FACESI EM REVISTA. Ano 4 Volume 4, edição especial 2012 - ISSN 2177-6636

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Transcrição:

UM ESTUDO SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO NO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO MAYRA ORLANDI FADEL Universidade Estadual de Londrina - UEL mayra_fadel@yahoo.com.br LUCIANO GOMES DOS REIS Professor Adjunto Universidade Estadual de Londrina e Universidade Norte do Paraná - UNOPAR professorlucianoreis@gmail.com RESUMO A evolução da Contabilidade nas questões sociais, através da obrigatoriedade da Demonstração do Valor Adicionado com a edição da Lei 11.638 faz com que haja a necessidade de estudos referentes a estes temas. O presente trabalho foi elaborado com o intuito de observar como ocorre a distribuição de riqueza no setor de telecomunicações brasileiro. Foi realizada uma pesquisa com empresas do setor que publicaram em 2009 e 2010 a DVA no sitio da BM&FBOVESPA para analisar como é feita a distribuição da riqueza e se havia uma padronização. Houve uma comparação com um estudo anterior para observar quais mudanças ocorreram de 2007 até a presente data. Constatou-se que não há um padrão na distribuição da riqueza para o setor. Também observou-se que a distribuição do valor adicionado se dá principalmente para o Governo (em média 54%) e, apesar de alta, teve uma redução, se comparado com o estudo de 2007. 1 INTRODUÇÃO Cada vez mais o usuário da informação contábil está se baseando em informações de âmbito social e ambiental para o processo de tomada de decisão. Segundo Tinoco (citado por Corrêa, 2010) a responsabilidade social corporativa pode ser entendida como o dever de comunicar com exatidão os dados da entidade para que a comunidade que se relaciona com a entidade possa avaliá-la, compreendê-la, e talvez, se necessário, criticá-la. A respeito desse tema, Santos (2007) afirma que a Contabilidade tem demonstrado que sua base de dados para a prestação de informações deve passar a ser um dos principais instrumentos de balizamento nas relações do homem e das empresas que estejam inseridas em um mesmo contexto social. Partindo-se dessa premissa, o presente trabalho tem o objetivo de realizar uma análise sobre a distribuição da riqueza do setor de telecomunicações no Brasil. Para cumprir esse objetivo, foi determinado como objeto de estudo a Demonstração do Valor Adicionado das empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo, BOVESPA, no setor de telecomunicações. Justifica-se o presente estudo pelo fato da Demonstração do Valor Adicionado, que demonstra a riqueza gerada e distribuída pela entidade, ser uma demonstração relativamente nova no mercado acionário, uma vez que sua obrigatoriedade para as Sociedades Anônimas ocorreu somente a partir do exercício de 2008, com o advento da alteração da Lei das Sociedades Anônimas, promovida pela Lei nº 11.638/07. Além disso, como constata Santos (2007), se duas ou mais empresas obtiverem o mesmo lucro, após um investimento do mesmo capital, terão as mesmas taxas de rentabilidade, porém não será observado o quanto de benefício essa empresa proporciona à sociedade através da distribuição do valor adicionado gerado, via salários, impostos e diversos outros benefícios.

O estudo busca, dessa forma, responder as seguintes questões: como é distribuída a riqueza no setor de telecomunicações no Brasil? Há um padrão na distribuição dessa riqueza nesse setor? As hipóteses adotadas são de que a distribuição do valor adicionado está concentrada em maior parte ao governo, visto que a carga tributária brasileira é uma das maiores do mundo, em torno de 43% para o setor, segundo a Associação Brasileira de Telecomunicações. Para a segunda questão, parte-se do pressuposto de que por ser do mesmo setor de atuação haverá um padrão na distribuição da riqueza das empresas desse setor. A escolha do setor de telecomunicações se deu pelo fato de ser um dos serviços que são mais utilizados pelos brasileiros, que saltou de 30 milhões em 1998 para 240 milhões de linhas ativas em 2010, apresentando um crescimento de mais de 700% em 13 anos de privatização, segundo a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil). O presente artigo apresenta-se dividido em cinco seções: essa introdução, sendo apresentada posteriormente a fundamentação teórica. Na sequência, é apresentada a metodologia de pesquisa utilizada, para posteriormente ser realizada a análise e discussão dos resultados encontrados. Finalizando o trabalho, são apresentadas as conclusões e perspectivas para estudos futuros. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A relevância da informação contábil se dá a partir do momento em que ela tem alguma influência na decisão do usuário. Fadlalah, Martinez e Nossa (2011) afirmam que o valor da informação para o usuário é a diferença entre o nível de utilidade esperada anterior e posterior à evidenciação contábil. Sendo assim, a utilidade das demonstrações financeiras depende, fundamentalmente, da relevância das informações que produz e divulga aos usuários, de forma a auxiliá-los em suas decisões. Além de ser relevante, a informação contábil deve demonstrar a realidade da entidade de maneira mais fidedigna possível. Com base na teoria contratual da firma, que é uma extensão da teoria econômica clássica, deve-se entender que as empresas são compostas por um conjunto de contratos expressos ou tácitos entre seus diversos tipos de participantes, de forma que cada tipo de participante tenha suas obrigações e direitos na empresa, razão pela qual devem contribuir de alguma forma para com a empresa e desta receber sua parcela como contrapartida (GALLO, 2007). Em suma, pode-se dizer que assim como o ambiente em que a entidade está inserida lhe fornece recursos para a sua continuidade, a mesma entidade deverá retornar parte desses recursos à sociedade que a apoia, e é através da informação contábil que essa sociedade poderá acompanhar como será feita essa retribuição. Serão abordados, nesta seção, os temas específicos sobre Balanço Social, do qual a Demonstração do Valor Adicionado é uma vertente; a própria DVA, considerando sua estrutura, função, características, sua diferença com a Demonstração do Resultado do Exercício, a qual é uma base para a elaboração da primeira, assim como sobre o setor de telecomunicação no Brasil, para assim entender o ambiente em que está inserida a pesquisa. Na Europa, movimentos sociais iniciados nos anos 60 na Alemanha, Inglaterra e França passaram a exigir uma maior responsabilidade social das empresas de seus países, fazendo com que surgisse na França, em 1977, o Balanço Social, o qual apresenta não somente aspectos econômico-financeiros da empresa, como também os aspectos sociais. Na América, devido ao repúdio da população à guerra do Vietnã, nos anos 60, houve uma exigência de um relatório da postura ética, ações e objetivos sociais das empresas para que, assim, a população tivesse conhecimento não somente dos resultados econômicos, mas

também da posição social das organizações. No Brasil, a ideia surgiu nos anos 70, mas só foi colocada em prática nos anos 80, e as publicações só começaram a ser difundidas a partir dos anos 90. O Balanço Social possui quatro vertentes: a) Balanço Ambiental: reflete a postura da empresa em relação aos recursos naturais; b) Balanço de Recursos Humanos: visa evidenciar o perfil da força de trabalho, remuneração e benefícios concedidos, gastos com treinamentos, e ainda gastos em benefícios à sociedade circunvizinha; c) Demonstração do Valor Adicionado: evidencia a contribuição da empresa para agregar riqueza à economia local e a forma como é distribuída; d) Evidenciação das ações da empresa em relação à benefícios sociais como contribuições a entidades filantrópicas e assistenciais, preservação de bens culturais, etc. Apesar de não ser obrigatória sua divulgação, muitas empresas vêm sendo pressionadas em relação à publicação de relatórios ambientais, e há um crescente número de empresas que divulgam essas informações, buscando muitas vezes uma ação de marketing da empresa, além de contribuir com um maior nível de informação social e ambiental. Conforme citado, a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é parte do Balanço Social, a qual se refere à riqueza criada pela empresa e o modo como foi distribuída. Segundo Morley (1979), a Demonstração do Valor Adicionado já era divulgada, de forma voluntária, no Reino Unido, no ano anterior de 1978, por cerca de um quarto das empresas de capital aberto. Na visão do autor, a apresentação dessa demonstração traria mais vantagens do que desvantagens, ao permitir a visualização, por parte dos usuários, de onde estão sendo originados os valores que a organização cria e para quem são destinados. Burchell, Clubb e Hopwood (1985) destacam a importância social da contabilidade, em especial da demonstração do valor adicionado, que permitiu a visualização do aumento da participação dos juros no valor adicionado, na década de 1970, no Reino Unido, o que acabou tendo impacto nas políticas governamentais sobre o tema. De acordo com Santos (2007) a DVA deve ser entendida como a forma mais competente criada pela contabilidade para auxiliar na medição e demonstração da capacidade de geração, bem como de distribuição da riqueza de uma entidade. Antes de ser obrigatória no Brasil, a publicação e divulgação da DVA era incentivada e apoiada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Sua obrigatoriedade ocorreu a partir da Lei nº 11.638/07, que introduziu alterações na Lei nº 6.404/76, com elaboração e divulgação por parte das companhias abertas. A obrigatoriedade da Demonstração do Valor Adicionado veio preencher uma lacuna na Contabilidade, uma vez que esta apresentava apenas informações de natureza econômica e financeira, sendo que a vertente social não era abordada de forma direta. As diretrizes para elaboração e divulgação da Demonstração do Valor Adicionado estão presentes no Pronunciamento Contábil 09 Demonstração do Valor Adicionado expedido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, o CPC. O CPC 09 define valor adicionado como a riqueza criada pela empresa, de forma geral medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o valor adicionado recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferido à entidade. (CPC 09 Item 9) Por riqueza criada pode-se entender que é o valor agregado pela empresa pelo seu esforço produtivo. De acordo com Fadlalah, Martinez e Nossa (2011) a riqueza criada, tratada na DVA, deve ser entendida como o incremento de valor que a empresa atribui aos insumos

de produção que foram pagos a terceiros durante o processo produtivo, que pode ser calculado pela diferença aritmética entre o valor das vendas e os insumos pagos a terceiros, acrescida a depreciação. Importante é ressaltar que existem duas maneiras de cálculo do valor adicionado: o econômico e o contábil. No econômico a base para o cálculo é a produção, enquanto que no contábil é a realização da receita, baseando-se no regime de competência. Sendo assim, há uma diferença apenas no espaço de tempo. Enquanto na visão econômica todo o valor adicionado da produção já foi calculado, na visão contábil o valor adicionado apenas será calculado a partir da venda, sendo assim o que ficar para estoque ainda não teve seu valor agregado calculado na DVA. Iudícibus et al. (2010) explicitam a importância da DVA devido à possibilidade de analisar a capacidade de geração de valor e a forma de distribuição das riquezas de cada empresa, o desempenho econômico da empresa, auxilia no cálculo do PIB e de indicadores sociais e fornecer informações sobre os benefícios obtidos por cada parte envolvida direta ou indiretamente nos fatores de produção. Entretanto, na visão Aruwa (2008), em levantamento realizado na Nigéria, o nível de utilização de tais indicadores pode ser baixo, especialmente quanto há dúvidas sobre a confiabilidade e objetividade dos valores apresentados. O autor salienta a importância da DVA como uma ferramenta para diagnóstico empresarial, bem como a sua capacidade preditiva, ao possibilitar a realização de comparação entre empresas do mesmo ramo de atividade,como apresentado neste trabalho. Sua estrutura possui duas partes distintas: a formação da riqueza (valor adicionado) da entidade e a distribuição dessa riqueza. Na primeira evidenciam-se as receitas da entidade deduzindo os insumos adquiridos de terceiros, e ainda adiciona-se a riqueza recebida em transferência, como juros, royalties, etc. Na segunda parte, evidencia-se a distribuição da riqueza entre empregados, governo, remuneração de capital de terceiros e remuneração de capital próprio. É apresentado a seguir o modelo da Demonstração do Valor Adicionado, constante do CPC 09: Descrição 20X1 20X0 1- RECEITAS 2- INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui valores do impostos) 3- VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2) 4- DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO 5- VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4) 6- VALOR ADICIONADO RECEBIDO POR TRANSFERÊNCIA 7- VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6) 8- DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO 8.1) Pessoal 8.2) Impostos, taxas e contribuições 8.3) Remuneração de capitais de terceiros 8.4) Remuneração de capitais próprios Fonte: CPC 09 Modelo 1 Demonstração do Valor Adicionado Empresas em Geral Como se pode observar, segundo o CPC 09, o valor adicionado distribuído deve ser demonstrado de forma detalhada entre:

a) Pessoal abrangendo remuneração direta (salários, 13º salário, honorários da administração, férias, comissões, horas extras, participação de empregados nos resultados, etc), benefícios (assistência médica, alimentação, transporte, planos de aposentadoria etc.) e FGTS (valores depositados em conta vinculada dos empregados.); b) Impostos, taxas e contribuições valores relativos aos impostos (federais, estaduais e municipais) efetivamente pagos pela empresa, inclusive contribuições aos INSS (incluídos aqui os valores do Seguro de Acidentes do Trabalho) que sejam ônus do empregador, bem como os demais impostos e contribuições a que a empresa esteja sujeita. Para os impostos compensáveis, devem ser considerados apenas os valores devidos ou já recolhidos; c) Remuneração de capitais de terceiros valores pagos ou creditados aos financiadores externos de capital como juros, aluguéis e transferência de riqueza a terceiros (mesmo que originadas em capital intelectual, tais como royalties, franquia, direitos autorais, etc.); d) Remuneração de capitais próprios valores relativos à remuneração atribuída aos sócios e acionistas (juros sobre o capital próprio e dividendos, lucros retidos e prejuízos do exercício); É na forma de distribuição do valor adicionado que está o foco da presente pesquisa, uma vez que será realizada uma análise de como essa distribuição ocorre, bem como se há um padrão no setor de telecomunicações. Outro fator a ser considerado é que, devido à Demonstração do Valor Adicionado ser elaborada a partir da Demonstração do Resultado do Exercício, torna-se necessário explicitar algumas diferenças entre as duas. Elas são complementares, porém diferentes entre si. Segundo o Pronunciamento Conceitual Básico Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, emitido pelo CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), a DRE fornece informações sobre o desempenho econômico da entidade, porém de maneira incompleta, sendo necessário a utilização de outras demonstrações para complementar uma análise sobre o desempenho da entidade. Fadlalah, Martinez e Nossa (2011) afirmam que a DRE tem por prioridade enfatizar o lucro líquido, que, na DVA, corresponde à parcela do valor adicionado destinada aos detentores do capital. Quanto às demais parcelas do valor adicionado destinadas a empregados, governo e financiadores externos, na DRE, aparecem como despesas. Assim, pode-se citar Martins (apud SANTOS, 2007, pg. 40) que observou que A demonstração de resultado é uma visão particular, pode-se dizer, no extremo, até egoísta, de apenas um dos interessados na empresa, os seus proprietários. A demonstração do valor adicionado é de uma visão muito mais geral, dando a mesma importância a todos os fatores de produção: trabalho, demais capitais na forma de crédito e também o governo. Em suma, a DRE utiliza o critério de natureza (receita/despesa/custo), enquanto que a DVA utiliza o critério de benefício (quais recursos ficarão na entidade, quais e de que forma serão os recursos distribuídos). Vale ressaltar que Fadlalah, Martinez e Nossa (2011) em seu estudo concluíram que a riqueza criada por ação (informação gerada pela DVA) tem maior impacto nas decisões dos investidores que o lucro líquido por ação, informação gerada pela DRE. Sendo assim, um estudo mais aprofundado sobre a DVA é de grande valia.

Considerando-se as informações fornecidas pela Demonstração do Valor Adicionado, optou-se por realizar o estudo no setor de telecomunicações, dada a sua relevância, sua evolução e as suas características no país. Historicamente, o Brasil acompanhou de perto a evolução inicial da telefonia. Em 1887, D.Pedro II instalou uma linha do Palácio da Quinta da Boa Vista, onde hoje funciona o Museu Nacional, até as residências de seus ministros, o que, segundo Vieira (2005), resultou em um decreto, de 1881, que concedeu à Telephone Company of Brazil, aqui chamada Companhia Telefônica do Brazil (CTB), autorização para construir linhas telefônicas no Rio de Janeiro, subúrbios, cidade de Niterói, postas em comunicação inclusive por cabo submarino. O monopólio foi o primeiro modelo de organização das telecomunicações em todo o mundo, tanto estatal, quanto privado. Segundo a empresa de consultoria em telecomunicações Teleco, os anos de 1960 o sistema telefônico brasileiro estava absolutamente estagnado. A falta de investimentos, decorrência em parte das baixas tarifas impostas pelo governo, em parte devido às baixas importações, reflexo da 2ª Guerra Mundial, fizeram com que a demanda por telefones não fosse atendida durante um longo período. Como Maculan (apud Pessini, 1986) observou, no início da década de sessenta, o país possuía menos de 1,3 milhões de telefones, frente a uma população de 74 milhões de habitantes, uma média de 1,7 telefones a cada 100 habitantes. A situação era insustentável, pois a falta desse recurso e infraestrutura essencial estrangulava o desenvolvimento dos negócios das empresas e não propiciavam um mínimo de conforto para os cidadãos. Diante desse quadro, e na conjuntura política favorável da época, as companhias telefônicas que operavam no Brasil começaram a ser desapropriadas e estatizadas. A nacionalização mais relevante foi a compra compulsória da Companhia Telefônica Brasileira (CBT), resquício dos primórdios da telefonia no Brasil. A partir dos anos de 1960, ocorreu a modernização do Sistema Brasileiro de Telecomunicações e foi criado o Ministério das Comunicações, advento da Lei nº 4.117/62, conhecida como Código Brasileiro de Telecomunicações. O programa inicial contou com a criação da Embratel, empresa à qual foi atribuída a instalação de um sistema de comunicações interurbanas da alta capacidade, cobrindo todo o território nacional. O Sistema Brasileiro de Telecomunicações estruturou-se em 1970 a partir de uma nova empresa, a Telebrás, holding que passou então a controlar, a disciplinar e a expandir as empresas estaduais, praticamente todas elas já estatizadas, graças a Lei 5.792/72, que criou a Telebrás. As redes telefônicas foram ampliadas e grande parte da demanda reprimida foi atendida. Na década de 80, ocorreram grandes mudanças na ordem internacional econômica, com o Estado perdendo sua capacidade de investimento, principalmente no setor de infraestrutura, consequências da redução da carga tributária, da queda do crescimento interno da economia e do superávit do comércio exterior em relação ao PIB (JESUS, 2000). O Brasil também foi envolvido pela onda liberal, com a desregulamentação de quase todos os setores da atividade, a fim de não ocorrer um retrocesso tecnológico. Na prática, levou à privatização dos sistemas estatais de telecomunicações. Com a ascensão de Fernando Collor na Presidência da República, foi dado início, entre outras metas prioritárias, aos processos de privatizações, com a criação do Programa Nacional de Desestatização (PND), através da lei 8.031/90, com o principal objetivo de modernizar a economia brasileira. Dando sequência a esse processo, a Lei Geral das Telecomunicações, sancionada em julho de 1997, acabou com o monopólio estatal e privado. Em 29 de julho de 1998, o Sistema TELEBRÁS foi privatizado por R$22,0579 bilhões, com ágio de 63,74% sobre o preço mínimo, a segunda maior privatização no setor de telecomunicações no mundo.

Em 1998, antes da privatização, o Brasil tinha 12 milhões de linhas fixas em serviço e 7,5 milhões de telefones celulares, segundo números da Anatel. Na época, a população brasileira era de cerca de 160 milhões de habitantes. Em 2010, 12 anos após a privatização, com uma população de mais de 190 milhões de habitantes, o Brasil possui 179 milhões de usuários de telefonia móvel, e quase 50 milhões de usuários de telefonia fixa, segundo a Associação Brasileira de Telefonia. Atrelado a esse crescimento substancial após a privatização, o setor de telecomunicações aumenta a produtividade da economia, principalmente quando considerado como setor independente da atividade econômica e meio fundamental em outras atividades. É tão expressiva sua participação na economia global que a iniciativa privada investe no Brasil, anualmente, uma média de R$ 15 bilhões, com ênfase, nos dias atuais, em banda larga e em tecnologia de terceira geração (3G) para o serviço celular. Considerando-se a relevância do setor de telecomunicações para a sociedade, de forma geral, a presente pesquisa abordará a forma pela qual é realizada a distribuição da riqueza por esse tipo de empresa, verificando-se quais seus principais beneficiários, bem como se há alguma padronização no setor. 3 METODOLOGIA A pesquisa tem caráter descritivo, pois visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis, (GIL, 1991). Inicialmente, a metodologia utilizada na pesquisa se caracterizou por um estudo bibliográfico sobre o setor de telecomunicações, sobre a Demonstração do Valor Adicionado e o meio no qual estão inseridos. Após uma reflexão sobre o tema foi feita uma pesquisa documental, apoiando-se também em dados encontrados pela pesquisa de Santos e Silva (2009) referente ao mesmo tema, embora com uma abordagem diversa, considerando-se inclusive o fato de que à época da coleta de dados dessa outra pesquisa a publicação da DVA era voluntária. Partindo-se da premissa de que ocorreu uma alteração na forma do disclosure das informações sobre o valor adicionado, buscou-se realizar uma análise das mudanças ocorridas desde então. A pesquisa bibliográfica se deu através de artigos sobre o tema, livros e a própria legislação. A pesquisa bibliográfica se caracteriza pelo contato direto com o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, (MARCONI e LAKATOS, 2010). Ou seja, a pesquisa bibliográfica tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre determinado assunto, como afirma Oliveira (2004). Já a pesquisa documental se deu através da análise das Demonstrações do Valor Adicionado dos anos de 2009 e 2010, publicadas e disponíveis no site da Bolsa de Valores de São Paulo - Bovespa. Por pesquisa documental, segundo Marconi e Lakatos (1996, pg 73), entende-se que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no momento em o fato ou fenômeno ocorre, ou depois. Em uma análise inicial, foram detectadas 17 empresas de capital aberto do setor de telecomunicações, das quais 2 não apresentaram Demonstração do Valor Adicionado (Telefônica S.A. e Inepar Telecomunicações S.A.). Destaca-se que ocorreu um acréscimo de quase de 100% no número de empresas que publicaram esse demonstrativo no setor, em relação ao número de 2008 encontrado no trabalho de Santos e Silva (2009), que à época eram 8 empresas, que realizam a divulgação de forma voluntária, pois não havia legislação específica sobre o tema. Com as informações coletadas nas DVAs encontrou-se a porcentagem da distribuição do valor adicionado de cada empresa e uma média entre todas, para que, assim, haja a comparação dos resultados com a média.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Após a coleta de dados na Demonstração do Valor Adicionado dos exercícios de 2009 e 2010 das 15 empresas do setor de telecomunicações que apresentaram essa demonstração, obteve-se o Valor Adicionado a Distribuir de cada uma delas e o percentual de crescimento entre os dois anos, que pode ser visualizado na Tabela 1, apresentada abaixo: Tabela 1: Comparativo do Valor Adicionado a Distribuir das Empresas de Telefonia no Brasil. Valor Adicionado a Distribuir EMPRESAS 2010 2009 % de crescimento BRASIL TELECOM S.A. 8.039.394 4.598.457 74,83%% CTBC TELECOM 1.223.893 1.075.341 13,81% COARI PARTICIPAÇÕES S.A. 4.968.611 11.182.937 (55,57%) EMBRATEL PARTICIPAÇÕES S.A. 6.704.281 6.841.796 (2,01%) JEREISSATI PARTICIPAÇÕES S.A. 4.884.897 5.635.259 (13,32%) JEREISSATI TELECOM S.A. 4.625.131 5.455.460 (15,22%) LF TEL S.A. 4.589.705 5.406.433 (15,11%) TELE NORTE LESTE 19.040.256 22.913.204 (16,90%) PARTICIPAÇÕES S.A. TELEC DE SÃO PAULO S.A. - TELESP 11.040.535 11.216.245 (1,57%) TELEMAR NORTE LESTE S.A. 11.049.912 14.767.080 (25,17%) TELEMAR PARTICIPAÇÕES S.A. 19.019.151 22.924.921 (17,04%) AMARICEL S.A. 1.040.316 1.213.647 (14,28%) TELE NORTE CELULAR 5.842.482 3.492.906 67,27% PARTICIPAÇÕES S.A. TIM PARTICIPAÇÕES S.A. 8.268.577 6.863.162 20,48% VIVO PARTICIPAÇÕES S.A. 11.831.709 9.815.560 20,54% Fonte: elaboração dos autores, a partir dos dados de DVA disponíveis. Como se pode observar a maioria das empresas teve uma redução em seu valor adicionado do ano de 2009 para o ano de 2010, sendo que apenas 5 empresas apresentaram acréscimo nesse valor, sendo que 3 delas eram de telefonia móvel. Após uma análise dos dados coletados, houve a elaboração da Tabela 2, a qual ilustra como o valor adicionado de cada empresa é distribuído e uma média do setor. Tabela 2 Quadro Comparativo da Distribuição do Valor Adicionado do setor de telecomunicações Remuneração Empregados Distribuição do Valor Adicionado Remuneração Governo EMPRESAS 2010 2009 2010 2009 BRASIL TELECOM S.A. 10,85% 19,98% 49,65% 77,53% CTBC TELECOM 32,17% 29,80% 44,76% 48,35% COARI PARTICIPAÇÕES S.A. 17,56% 7,80% 60,75% 34,93% EMBRATEL PARTICIPAÇÕES S.A. 12,91% 12,36% 69,73% 70,60% JEREISSATI PARTICIPAÇÕES S.A. 16,26% 13,56% 50,81% 46,35%

JEREISSATI TELECOM S.A. 16,33% 13,39% 52,49% 46,70% LF TEL S.A. 16,38% 13,46% 52,61% 46,85% TELE NORTE LESTE PARTICIPAÇÕES 10,33% 8,97% 55,65% 48,87% S.A. TELEC DE SÃO PAULO S.A. TELESP 6,82% 5,01% 59,79% 62,17% TELEMAR NORTE LESTE S.A. 6,93% 5,54% 42,07% 35,16% TELEMAR PARTICIPAÇÕES S.A. 10,37% 8,98% 55,73% 48,85% AMARICEL S.A. 9,59% 7,97% 53,80% 57,25% TELE NORTE CELULAR 4,10% 5,79% 48,08% 51,26% PARTICIPAÇÕES S.A. TIM PARTICIPAÇÕES S.A. 6,09% 6,71% 51,98% 69,31% VIVO PARTICIPAÇÕES S.A. 9,51% 8,38% 61,96% 60,38% MÉDIA 12,41% 11,18% 53,99% 53,64% Remuneração Capital de 3º Distribuição do Valor Adicionado Remuneração Capital Próprio EMPRESAS 2010 2009 2010 2009 BRASIL TELECOM S.A. 14,99% 24,66% 24,52% -22,17% CTBC TELECOM 12,37% 14,86% 11,33% 7,32% COARI PARTICIPAÇÕES S.A. 24,26% 10,78% -2,56% 46,08% EMBRATEL PARTICIPAÇÕES S.A. 5,95% -2,43% 4,58% 6,75% JEREISSATI PARTICIPAÇÕES S.A. 25,88% 21,23% 7,05% 18,86% JEREISSATI TELECOM S.A. 26,74% 21,85% 4,43% 18,06% LF TEL S.A. 26,03% 21,24% 4,98% 18,44% TELE NORTE LESTE PARTICIPAÇÕES 24,83% 19,94% 9,19% 22,22% S.A. TELEC DE SÃO PAULO S.A. TELESP 10,00% 10,71% 21,73% 19,65% TELEMAR NORTE LESTE S.A. 33,80% 23,97% 15,57% 35,33% TELEMAR PARTICIPAÇÕES S.A. 26,37% 21,20% 7,53% 20,97% AMARICEL S.A. 6,35% 4,37% 28,63% 28,37% TELE NORTE CELULAR 16,55% 21,12% 31,28% 21,82% PARTICIPAÇÕES S.A. TIM PARTICIPAÇÕES S.A. 15,19% 19,01% 26,75% 4,97% VIVO PARTICIPAÇÕES S.A. 12,52% 22,30% 16,01% 8,95% MÉDIA 18,79% 16,99% 14,07% 17,04% Fonte: elaboração dos autores, a partir dos dados de DVA disponíveis. Por intermédio da tabela 2 é possível observar que a empresa que mais distribui sua riqueza aos funcionários é a CTBC Telecom com 32,17% de todo o valor adicionado em 2010 e em 2009 com 29,8%. A empresa que distribui uma menor parcela da riqueza aos seus funcionários é a Tele Norte Celular Participações S.A., com 4,1%, porém apenas em 2010, pois em 2009 foi a Telec de São Paulo S.A. (Telesp) com 5,01%. A média do setor na distribuição para empregados é de 12,41%, e a variação em 2010 entre a empresa que mais distribuiu e a que menos distribuiu é de 28,07%. No ano de 2009 essa diferença foi de 25,7%. Em relação à distribuição do valor adicionado ao governo, a empresa que mais contribuiu proporcionalmente com sua riqueza na forma de tributos em 2010 foi a Embratel Participações S.A. com 69,73% e em 2009 foi a Brasil Telecom S.A. com 77,53%. As empresas que menos contribuíram com a sua riqueza ao governo foram, em 2010 a Telemar Norte Leste S.A., 42,07% e em 2009, a Coari Participações S.A. com 34,93%. A média para o setor de telecomunicações foi de 53,99% de distribuição de riqueza ao governo em 2010, com

uma variação de 27,66% entre a empresa que mais distribuiu e a que menos distribuiu, e em 2009 com variação de 42,60% e média de 53,64%. No quesito remuneração de capital de terceiros em 2010 e 2009 tem-se, respectivamente, a Telemar Norte Leste S.A. (33,8%) e Brasil Telecom S.A. (24,66%) com a maior remuneração do capital de terceiros, e a empresa Embratel S.A. com a pior remuneração nos dois anos consecutivos com 5,95% para 2010 e -2,46% para 2009. A média para o setor foi de 18,79% e 16,99% em 2010 e 2009 respectivamente. Analisando a remuneração do capital próprio as empresas com maior percentual foram, em 2010, Tele Norte Participações S.A. (31,28%) e, em 2009 Coari Participações S.A. (46,08%), em contrapartida esta, em 2010 foi a que menos remunerou o capital próprio com percentual negativo (-2,56%) e em 2009 a que menos remunerou se capital próprio foi a Brasil Telecom S.A. (-22,17%). A média ficou em 14,07% em 2010 e 17,04% em 2009. A variação entre as que mais remuneraram e as que menos remuneraram o capital próprio ficou em 33,84% em 2010 e 68,25% em 2009. Dessa forma, observa-se que este é o item de distribuição da riqueza no qual há maior disparidade entre as empresas analisadas durante o período. O gráfico 1, por sua vez, representa um retrato da distribuição da riqueza das telecomunicações no Brasil, utilizando-se para a elaboração as médias de 2007 a 20010, e comparando-as entre si, com dados encontrados nessa pesquisa e dados referentes ao estudo de Santos e Silva (2009). Pode-se constatar as seguintes mudanças: houve uma diminuição na remuneração do governo em 11 pontos percentuais, de 2007 para 2010. Essa redução permitiu um acréscimo na remuneração do capital próprio (5,79 pontos percentuais de aumento), na remuneração de capital de terceiros (2,38 pontos percentuais de aumento) e na remuneração dos empregados (1,72 pontos percentuais de aumento). Gráfico 1: A evolução da distribuição de riqueza no setor de telecomunicações entre 2007 e 2010. Fonte: elaboração dos autores Considerando-se que o montante a distribuir resulta em um total de 100%, a alteração em um componente da distribuição, que no caso foi o Governo, proporciona a sua destinação aos outros beneficiários. No período analisado, a participação dos impostos e contribuições destinadas aos entes governamentais foi reduzida, seja por alterações na legislação tributária, seja por práticas de planejamento tributário das organizações, o que permitiu que a riqueza