Relatório do Seminário "PROPOSTAS PARA O CENTRO NACIONAL DE EPIDEMIOLOGIA -CENEPI"



Documentos relacionados
Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

DEPARTAMENTO DE GENÉTICA

ASSISTÊNCIA SOCIAL: UM RECORTE HORIZONTAL NO ATENDIMENTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS

ANEXO 1 PROJETO BÁSICO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL DE ENTIDADES CIVIS DE DEFESA DO CONSUMIDOR

DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PPA

Proposta de Curso de Especialização em Gestão e Avaliação da Educação Profissional

Relatório da V Reunião do Grupo de Condução da Rede de Escolas/Centros Formadores em Saúde Pública

Oficina Cebes DESENVOLVIMENTO, ECONOMIA E SAÚDE

Educação. em territórios de alta. vulnerabilidade

INSTRUTIVO PARA O PLANO DE IMPLANTAÇÃO DA ESTRATÉGIA AMAMENTA E ALIMENTA BRASIL

Breve histórico da profissão de tradutor e intérprete de Libras-Português

Apresentação do Curso

O Sr. ÁTILA LIRA (PSB-OI) pronuncia o seguinte. discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores. Deputados, estamos no período em que se comemoram os

ENSINO SUPERIOR: PRIORIDADES, METAS, ESTRATÉGIAS E AÇÕES

ACOMPANHAMENTO E APOIO TÉCNICO À GESTÃO DESCENTRALIZADA DO SUAS

Proposição de Projeto

WONCA IBEROAMERICANA CIMF

Gestão em Sistemas de Saúde

POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

componente de avaliação de desempenho para sistemas de informação em recursos humanos do SUS

A INSTITUIÇÃO TESOURO ESTADUAL EM TEMPO DE AMEAÇAS ÀS FINANÇAS CAPIXABAS*

Belém/PA, 28 de novembro de 2015.

CARTA DE SÃO PAULO SOBRE SAÚDE BUCAL NAS AMÉRICAS

1. O papel da Educação no SUS

Capes Critérios de Implantação Mestrado e Doutorado Acadêmico. Avaliação de Proposta de Cursos Novos APCN Área de Avaliação: EDUCAÇÃO Dezembro / 2005

DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE) Bom-dia, Excelentíssimo. Senhor Ministro-Presidente, bom-dia aos demais integrantes

Conselho Nacional de Assistência Social CNAS

Planejamento estratégico

DIRETRIZES DAS POLÍTICAS INSTITUCIONAIS DA PUC-CAMPINAS. Aprovadas na 382ª Reunião do CONSUN de 16/12/2004

PLANO DE AÇÃO GESTÃO APRESENTAÇÃO

DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM UMA (HIPOTÉTICA) INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR GERSON SEABRA LUIZ FERNANDO MEDEIROS VERA ALONSO

A CONSTITUIÇÃO DO FÓRUM PERMANENTE DA PESSOA IDOSA NA REGIÃO DOS CAMPOS GERAIS

AUTONOMIA GERENCIAL PARA UNIDADES PÚBLICAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS DO SUS: OPORTUNIDADE E NECESSIDADE DE REGULAMENTAÇÃO

RESULTADOS E EFEITOS DO PRODOCÊNCIA PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DO INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS RESUMO

4º Trimestre / 15

ORIENTAÇÕES SOBRE O PROGRAMA DE GARANTIA DO PERCURSO EDUCATIVO DIGNO

MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INSUMOS ESTRATÉGICOS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

O SISTEMA DE PARCERIAS COM O TERCEIRO SETOR NA CIDADE DE SÃO PAULO

Texto 03. Os serviços da Proteção Social Especial de Média Complexidade e o processo de construção de saída da rua

Saiba mais sobre o histórico do Projeto Gestão por Competências no Ministério da Saúde.

Síntese do Projeto Pedagógico do Curso de Sistemas de Informação PUC Minas/São Gabriel

POLÍTICA DE RELACIONAMENTO CORPORATIVO COM GRANDES CLIENTES

DIRETRIZES E PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS DE CURSOS NOVOS DE MESTRADO PROFISSIONAL

Prefeitura Municipal de Catanduva Banco Interamericano de Desenvolvimento. Programa de Desenvolvimento Urbano Integrado de Catanduva

ANVISA PROGRAMA DE MELHORIA DO PROCESSO DE REGULAMENTAÇÃO: A INSTITUIÇÃO DA AGENDA REGULATÓRIA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Texto para discussão. Desenvolvimento profissional dos integrantes da carreira de EPPGG

Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Estadual de Educação Ambiental e dá outras providências.

EIXO V 348. Gestão Democrática, Participação Popular e Controle Social 349. A articulação e mobilização da sociedade civil e de setores do Estado

Laboratório de Inovação na Atenção Condições Crônicas

PLANEJAMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. Brasília, outubro de 2011

Referencial para o debate no V Encontro Estadual de Funcionários com base nas Resoluções do XV Congresso Estadual do Sintep-MT

TERMO DE REFERÊNCIA SÃO GONÇALO ARTICULADOR

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO TERMO DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA - CONSULTOR POR PRODUTO -

MINUTA REGULAMENTAÇÃO DA ATIVIDADE DO SERVIDOR EM CARGOS TÉCNICO- ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO DO IFFLUMINENSE APRESENTAÇÃO

I SEMINÁRIO DE ECONOMIA DA SAÚDE DA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE-SP

Inovação aberta na indústria de software: Avaliação do perfil de inovação de empresas

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 321, DE 2014

Planejamento e Gestão Estratégica

Art. 1º O Art. 2º da Lei nº , de 5 de outubro de 2006, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:

PORTARIA INTERMINISTERIAL MCIDADES/MMA Nº 695, de 20/12/2006

TERMO DE REFERÊNCIA CONTRATAÇÃO DE CONSULTOR PESSOA FÍSICA MODALIDADE PRODUTO

PRÊMIO INOVAR BH EDITAL SMARH N

Análise jurídica para a ratificação da Convenção 102 da OIT

Atenção Básica agora é Prioridade!

Planejamento Estratégico Setorial para a Internacionalização

UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA COMPUTAÇÃO

PLANO ANUAL DE CAPACITAÇÃO 2012

Plano Nacional pela Primeira Infância Proposta da Rede Nacional Primeira Infância

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE SES/GO

FINEP UMA AGÊNCIA DE INOVAÇÃO. Vânia Damiani. Departamento de Instituições de Pesquisa Área de Institutos Tecnológicos e de Pesquisa

Case - Segurança da Informação no TCU: Cumprindo as próprias recomendações

nos princípios norteadores da saúde com equidade, eficácia, eficiência e efetividade 2. Inicialmente,

PLANO OPERATIVO DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL DA POPULAÇÃO DO CAMPO E DA FLORESTA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE BACABAL FEBAC Credenciamento MEC/Portaria: 472/07 Resolução 80/07

Programa de Gestão Estratégica da chapa 1

Plano de Trabalho BVS Brasil

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 1.006, DE 27 DE MAIO DE 2004

Experiência: Sistemática de Avaliação e Priorização de Investimentos em Equipamentos.

Sistema de Planejamento do SUS (PlanejaSUS)

CP 013/14 Sistemas Subterrâneos. Questões para as distribuidoras

PORTARIA No , DE 7 DE NOVEMBRO DE 2013

CONSULTA PÚBLICA Planos Setoriais de Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima Plano Setorial da Saúde - PSMC-Saúde. Rio de Janeiro 06/07/2012

ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS: PERFIL E CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS PROFESSORES EM FEIRA DE SANTANA Simone Souza 1 ; Antonia Silva 2

AIMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA COLABORATIVA ENTRE PROFESSORES QUE ATUAM COM PESSOAS COM AUTISMO.

Grupo de Apoio ao Planejamento Institucional. Projeto de Governança do Planejamento Estratégico do Ministério Público do Estado do Pará

TERMO DE REFERÊNCIA SÃO JOSÉ DO RIO PRETO ARTICULADOR

MELHORIA DA INFRAESTRUTURA FÍSICA ESCOLAR

PROVA ESPECÍFICA Cargo 28. São características da saúde pública predominante nos anos 60 do século passado, EXCETO:

PALAVRAS-CHAVE Incubadora de Empreendimentos Solidários, Metodologia, Economia Solidárias, Projetos.

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO

AIDPI PARA O ENSINO MÉDICO

ANEXO II DOS TERMOS DE REFERÊNCIA

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA Comitê Gestor do SIBRATEC. Resolução Comitê Gestor SIBRATEC nº 003, de 9 de abril de 2008.

SEFAZ-PE DESENVOLVE NOVO PROCESSO DE GERÊNCIA DE PROJETOS E FORTALECE OS PLANOS DA TI. Case de Sucesso

Política de Formação da SEDUC. A escola como lócus da formação

5 Conclusão. FIGURA 3 Dimensões relativas aos aspectos que inibem ou facilitam a manifestação do intraempreendedorismo. Fonte: Elaborada pelo autor.

A UNIOESTE E O CAMPUS QUE QUEREMOS

Resumos do V CBA - Palestras. A experiência da REDE ECOVIDA DE AGROECOLOGIA no sul do Brasil

Transcrição:

Relatório do Seminário "PROPOSTAS PARA O CENTRO NACIONAL DE EPIDEMIOLOGIA -CENEPI" Introdução A Associação Brasileira de Pós Graduação em Saúde Coletiva - ABRASCO, através de sua Comissão de Epidemiologia e com o apoio da Organização Panamericana da Saúde-OPAS, realizou um seminário com o objetivo de avaliar e debater o papel do Centro Nacional de Epidemiologia-CENEPI na definição das políticas de saúde e sua inserção no atual contexto institucional brasileiro. Desde a sua criação, há cerca de dez anos, o CENEPI tem desenvolvido um processo de trabalho voltado para a promoção e disseminação do uso da epidemiologia em todos os níveis do Sistema Único de Saúde-SUS. Durante este período, várias conquistas foram alcançadas. No entanto, ainda há muito a avançar, detectando-se atualmente várias dificuldades para a atuação do CENEPI no cumprimento de sua missão. Diante disso e da importância do CENEPI para o adequado enfrentamento dos complexos problemas de saúde nacionais, constatou-se ser urgente e necessário discutir e elaborar propostas para o fortalecimento do órgão nacional de epidemiologia. Missão e Atribuições do Órgão Nacional de Epidemiologia O CENEPI é resultado de um movimento iniciado na década de 80 com a Reforma Sanitária. Dentre os inúmeros documentos que embasaram a criação e posterior desenvolvimento deste projeto, destacam-se:. OPAS. Usos e Perspectivas da Epidemiologia (1983);. Secretaria Nacional de Ações Básicas-SNABS, Ministério da Saúde. Proposta de criação do Centro Nacional de Epidemiologia-CNE (1987); ABRASCO. I e II Planos diretores para o desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil (1989,1994); Fundação Nacional de Saúde-FNS, Ministério da Saúde. Oficina de trabalho para avaliação do papel do CENEPI (1990); FUNASA, Ministério da Saúde. Seminário Nacional de Vigilância Epidemiológica (1992). Desde a sua criação, o CENEPI tem procurado promover o uso da epidemiologia em todos os níveis do SUS, buscando subsidiar a formulação e a implementação das políticas de saúde nacionais. Neste processo, vem desenvolvendo uma longa tradição de trabalho conjunto, integrando universidades e serviços de saúde, para o estabelecimento e consolidação de sistemas de informação (Sistema Nacional de Mortalidade-SIM, Sistema

Nacional de Nascidos Vivos-SINASC, Sistema Nacional de Agravos Notificáveis- SINAN, entre outros), constituição da Rede Nacional de Informação para a Saúde-RNIS e Rede Interagencial de Informações para a Saúde-RIPSA, capacitação de recursos humanos e apoio à pesquisa estratégica. Além disso, o CENEPI vem acumulando importante experiência em vigilância epidemiológica de agravos e doenças. Avanços recentes no processo de reorganização das ações de epidemiologia no país podem ser destacados, como por exemplo, a publicação da Portaria 1399/99-Ministério da Saúde, concluída após exaustiva negociação na Comissão Intergestores Tripartide (CIT) e no Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde-CONASS. A Portaria estabeleceu as atribuições de cada esfera de governo na área de epidemiologia, definindo também uma sistemática de financiamento para Estados e Municípios com abordagem sistêmica das ações de controle de doenças, mediante uma Programação Pactuada Integrada de Endemias e Controle de Doenças (PPI-ECD) entre os três níveis de governo. No ano em curso, com a certificação dos Estados para a descentralização das ações de epidemiologia e controle de doenças, o CENEPI concluiu uma etapa importante desse processo e equacionou um dos seus grandes desafios: a transferência pactuada de responsabilidades e competências. Progressivamente, com a certificação dos municípios, o processo de descentralização ficará mais consolidado. Essa estratégia deve garantir e manter a continuidade das ações nos níveis estadual e municipal. É importante ressaltar entretanto que, apesar dos avanços na forma de financiamento, o montante de recursos ainda é insuficiente para o volume de atribuições a serem assumidas. Em relação à sua inserção institucional, o CENEPI se situa em nível de Diretoria da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), assim como outros setores específicos, como por exemplo a Saúde Indígena e o Saneamento. Essa inserção orgânica e a diversidade de campos de atuação da Fundação tem levado a uma sobrecarga administrativa, desviando o foco da FUNASA em relação ao CENEPI como órgão central de epidemiologia. Acresce-se a isto o fato das duas áreas citadas - Saúde Indígena e Saneamento - envolverem considerável volume de recursos financeiros quando comparado ao destinado às ações de epidemiologia e controle de doenças, resultando assim em uma menor prioridade político-administrativa do CENEPI. Um importante aspecto a ser considerado é aquele relacionado à deficiência quantitativa e qualitativa de recursos humanos, o que representa um dos principais obstáculos ao efetivo cumprimento da missão do CENEPI. Este problema vem se agravando mais recentemente com a perda de profissionais em decorrência de aposentadorias, disponibilidades e principalmente a migração de técnicos contratados temporariamente para outras áreas que oferecem melhores salários e/ou maior estabilidade funcional.

A falta de agilidade nos processos administrativos é outro grave problema que vem se somar às dificuldades para a execução das atividades de competência gerencial do CENEPI. Da mesma forma, a desarticulação horizontal com áreas estratégicas do Ministério da Saúde como, por exemplo, a Secretaria de Assistência à Saúde (SAS) e a Secretaria de Políticas de Saúde (SPS), tem acarretado uma falta de integração das atividades de Saúde Pública. O cenário apresentado tem dificultado a atuação adequada do CENEPI no cumprimento de sua missão. Perspectivas para o Órgão Nacional de Epidemiologia Entendendo a epidemiologia como um campo de conhecimento disciplinar, que deve se configurar como uma unidade estruturante dentro de uma lógica de organização e atuação na área de Saúde Pública, espera-se que o órgão nacional de epidemiologia seja capaz de responder aos diversos aspectos do contexto da realidade atual brasileira. Dentre estes, destacam-se as mudanças demográficas, o perfil epidemiológico, os avanços técnico-científicos, as mudanças político-financeiras (Reforma do Estado, democracia, descentralização) e o atual desenvolvimento institucional como, por exemplo, a criação de agências e as privatizações. Por outro lado, espera-se também que esse órgão seja capaz de apoiar os esforços nacionais para o acompanhamento e inserção no debate técnico-científico mundial na área de epidemiologia. Para o cumprimento de tarefas dessa amplitude e complexidade, faz-se necessário garantir um quadro próprio de técnicos altamente qualificados, que possam responder às demandas do sistema de saúde e da sociedade. A resposta a algumas dessas demandas é de responsabilidade direta, não delegável, outras constituem-se em atividades de coordenação e supervisão e ainda, na disponibilidade de recursos, cabe também a um órgão nacional de epidemiologia o desenvolvimento de tarefas complementares estratégicas. Para a adequada consecução desse elenco de responsabilidades, é importante estabelecer uma articulação formal com as instituições formadoras de recursos humanos e as instâncias político-decisórias do SUS, assegurando dessa forma uma maior participação na definição das diretrizes do órgão. Nessa perspectiva, faz-se necessária a retomada das propostas que permitam a consolidação dos avanços até agora alcançados. Para atuar adequadamente nos três campos principais de práticas epidemiológicas nos serviços de saúde - vigilância epidemiológica, análise da situação de saúde e avaliação de impacto dos serviços de saúde - definidos no II Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil, o CENEPI deve necessariamente apoiar a capacitação de recursos humanos, o desenvolvimento de sistemas de informação, o fomento de pesquisas estratégicas e a disseminação das informações para o sistema de saúde e a população. A consecução desses objetivos só será possível se o órgão central de epidemiologia for capaz de promover: a mobilização da competência nacional;

a mobilização de recursos humanos, financeiros e materiais próprios e de outras instituições para ações articuladas; aprimoramento da integração com os centros de formação de recursos humanos; a articulação de todos os níveis do SUS, estimulando a criação e consolidação de centros interinstitucionais de epidemiologia. Considerando todo o contexto apresentado, pretende-se para o órgão nacional de epidemiologia uma inserção institucional dentro de uma lógica organizacional que contemple os princípios de direcionalidade, (o "deve ser" da organização), governabilidade (autoridade política e técnica), departamentalização (ajuste na forma de divisão e coordenação do trabalho) e responsabilização (prática de prestação de contas em relação à obtenção de resultados), em uma estrutura que garanta: flexibilidade de gestão; autonomia administrativa; política de recursos humanos com definição de carreira e remuneração apropriada; inclusão em sua estrutura de um Comitê Consultivo para acompanhamento e assessoria. Deve-se ressaltar, finalmente, que as sugestões e propostas discutidas no Seminário foram consensuais quanto à importância de se assegurar a vinculação do órgão nacional de epidemiologia às diretrizes do SUS, independentemente da estrutura em que estiver inserido. Reconheceu-se ainda que as condições acima apresentadas deveriam garantir maior visibilidade e credibilidade técnica ao órgão, possibilitando dessa forma o desempenho adequado do seu importante papel de subsidiar as políticas de saúde nacionais. Participantes Cláudio P. Noronha-SMS/RJ Elisabeth França-DMPS/FMUFMG Gerson Oliveira Penna-Hospital Universitário de Brasília/UNB Jacobo Finkelman OPAS José Carvalho de Noronha-IMS/UERJ-Presidente da ABRASCO José Cássio de Moraes-CVE-SES/SP José R. Carvalheiro-CIP/Secretaria Estad. Saúde de S. Paulo Katherine Yih-OPAS Luiz Arnaldo Pereira da Cunha Júnior-Ag. Nacional de Saúde Suplementar Luiza de Marilac M. Barbosa-Secretaria Estad. Saúde do Ceará Maria do Carmo Leal-ENSP/FIOCRUZ Maria da Glória Teixeira-ISC/UFBA

Maria Fernanda Lima e Costa-DMPS/FMUFMG Maria Lúcia Penna-IMS/UERJ Marlene Tavares B. Carvalho-Secretaria Estad. Saúde da Bahia Moisés Goldbaum-DMP/FMUSP Naomar de Almeida Filho-ISC/UFBA Paulo Sabroza-ENSP/FIOCRUZ Pedro Barbosa- ENSP/FIOCRUZ Pedro Fernando C. Vasconcelos-Instituto Evandro Chagas/FUNASA Péricles da Costa-SE ABRASCO Rebecca Prevata-OPAS/CENEPI Rita Barradas Barata-DMS/FCM Santa Casa SP Roberto A Medronho-NESC/UFRJ Ruy Laurenti-Fac. Saúde Pública/USP