Escola e Cidadania: o Programa BPC na escola e seus rebatimentos no processo de consolidação de direitos.



Documentos relacionados
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate á Fome Secretaria Nacional de Renda de Cidadania Programa Bolsa Família

Política Nacional de Educação Infantil

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DEPARTAMENTO DE BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO NA AREA DA SAÚDE

1. O Novo Plano Nacional de Educação ( ) O antigo Plano Nacional de Educação terminou sua vigência em 2010 e o Novo Plano encontra-se em

No Brasil, existem cerca de 45 milhões de Pessoas com Deficiência, o que representa ¼ da população geral (Censo IBGE, 2010).

EIXO II EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE: JUSTIÇA SOCIAL, INCLUSÃO E DIREITOS HUMANOS PROPOSIÇÕES E ESTRATÉGIAS

AUDIÊNCIA PÚBLICA: O ENVELHECIMENTO E A QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS

SEGURANÇA SOCIAL PROTEÇÃO SOCIAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Atualizações das Leis Municipais Encontro Estadual dos Gestores e Técnicos da Assistência Social da Bahia

PREFEITURA MUNICIPAL DE PILÕES CNPJ: / CEP: GABINETE DO PREFEITO

TERMO DE REFERÊNCIA 02/2010

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: DA EDUCAÇÃO BÁSICA AO ENSINO SUPERIOR

Assunto: Orientações para a Organização de Centros de Atendimento Educacional Especializado

Conselho Nacional de Assistência Social CNAS

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

ACOMPANHAMENTO E APOIO TÉCNICO À GESTÃO DESCENTRALIZADA DO SUAS

BPC NA ESCOLA: FREQUÊNCIA ESCOLAR POR CRIANÇAS E JOVENS BENEFICÁRIOS DO PROGRAMA EM PRESIDENTE PRUDENTE/SP

SEGURIDADE SOCIAL DIREITO PREVIDENCIÁRIO SEGURIDADE SOCIAL SEGURIDADE SOCIAL SEGURIDADE SOCIAL PREVIDÊNCIA SOCIAL. Prof. Eduardo Tanaka CONCEITUAÇÃO

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

A Inscrição dos Beneficiários do BPC no Cadastro Único. Encontro Regional do Congemas NORTE Natal, 23 e 24 de março de 2016

CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE CONFERÊNCIAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 2015

TELESSAÚDE BRASIL REDES NA ATENÇÃO BÁSICA

Organização dos Estados Ibero-americanos Para a Educação, a Ciência e a Cultura TERMO DE REFERÊNCIA

POLÍTICAS INSTITUCIONAIS DE ACESSIBILIDADE. - Não seja portador de Preconceito -

PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS - PAA

O PROGRAMA NACIONAL DE SANEAMENTO RURAL

Curso de Formação de Conselheiros em Direitos Humanos Abril Julho/2006

Proteção Social Básica

O SUAS e rede privada na oferta de serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais

Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial

CREAS Recursos Humanos

II Encontro MPSP/MEC/UNDIME-SP. Material das Palestras

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

AGENDA PROPOSITIVA DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE

ESTÁGIO EM SERVIÇO SOCIAL NO PROJETO VIVA A VIDA

II ENCONTRO NACIONAL DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

Restabelecimento do BPC após s rescisão do contrato de trabalho

Iniciando nossa conversa

TEXTO Realizar o planejamento das ações do Programa, definir as ações a serem executadas e as

CURSO: EDUCAR PARA TRANSFORMAR. Fundação Carmelitana Mário Palmério Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

1º SEMINÁRIO DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR COM DEFICIÊNCIA NA INDÚSTRI DA CONSTRUÇÃO PESADA

Programa de Educação Inclusiva: A educação tem muitas faces Educando e aprendendo na diversidade

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

A operacionalização da gestão de condicionalidades no Programa Bolsa Família (PBF) ocorre de forma:

A construção participativa da Base Nacional Comum Curricular

POLOS EAD ESTÁCIO 11º Seminário Nacional ABED

FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

COMISSÃO DIRETORA PARECER Nº 522, DE 2014

EIXO V 348. Gestão Democrática, Participação Popular e Controle Social 349. A articulação e mobilização da sociedade civil e de setores do Estado

CREAS - Institucional. O que é o CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social)?

PROJETO DE LEI N O, DE 2004

Entenda o PL 7.168/2014 de A a Z

DIALOGANDO COM O PLANO DE ENFRENTAMENTO AO CRACK E OUTRAS DROGAS. Departamento de Proteção Social Especial Juliana M.

SEMINÁRIO INTERMINISTERIAL SOBRE A NOVA LEI DE CERTIFICAÇÃO DAS ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Campo Grande-MS

ENSINO SUPERIOR: PRIORIDADES, METAS, ESTRATÉGIAS E AÇÕES

Programa Nacional Alfabetização na Idade Certa PNAIC

PROJETO DE LEI Nº /2015

MUNICIPALIZAÇÃO. Prof. Rodolfo Joaquim Pinto da Luz Secretário Municipal de Educação de Florianópolis e Presidente da UNDIME/SC

O Centro de Referência de Assistência Social CRAS como Unidade de Gestão Local do SUAS

4» Quadra escolar Maria Nascimento Paiva. 1» Centro de Artes e Esportes Unificados. 2» Unidade Básica de Saúde, Clínica da Família Quadra 308

RESOLUÇÃO Nº 18, 5 DE JUNHO DE 2014.

ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMOI-ESTRUTURADA PARA CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE APOIO NO MUNICÍPIO

Brasília DF Abril, 2014

Articulação Intersetorial no cuidado às pessoas em situação de rua Telma Maranho- SNAS/MDS

1º GV - Vereador Andrea Matarazzo PROJETO DE LEI Nº 604/2013

O Prefeito Municipal de Ribas do Rio Pardo, Estado de Mato Grosso do Sul, faz saber que a Câmara Municipal aprovou e ele sanciona a Seguinte Lei.

O Sr. ÁTILA LIRA (PSB-OI) pronuncia o seguinte. discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores. Deputados, estamos no período em que se comemoram os

MELHORIA DA INFRAESTRUTURA FÍSICA ESCOLAR

EVOLUÇÃO & PROGNÓSTICOS

MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS. RESOLUÇÃO CNSP N o 227, DE 2010.

A CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO D E C R E T A

QUAL A (RE)ORIENTAÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA DA MODALIDADE EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNICÍPIO DE ITAGUAÍ/RJ? REFLETINDO SOBRE A META 4

Necessidade e construção de uma Base Nacional Comum

DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE) Bom-dia, Excelentíssimo. Senhor Ministro-Presidente, bom-dia aos demais integrantes

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 114, DE 2015

Qualidade da Banda Larga Fixa (SCM) Relatório de Indicadores de Desempenho Operacional

A importância do diagnóstico municipal e do planejamento para a atuação dos Conselhos dos Direitos do Idoso. Fabio Ribas Recife, março de 2012

PROJETO CONHECENDO ABRIGOS

famílias de baixa renda com acesso aos direitos

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Gabinete de Consultoria Legislativa

TERMO DE REFERÊNCIA. Consultoria Produto Brasília DF

POLÍTICAS DE SAÚDE EM QUEIMADOS

Agendas Estaduais de Desenvolvimento Integrado de Alfabetização e de Educação de Jovens e Adultos

REGULAMENTO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA FACULDADE DE APUCARANA FAP

Fórum Estadual de Educação PR Plano Nacional de Educação PNE 2011/2020

O que é Programa Rio: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher? Quais suas estratégias e ações? Quantas instituições participam da iniciativa?

A INFÂNCIA É O TEMPO DE MAIOR CRIATIVIDADE NA VIDA DE UM SER HUMANO (J. PIAGET)

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A LEGISLAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA. Atualizadas pela Lei Brasileira de Inclusão da PCD (Lei 13.

ASSISTÊNCIA SOCIAL: UM RECORTE HORIZONTAL NO ATENDIMENTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 5/2014

CAPÍTULO 25 COERÊNCIA REGULATÓRIA

O Estado e a garantia dos direitos das pessoas com deficiência

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME GABINETE DO MINISTRO PORTARIA Nº 566,DE 14 DE NOVEMBRO DE 2005.

O TRABALHO SOCIAL EM HABITAÇÃO COM UM CAMPO DE ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

11/09/2015 Dir. Previdenciário Prof. Marcos 218 Dir. Previdenciário Prof. Marcos

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA RESOLUÇÃO Nº 1, DE 2 DE FEVEREIRO DE 2016 (*)

Transcrição:

III SEMINÁRIO POLÍTICAS SOCIAIS E CIDADANIA AUTOR DO TEXTO: Juliana Nunes Pereira Escola e Cidadania: o Programa BPC na escola e seus rebatimentos no processo de consolidação de direitos. RESUMO: Com o Programa BPC na Escola pretende-se contribuir para que crianças e adolescentes de até 18 anos, beneficiários do BPC, tenham condições de acesso e permanência na rede de ensino. Mesmo considerando que a deficiência não é inerente a pessoa e, as limitações físicas, sensoriais, intelectuais e múltiplas estão associadas a barreiras econômicas, sociais e culturais, crianças e adolescentes beneficiários do BPC se encontram fora da escola, quando o objetivo do benefício é melhorar a qualidade de vida e promover os direitos da cidadania. Instituir o BPC na escola significa acolher e monitorar o acesso e permanência deste público nas escolas, considerando a necessidade de equiparação de oportunidades e pautando o fortalecimento da autonomia, independência e inclusão. Este trabalho busca estabelecer um debate acerca do referido Programa, apontando avanços e desafios encontrados na implementação e adesão deste, perfazendo uma reflexão acerca dos limiares deste processo e de algumas de suas resultantes. Palavras Chaves: Criança e adolescente, BPC na Escola, Cidadania. A Constituição de 1988 e seus reflexos na ampliação da proteção social A Constituição de 1988 alterou o quadro da proteção social no Brasil, ampliando os direitos sociais, como a exemplo da instituição da seguridade social, que compreende um conjunto ações dos poderes públicos e da sociedade civil, que objetivam assegurar o direito à saúde 1, à previdência social 2 e à assistência social 3. Com o conceito de seguridade social, todos devem ter o direito aos benefícios que ela distribui e o dever de contribuir para manter o princípio de solidariedade, garantindo os benefícios entre as gerações. Com a ampliação da proteção social pudemos presenciar a busca pela garantia da cidadania social assegurando direitos sociais que permitam o acesso dos cidadãos a um amplo conjunto de bens e serviços. A seguridade social tem como características principais: a) Relaxamento do vínculo contributivo como princípio estruturante do sistema Universalização do acesso e a expansão da cobertura; b) Recuperação e redefinição de patamares mínimos dos valores dos benefícios sociais; c) Instituição de novas regras para os benefícios vinculados à Previdência Social; d) Reconhecimento da assistência social como responsabilidade pública na garantia de atendimento a quem dela necessitar, independente de contribuição à seguridade social; e e) Instituição de um benefício monetário continuado e não contributivo aos idosos e 1 A saúde é um direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação (Art. 196/1988) 2 Compreende-se aqui a Previdência Social enquanto um seguro coletivo, público, compulsório, destinado a estabelecer um sistema de proteção social, através de contribuições, tendo como objetivo proporcionar meios indispensáveis de subsistência ao segurado e a sua família, quando ocorrer certa contingência prevista em lei (2001) 3 A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social (Art. 203/1988)

deficientes 4 sem meios de prover a sua manutenção, através do Benefício de Prestação Continuada - BPC 5. O benefício de prestação continuada O BPC é um benefício da assistência social, integrante do Sistema Único de Assistência Social SUAS, pago pelo Governo Federal, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, operacionalizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e assegurado por lei, que permite o acesso de idosos e pessoas com deficiência às condições mínimas de uma vida digna. Neste sentido se configura como um direito dos cidadãos brasileiros, que atendem aos critérios da lei e que dele necessitam. O valor do BPC é de um salário mínimo, pago por mês às pessoas idosas 6 e/ou com deficiência 7 que não podem garantir a sua sobrevivência, por conta própria ou com o apoio da família 8, inclusive ao indígena, não amparados por nenhum Sistema de Previdência Social, ou estrangeiro naturalizado e domiciliado no Brasil, não coberto por sistema de previdência do país de origem. O BPC é um direito constitucional que não pode ser acumulado com outro benefício no âmbito da seguridade social, salvo o da assistência médica e no caso de receber pensão especial de natureza indenizatória. É individual e intransferível, não-vitalício (revisão a cada 2 anos), não-contributivo, com orçamento definido e regras próprias. Esta é a principal provisão que materializa o direito à assistência social como política não contributiva, sob responsabilidade do Estado que compromete cerca de 80% dos investimentos da União na PNAS e é operacionalizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social/INSS. Os números do BPC apontam para um benefício, que em 2008, atendeu cerca de 2.934.472 beneficiados, entre pessoas com deficiência e idosos, como demonstrado na tabela abaixo: 4 Aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho, em razão de anomalias ou lesões irreversíveis de natureza hereditária, congênita ou adquirida. (OI/INSS/DIRBEN/Nº081, DE 15/01/2003) 5 Aqui nos referimos ao Benefício de Prestação Continuada estabelecido pela política de Assistência Social/LOAS, segundo o art. 203 da Constituição Federal de 1988, a Lei nº 8.742/93 e a Medida Provisória 1.473/97. É operacionalizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social desde a sua implementação em 01.1996. 6 A partir de 65 anos 7 Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa com deficiência é aquela incapacitada para vida independente e para o trabalho (Art. 20, 2º - LOAS). 8 Conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo teto, assim entendido, o requerente, o cônjuge, a companheira, o companheiro, o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido, os pais, e o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido (Decreto n 6.214, de 26 de setembro de 2007). Para fins de entendimento compreendese por família incapacitada de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa aquela cujo cálculo da renda per capita, que corresponde à soma da renda mensal bruta, de todos os seus integrantes, dividida pelo número total de membros que compõem o grupo familiar, seja inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo. (OI/INSS/DIRBEN/Nº081, DE 15/01/2003)

Evolução do Número de do BPC e Percentual de Crescimento por Grupo de Espécie Brasil (1996 a 2008) ANO PcD Idoso Total % cresc. N.º % cresc. N.º % cresc. 1996 304.227 41.992 346.219 1997 557.088 83,12 88.806 111,48 645.894 86,56 1998 641.268 15,11 207.031 133,13 848.299 31,34 1999 720.274 12,32 312.299 50,85 1.032.573 21,72 2000 806.720 12 403.207 29,11 1.209.927 17,18 2001 870.072 7,85 469.047 16,3 1.339.119 10,68 2002 976.257 12,2 584.597 24,64 1.560.854 16,56 2003 1.036.365 6,16 664.875 13,73 1.701.240 8,99 2004 1.127.849 8,83 933.164 40,35 2.061.013 21,15 2005 1.211.761 7,44 1.065.604 14,19 2.277.365 10,5 2006 1.293.645 6,76 1.183.840 11,1 2.477.485 8,79 2007 1.385.107 7,07 1.295.716 9,45 2.680.823 8,2 2008 1.510.682 9,07 1.423.790 9,88 2.934.472 9,46 Fonte: Síntese/DATAPREV, MPS, 2008. Assim poderíamos observar que cerca de 51% dos benefícios são destinados a pessoas com deficiência. Entre estes se inserem crianças e adolescentes, com os mais variados tipos de deficiência, necessitando acessar este benefício como estratégia para superar as dificuldades apresentadas para o tratamento adequado e para suprir necessidades fundamentais. Mediante cruzamento de dados entre o MEC e o banco de dados do BPC (2007) observou-se que o número de beneficiários do BPC até 18 anos era de 340.536 pessoas. Destes apenas 29,53% estavam matriculados na rede de ensino e cerca de 70,47% estavam fora das escolas. O Programa BPC na escola O programa BPC na Escola é uma ação articulada entre o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Ministério da Educação (MEC), o Ministério da Saúde (MS) e a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR). Este Programa pretende contribuir para que crianças e adolescentes de até 18 anos de idade, beneficiários do BPC, tenham condições de acesso à escola e de permanência na rede de ensino. A atuação do programa aponta para quatro diretrizes fundamentais: a) identificar entre os beneficiários do BPC até 18 anos aqueles que estão na escola e aqueles que estão fora da escola; b) identificar as principais barreiras das pessoas com deficiência beneficiárias do BPC para o acesso e permanência na escola; c) realizar estudos e desenvolver estratégias conjuntas para superação dessas barreiras, e d) realizar acompanhamento sistemático das ações e programas dos entes federados que aderirem ao Programa.

Este programa tem como marcos regulatórios a Portaria Normativa Interministerial nº 18, de 24 de abril de 2007, que institui o Programa de Acompanhamento e Monitoramento do Acesso e Permanência na Escola das Pessoas com Deficiência Beneficiárias do BPC; Portaria Interministerial nº 1, de 14 de março de 2008, que estabelece os procedimentos e aprova os instrumentos para a adesão ao programa; Portaria Interministerial nº 2, de 18 de abril de 2008, que altera o art. 9 da Portaria Interministerial n 1, de 12 de março de 2008 e a Portaria MDS nº 434, de 04 de dezembro de 2008, que estabelece critérios e procedimentos relativos à transferência de recursos financeiros aos Municípios e ao Distrito Federal, para aplicação de questionário no âmbito do programa. É importante observar que estar na escola não é condicionalidade para receber o BPC. Isto significa que o direito ao BPC não é cancelado se o beneficiário não estiver na escola. O Programa apenas busca incentivar os beneficiários a freqüentas a escola. Com isso objetiva promover a elevação da qualidade de vida e dignidade das pessoas com deficiência e beneficiárias do BPC, garantindo-lhes acesso e permanência na escola, por meio de ações articuladas da área de saúde, educação, assistência social e direitos humanos. Os eixos do programa são: a) identificação anual dos beneficiários do BPC matriculados e não matriculados no sistema regular de ensino; b) identificação das barreiras que impedem ou inibem o acesso e permanência dos beneficiários do BPC na escola; c) disponibilização aos órgãos do sistema municipal de ensino e de assistência social das relações dos beneficiários do BPC matriculados e não matriculados no sistema regular de ensino, com vista à promoção de ações para o acesso e permanência na escola; d) proposição de políticas, apoio técnico e financeiro da União aos demais entes federados visando a eliminação das barreiras identificadas e garantia do acesso e permanência na escola do público do Programa; manutenção de um banco de dados sobre o programa; e) análise e estatística dos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Deficiência com vistas aos indicadores de cidadania da pessoa com deficiência beneficiária do BPC. Para discutir a formatação, traçar uma linha de atuação e de implementação do programa, algumas estratégias operacionais foram efetivadas. Para isso foi implementado um Grupo de Trabalho Interministerial MEC, MDS, SEDH/PR e MS, e foi instituído de Termo de Adesão dos estados, municípios e do Distrito Federal ao programa. Para implementar o programa os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem fazer a adesão 9. Com esta adesão os entes federados se comprometem a promover ações que favoreçam o acesso e a permanência na escola das pessoas com deficiência beneficiárias do BPC, no âmbito de seus territórios. Para efetivar o processo de adesão foi publicada a Portaria instituindo o Termo de Adesão ao Programa, e estabelecido um cronograma. Para garantir a manutenção do banco de dados foi criado um sistema informatizado. Assim o distrito Federal e os municípios podem cadastrar-se e fazer a manutenção destes dados correspondentes as ações desenvolvidas em relação ao programa. Cada ente federado assume uma função específica neste cenário: 9 Que teve inicio no dia o dia 12 de março de 2008

Os órgãos do Governo Federal assumem os seguintes compromissos: Coordenar a capacitação dos agentes envolvidos na gestão e execução do Programa,; Disponibilizar material sobre o programa; Disponibilizar os resultados de ações de monitoramento; Promover o desenvolvimento de projetos estratégicos para implantação de programas, ações e unidades de reabilitação que compõem as Redes Estaduais de Serviços de Reabilitação; Instituir e manter banco de dados e informações referente às ações desenvolvidas; Promover a articulação e a integração deste programa com programas complementares sob responsabilidade compartilhada entre a União e o estado, direcionados no atendimento das famílias beneficiárias do BPC; e Assegurar apoio técnico, no que couber, para que o estado possa cooperar com os Municípios no âmbito do programa. O Estado assume os seguintes compromissos: Designar o Grupo Gestor Estadual do Programa, seu coordenador e garantir o apoio necessário para o seu funcionamento; Apoiar a capacitação dos agentes envolvidos na gestão e execução do programa, nos Municípios no âmbito de seu território; Garantir o acesso dos beneficiários do programa aos serviços de saúde e reabilitação do Sistema Único de Saúde - SUS; Garantir a matrícula dos beneficiários do BPC de 0 a 18 anos de idade, em classes comuns do ensino regular, em sua rede de ensino, com prioridade para as localizadas próximas da residência do aluno; Garantir a oferta do Atendimento Educacional Especializado no turno inverso da escolarização; Apoiar os Municípios com ações complementares para garantir o acesso e permanência na escola das pessoas com deficiência beneficiárias do BPC; e Desenvolver ações complementares ao desenvolvimento do programa no âmbito do seu território. O Município assume os seguintes compromissos: Designar o Grupo Gestor Local do Programa, seu coordenador e garantir o apoio necessário para o seu funcionamento; Designar o Coordenador da Equipe Técnica responsável pela aplicação do Questionário para a identificação das barreiras para o acesso e permanência na escola das pessoas com deficiência beneficiárias do BPC e garantir o apoio necessário para o funcionamento desta Equipe; Gerir e coordenar o programa no município através do Grupo Gestor Local; Realizar a articulação com o Governo Federal com vistas à viabilização dos objetivos do programa no âmbito do município; Informar ao Governo Federal, por meio eletrônico, sobre os dados resultantes da aplicação do Questionário; Informar ao governo federal a relação dos beneficiários do BPC que não foram localizados para aplicação do Questionário, com as devidas justificativas; Registrar e informar ao Governo Federal, por meio eletrônico, as informações sobre as ações desenvolvidas pelo município referentes ao programa; Instituir equipe multiprofissional das áreas de educação, assistência social, direitos humanos e saúde para o desenvolvimento das ações relacionadas ao programa na esfera do município, em consonância com o disposto na Portaria Normativa Interministerial nº 18/2007 - Grupo Gestor Local;

É de suma importância destacar que cada secretaria estadual e municipal e do Distrito Federal assume tarefas diferenciadas neste processo. Bem como os ministérios desempenham papeis variados para garantir a efetivação do programa. A articulação destes equipamentos e de suas ferramentas é relevante para a consolidação firmada no momento da adesão. Até 2008 cerca de 2.623 municípios fizeram a adesão ao programa, sendo 2.941 o número daqueles que não assinaram o termo. Serão cerca de 232.000 beneficiários atendidos e de 108.536 não atendidos. UF Municípios Inseridos na Escola GERAL não Inseridos na Escola Municípios a serem Trabalhados no Programa Inseridos na Escola ADESÃO não Inseridos na Escola Diferença Percentual do Total de onde houve Adesão em Relação ao Total Geral de AC 22 683 2.117 2.800 21 675 2.058 2.733 67 97,61% AL 102 2.171 7.467 9.638 89 2.000 6.925 8.925 713 92,60% AM 62 2.143 6.964 9.107 22 1.218 4.042 5.260 3.847 57,76% AP 16 344 1.278 1.622 15 342 1.270 1.612 10 99,38% BA 417 6.437 22.155 28.592 273 4.825 16.624 21.449 7.143 75,02% CE 184 4.079 15.607 19.686 108 2.948 11.356 14.304 5.382 72,66% DF 1 1.427 2.336 3.763 1 1.427 2.336 3.763 0 100,00% ES 78 1.906 3.601 5.507 39 1.089 1.974 3.063 2.444 55,62% GO 246 2.750 6.827 9.577 155 2.344 5.630 7.974 1.603 83,26% MA 217 3.388 13.879 17.267 150 2.547 10.478 13.025 4.242 75,43% MG 853 10.458 23.368 33.826 334 6.347 13.987 20.334 13.492 60,11% MS 78 1.615 2.770 4.385 47 1.346 2.307 3.653 732 83,31% MT 141 1.611 3.571 5.182 75 1.157 2.662 3.819 1.363 73,70% PA 143 3.889 13.547 17.436 74 3.047 10.090 13.137 4.299 75,34% PB 223 1.855 7.540 9.395 126 1.126 4.690 5.816 3.579 61,91% PE 185 4.616 18.059 22.675 114 3.282 12.661 15.943 6.732 70,31% PI 223 1.211 5.649 6.860 175 1.019 4.762 5.781 1.079 84,27% PR 399 9.008 8.758 17.766 151 4.732 4.535 9.267 8.499 52,16% RJ 92 4.574 15.271 19.845 46 3.458 12.506 15.964 3.881 80,44% RN 167 1.709 5.728 7.437 59 847 2.872 3.719 3.718 50,01% RO 52 915 2.532 3.447 36 778 2.233 3.011 436 87,35% RR 15 284 713 997 7 242 589 831 166 83,35% RS 496 6.059 11.934 17.993 113 2.673 5.351 8.024 9.969 44,60% SC 293 3.155 4.336 7.491 100 1.620 2.388 4.008 3.483 53,50% SE 75 1.106 3.686 4.792 45 816 2.536 3.352 1.440 69,95% SP 645 22.412 28.168 50.580 198 13.373 18.329 31.702 18.878 62,68% TO 139 769 2.101 2.870 50 440 1.091 1.531 1.339 53,34% Total 5.564 100.574 239.962 340.536 2.623 65.718 166.282 232.000 108.536 68,13% Fonte: Batimento BPC x MEC realizado em 02/09/2008. Podemos verificar que o total de municípios a serem trabalhados no programa corresponde a cerca de 47% do total. O que nos remete a um desafio no que se refere a expansão da implementação das ações do programa e de seu respectivo cronograma de intervenção. 10 O apoio financeiro esta regulamentado pela Portaria nº 434, de 04 de dezembro de 2008 e destina-se ao custeio de atividades referentes à formação e capacitação da Equipe Técnica Municipal responsável pela aplicação do Questionário e inserção das informações coletadas no aplicativo do Programa BPC na Escola. A outra Modalidade de transferência de recurso é referente à atividade de aplicação do Questionário e sua inserção no aplicativo do programa, correspondendo a R$ 25,00 (vinte e cinco reais) por cada questionário aplicado e inserido até 04 de dezembro de 2009, considerando o 10 Etapas: a) Formação destinada aos municípios que aderiram ao programa organizada pelos Estados visando capacitar os grupos gestores e equipes técnicas para a aplicação do questionário de identificação de barreiras; b) Publicação de Portaria com a definição de procedimentos para o repasse de recursos referente à aplicação do questionário; c) Aplicação dos Questionários pelos Municípios; d) Inserção dados coletados no sistema informatizado; e) Consolidação e análise dos dados coletados d) Definição de estratégias de intervenção ações intersetoriais no âmbito dos municípios para eliminação das barreiras identificadas.

máximo de questionários a serem aplicados em cada município. Esse valor é repassado mensalmente pelo Fundo Nacional da Assistência Social FNAS diretamente aos Fundos Municipais computados mensalmente, por meio de convênios, contratos, acordos, ajustes ou atos similares. Considerações acerca dos desafios Nas duas últimas décadas presenciamos avanços caracterizados pela busca de autonomia das pessoas com deficiência, respeito à diversidade e à dignidade, participação e equiparação de oportunidades, sob a perspectiva dos direitos humanos. Destarte, estabelecer uma política de educação inclusiva consiste em implementar ações que garantam o direito de todos à educação, valorizando as diferenças sociais, culturais, étnicas, raciais, sexuais, físicas, intelectuais, emocionais, lingüísticas e transformando o paradigma educacional brasileiro. O Governo Federal assumiu o compromisso pela inclusão das pessoas com deficiência através do Decreto nº 6215/2007, que em seu Art.2º afirma que o Governo Federal, atuando diretamente ou em regime de cooperação com os demais entes federados e entidades que se vincularem ao compromisso, observará, na formulação e implementação das ações para inclusão das pessoas com deficiência, as seguintes diretrizes: I - ampliar a participação das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, mediante sua qualificação profissional; II-ampliar o acesso das pessoas com deficiência à política de concessão de órteses e próteses; III-garantir o acesso das pessoas com deficiência à habitação acessível; IV-tornar as escolas e seu entorno acessíveis, de maneira a possibilitar a plena participação das pessoas com deficiências; V-garantir transporte e infra-estrutura acessíveis às pessoas com deficiência; VI-garantir que as escolas tenham salas de recursos multifuncionais, de maneira a possibilitar o acesso de alunos com deficiência. Neste sentido toda a engrenagem pública federal assume tarefas a serem cumpridas, buscando a efetivação daqueles compromissos. O MEC também tem responsabilidades a serem efetivadas. E nesta perspectiva este Ministério vem buscando implementar programas na perspectiva da efetiva constituição da educação inclusiva, como o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais (que objetiva disponibilizar aos sistemas públicos de ensino, equipamentos, mobiliários, materiais pedagógicos e de acessibilidade, com vistas a apoiar a ampliação da oferta do atendimento educacional especializado AEE); Programa Escola Acessível (que tem por objetivo apoiar a adequação de prédios escolares para acessibilidade, com vistas a promover o acesso das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida a todos os espaços educacionais); A Rede de Formação Continuada de Professores de Educação Especial (ofertar cursos de extensão ou aperfeiçoamento e especialização nas áreas do atendimento educacional especializado); Educação Inclusiva: direito à diversidade (Apoiar a formação de gestores e educadores para o desenvolvimento da educação especial na perspectiva da educação inclusiva; e a Formação Presencial de Professores de Educação Especial (Implementar cursos de formação, na modalidade presencial, para o atendimento as necessidades educacionais específicas dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, contemplando 10.255 professores das redes estaduais).

O BPC na escola perpassa grande parte do compromisso assumido pela democracia brasileira. Buscando articular um benefício e a política educacional brasileira, este programa assume vários desafios, entre eles situa-se a efetivação das ações de responsabilidade do MEC que consiste em: a) Disponibilizar os dados do Censo Escolar MEC/INEP; b) Apoiar técnica e financeiramente projetos na área de educação especial, como: adaptação de prédios escolares; formação de professores da educação especial para o atendimento educacional especializado; implantação de salas de recursos multifuncionais; c) Promover a seleção de escolas para participação no Programa Saúde na Escola - PSE; d) Desenvolver programa de formação para profissionais da educação, esse voltado à inclusão educacional dos beneficiários do BPC, de 0 a 18 anos de idade; e e) Divulgar experiências de êxito da inclusão educacional dos beneficiários do BPC, de 0 a 18 anos de idade. Assim como o MEC, o MDS também tem ações a serem implementadas, como: a) Disponibilizar, anualmente, a relação das pessoas com deficiência, beneficiárias do BPC, de 0 a 18 anos de idade, matriculadas e não matriculadas no sistema regular de ensino, à secretaria de assistência social, ou congênere, e ao sistema de ensino; b) Disponibilizar, anualmente, a relação das pessoas com deficiência, beneficiárias do BPC, de 0 a 18 anos de idade, cujos benefícios tenham sido encerrados, à secretaria de assistência social, ou congênere, e ao sistema de ensino; c) Promover a articulação entre os serviços e benefícios socioassistenciais visando o acompanhamento dos beneficiários do BPC, além de incentivar o desenvolvimento de projetos estratégicos de geração de renda, de segurança alimentar e nutricional, de promoção do trabalho e da convivência familiar e comunitária, destinados aos beneficiários do BPC participantes do PROGRAMA BPC NA ESCOLA e suas respectivas famílias; d) Desenvolver programa de formação para profissionais da área de assistência social voltado à inclusão educacional dos beneficiários do BPC, de 0 a 18 anos de idade; e e) Divulgar experiências de êxito da inclusão educacional dos beneficiários do BPC, de 0 a 18 anos de idade. Contudo observa-se que para que grande parte destas ações seja efetivada existe a necessidade de uma articulação eficaz junto ao sistema previdenciário, que é o responsável pela operacionalização deste beneficio, haja vista o fato de que a avaliação social e médico-pericial é realizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social/INSS, além da revisão realizada a cada dois anos nas agências do INSS. Dessa forma, o referido instituto tem uma função primordial para o sucesso deste programa. Seus técnicos e analistas devem desempenhar funções específicas neste ínterim, que pode envolver em sua estrutura a atuação do Programa de Educação Previdenciária PEP que tem entre outro objetivo o de informar e conscientizar a sociedade acerca de seus direitos e deveres em relação à previdência Social, com a finalidade de assegurar a proteção social dos cidadãos (Portaria nº 1.276/2003); a prestação de informações nas Agências da Previdência Social APS onde técnicos do seguro social e os analistas do seguro social podem esclarecer possíveis questionamentos acerca do benefício; da efetivação da avaliação social realizada por assistentes sociais

e médico-pericial realizada por perito médico do INSS; do acompanhamento realizado em articulação com toda a rede que compõem a seguridade social nas áreas de jurisdição das APS e posteriormente durante a revisão do benefício 11. A revisão do BPC a cada dois anos é uma exigência legal, e tem como objetivo verificar a manutenção ou não das condições que geraram o benefício. Este é um momento onde se pode verificar as necessidades dos beneficiários e suprimento destas através das políticas públicas e da garantia do acesso a bens e serviços que contemplam a rede de proteção social. Com a Política Nacional de Assistência Social PNAS, o BPC se enquadra no conjunto de ações da proteção social básica e, deve estar articulado às demais ações sócio-assistenciais a que reza esta Política. Com isso, a articulação entre o órgão que operacionaliza o benefício e o sistema educacional deve ser afinada, na perspectiva de garantir o a busca pela autonomia destes beneficiários, em especial crianças e adolescentes, através da educação e da inclusão social. Apesar dos avanços apontados, alguns desafios estão postos a efetivação deste programa, como o processo de adesão de Estados e municípios e a sensibilização destes entes federados para a relevância do programa e de sua implementação, visualizando a inserção destas crianças e adolescentes na rede de ensino, buscando a efetivação de sua cidadania. Neste sentido a busca pela articulação dos serviços, programas e benefícios entre si e com as demais políticas setoriais; a articulação da educação com as ferramentas de enfrentamento à pobreza; a garantia da convivência familiar e comunitária com qualidade de vida; a articulação entre os serviços e benefícios sócio-assistenciais com vistas ao acompanhamento dos beneficiários do BPC; o desenvolvimento do programa de formação para profissionais inseridos no programa e na retaguarda; e os entraves na integração dos programas setoriais que visem superar as ações pontuais e específicas e a baixa cobertura dos programas, se apresentam como desafios grandiosos, que impõem, aos envolvidos no processo de implementação deste programa, a busca por respostas que visem a superação destes entraves. O BPC na escola se apresenta enquanto um programa fundamental para a efetivação dos direitos essenciais a criança e ao adolescente, entre eles, a saúde, a educação, a moradia digna, a alimentação. Através da concessão de um benefício fixado em um salário mínimo e da busca pela articulação das políticas públicas, visualiza-se assegurar a proteção social, buscando assim prevenir situações de risco social, através do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Com isso, a concessão e manutenção deste benefício não pode se restringir a uma atividade técnica de cumprimento da norma legal restrita ao acompanhamento da permanência das condições que deram origem ao benefício. Cabe a instituição operacionalizadora, aos ministérios e secretarias implementar as demandas discutidas nos grupos de trabalho, sensibilizar os entes federados, garantir recursos para as atividades prevista em cronograma de ações, capacitar técnicos e gestores, e consolidar este programa enquanto possibilidade de assegurar uma vida mais digna e igualitária para crianças e adolescentes beneficiários do BPC. Referências Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e saúde. Centro Colaborador da OMS para a família de Classificações Internacionais (org). São Paulo: Edusp, 2003. 11 Rev. Loas Portaria MPAS/SEAS nº 1.524 DOU 10/12/2001

Cronograma de capacitações estaduais BPC na escola 2009. in www.mds.gov.br. Acesso em 10 de agosto de 2009. Decreto n 6.214, de 26 de setembro de 2007 Decreto nº 6215/2007 Extrato de adesão BPC na escola. DOU 30/05/2008 nº 102 Seção 3 p. 95-96 Extrato de adesão BPC na escola. DOU 18/08/2008 nº 158 Seção 3 p. 97-99 OI/INSS/DIRBEN/Nº081, DE 15/01/2003 Lei Orgânica da Assistência Social. Constituição federal. 1988 Portaria Normativa Interministerial nº 18, de 24 de abril de 2007 Portaria MPAS/SEAS nº 1.524 DOU 10/12/2001 Portaria Interministerial nº 1, de 14 de março de 2008 Portaria Interministerial nº 2, de 18 de abril de 2008 Portaria Interministerial n 1, de 12 de março de 2008 Portaria MDS nº 434, de 04 de dezembro de 2008