profissional, o mais mediático, a questão do apoio estatal tem de ser extremamente ponderada, já que os interesses envolvidos conduzem a dinâmicas e processos que escapam à maioria das estruturas associativas. E dada a ambição desmesurada de alguns agentes desportivos envolvidos, acabam por conduzir a desastres financeiros irrecuperáveis.em termos meramente desportivos, o sector profissional para além da qualidade técnica, não nos tem proporcionado correspondentes valores de credibilidade educativa. Desporto-Espectáculo 3. O Desporto-Espectáculo, beneficiando da cobertura dos media, chega à maioria da população portuguesa que se interessa pelas diferentes pelas diferentes modalidades, principalmente pelo futebol. Recolhe logicamente a apetência dos investidores privados. O Estado, embora atento a este sub-sistema, quase sempre profissionalizado, terá de definir objectivamente o financiamento da generalidade dos clubes, na óptica da prática desportiva competitiva, de formação e/ou de manutenção.
Fundação do Desporto 4. A expressão do Desporto penetrando em vários sectores da vida social deu-lhe uma importância política que constatamos quotidianamente. Os resultados desportivos desencadearam novos interesses e exigências financeiras, incomportáveis para as estruturas associativas. Daí a participação do sector privado da economia, o aparecimento de sociedades desportivas, o mecenato desportivo. A Fundação do Desporto, com origem no binómio Estado- Empresas Públicas e Privadas, tem como objectivo essencial o fomento e o desenvolvimento, mas está voltada sobretudo para a alta competição e os grandes acontecimentos desportivos. Consideramos que este processo está aquém do que era esperado, deixando a descoberto o trabalho menos mediático dos clubes. Julgamos ser necessário e possível contemplá-lo, ainda que mantendo critérios selectivos de qualidade. Televisão 5. As transmissões dos jogos de futebol pela televisão já representam hoje uma das maiores fontes de financiamento dos clubes. Pretensões de outras modalidades ou clubes são analisadas de modo diferente.
Será importante conseguir, pelo menos no serviço público da televisão, uma maior visibilidade das actividades não profissionais, com o inerente benefício financeiro. 6. O Desporto vive em muitos países essencialmente do apoio do sector privado. Teremos de caminhar nesse sentido, embora saibamos as limitações de alguns sectores. Mas para procurar esta via terá de ter uma imagem credível. Não há empresas que apoiem um produto que não tenha qualidade e reconhecimento desportivo ou social. Daí a necessidade de promovermos o desporto e de lhe dar valores que o dignifiquem. É certo que a tarefa é difícil porque o que é mais mediático é o que menos é associado à formação. É mais apoiado o que tem maior visibilidade. Tem maior visibilidade o que é mais apoiado. É um ciclo difícil de ter outro percurso O Mecenato tem de ser recriado. E terá necessariamente de contemplar quem trabalha com racionalidade nas células de base do associativismo desportivo. 7. Com a limitação das verbas para o desporto é mais do que evidente que o associativismo só pode sobreviver com dignidade, mudança e ambição. O tecido associativo só tem a ganhar se estabelecer critérios de elevada exigência para os seus quadros directivos e gestão desportiva, financeira e humana.
O suporte financeiro para os seus programas terá necessariamente de passar pela implementação de um sistema de angariação de verbas privadas. A encimar esta acção exige-se desde logo a criatividade e a garantia de credibilidade dos projectos. 8. Há uma relação cidadão (munícipe) - autarquia que deve funcionar em termos plenos e contribuir também para o aumento de número de praticantes na área do associativismo desportivo já que este tem estruturas estabelecidas e organizadas.é imprescindível o apoio financeiro directo (e indirecto) da autarquia, em função de critérios que garantam a estabilidade do clube e o cumprimento de acções que se integrem no processo de âmbito e desenvolvimento global do município. Mas sem cercear o voluntarismo e o empenhamento dos responsáveis associativos e de outros agentes desportivos. Regulamento Desportivo Municipal 9. Já há algumas autarquias que dispõem de Regulamentos Desportivos Municipais.É um avanço na intenção de clarificar o investimento no desporto, em quê e em quem, e explicar na prática o que quer desta componente social.os Regulamentos não podem ter critérios, textos e conteúdos universais, já que uma das suas premissas é a realidade do concelho em vertentes diversas (mesmo se considerarmos o âmbito restrito do desporto). É um instrumento de trabalho dinâmico, que deverá ser adaptado à evolução da realidade desportiva.
O Tempo 10. Eis uma questão extremamente importante para o associativismo desportivo e para qualquer entidade financiadora.quando se atribui um apoio financeiro, ele corresponde a um determinado projecto, plano de actividades, evento, etc., devidamente caracterizado e com um período de execução. No entanto variadíssimas vezes esse apoio é concedido mas não é concretizado em tempo útil o que cria problemas quer à entidade financiadora quer à estrutura associativa: não é garantida a execução do projecto, retirando a legitimidade da aplicação dos meios concedidos e prejudicando fases subsequentes do desenvolvimento desportivo referido no correspondente contrato-programa. Quem gere... 11. Será entendido como descabido abordar neste tema de Financiamento a formação dos dirigentes desportivos. Mas vale a pena uma referência a quem gere meios materiais, sociais e humanos. Vale a pena que -no exercício das suas funções nos diversos órgãos do associativismo tenhamos pessoas que possuam algo mais do que disponibilidade e motivação. É necessário ser-se competente neste trabalho voluntário, mas também saber que a passagem é efémera, que o associativismo desportivo terá continuidade e que a gestão terá de ser rentabilizada nos aspectos do conhecimento e de valores.
Investimento nos Recursos Humanos 12. O financiamento de acções coordenadas para a valorização do estatuto e intervenção qualitativa dos agentes desportivos deverá ser cuidada, de forma a permitir uma formação programada, sem vazios temporais, globalizada - quer nos conteúdos técnicos quer nas competências de gestão das próprias organizações desportivas. Deve, inclusivamente dinamizar, nos agentes desportivos o recurso às novas tecnologias de informação e de comunicação Mais-Valia 13. Devemos pois investir na formação dos agentes desportivos e principalmente na formação dos dirigentes, em moldes que nos garantam que sejam uma mais-valia para o desporto em particular e para a sociedade em geral. Que seja definido localmente um programa de formação (áreas de matérias gerais e áreas específicas de modalidades), sem prejuízo de directivas da entidade nacional que a tutela. Parcerias 14. Abordámos, ainda que superficialmente, o tema Financiamento. Apesar de termos citado algumas fontes de financiamento, ainda existem outras entidades que intervêm em acções desportivas e isto devido às próprias características do desporto actual.
O Turismo, a Saúde, o INATEL, as Juntas de Freguesia, as Forças Armadas, a Educação, a Segurança Social, etc. são exemplos de sectores dos quais o Associativismo pode usufruir em parcerias. Harmonia Institucional 15. Dada a diversidade de entidades que intervêm no desporto, mesmo no financiamento, é de equacionar no âmbito concelhio e outros, que haja harmonia institucional que garanta o conhecimento permanente da situação desportiva, dos meios financeiros para projectos comuns às entidades, da evolução de projectos mais prolongados, das dificuldades e meios existentes que possam ser canalizados para o Desporto. Como? Só os interessados o poderão dizer já que primeiro é necessário saber quem deveria assumir esta metodologia de barómetro e coordenação. Esta é apenas uma parcela do tema do financiamento ao desporto, já que dadas as característica e importância que o desporto tem hoje na sociedade com outras oportunidades e procuras, acentua-se a proliferação de formas desportivas informais a exigir igualmente, meios e investimentos justificados para o alargamento da prática
desportiva. APOIOS FINANCEIROS Áreas de Apoio do Regulamento Desportivo Municipal de Coimbra APOIOS PARA A FORMAÇÃO / COMPETIÇÃO NÃO PROF. 250.000,00 200.000,00 150.000,00 100.000,00 Formação Competição 50.000,00 0,00 1 2 3 2003 2004 2005