Manual de Laboratório Física Experimental I- Hatsumi Mukai e Paulo R.G. Fernandes



Documentos relacionados
Laboratório de Física Básica 2

FÍSICA. Figura 5.1 Ventilador

Universidade Federal do Pará Centro de Ciências Exatas e Naturais Departamento de Física Laboratório Básico I

V = 0,30. 0,20. 0,50 (m 3 ) = 0,030m 3. b) A pressão exercida pelo bloco sobre a superfície da mesa é dada por: P p = = (N/m 2 ) A 0,20.

ROTEIRO 20 PÊNDULO SIMPLES E PÊNDULO FÍSICO

Olimpíada Brasileira de Física ª Fase

Vibrações Mecânicas. Vibração Livre Sistemas com 1 GL. Ramiro Brito Willmersdorf ramiro@willmersdorf.net

É usual dizer que as forças relacionadas pela terceira lei de Newton formam um par ação-reação.

APOSTILA TECNOLOGIA MECANICA

PUCGoiás Física I. Lilian R. Rios. Rotação

Eletricidade e Magnetismo - Lista de Exercícios I CEFET-BA / UE - VITÓRIA DA CONQUISTA COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

Tópico 8. Aula Prática: Sistema Massa-Mola

QUEDA LIVRE. Permitindo, então, a expressão (1), relacionar o tempo de queda (t), com o espaço percorrido (s) e a aceleração gravítica (g).

Campos Vetoriais e Integrais de Linha

7 AULA. Curvas Polares LIVRO. META Estudar as curvas planas em coordenadas polares (Curvas Polares).

EXPERIÊNCIAS NO TRILHO DE AR

Potenciação no Conjunto dos Números Inteiros - Z

Fichas de sistemas de partículas

Cap. 4 - Princípios da Dinâmica

Capítulo 5: Aplicações da Derivada

Laboratório de Física Engª Telecomunicações e Informática ISCTE 2010/2011. Movimento Linear

LISTA DE EXERCÍCIOS M.H.S. 3 ano FÍSICA Prof. Hernando

3.4 Movimento ao longo de uma curva no espaço (terça parte)

(a) a aceleração do sistema. (b) as tensões T 1 e T 2 nos fios ligados a m 1 e m 2. Dado: momento de inércia da polia I = MR / 2

Dinâmica do movimento de Rotação

Coordenadas Polares. Prof. Márcio Nascimento.

Aula 3 CONSTRUÇÃO DE GRÁFICOS EM PAPEL DILOG. Menilton Menezes. META Expandir o estudo da utilização de gráficos em escala logarítmica.

Texto 07 - Sistemas de Partículas. A figura ao lado mostra uma bola lançada por um malabarista, descrevendo uma trajetória parabólica.

Cap. 7 - Fontes de Campo Magnético

Tópico 8. Aula Prática: Movimento retilíneo uniforme e uniformemente variado (Trilho de ar)

Escolha sua melhor opção e estude para concursos sem gastar nada

Eletricidade e Magnetismo - Lista de Exercícios IV CEFET-BA / UE - VITÓRIA DA CONQUISTA COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

4.1 MOVIMENTO UNIDIMENSIONAL COM FORÇAS CONSTANTES

PARADOXO DA REALIZAÇÃO DE TRABALHO PELA FORÇA MAGNÉTICA

Bacharelado Engenharia Civil

ACTIVIDADE LABORATORIAL 1.1 FÍSICA 11º ANO

Cálculo em Computadores trajectórias 1. Trajectórias Planas. 1 Trajectórias. 4.3 exercícios Coordenadas polares 5

Lista de Exercícios - Unidade 8 Eu tenho a força!

FÍSICA. Questões de 01 a 06

e a temperatura do gás, quando, no decorrer deste movimento,

PROVA G1 FIS /08/2011 MECÅNICA NEWTONIANA

Os conceitos mais básicos dessa matéria são: Deslocamento: Consiste na distância entre dados dois pontos percorrida por um corpo.

ÓPTICA GEOMÉTRICA. Lista de Problemas

CORTESIA Prof. Renato Brito Espaço

OSCILAÇÕES: Movimento Harmônico Simples - M. H. S.

Física II Ondas, Fluidos e Termodinâmica USP Prof. Antônio Roque Aula 1

Refração da Luz Prismas

EXAME DE SELEÇÃO INSTRUÇÕES

FIS-14 Mecânica I. Segundo Semestre de 2013 Turma 2 Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Pelá sala 2602A-1, ramal 5785, rrpela@ita.br

Evocar os conceitos do MRUV (movimento retilíneo uniformemente variado), do MRU (movimento retilíneo uniforme) e a decomposição de forças.

Imagine que você esteja sustentando um livro de 4N em repouso sobre a palma de sua mão. Complete as seguintes sentenças:

3) Uma mola de constante elástica k = 400 N/m é comprimida de 5 cm. Determinar a sua energia potencial elástica.

Equações Diferenciais Ordinárias

Ficha do professor. AL 2.1 Energia cinética ao longo de um plano inclinado

EXERCÍCIOS 2ª SÉRIE - LANÇAMENTOS

Velocidade Média Velocidade Instantânea Unidade de Grandeza Aceleração vetorial Aceleração tangencial Unidade de aceleração Aceleração centrípeta

Laboratório 7 Circuito RC *

Resolução Vamos, inicialmente, calcular a aceleração escalar γ. Da figura dada tiramos: para t 0

CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA

Questão 46 Questão 47

Dinâmica de um Sistema de Partículas Faculdade de Engenharia, Arquiteturas e Urbanismo FEAU

Curvas em coordenadas polares

= F cp. mv 2. G M m G M. b) A velocidade escalar V também é dada por: V = = 4π 2 R 2 = R T 2 =. R 3. Sendo T 2 = K R 3, vem: K = G M V = R.

Resolução da Questão 1 Item I Texto definitivo

Aula -2 Motores de Corrente Contínua com Escovas

Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento IRAPUAN RODRIGUES DE OLIVEIRA FILHO FÍSICA EXPERIMENTAL II

Capítulo 3 A Mecânica Clássica

Sinais Senoidais. A unidade de freqüência no SI é o Hertz (Hz) e o tempo é dado em segundos (s).

Matriz do Teste de Avaliação de Física e Química A - 11.º ano 1 de fevereiro de minutos

NOTAS DE AULAS DE FÍSICA MODERNA CAPÍTULO 1. Prof. Carlos R. A. Lima INTRODUÇÃO AO CURSO E TEORIA DA RELATIVIDADE ESPECIAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS Campus Itumbiara

Movimento Harmônico Simples: Exemplos (continuação)

Matemática SSA 2 REVISÃO GERAL 1

FÍSICA 3. k = 1/4πε 0 = 9, N.m 2 /c 2 1 atm = 1,0 x 10 5 N/m 2 tan 17 = 0,30. a (m/s 2 ) ,0 2,0 3,0 4,0 5,0.

TEORIA UNIDIMENSIONAL DAS

Equações Diferenciais

Força Magnética. Página 1

CAP. 3 - EXTENSÔMETROS - "STRAIN GAGES" Exemplo: extensômetro Huggenberger

professordanilo.com Considerando a intensidade da aceleração da gravidade de tração em cada corda é de g 10 m / s, a intensidade da força

TRABALHO: CONTROLE DE UM SISTEMA PÊNDULO-CARRO

ENERGIA CINÉTICA E TRABALHO

Introdução ao Estudo de Sistemas Dinâmicos

FONTES DE CAMPO MAGNÉTICO. Caracterizar e mostrar o campo magnético produzido por uma carga a velocidade constante.

MOVIMENTO CIRCULAR. Fonte da imagem: Física e Vestibular

Prof. Rossini Bezerra Faculdade Boa Viagem

Capítulo 2 CINEMÁTICA

Laboratório de Física I - EAD- UESC 2011

Aula 00 Aula Demonstrativa

Análise Dimensional Notas de Aula

Física Geral I - F 128 Aula 7 Energia Cinética e Trabalho. 2 o semestre, 2011

universidade federal do amazonas instituto de ciências exatas departamento de física Manual de Física II

F 105 Física da Fala e da Audição

1 Propagação de Onda Livre ao Longo de um Guia de Ondas Estreito.

3.1. Classifique: o tipo de movimento da formiga o tipo de movimento da barata.

Hoje estou elétrico!

Objetivos: Construção de tabelas e gráficos, escalas especiais para construção de gráficos e ajuste de curvas à dados experimentais.

Física. Pré Vestibular / / Aluno: Nº: Turma: ENSINO MÉDIO

Engenharia Ambiental Física II FLUIDÔMETRO. Aline Oliveira. Amanda Alves Leone. Walkiria Proença Cheda Eid. Sorocaba

Resolução Comentada UFTM - VESTIBULAR DE INVERNO 2013

1 A Integral por Partes

Transcrição:

Pêndulo Simples 6.1 Introdução: Capítulo 6 Um pêndulo simples se define como uma massa m suspensa por um fio inextensível, de comprimento com massa desprezível em relação ao valor de m. Se a massa se desloca para uma posição θ (ângulo que o fio faz com a vertical, que deve ser < 15 0 ) e então for abandonada (velocidade inicial zero), o pêndulo começa a oscilar. O caminho percorrido pela massa suspensa é chamado de arco. O período de oscilação que vamos chamar de é o tempo necessário para a massa passar duas vezes consecutivas pelo mesmo ponto, movendo-se na mesma direção, isto é, o tempo que a massa leva para sair de um ponto e voltar ao mesmo ponto percorrendo o mesmo arco. O pêndulo descreve uma trajetória circular, um arco de circunferência de raio. Estudaremos o movimento do pêndulo segundo as direções radial e tangencial. Na ausência de atritos, as forças que agem sobre a partícula de massa m são apenas duas: Seu peso, mg, vertical para baixo e a ação do fio, a tração, de direção radial e sentido indicado na figura 6.1. Figura 6.1 - As grandezas, P, P x e P y são grandezas vetoriais. 40

Na ilustração (Fig. 6.1), as componentes da força peso segundo as direções radial e tangencial valem: Direção radial : P = mgcosθ. Direção tangencial : Px y = mgsenθ. Equação do movimento segundo a direção radial A segunda lei de Newton permite escrever may = mg cosθ, (6.1) como a y = 0, não há movimento nesta direção = mgcosθ. Equação do movimento segundo a direção tangencial dv A aceleração da partícula é a x =. Recordamos que, a componente dt tangencial da aceleração total descreve unicamente as variações do módulo da velocidade da partícula, enquanto que a componente radial dá conta das variações na direção da velocidade no decorrer do tempo. A segunda lei de Newton permite escrever: ma x = mg senθ, (6.) lembrando sempre que as leis de Newton são aplicáveis em referenciais inerciais. Usando que: v = ω R, onde nesse caso R = (comprimento do fio) e derivando essa equação em relação ao tempo obtemos: dω d θ a x = R =, dt dt e lembrando que, no caso do pêndulo, a força max é do tipo restauradora escrevemos ma x = mg senθ que na forma diferencial fica: d θ g + senθ = 0 dt (6.3) Oscilações de pequena amplitude Desenvolvendo o sen θ da eq. (6.3) em série de aylor temos: 3 5 7 θ θ θ senθ = θ + +... (ângulo em radianos) 3! 5! 7! 0 Quando o ângulo de oscilação do pêndulo é pequeno ( θ <15 ), temos que sen θ θ. Dessa forma, o pêndulo descreverá oscilações harmônicas descritas pela equação diferencial 41

d θ g + θ = 0, dt cuja solução é : θ ( t ) = θ 0 cos ( ω t + φ) com freqüência ω = g. Uma vez que a freqüência angular é ω = π, o período de oscilação do pêndulo será, portanto = π. (6.4) g No final do apêndice C, mostramos uma forma alternativa de obter a expressão (6.4) através dos conceitos de torque e momento de inércia. Glossário Arco x Ângulo = θ ( rad ) = (para ângulos pequenos) Raio θ = ângulo de oscilação ω = π = velocidade angular ou freqüência angular = período de oscilação = tempo necessário para uma oscilação completa 1 v = = freqüência (expressa em Hz quando é expresso em segundos) 6. Experimento: Pêndulo Simples - Experimento 6.1: Objetivos: Obter experimentalmente a equação geral para o período de oscilação de um pêndulo simples; Determinar a aceleração da gravidade local; Verificar a independência da massa no período. Para isso iremos: Estudar o movimento de um pêndulo, verificando a relação entre o período e o comprimento do fio; Observar a variação do período de oscilação de um pêndulo simples, em função do ângulo θ (ângulo inicial de lançamento); Observar a relação entre o período e a massa pendular; Construção de gráficos a partir dos dados experimentais; 4

Interpretação física dos gráficos obtidos. Materiais Utilizados: Massa pendular; Fio de suspensão; Cronômetro; rena; Fita adesiva; ransferidor; Balança; Suporte na parede. Procedimento: 1. Ajuste o comprimento do fio do pêndulo de modo que tenha uma medida pré-determinada da ponta do fio ao centro de massa da massa pendular;. Para a realização do experimento, desloca-se a massa pendular da posição de equilíbrio, até um ângulo θ, obedecendo a relação de que este ângulo não deve ser maior do que 15º. 3. Após ter deslocado a massa e determinado uma posição inicial de lançamento, solta-se a massa e marca-se o tempo de 10 oscilações completas, repetindo esta operação 3 vezes para cada comprimento do fio; Utilize 5 diferentes comprimentos para ; 4. Marque na tabela 6.1 os valores de e o respectivo período médio, para três valores de massa pendular (divida em equipes, cada equipe faz com uma massa de valor diferente, sendo que apenas um comprimento de fio fique fixo entre todas as equipes); M 1 = g M = g M 3 = g (cm) (s) (cm) (s) (cm) (s) 100 100 100 abela 6.1 abela de dados experimentais Sugestão: cada equipe executa o experimento com uma massa diferente e preenche-se a tabela. 43

5. A partir da tabela acima, construa os gráficos x (período em função do comprimento do fio), na mesma escala, para três massas pendulares: M 1, M e M 3 ; 6. inearize, se necessário, o gráfico x e determine a constante física envolvida; Faça a linearização utilizando papel milimetrado e também com o di-log; 7. Obtenha a equação analítica (via regressão linear) da reta obtida na linearização e trace a reta ajustada; 8. Se desejar, confeccione os gráficos no computador, utilizando o software Microsoft Origin (qualquer versão) e compare com os gráficos confeccionados manualmente; 9. Compare a medida da aceleração gravitacional obtida experimentalmente em sala de aula (aceleração determinada pela equação do período utilizando os dados experimentais) com o valor existente na literatura científica (dada por: g = 9,8 m/s²) e determine o desvio percentual; 10. Discuta os desvios encontrados entre os valores de g (valor obtido em sala de aula com o da literatura); 11. Comente sobre a variação do período com a massa pendular. Há dependência? Justifique. 6.3 Bibliografia [1] D. Halliday, R. Resnick, J. Walker Fundamentos de Física Vol.1, 3ª Edição C Editora - (1998); [] H. M. Nussenzveig Curso de Física Básica 1 Mecânica 3 a Edição Edgard Blücher tda (1996); 44