Tecnologia da Informação com Sustentabilidade: Um Desafio do Novo Século Por Mauro Franco Teixeira



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Transcrição:

Tecnologia da Informação com Sustentabilidade: Um Desafio do Novo Século Por Mauro Franco Teixeira RESUMO Estamos vivendo hoje a chamada Era da Informação, onde a cada ano são consumidos mais e mais produtos tecnológicos decorrentes do rápido e constante avanço da ciência na criação de novos dispositivos, soluções inovadoras e equipamentos portáteis, que chegam para facilitar a vida das pessoas no ambiente de trabalho e fora dele. Entretanto, o consumo inconsciente provocado por estes avanços, não só na área de tecnologia da informação como em todas as áreas de desenvolvimento, nos oferece uma grande oportunidade de discussão e reflexão sobre as futuras consequências que este ato pode provocar no decorrer deste novo século que ainda se inicia. Como estará nosso planeta ao final destes cem anos que estamos começando a viver? O que podemos fazer hoje para garantir que os nossos atos não tenham consequências nefastas e que não venham a prejudicar o desenvolvimento nas próximas décadas? É neste contexto que pretendemos, com este trabalho, discutir o papel do setor de tecnologia da informação na promoção de um desenvolvimento sustentável para a sociedade. PALAVRAS-CHAVE Sustentabilidade, tecnologia da informação, responsabilidade social, meio ambiente.

1. INTRODUÇÃO Praticamente todo dia temos visto e ouvido nos meios de comunicação notícias de agressões ambientais como, por exemplo, as causadas pelo descarte inadequado de resíduos industriais, tecnológicos e residenciais diretamente no meio ambiente. Também lemos e ouvimos manchetes alertando sobre o desrespeito ao Protocolo de Kyoto, que limitou as emissões de poluentes industriais na atmosfera por algumas nações que não pretendem mudar tão cedo suas políticas de desenvolvimento atuais em favor de políticas sustentáveis. Os fatos acima citados como exemplo nos permitem seguramente afirmar que atualmente um dos maiores desafios da humanidade está em buscar um comprometimento maior com a responsabilidade ambiental visando à utilização racional dos recursos naturais do planeta, partindo de uma conscientização do indivíduo, mas que sem dúvida garantirá no futuro um ambiente com mais harmonia e equilíbrio para toda coletividade. Virtuoso (2004) cita em seu trabalho que Persiste a falta de compreensão de que nosso planeta funciona como um sistema onde todos os elementos estão entrelaçados, interdependem, influenciam e são influenciados, como também nossa capacidade de continuar criando máquinas transformadoras desse mesmo planeta, consumindo indiscriminadamente recursos naturais e devolvendo ao meio rejeitos. Já em meio a uma série de consequências originadas desta prática aquecimento global, chuvas ácidas, destruição da camada de ozônio, etc... buscamos reduzir a margem de contradições que compõem nosso quadro planetário, tentando entender o conceito de desenvolvimento sustentável, no qual, segundo LEIS (1999), deixa-se de assumir o ser humano como medida de todas as coisas, substituindo-o pela relação deste com a natureza. Este é o sentido traduzido de maneira implícita no conceito de desenvolvimento sustentável como aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades. (G.H. et al apud LEIS, 1999, p.151). De que adiantam todos os avanços tecnológicos que temos presenciado na atualidade, disponibilizados ao consumo numa velocidade incrível, simultaneamente em praticamente todo o mundo, se não podemos garantir hoje que deixaremos para o futuro um planeta habitável aos nossos filhos, netos e bisnetos. Por isso entendemos que uma grande conscientização, passada de geração para geração, quanto ao respeito à natureza é o que garantirá a sustentabilidade e uma vida melhor aos habitantes do planeta.

2. SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 2.1 O que é Desenvolvimento Sustentável? O dicionário Caudas Aulete Digital define Sustentabilidade como: 1. Qualidade ou condição de sustentável, 2. Ecol. Econ. Modelo de desenvolvimento que busca conciliar as necessidades econômicas, sociais e ambientais de modo a garantir seu atendimento por tempo indeterminado e a promover a inclusão social, o bem-estar econômico e a preservação dos recursos naturais; Desenvolvimento Sustentável. Atualmente, a definição mais aceita para Desenvolvimento Sustentável surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU (Organização das Nações Unidas) criada para discussões e proposições de formas de atingir de forma conjunta e harmônica, dois objetivos importantes para o progresso das nações: a conservação ambiental e o desenvolvimento econômico. Esta Comissão definiu Desenvolvimento Sustentável como sendo o desenvolvimento capaz de atender as necessidades da atual geração, sem comprometimento da capacidade de atender as necessidades das gerações futuras, ou seja, é o desenvolvimento cujos processos não esgotam os recursos para o futuro. Não é difícil compreender que para alcançarmos um desenvolvimento sustentável dependemos de muito planejamento principalmente levando em consideração um conceito básico e importantíssimo: Os recursos naturais não são infinitos! O modelo de crescimento econômico atual na maioria dos países tem levado ao esgotamento das fontes de energia e dos recursos naturais o que é considerado como desenvolvimento insustentável. Ao contrário, o desenvolvimento sustentável sugere qualidade em vez de quantidade, assim como uma redução no uso de matérias-primas e produtos e um aumento das práticas de reciclagem e reutilização. 2.2 Avanços da Tecnologia na Era da Informação A massificação do uso da Internet como principal ferramenta do chamado comércio eletrônico, comodidade esta muito bem-vinda levando-se em conta a correria do dia a dia das pessoas nas grandes cidades, possibilita que as inovações tecnológicas introduzidas em novos produtos de consumo sejam aceitas no mundo todo praticamente ao mesmo tempo. Um exemplo é o tempo médio de substituição de microcomputadores e telefones móveis no Brasil que tem acompanhado a tendência mundial, que estimada um prazo de troca entre 3 e 5 anos para microcomputadores e entre 2 e 3 anos para telefones celulares.

Com os custos de produção cada vez mais baixos, reduzidos pela capacidade de pesquisa e inovação da indústria, e refletidos diretamente no preço final ao consumidor, o mercado atual de eletrônicos e telefonia móvel tem se mantido permanentemente aquecido. Diariamente são apresentados ao consumidor novidades irrecusáveis com custo acessível e consequentemente a grande maioria opta por adquirir um produto novo com novos recursos mesmo que o atual ainda funcione perfeitamente e atenda plenamente suas necessidades reais. São hábitos como este, de consumo inconsciente, que devem ser um dos principais focos de atenção nas ações de sustentabilidade. Por outro lado, as empresas de tecnologia devem estar preparadas e conscientes em desenvolver produtos levando em conta diversos fatores da sua cadeia de produção, desde a responsabilidade ambiental de seus fornecedores, passando pelos materiais que compõem seu próprio produto até o destino dados pelos consumidores dos seus produtos, após o término da sua vida útil. Conforme pesquisa realizada através de entrevistas com 244 executivos de grandes empresas de diversos países, efetuada e divulgada recentemente pela IBM (International Bussiness Machines) em relação a ações sustentáveis, apenas 20% dos executivos analisam dados de seus fornecedores sobre a conservação da água e o gerenciamento das emissões de gás carbônico (CO 2 ), que é o principal causador do efeito estufa, e 29% não analisam nenhum dado sobre a cadeia de fornecimento de produtos. Este estudo mostrou também que apenas 30% das empresas estão analisando dados com uma frequência necessária para tomada de decisões estratégicas que apontem problemas em alguma das oito categorias que merecem atenção, ou seja, carbono, água, energia, compras sustentáveis, leis trabalhistas, composição da produção e ciclo de vida de produtos. A pesquisa apontou que 32% dos entrevistados analisam estes dados uma vez por semana e 24% deles analisam apenas uma vez por mês. 2.3 Ações de Sustentabilidade na Empresas Outro dado interessante apontado pela pesquisa da IBM, foi que os executivos de uma forma geral entendem perfeitamente a importância de implementar ações de sustentabilidade e responsabilidade social às suas estratégias de negócio, porém muitos deles não sabem como fazer esta implementação. Se de um lado existe cada vez mais uma cobrança dos governos, funcionários e alguns consumidores para que as empresas implementem ações sustentáveis, abrangendo preocupações ambientais, rastreabilidade de produtos e práticas de compras, por outro lado há uma grande pressão por redução de custos e melhoria de eficiência.

Finalmente, o estudo da IBM concluiu que as empresas que conduzirem com sucesso questões de responsabilidade social e sustentabilidade como parte de suas estratégias terão vantagens na atração de investidores, de profissionais talentosos e de clientes, no desenvolvimento de produtos e serviços, e no acesso a novos mercados e oportunidades. Uma forma de controlar as empresas na implementação de políticas de sustentabilidade na condução de seu negócio já é efetuada pelo Guide to Greener Electronics (Guia para Eletrônicos Verdes), uma publicação periódica da ONG Internacional Greenpeace. Preocupada com o rápido crescimento do volume de resíduos eletrônicos no planeta, a ONG desenvolveu um ranking das grandes empresas de tecnologia do mundo, fabricantes de equipamentos eletrônicos, de informática e telefonia móvel, levando em consideração vários fatores, entre eles a utilização de substâncias tóxicas como mercúrio, chumbo e cádmio na fabricação dos seus componentes eletrônicos e a adoção de processos de reciclagem para seu lixo tecnológico. Com isso os produtos daqueles fabricantes são analisados sob a ótica ambiental e aqueles fabricantes cujos produtos podem ser prejudiciais ao meio ambiente acabam desviando a preferência dos consumidores para alternativas na hora da compra. A Figura 1 abaixo mostra um exemplo do último ranking publicado pelo Greenpeace. FIGURA 1 - Guide to Greener Electronics December/2009 Fonte: Greenpeace Outra palavra de ordem hoje em dia, quando nos referimos à tecnologia da informação (TI), é a economia de energia. Muitas empresas de TI estão hoje buscando uma redução de custos com energia elétrica com aquisição somente de equipamentos que contribuam para esta redução. Estimativas da Gartner Group afirmam que gastos com energia elétrica podem chegar a 50% do orçamento de tecnologia de uma grande organização. Tanto é que, a chamada Revolução Verde, que as empresas do setor de tecnologia estão começando aderir com ações de redução de consumo de energia, já chegou à gigante IBM que recentemente

anunciou investimentos de US$ 1 bilhão por ano visando melhorar a eficiência energética em TI. 2.4 Métricas de Sustentabilidade Para manter seu foco e estimar seu progresso, um programa ambiental de TI necessita de métricas para mudar rotinas e comportamentos dentro da empresa. Foi nesta linha de raciocínio que o Gartner Group, grande empresa de consultoria de atuação mundial, estabeleceu algumas métricas para orientação das empresas que pretendam definir estratégias ou implantar projetos sustentáveis. Obviamente a utilização destas métricas do Gartner não são a única forma de medir a política de sustentabilidade das empresas, entretanto já indicam um bom caminho. Algumas dessas métricas são fáceis para a coleta de dados, outras difíceis e outras, dependendo da empresa, são impraticáveis. A escolha das métricas dependerá de vários fatores como instalações, objetivos, recursos e espaço físico da empresa. Para o Gartner Group, a equipe de gerenciamento de TI de cada empresa deve primeiramente decidir as prioridades e o escopo do seu programa ambiental e posteriormente definir as métricas que conduzirão às melhorias, mudanças de comportamento e inovações. A maioria dos programas ambientais em TI começa pelo enfoque apenas do consumo de energia, porém o correto é ampliar o contexto para a eficiência dos materiais e a redução de gastos. As métricas devem ser focadas onde as aplicações de tecnologia têm maior impacto no ambiente empresarial. A lista a seguir sugere métricas informativas que podem dar uma boa indicação para a empresa no que diz respeito à sua eficiência energética e de materiais, e quanto à sua efetividade no gerenciamento de gastos e produtos do ponto de vista ambiental. A) Energia elétrica Esta métrica mede gastos com energia elétrica dos equipamentos de TI, gastos com energia elétrica total da instalação, eficiência no uso de energia elétrica, eficiência de infraestrutura dos data centers, eficiência dos data centers em função do tamanho e da atividade de negócios, gastos com redes (watts por portal ativo), gastos renováveis baseados em rede elétrica, gastos com outras fontes de energia, gastos com aparelhos do cliente B) Emissões de dióxido de carbono As emissões de dióxido de carbono devem ser quebradas pela fonte, por exemplo, consumo de eletricidade, gás, diesel e outros. A área total afetada pelo dióxido de

carbono a partir do consumo de eletricidade, gás, diesel e assim por diante pode seguir uma métrica similar para energia, como emissões totais de dióxido de carbono (em toneladas), para um período específico, emissões totais de dióxido de carbono por quilowatt-hora consumido, emissões totais de dióxido de carbono por funcionário, emissões totais de dióxido de carbono por unidade de receita, emissões totais de dióxido de carbono por transação de negócios, como transações agregadas, pedidos de compra, notas fiscais de cliente e de fornecedor. C) Gasto Essa métrica é o volume de equipamentos de TI descartados em determinado período (por unidades ou peso). Essa métrica mede o gasto de microcomputadores, impressoras, servidores, equipamentos de rede, telefones celulares e hand-helds (palmtops), insumos para impressora, como toner, tambores e assim por diante, volume de pacotes, papel e água. O gasto deve, então, ser medido em relação a um percentual do total reciclado (por exemplo, a porcentagem de desktops reciclados), reusados (incluindo doações), quebrados ou destruídos, depositados no lixo, armazenados e com destino desconhecido (perda, roubo). D) Gerenciamento de fornecedores Para esta métrica devemos levantar a porcentagem de fornecedores e provedores de serviços que atende às orientações ambientais da empresa, descobrir a porcentagem de fornecedores e provedores de serviços com certificação ISO 14001 ou registro de Gerenciamento Ecológico, saber a porcentagem de fornecedores que atende às orientações de relatório de Iniciativa Global de Reporte GRI e a porcentagem de desperdícios cobertos pelo ISO 14001. E) Eficiência de materiais A eficiência de materiais é uma medida ambiental importante, porém não há formas fáceis de fazer isso em um ambiente de TI. Entretanto, elas fornecem algumas dicas úteis. As medidas sugeridas incluem: computadores por funcionário, laptops por funcionário, celulares por funcionário, servidores por funcionário, portais de rede por funcionário e impressoras por funcionário. Para empresas que possuem uma base de dados de ativos que corresponda vagamente à realidade, recomendamos que as áreas de TI comecem a coletar informações de peso de produtos e armazenem essas informações na base de dados do produto. Isso permitirá que elas comecem a medir a eficiência dos materiais de formas mais interessantes no futuro.

F) Desenvolvimento e comprometimento dos funcionários A porcentagem de funcionários de TI que está em um programa de treinamento ambiental e a porcentagem de funcionários de TI envolvida em um programa ambiental. G) Avaliação de investimento O número de projetos com avaliações documentadas de impacto ambiental. H) Papel Considerar páginas consumidas (por peso ou quantidade), porcentagem de papel que vem de fontes recicladas, páginas totais impressas e páginas impressas por funcionário. I) Água Considerar o volume de água consumida. J) Outras emissões Considerar emissões de gases de estufa diferentes do dióxido de carbono e outras emissões. 2.5 Acompanhamento do Programa Ambiental Uma vez definidas as métricas e seus valores aceitáveis, é muito importante o acompanhamento dos executivos quanto à variação destes valores em determinado período de tempo, ou seja, deve haver um controle do programa ambiental de TI e uma avaliação constante de como a área de tecnologia está contribuindo para melhorar o desempenho ambiental de suas operações, refletindo em seus negócios, produtos e serviços. As áreas de TI devem estar sempre buscando oportunidades para adotar novas contribuições onde quer que sejam apropriadas, como por exemplo, com relação à emissão de dióxido de carbono, podem ser alcançadas reduções através de programas de diminuição de viagens e deslocamentos substituindo-os por videoconferências ou troca de e-mails e mensagens eletrônicas instantâneas. Importante também é divulgar os resultados do programa de sustentabilidade para toda a empresa, através de painéis que incluam as métricas adotadas, os resultados atuais e as metas a serem atingidas em cada uma. Estas ações aliadas ao controle e acompanhamento constantes asseguram o sucesso do programa.

3. CONCLUSÃO Resumindo o que foi exposto a pergunta a fazer é: Como promover desenvolvimento sem destruição das reservas naturais ou o que ainda resta delas? Apesar de presenciarmos com certa frequência notícias sobre agressões ao meio ambiente, conforme citado no início deste trabalho, felizmente, também temos ouvido e visto notícias sobre discussões em inúmeros fóruns sobre o assunto pelo mundo, ou seja, neste início de século XXI a humanidade está começando a se preocupar com o problema ambiental de uma forma mais séria, pois já percebeu que estamos agindo de forma equivocada. Estas várias discussões que estamos começando a presenciar nos confortam, sinalizando que procuramos seguir por um outro caminho, o caminho correto, e se tudo continuar evoluindo desta forma, talvez futuramente, consigamos promover um desenvolvimento sustentável em todos os sentidos. Porém, de nada adiantará a criação de leis, normas e regulamentos de controle e acompanhamento de emissões de carbono, de reaproveitamento de materiais, de descarte de matérias tóxicos, etc, se não houver uma forte conscientização individual e uma mudança radical de comportamento de cada cidadão. O desenvolvimento sustentável e ações de sustentabilidade, somente terão garantia futura quando o sentimento da coletividade superar o individualismo tão comum dos seres humanos. Por outro lado a Tecnologia da Informação deve prover as necessidades básicas do homem e não ser apenas uma forma de promoção do consumo inconsciente e desnecessário conforme temos presenciado. Tecnologia da Informação e Sustentabilidade são conceitos que podem perfeitamente caminhar juntos, com planejamento, responsabilidade social e, acima de tudo, com bom senso, sempre vislumbrando um mundo melhor para os habitantes deste planeta.

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